Nightwish - Dark Passion Play
13 faixas - 2007

    12 de outubro de 2005, precisamente o festival Live´N´Louder Rock Fest ( confira resenha ), o Nightwish retornava ao Brasil para mais uma brilhante apresentação da Once Upon A Tour e um dos melhores do festival ( leia aqui ), mas o que o público não sabia era que este show seria uma das últimas apresentações da carismática Tarja Turunen como frontwoman da banda, dias depois ela foi demitida por uma carta aberta ao público.

    Com a lacuna aberta em uma das mais importantes bandas do heavy metal da atualidade, Tuomas Holopainen teclados, Emppu Vuorinen guitarra, Marco Tapani Hietala baixo e vocais e Jukka "Julius" Nevalainen bateria se encontram na difícil tarefa de encontrar uma substituta à altura para a banda. Passados de mais de um ano após a saída forçada de Tarja e mais de 2.000 demos ouvidas por Tuomas e seus asseclas, eis que em janeiro de 2007 a sueca Anette Olzon foi anunciada como a nova vocalista do Nightwish.

    O resultado deste novo line up é o álbum Dark Passion Play, o sexto de estúdio do Nightwish que foi gravado no renomado Finnvox Studios e também em mais alguns estúdios tais como Petrax Studios, E-Major Studios e Abbey Road Studios, num trabalho do Tuomas Holopainen  e também por T. Kinnunen e M. Karmila. As partes orquestradas e corais foram dirigidos por Pip Willians e conduzida por James Shearman. E assim que foi lançado no final de setembro de 2007, e em pouco tempo mostrou-se que é bem sucedido, veja abaixo porque.

    Aberto com a longa e The Poet and The Pendulum, o novo álbum Dark Passion Play, ainda conta com aquela pompa e circunstância, imortalizados nos dias de Tarja Turunen, mas agora, o direcionamento, está com certeza mais heavy metal. É difícil  dizer se isso é por causa da entrada de Anette Olzon ou pela idéias que palpitam na mente de Tuomas " Pirata do Caribe " Holopainen  ( note como ele lembra o Jack Sparrow ). Voltando a falar de The Poet and The Pendulum, começar o álbum já com uma canção épica de mais de 13 minutos é um grande desafio para Tuomas e cia. E para minha alegria, além a excelente performance da nova vocalista, a música contém vários elementos progressivos que cairão nas graças dos fãs facilmente. Aí, então você pode pensar o Nightwish virou progressivo? Não, os urros de Marco Hietala também estão presentes e a sueca mostra que possui uma voz angelical especialmente nos trechos mais orquestrados. Bye Bye Beatitul, segunda do disco, já foi dita que foi a forma encontrada para de dizer 'adeus' a Tarja, e entre caprichadas melodias e muito peso temos a voz suave de Anette duelada com os vocais mais agressivos de Marco em meio ótima cadência nas guitarra de Emppu.

    Amaranth é a canção do clip de milhares de dólares e nesta faixa você sente que o Nightwish está realmente diferente e que a entrada de Anette fez bem a banda fazendo o Nightwish flertar levemente com o hard rock, claro que os trechos no piano de Tuomas mudam um pouco essa escrita, mas e daí, eles criaram novamente uma bela sonzeira. Cadence Of The Last Breath entra com um andamento denso que vai ficando pesado a cada segundo e a angelical voz de Anette vai alcançando ótimas notas enquanto Emppu perfaz ótimos solos em sua guitarra ESP.

    Com a guitarra sendo aplicada de forma sinistra temos a canção Master Passion Greed que entra como se fosse um thrash metal e a voz que ouvimos é a plena fúria de Marco Hietala, quebrada apenas nos trechos onde a orquestra aparece, de resto é porrada para todo lado, que além ferocidade aplica ótimos toques em seu baixo. Passada a fúria chega a vez da balada Eva, música que Anette Olzon pode exibir novamente toda a ternura de sua voz e com certeza derreterá os corações das meninas; já a marmanjada poderá viajar nos longos solos de Emppu.

    Voltando ao metal, estilo que consagrou o Nigthwish temos Sahara, música que volta a produzir longas viagens instrumentais, especialmente na guitarra, até que os vocais apareçam para continuar a bela melodia com influências árabes. E não que a nova diva possui vocais bem versáteis?. Para a faixa seguinte, Whoever Brings The Night, Emppu exibe as seis cordas de sua guitarra como muitas músicas dos anos 80 já iniciaram, ou seja, com um belo e marcante riff, onde o Nightwish convida a todos para uma melodia bem fantasmagórica, digna de um filme de vampiros.

     Após isso temos uma música bem diferente dos padrões da banda, onde parece que estamos ouvindo uma canção pop estilizada como as bandas dos anos 80 faziam, estou falando de For The Heart I Once Had que é somente diferenciada dos 'eighties' pelos fortes agudos de Anette e os solos de guitarra de Emppu. The Islander, além de prestar uma homenagem a todos os povos do norte, mostra linhas bem folk especialmente com o violão e bateria que estão bem acústicos, chega a lembrar até Ian Anderson e o seu Jethro Tull, mas, não estranhe leitor(a), por ouvir Marco Hietala cantando com uma grata suavidade e tendo a companhia de Anette, realmente uma bela canção e um convite a libertar sua mente. Praticamente ligada a ela temos a instrumental Last Of The Wilds, que nos remete a uma festa islandesa devido aos sons produzidos pela 'Kantele' ( instrumento de cordas típico dos povos do norte ).

    Com um ótimo repique na bateria de Jukka "Julius" Nevalainen temos a canção 7 Days To The Wolves, marcando a volta ao peso tradicional da banda em mais um heavy melódico no estilo do Nigthwish. Nesta faixa  chamo sua atenção para os  lindos vocais de Anette mesclados aos agressivos de Marco - especialmente no refrão e também para o brilhantismo de Emppu nos seus solos.

    E a banda usa e abusa de violino celta nesse disco, o que  faz desta canção uma bela mescla de peso e partes lentas. Bem, nosso amigos finlandeses do Nightwish continuam criando ótimas canções.

    Para encerrar,  os violinos atacam novamente, agora um cello e muitos teclados - cortesia de Tuomas é claro, o que levam a última faixa,  Meadows Of Heaven, ares totalmente tranquilos que são interrompidos somente quando Emppu usa sua guitarra para solar bravamente.

    Dark Passion Play faz o Nightwish retornar aos holofotes da mídia, porém, os fãs terão de ser reconquistados novamente, não que a banda tenha perdido eles, mas fica a questão no ar sobre como ficará a interpretação de Anette ao cantar os clássicos nos shows. Não quero iniciar uma enquete de qual vocalista é a melhor, mas sempre que ocorre uma mudança como esta, muita gente torce o nariz para a nova frontwoman. Independente disso, pelo menos neste trabalho, asseguro que Anette Olzon se encaixou perfeitamente ao trabalho instrumental já composto antes sua entrada na banda, e fez - do mais caro álbum feito na Finlândia - um excelente disco que você deve ouvir.

Site: www.nightwish.com

Por Fernando R. R. Júnior 

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