Therion - Leviathan
16 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Ao comando de Christofer Johnsson, o Therion impactou o cenário da música pesada desde quando ele lançou a banda em 1988 na Suécia alcançando muito sucesso e respeito com o álbum Theli de 1996 ( leia resenha ) e também com os discos Vovin de 1998, Lemuria e Sirius B em 2004 e Gothic Kabbalah de 2007. Para este novo disco cujo nome é Leviathan, Christofer Johnsson mais uma vez contou com seu parceiro de longa data Thomas Vikström, sendo que o guitarrista disse: "Fizemos a única coisa que nos faltava, olhando de todos os ângulos possíveis. Decidimos dar às pessoas o que elas sempre pediam. Leviathan é o primeiro álbum em que deliberadamente incluímos apenas músicas de sucesso do Therion".

    Leviathan, o décimo sétimo álbum de estúdio do Therion sucede Beloved Anthichrist de 2018, que obteve um enorme reconhecimento no mundo e abriu o caminho para que a "besta" Leviathan ( monstro marinho gigante da mitologia judaico-cristã de raízes babilônicas ) fosse criado a partir de janeiro de 2020, trabalhado ao longo do ano e chegasse à vida em janeiro de 2021. Como foram vários convidados e de várias partes do mundo somadas às regras de isolamento social causadas pela famigerada pandemia de Coronavírus, Leviathan teve cada uma de suas partes registradas em diferentes meses e estúdios com diferentes engenheiros.

A mixagem é de Erik Mårtensson e foi realizada no Mass Destruction Production entre julho e agosto de 2020 enquanto que a produção é assinada por Christofer Johnsson, que tem no Therion atualmente os músicos Lore Lewis ( vocais - soprano ), Christian Vidal ( guitarra ), Nalle Pahlsson ( baixo ) e o citado Thomas Vikström ( vocais ), sendo que no disco, a bateria foi dividida entre Owy Shaw ( Cans, Dark Embrace, Mad Architect, Snömannen & Hans Vänner, Snowy Shaw, e XXX ) e Björn Höglund ( Hoven Droven, Marmeladorkestern, The Summit ).

    Obviamente que a capa de Leviathan conta com o monstro pronto para atacar em uma paisagem marinha devidamente sombria e revolta em um excelente desenho do artista Thomas Ewerhard, que cuidou também do layout do disco e que a partir de agora vamos mergulhar ( sem trocadilhos ) nos detalhes de suas músicas.

    Leviathan é aberto nos vocais de Rosalía Sairem com o Heavy empolgante presente em The Leaf On The Oak Of Far, que começa direto e depois suas partes orquestradas e corais se evidenciam em uma admirável mescla que já deixa claro o DNA do Therion. De ares cadenciados, mas sempre pesados, Tuonela traz o ex-Nightwish Marco Hietala com todo o seu envolvente carisma vocal junto a Taida Nazraić ( do The Loudest Silence ), que somados ao ritmo e ao solo de violino feito por Ally Storch-Hukriede fazem desta uma canção deveras envolvente e que se torna fã dela imediatamente. Para a faixa título, a Leviathan, o Therion apresenta um vibrante andamento orquestrado em que o The Hells Core Choir se destaca bastante e convidada Chiara "Dusk" Malvestiti ( do Crysalys ) faz a diferença com sua voz soprano.

    A dramática Die Wellen Der Zeit é uma saborosa balada de estilo cinematográfico e celta comandada por Taida Nazraić que passa muita emoção a cada verso pronunciado em sua voz, assim como na participação do The Hells Core Choir. Depois é a vez do Symphonic Metal rápido, um pouco agressivo e com influências árabes contido em Aži Dahāka com um sedutor duelo de vocais de Lori Lewis e Chiara "Dusk" Malvestiti com Thomas Vikström harmonizado de forma grandiosa por Christofer Johnsson nos teclados, que contou também com a ajuda de Jonas Öijvall ( do Tiamat ) se aproximando de um Power Metal inclusive, repare e me fale.

    Na sexta sentimos uma encorpada presença de Gothic Metal com o retorno de Rosalía Sairem nos vocais dividindo as atenções com Thomas Vikström, assim como o seu cativante e pulsante ritmo instrumental, que tornam Eye Of Algol um notável momento e um destaque de Leviathan

   Imergindo em sua linhagem sinfônica, Noturnal Light traz todo o esplendor dos vocais de Chiara "Dusk" Malvestiti contracenando com o The Hells Core Choir através de certeiras melodias instrumentais rompidas pelos vocais de Thomas Vikström com direito a criação de uma apetitosa atmosfera viajante. A oitava é a Great Marquis Of Hell e o lado Heavy Metal ganha força com uma soberba atuação dos músicos, sendo que Thomas Vikström canta suas partes com a devida garra.

    Psalm Of Retribution exala um ritmo contagiante e cadenciado com um dueto de vocais salientando o convidado Mats Levén ( Candlemass, AB/CD, Aeonsgate, Cem Köksal, Denner’s Inferno, FAT.MO.MAC, Krux, Ludor, Prins Svart, Skyblood ) junto a Lori Lewis e Thomas Vikström. Entretanto, Christofer Johnsson conduziu a música por linhas entristecidas lhe conferindo mais emoção a cada trecho e aumentando assim, o nosso prazer em ouví-la.

    Não parece, mas já estamos na décima e penúltima de Leviathan com El Primer Sol com Rosalía Sairem exibindo seu feeling ao cantar seus versos em parceria com Thomas Vikström em uma base sinfônica fascinante com os holofotes direcionados também ao The Hells Core Choir. Para finalizar, o Therion envia a canção Ten Courts Of Diyu em que tanto Noa Gruman quanto Taida Nazraić nos enfeitiçam com suas encantadores vozes percorrendo cada uma das envolventes camadas aplicadas pela banda, as quais relaxam nossa mente.

    Interessante de se mencionar que esta versão brasileira de Leviathan conta com mais músicas que as listadas no tracklist do cd e desta forma podemos degustar novamente de Eye Of Algol com vocais alternativos, que é seguida por Tuonela em duas versões, sendo a primeira somente nos vocais de Marco Hietala e a segunda com vocais alternativos. Se não fosse o bastante temos mais duas versões de Tuonela em que uma é instrumental apenas, onde podemos apreciar a beleza de suas melodias e a outra que finaliza o álbum totalmente orquestrada, dramática e, indiscutivelmente, muito bonita também sendo praticamente trilha sonora para um filme.

    Como se já não fossem suficiente, as magníficas e resplendorosas canções de Leviathan, onde o Therion olhou para seu passado e buscou a inspiração para mias um álbum digno de sua marcante carreira, este lançamento da Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast nos traz ainda cinco bônus totalmente inesperados. E as letras de Leviathan estão fortemente circundadas não somente da mitologia judaico-cristã como sua capa dá a entender, mas também da mitologia finlandesa, germânica, persa, suméria, grega e chinesa, ou seja uma aula de história com seus mitos e lendas que vale pesquisar mais. É Christofer Johnsson conseguiu novamente surpreender seus seletos seguidores e certamente nos colocou diante de um dos melhores lançamentos do ano.
Nota: 10,0.
 

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2021

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