Tarja - The Shadow Self
 11 Faixas - Shinigami Records - 2016

    O segundo álbum de estúdio lançado pela Tarja Turunen em 2016 recebeu o nome de The Shadow Self e deixa claro o excelente momento criativo da cantora finlandesa. Para isso, ela contou novamente com os excelentes músicos Doug Wimbish no baixo, Max Lilja no violoncelo, Mike Terrana na bateria, Alex Scholpp na guitarra e Christian Kretschmar no teclado e piano, além de vários outros convidados.

    As gravações das onze faixas que integram o cd foram realizadas em vários estúdios com a produção de Tarja e MIC ( abreviação para o nome de seu marido, que se chama Marcelo Isaac Cabuli ) e a competente mixagem é de Tim Palmer ( que tem cuidado dos últimos trabalhos da beldade e alguns de Ozzy Osbourne, Sepultura, H.I.M., Pearl Jam, U2, Robert Plant ) ocorrida no 62' Studios, enquanto que a masterização mais uma vez ficou por conta de Justin Shturtz ( que tem no seu currículo Jag Panzer, Thunderstorm, Shinedown e H.I.M. ) sendo realizada  no Sterling Sound. A capa em preto e branco mostra um ângulo diferente se comparando com o The Brightest Void ( confira resenha ) e exibe a musa morena toda de preto envolvida pela sua forte sombra é de Büro Dirk Rudolph.

    Este novo álbum de Tarja Turunen basicamente continua de onde o anterior parou e começa com Innocence em uma impactante e triste melodia no piano tocado por Anders Wollback, que dão lugar aos cativantes vocais de Tarja Turunen em um andamento mais pesado, que recomendo prestar atenção em sua letra, pois, aborda o tema da violência sofrida pelas mulheres e a tornou o primeiro clipe deste álbum. O pianista volta a ganhar os holofotes mais ao meio da música com sua brilhante atuação, que posteriormente caminha por uma atmosfera Progressiva conduzindo para um retorno dos belíssimos e encorpados vocais da finlandesa.

    Contando com o convidado Chad Smith na bateria e com Kevin Schonn no baixo, Tarja Turunen nos mostra sua mais forte criação deste cd com Demon´s In You, que além dela temos a bela, mas, destruidora Alissa White-Gluz do Arch Enemy nos vocais guturais, que faz a contraposição aos vocais angelicais da morena de olhos azuis. Além dos exuberantes solos de guitarras, você deve reparar também no que os convidados fazem na bateria e no baixo com suas viradas e toques, que estão simplesmente impressionantes.

    Para acalmar e para que possamos observar o lado lírico logo em seus primeiros versos, No Bitter End aparece novamente ( e em versão inteira, pois, a encontrada no The Brighest Void é editada para o clipe ) fisgando deliciosamente graças aos encantadores vocais de Tarja Turunen em um ritmo deveras robusto nos solos de guitarras, onde aliás, desejamos cantar com ela esta música, que marca outra participação de Chad Smith na bateria e de Kevin Schonn no baixo.

    Com um início mais emocionante em suas linhas de piano, que agora são comandadas por Christian Kretschmar, Love To Hate alterna peso e dramaticidade ( graças aos trechos orquestrados ) elevando ainda mais o prazer de ouvir esta quarta canção de The Shadow Self, onde Tarja Turunen demonstrou o enorme e esbelto potencial de seus vocais.

    Em Supremacy sentimos o lado Heavy Metal aflorar em uma faixa moderna e densa em sua introdução, que é quebrada pela voz de Tarja Turunen e pelos repiques quase militares de Fernando Scarcella na bateria até culminarem em um ritmo mais tenso, que concede o direito a um solo melodioso de guitarra feito por Julian Barrett e traz ares mais viajantes neste cover do Muse, que termina 'sentando' porrada e com a vocalista erguendo sua voz ao máximo nas últimas notas. Na seguinte, com os dedilhados mais calmos feitos por Jim Dooley ouvimos Tarja Turunen cantar com muito 'feeling' os versos de The Living End, música que possui um ambiente de hino e um estilo Folk, que gosta-se imediatamente por sua leveza e conta com Toni Turunen, irmão da cantora nos backing vocals, além dos emblemáticos solos de gaita de fole.

    O nome da próxima representa o que Tarja Turunen é para os Heavy Metal: uma diva, e embora a intenção de sua letra não seja essa, pois, trata de um desabafo com relação a sua polêmica demissão de sua ex-banda, para mim, Tarja é sim uma diva no sentido da qualidade e comprometimento que nos entrega em suas canções, shows e álbuns. A canção intitulada Diva começa ao som de ondas do mar e um andamento circense de gênero todo único, que vai ganhando sua energia a maneira que somos expostos aos vocais de nossa exímia heroína em um ritmo mais erudito. Toni Turunen retorna em The Shadow Self na fortificada Eagle Eye ( Album Version ), onde temos uma canção mais sinfônica e com muito Heavy Metal vocalizada com todo aquele aspecto harmônico e dedicado que conhecemos de Tarja Turunen, que apreciamos há mais de 20 anos.

    Undertaker traz Jim Dooley criando a esfera cinematográfica e épica, que resulta em uma tendência até inocente e recebe mais peso na atuação do guitarrista convidado Guilhermo De Medio, além é claro, de todos os sensíveis vocais de Tarja Turunen, que produzem uma luminosidade em linhas viajantes que devemos senti-las de olhos fechados, porém, mais próxima ao seu final ela nos surpreende com suas modificações mais Heavy Metal.

     Os dedilhados do baixista Kevin Schonn trazem a vocalista liberando a voz antes de seu ritmo vigoroso eclodir em Calling From The Wild, a décima canção de The Shadow Self, que só sofre uma leve diminuição de sua adrenalina quando ela canta seus garbosos versos, também quando Mike Terrana realiza seus precisos toques na bateria e o produtor Tim Palmer sola sua guitarra, que fazem a música ganhar uma cara do chamado Heavy Metal Moderno. No encerramento do cd, Tarja Turunen começa mais tranquila esta última faixa, um pouco intimista até eu diria, porém, deixa as partes cheias de melodia e potência romperem em Too Many, pois, tanto ela quanto seus convidados conduzem a canção com uma mescla correta de suavidade e peso, que vai crescendo solenemente em linhas mais orquestradas e termina repetindo seu refrão com a maciez de seus vocais. Curioso é que após alguns minutos após esta música acabar temos uma outra escondida, que foi nomeada como Hit Song e em seus breves minutos mostram um estilo mais frenético, rápido e intenso com uma orientação Heavy Metal e passagens eletrônicas em uma mistura totalmente inesperada.

    The Shadow Self está conectado com o momento atual do Heavy Metal, mas, não esquece das origens mais clássicas e sinfônicas de Tarja Turunen, além de ser um envolvente álbum do começo ao fim e um dos melhores já lançados por ela. Enfim, é um item para coroar a excelente fase, bem como a carreira da cantora, que recomendo possuir e no Brasil teve sua versão lançada em 'digipack' pela Shinigami Records simples e uma outra em 'jewel case' com um DVD contando com os dois clipes e uma entrevista com a vocalista.
Nota: 9,5.

Sites: www.tarjaturunen.com, https://www.facebook.com/pages/tarjaofficial e
https://www.youtube.com/c/tarjaofficial.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2017

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