Saxon - Thunderbolt
12 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Eles estão celebrando os 40 anos de sua primeira demo datada de 1978, são um dos pioneiros do movimento conhecido como New Wave Of British Heavy Metal ao lado de nomes como Iron Maiden, Judas Priest, Def Leppard, Samson, Riot, Grim Reaper e tantos outros; tiveram origem na cidade inglesa de South Yorkshire e desde 1976 se mantiveram fieis ao estilo, bem já percebeu que estou falando da já lendária banda conhecida como Saxon.

    E saiba que o quinteto não mostra sinais de cansaço ou falta de capacidade, pois, ano após ano, disco após disco, o Saxon mais uma vez crava mais um grande e criativo disco em sua carreira cujo título é Thunderbolt que sucede os excelentes Battering Ram ( 2015 ) e Sacrifice ( 2013 - leia resenha ), sendo disponibilizado em fevereiro de 2018 e é o seu 22º álbum de estúdio. Aliás, aproveito a oportunidade e te desafio a encontrar um disco que não seja leal às tradições do Heavy Metal na extensa - e repleta de clássicos essenciais - discografia dos ingleses.

    Este novo registro Thunderbolt foi gravado, produzido e mixado pelo mestre britânico Andy Sneap ( que já trabalhou com Arch Enemy, Kreator, Masterplan, Testament, Opeth, Nevermore, Megadeth, Trivium, Exodus e Judas Priest, aliás, banda que agora está integrando em substituição a Glenn Tripton, que afastou-se da em decorrência do Mal de Parkinson ) e foi realizada no Backstage Studios em Derbyshire na Inglaterra. Na capa temos um águia negra carregando uma espada envolta a um símbolo em meio a trovões, onde afirmo seguramente... mais emblemática impossível... neste desenho de Paul Raymond Gregory ( autor das capas dos discos Crusader de 1984, Dogs Of War de 1995 e Unleash The Beast de 1997 ).

    Antes de mergulhar nas espetaculares faixas compostas para este álbum devo acrescentar que Biff Biford nos vocais, Paul Quinn e Doug Scarratt nas guitarras, Nibbs Carter no baixo e Nigel Glocker na bateria dedicaram Thunderbolt ao amigo Lemmy Kilmister do Motörhead, que nos deixou no dia 28 de dezembro 2015. A abertura é realizada de forma épica com a instrumental Olympicus Rising através de cativantes solos de guitarras, que nos conduzem para a pedrada certeira que intitula o álbum, a empolgante e devidamente Heavy Metal Thunderbolt em que a fusão dos solos de guitarras de Paul Quinn e Doug Scarratt com a inigualável voz de Biff Byford aconteceu novamente com perfeição, te convidando a cantar seus versos com ele e agitar em sua execução nesta imersão na Grécia mitológica, afinal, a música te infecta imediatamente e seu refrão vai para memória após uma audição.

    Com riffs fortes e eletrizantes nas guitarras, o Saxon nos coloca diante de outra sonzeira de primeira com a The Secret Of Light, que conta a história de Ícaro e mantém o elevado padrão da banda nos passando uma aura mais pesada, além de vibrantes vocais em coro, porém, quando a dupla de guitarristas sola é que sentimos o real tamanho do poder de fogo da canção e exclamamos: "só nomes fundamentais do Heavy Metal como o Saxon são capazes de uma música incrível quanto esta!!!". Aliás, The Secret Of Light é fortíssima candidata a melhor do cd e disparado a minha favorita dele.

    Caracterizando o clima sombrio de Nosferatu ( The Vampire Waltz ), os ingleses convidaram o alemão Corvin Bahn ( do Crystal Breed e do Perpetual ) para tocar os teclados desta cadenciada faixa, que possui uma voltagem muito forte em seu ritmo, que percebemos como Biff Byford está cantando brilhantemente do alto dos seus 67 anos e como não poderia deixar de acontecer, os solos de Doug Scarratt primeiro e de Paul Quinn depois são de uma inigualável beleza nesta música, cuja a letra é sobre o famoso vampiro.

    A rápida e intensa The Played Rock'n'Roll é a homenagem do Saxon ao Motörhead e seu andamento é quente e contagiante, assim como sua letra cativante, que sintetiza a história e a ideia dos shows do trio comandado pelo amigo Lemmy Kilmister ( inclusive, não é demais mencionar que a homenagem é estendida para o ex-baterista do Motörhead, o implacável Phil "Philthy Animal" Taylor, que também nos deixou em 11 de  novembro de 2015 ).

     E o melhor... esta música contém o 'DNA do Motörhead', sendo que nos solos, eles recebem o produtor Andy Sneap na guitarra, que eleva significativamente o potencial da composição, que tenho certeza que Lemmy aprovou lá do céu ( ou de onde ele estiver... ), sendo inclusive emocionante ouvir a voz dele ao fundo dizendo: "We are Motörhead and we played Rock'n'Roll". O vocalista Biff Byford nos contou mais sobre a energia contida em The Played Rock'n'Roll: "É, basicamente, sobre o Motörhead antigo, dos anos de 1979 e 1980, por volta de 'No Sleep Til Hammersmith', porque foi nessa turnê em que estivemos. É sobre a banda, de verdade, e sua música. Ela é similar, musicalmente, ao que faziam Lemmy e companhia."

    Para a robusta Predator, Biff Byford divide os vocais com o grandalhão Johan Hegg do Amon Amarth, que enriquece mais a música com seus vocais guturais, além de criar um formato atual para o Saxon e em seu decorrer notamos trechos melodiosos embalados por uma grande atuação dos músicos, que destaco os solos de guitarras sempre cortantes e neste caso constantes, além da base que marcante no baixo e na bateria, em suma, outra canção perfeita dos ingleses.

    Permeando melodia com um andamento cadenciado e encorpado, onde destaco os toques feitos pelo baixista Nibbs Carter e pelo baterista Nigel Glocker, Sons Of Odin apresenta um formato para se cantar com a banda e socar o ar com alegria nesta canção aspirante a um grande hino do Heavy Metal, cujos belos e harmoniosos solos de guitarras são para o Thor agitar sua vasta cabeleira e clamar pelo seu lugar em Valhalla. Pesada e transbordando adrenalina, Sniper é um Heavy direto pronto para capturar o fã logo de cara, onde a consistência da banda deixa claro porque eles são mestres do estilo, pois, Biff Byford canta sua letra com um pouco de agressividade e os demais conferem solos e um ritmo no baixo e na bateria que a tornam totalmente inflamável e vigorosa.

    Thuderbolt prossegue com A Wizard´s Tale, uma composição sobre o Merlin e o Rei Arthur de altas doses de melodia em meio ao seu contumaz Heavy Metal de média velocidade, que detona os elaborados solos de Paul Quinn e Doug Scarrett, além de também nos expor a outra matadora composição. Depois ouvimos sons de uma motocicleta em alta velocidade, que nos conduzem ao fervoroso Heavy Metal presente Speed Merchants, que é veloz, cantada com uma quantidade de fúria até incomum se tratando do Saxon e conta com solos fascinantes dos guitarristas, que fazem suas guitarras exalarem aquela beleza galopante e melódica que há tanto tempo gostamos nos álbuns dos ingleses. Vale ressaltar também os backing vocals do trio Seb Byford, Tom Witts e Calbe Quaye conferindo mais calibre à canção.

    De solos e melodia bastante salientes, a cadenciada Roadie's Song é um Heavy Metal que relembra a importância em sua letra da figura do Roadie para a realização dos shows e ajudar a banda, sendo que a forma que o Saxon construiu esta música é simplesmente perfeita, pois, os solos de guitarras, os toques na bateria, os vocais e o baixo, estão todos em seus devidos lugares emanando muito equilíbrio a cada instante. A última é  Nosferatu Raw Version, que está sem os teclados da sua contraparte, e portanto, mais Heavy Metal e até um tanto mais fortificada, como percebe-se nos toques feitos pelo baterista Nigel Glocker em seu kit e também nos vocais de Biff Byford.

    Novamente, o Saxon conseguiu nos colocar diante de outro magnífico álbum com este Thunderbolt, que apresenta onze atordoantes faixas centradas no melhor e no mais puro Heavy Metal criado pela banda, que já é disparado para mim um dos melhores discos de 2018, cuja versão da Shinigami Records que me veio as mãos está embalada em um luxuoso digipack. Duro para eles será escolher o set list dos shows com mais e novas canções deste porte... afinal, conforme o vocalista disse em uma entrevista ao meu amigo Marcos César no site A Ilha do Metal ( confira aqui ) sobre o novo trabalho: "Eu acho ele um álbum fantástico!!! O fizemos por quase um ano, do meu modo de vista é um álbum especial, os fãs gostaram, novos fãs compraram ele, é o álbum mais vendido desde 1986 ( Rock The Nations ) e o melhor ficamos felizes de como nossos fãs reagiram a esse álbum".
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2018

 

 

 

 

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