White Stones - Kuarahy
10 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    O baixista uruguaio nascido na capital Montevidéu e naturalizado sueco Martin Méndez, que é conhecido por fazer parte do Opeth desde 1997 mostrou ao mundo em 2020 o seu projeto solo, que logo se tornou uma banda intitulada como White Stones, nome que homenageia o bairro Piedras Blancas, onde ele nasceu. O álbum de estreia do White Stones é Kuarahy, que marca uma volta do músico à suas raízes familiares e musicais ao centrar suas canções no mais visceral Death Metal, algo que nos últimos anos, o Opeth ao mergulhar no Rock Progressivo, deixou para trás.

    Kuarahy foi criado no ano de descanso pós tour de divulgação de Sorceress ( leia resenha ) do Opeth como uma forma de relaxar de Martin Méndez e de explorar novos caminhos, conforme ele atesta: "Eu sempre escrevi música em casa, mas, nunca tive a confiança para fazer algo assim. Nunca escrevi uma música, nunca mostrei algo que escrevi para Mikael ( Åkerfeldt, compositor e vocalista do Opeth ). Eu não tinha nenhuma direção, criei a primeira música apenas por diversão. Eu costumava cantar Death Metal há 25 anos e o plano original era eu cantar, pois, eu tinha feito tudo, mas quando chegava a hora, não me sentia nem um pouco confortável!"   

    Morador atualmente na cidade de Barcelona na Espanha, Martin Méndez sentiu sua conexão com o país natal aumentar significativamente e sobre isso, ele disse: "Ainda me sinto fortemente conectado ao Uruguai. Eu queria escrever músicas relacionadas a isso. O sol da bandeira uruguaia, a transformei no logo do White Stones; existem muitas coisas pequenas que conectam o álbum a este lugar. Kuarahy significa 'Sol' em guarani".

    No princípio, ele mesmo faria os vocais do White Stones, todavia, após ter conhecido Eloi Boucherie, que é dono do Farm Of Sounds Studio nasceu uma importante parceria, segundo nos conta o baixista: "Ele também é vocalista da banda catalã de Death Metal Vidres a la Sang. Eu pedi para ele gravar os meus vocais, mas, quando percebi que não estava funcionando, perguntei se ele queria tentar. E ele foi ótimo! Gravamos seis músicas em apenas alguns dias".

    Com as canções gravadas Martin Méndez as enviou para Jaime Gómez do Orgone Studios para que este cuidasse dos processos de mixagem e masterização do álbum do White Stones, que conta em sua formação o citado Martin Méndez no baixo e na guitarra, Eloi Boucherie nos vocais, Jord Farré na bateria e os guitarristas Fredrik Åkesson ( do Opeth ) e Per Eriksson ( do Katatonia e do Bloodbath ) como convidados para os solos. A capa é de Manuel Mok em um desenho impressionista e é inspirada nos ancestrais uruguaios de Martin Méndez.

    Sobre a sonoridade Death Metal Old School presente em Kuarahy, que é diferente do caminho do Rock Progressivo escolhido pelo Opeth desde 2011 no álbum Heritage, ele comentou: "Eu estou 100% confortável com o que estamos fazendo com o Opeth, é a melhor coisa que poderíamos ter feito. Acho que não estaríamos ainda na ativa se tivéssemos feito outro disco de Death Metal. Adoro os desafios que o Opeth apresenta, experimentamos muito no estúdio. Eu apenas amo Morbid Angel desde criança. O White Stones não tem nada a ver com o Opeth, não vejo nenhuma relação entre os dois. Toquei Kuarahy para Mikael Åkerfeldt há alguns meses e ele realmente gostou e ficou feliz por mim. Todos na banda têm projetos paralelos, isso é muito importante. Nós excursionamos tanto que você pode ficar doido, foi muito bom fazer algo diferente. O White Stones renovou minha força e energia".

    Assim sendo, vamos conhecer mais detalhes deste álbum de Death Metal com tempero uruguaio a partir de agora. E é com um clima tétrico que a instrumental faixa título Kuarahy abre o cd, onde fica exposta sua influência latina, que traz o seu feroz e destruidor Death Metal que está contido em Rusty Shell, canção dotada de linhas muito bem trabalhadas pela banda e vocais urrados como é o padrão do estilo. Prosseguindo com a violência sonora da totalmente crua temos Worms, que exibe suas partes Progressivas e que depois crescem para um Death Metal bastante raivoso em seus vocais com vários trechos bastante intricados em suas passagens te conectando à música por serem consideravelmente  inesperados, mas, evidentemente sempre extremos.

    Para a quarta de Kuarahy, que é a Drowned In Time temos um instante de calmaria, só que sombrio, amargurado e exibido aos dedilhados e toques mais viajantes, que pouco depois recebem sua linhagem mais pesada - que consequentemente - trazem Eloi Boucherie bradando os vocais guturais de sua letra. Na sequencia é a vez de The One, faixa em que o White Stones já exibe um estilo intenso e encorpado para que seus rosnados bastante assustadores apareçam e exalem toda a sua brutalidade ante a toques poderosos enviados pelo baixo de Martin Méndez conferindo à canção uma face toda sua, mesmo quando eles fazem suas alterações de andamento antes dos solos de guitarras.

    Em Guyra notamos os repiques feitos pelo baterista Jordi Farré chamarem seu ritmo áspero e de complexas variações entre seus urros tornando esta sexta composição bastante desafiadora por seguir caminhos inesperados em que sua parte instrumental se supera a cada evolução que a música proporciona te envolvendo completamente.

    Essa complexidade resultante do Death Metal técnico com o Progressivo é melhor percebida na seguinte, a colérica Ashes em que a banda não se intimidou em ousar no caos sonoro imposto em seus vocais guturais e nem até onde seu ritmo vai atingir tornando sua audição deveras interessante aos amantes desta fusão sonora, sendo que a música vai crescendo e ficando cada vez melhor. Novamente exalando um ar de tristeza, a oitava faixa de Kuarahy é nomeada como Infected Soul e suas linhas instrumentais são notavelmente admiráveis e criativas, além é claro de extremas, ampliando o poder de seu Death Metal assim que Eloi Boucherie solta seus guturais, e isso é somado com as quebradas feitas pelos demais no andamento e também com os longos solos que aparecem nas guitarras na cortesia de Fredrik Åkesson e Per Eriksson. Enfim, uma coletânea fatores que a colocam em um panteão mais elevado das canções deste álbum.

    Sempre tocados precisão e interagindo de forma grandiosa para compor as taxas de agressividade para a banda, a trinca de baixo, bateria e guitarra dão a tônica da matadora Taste Of Blood em que você sofrerá uma viagem das mais esbanjadoras de ira imagináveis e isso foi apresentado de uma forma que seus rugidos apenas coroam esta insanidade. Finalizando Kuarahy temos a instrumental e totalmente cabalística Jasy, que concede ao cd um ambiente desolador em sua sorumbática e serena viagem, a qual, é executada com primor pelo White Stones em seus dedilhados.

    Quem foi acostumado ao longo dos anos com sonoridades extremas e conseguiu também pesquisar outros nomes que não ficaram apenas no Death Metal mais áspero e também quem soube apreciar esta união com o Rock Progressivo sem perder sua ferocidade, certamente vão adorar Kuarahy logo na sua primeira audição. Já os demais deverão se acostumarem os seus ouvidos com os primeiros álbuns do Opeth e aí podem voltar para este petardo para uma absorção completa desta banda, que atende pelo nome de White Stones e cujo lançamento no Brasil é da Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2021


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