Guns´N´Roses Chinese Democracy World Tour
Abertura: Sebastian Bach, Forgotten Boys e Rock Rocket
Sábado, dia 13 de março de 2010 no Estádio Palestra Itália em São Paulo/SP
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Rock Rocket
Eram 20:00hs da noite quando o Rock Rocket, formado por Alan ( bateria e vocais ), Noel ( vocais e guitarra ) e Jun ( baixo e vocais ), sobe no grande palco montado no Palestra Itália para exibir músicas cantadas em português dos cd´s Por Um Rock and Roll Mais Alcoólatra e Inconsequente ( de 2006 ) e o recente Rock Rocket ( de 2008 ). De início deu para perceber que a linha adotada pelo Rock Rocket está voltada para um punk/hardcore com elementos de bandas como o Raimundos ( especialmente no inicio da banda ) e o Matanza com letras bem 'escrachadas' como pude perceber quando tocaram Os Legais - dedicada pelo vocalista Noel para todos os maconheiros de plantão e essa declaração não foi bem recebida pelos fãs do Guns, que hostilizaram a banda; Por um Rock´N´Roll Mais Alcoólatra e Inconsequente, a furiosa Caos e Desordem e Attitude, um cover dos Misfits ( responsável pelo único momento que eles agradaram e ganharam algumas palmas do público ). Ainda assim, eles tocaram também Cerveja Barata e Roqueiros Também Amam para então agradecerem a oportunidade a Time For Fun ( empresa responsável pelos shows ). Infelizmente o som não estava regulado adequadamente para que o Rock Rocket exibisse seu potencial. Mesmo o trio se dedicando bastante, não conseguiram cair nas graças do público, que ficou muito descontente e nitidamente ansiava por uma atração mais hard rock.
Forgotten Boys
Pouco mais de 20:45 o Forgotten Boys, segunda atração da noite sobe no palco, que foi rapidamente arrumado para a banda formada por Gustavo Riviera ( guitarra e vocal ), Flavio Cavichioli ( bateria ), Zé Mazzei ( baixo ), Paulo Kishimoto ( teclado ) e Dionisio Dazul ( guitarra ), exibir seu punk rock/rock´n´roll influenciado por nomes como Ramones, Iggy Pop e MC5. O tempo de estrada ( eles começaram as atividades em 1997 ) somados à mais incursões de estúdio ( possuindo quatro álbuns gravados ), além de uma considerável melhora no som do estádio, aliados à uma forte garra dos músicos no palco, garantiram ao Forgotten Boys uma performance bem melhor que a primeira banda, mas tenho que sair em defesa do Rock Rocket, pois, como quase sempre acontece, quem abre os shows está lá para sofrer mesmo, servir de soldado de infantaria, ou seja, pisar em bombas e dar a cara para bater.
Assim o Forgotten Boys apresentou músicas como Hold On e Justice For All - um punk mais sujo e agressivo. O rockão Just Done foi dedicado ao celebre cartunista Glauco Matoso, assassinado covardemente na sexta feira 12 de março. E ao contrário do Rock Rocket a recepção do Forgotten Boys foi muito melhor, pois a sonzeira extraída pelo quinteto garantiu a empolgação, e assim, delineou uma manifestação positiva dos fãs que exibiram sua alegria em muitas palmas. O tecladista Paulo Kishimoto e o guitarrista Dionisio Dazul mereceram os destaques por suas atuações em Rock´n´Roll Band. Mostrando que não iriam desperdiçar a chance, o Forgotten Boys fez uma apresentação muito boa com andamentos de guitarra que faziam a galera balançar bastante, como foi visto em músicas como "Cumm On", "Draw The Line", "Quinta-Feira" e "Search And Destroy" que resultaram em ótimas salvas de palmas e serviram para aumentarem a adrenalina de cada presente para os dois espetaculares shows que viriam depois. Mesmo não sendo uma banda de hard rock puro, foi um ótimo aperitivo o punk rock rasgadão do Forgotten Boys.
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Desta vez, Sebastian Bach, com roupas pretas, provou que está em grande fase e não deve nada para o Skid Row ( que recentemente esteve no Brasil, confira resenha ) e às 21:50, atrasando apenas 20 minutos, com a introdução feita pelo baterista Bobby Jarzombeck, o vocalista já pega o microfone e canta a pesada Slave To The Grind ( título do álbum de 1991 e um dos mais conhecidos de sua ex-banda ). Claro que os fãs tantos antigos quanto os mais novos já adoraram e perceberam que estariam em um pleno revival hard rock dos bons tempos. E em seguida, o cover do Aerosmith para Back In The Saddle fez crescer nossa felicidade e deu para perceber que, mesmo passados todos esses anos, a voz e o entusiasmo de Sebastian Bach permanecem inalteráveis, tanto que para provar isso, enquanto ele bangeava seus longos cabelos, girava o microfone em um movimento de pura sincronia, algo muito bonito de se ver ( procure um vídeo no You Tube e veja mais o que estou dizendo ). Acompanhando Sebastian estavam quatro músicos extremamente competentes: Nick Sterling e Johnny Chromatic ( guitarras ), Bobby Jarzombeck ( bateria ) e Rob DeLuca ( baixo ).
Atualmente, Sebastian Bach está com uma pegada mais heavy metal e menos hard rock, mas ele não iria esquecer do estilo que o consagrou no final dos anos 80 e início dos 90, assim tivemos as ótimas músicas de quando ele era o frontman do Skid Row como Big Guns ( do primeiro álbum de 1989 ) com o vocalista puxando os "ei..ei..ei" que aumentam ainda mais a energia da platéia. Sebastian estava mesmo muito empolgado com esse show, pois a todo instante ele percorria o palco de uma extremidade para a outra em um show que esquentava ainda mais nossos corações que ficaram ainda mais emocionados quando ele cantou Here I Am ( outra do primeiro álbum do Skid Row ) com uma voz bastante agressiva, e além do vocalista, o jovem guitarrista Nick Sterling deu um grau maior ao agito com sua implacável atuação ao solar sua Gibson perfeitamente. E como disse, Sebastian está ótimo, tanto que ele emitiu um grito fabuloso ao término desta.
Muito contente por estar novamente no Brasil, Sebastian saúda os todos os fãs presentes no estádio e completa: “Nós estamos muito felizes de estar aqui. Hoje, São Paulo é a capital do rock! Nós esperamos muito tempo para tocar por aqui”. Ahh e detalhe, disse tudo isso em um ótimo e bom português. Algo muito realizado durante o show de Sebastian Bach foi a subida do vocalista nas caixas de retorno, fato que aumentou o clamor dos fãs e desta vez ele pediu palmas e foi rapidamente atendido. Antes de começar a cantar a seguinte, ele falou: " Vocês gostam de Guns´N´Roses? Vocês gostam de Axl Rose?", como já era esperado, a resposta foi afirmativa e assim ele tocou Stuck Inside, uma pedrada do álbum Angel Down. Durante sua execução, Sebastian chamou uma linda garota que estava filmando seu show próximo à entrada do backstage, a conduziu até o palco e dançou alguns instantes com ela. Hora de outra do Skid Row com Piece Of Me e este hard rock emociona bastante os milhares de fãs presentes. No final de Piece Of Me, ele pega uma bandeira do Brasil e segue o show com outra clássica: a balada 18 And Life e seu estonteante solo de guitarra devidamente alongado que fez a grande maioria cantar com ele cada verso. Realmente, foi notória a felicidade dos fãs.
Tião...Tião!!!!
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Seria impossível I Remember You não ser tocada e quando chegou sua vez, com os dois guitarristas nos violões, não deu outra, formou-se um grande coral por todo o Palestra Itália, mas não ficamos satisfeitos apenas em cantar, tivemos que também balançar os braços e bater palmas aos montes atendendo o pedido do vocalista ( mas não era preciso pedir, nós já agitamos naturalmente ). E demonstrando que queria apagar a data ruim de anos atrás e registrar esta noite em São Paulo como um dos melhores shows de sua vida, Sebastian preparou algumas surpresas: uma música inédita que é um quase thrash metal e o primeiro single do álbum Angel Down: ( Love is ) A Bitchslap - um heavão de primeira que nos fez chacoalhar bastante a cabeça. Mas o carismático vocalista nos pergunta se queremos mais, e então já sem camisa, para delírio das muitas mulheres presentes, tocou Youth Gone Wild um hardão pesado que encerra o show com chave de ouro. Aliás, todos os músicos reúnem-se no palco esbanjando felicidade e com os fãs gritando o seu nome, percebia-se que estavam tão alegres que pareciam que não queriam deixar o palco e se pudessem fariam um segundo bis. Quem sabe na próxima.
Sinceramente, o Sebastian Bach me surpreendeu e muito, foi um show sensacional e acima das expectativas, provavelmente com mais tempo do que estaria inicialmente previsto ( valeu Axl por sempre se atrasar... ), tanto que já recomendo que ele retorne aqui no Brasil para uma futura nova turnê e sozinho, pois foi muito bom reviver os clássicos do Skid Row na voz do seu vocalista fundador. O sentimento de que apresentação foi excelente era sentido através da sensação deixada no ar: " Aí... Axl, eu fervilhei pra valer os seus fãs, quero agora que você vá lá agora e faça um show melhor que o meu...!!!".
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Guns´N´Roses
A expectativa era grande, pois o novo show do Guns´N´Roses está sendo aclamado por todos os lugares onde tem passado, e polêmicas com shows secretos em bares de famosos à parte, o que os milhares de fãs presentes no estádio queriam saber mesmo eram quais surpresas a Chinese Democracy World Tour reservava para esta apresentação de São Paulo. Afinal, desde o saudoso Rock In Rio III em 2001 que os californianos de Los Angeles/EUA não passavam por aqui.
E W. Axl Rose demorou aproximadamente 1:30 após o término do show do Sebastian Bach para trazer no palco a auto-intitulada banda mais perigosa do planeta e percebia-se que o som estava sendo testado e retestado para que a apresentação fosse perfeita. Quando finalmente as luzes se apagaram ( eram quase 00:40 ), os telões exibiram imagens vermelhas e via-se ao fundo DJ Ashba, um dos três guitarristas realizando os primeiros solos de Chinese Democracy - título do mais demorado álbum para ser lançado da história do rock - e seja no show de luzes ou nas labaredas de fogo, conseguíamos sentir que o show seria especial. Axl entra vociferando esta música com um pique incrível, ele percorre o palco de um ponto a outro sem perder o fôlego, mas quase que um infeliz momento acaba com a apresentação do Guns´N´Roses: um fã atira um copo de água no vocalista que fica totalmente enfurecido e para o show por alguns instantes, então fala: “Apareça, seu covarde. Você quer ser o responsável pelo fim do show? Ir embora agora para mim não é problema!!!". Então, o vocalista conversa com os demais fãs presentes e pergunta: " vocês querem que o show continue?" - com a resposta positiva ele retoma à 'Chinese' do ponto onde parou e dá seqüencia ao show ( ainda bem, pois seria lastimável se esse fato estragasse o show, com certeza, um fato não imaginado por Axl Rose, mas como o cara adora uma polêmica, seria impossível ele passar pelo Brasil sem que acontecesse uma ), aliás, voltando a falar do que interessa, notava-se que o trio de guitarristas formado por Ashba, Fortus e Thal eram de primeira categoria pelos seus solos nesta nova canção e quase nos faziam esquecer da dupla Slash/Stradlin´.
Passado esse infeliz susto inicial, Axl Rose vocais piano, Richard Fortus, Ron "Bumblefoot" Thal e DJ Ashba nas guitarras, Chris Pitman nos teclados, Tommy Stinson no baixo, Frank Ferrer na bateria e Dizzy Reed no teclados, piano e percussão, voltam aos anos 80 e disparam uma das melhores músicas da banda com Welcome To The Jungle ( do Appetite For Destruction ), que logo nos primeiros solos de Dj Ashba e no longo “Do you know where the fuck you aaaaaare?? You´re In The Jungle Baby” berrado com vontade por Axl trouxe a sensação de: "agora sim, estou no show do Guns´N´Roses..." e o punch e os fogos fizeram o estádio inteiro pular e cantar intensamente com o vocalista. A idéia era realizar o primeiro ataque com mais dois clássicos deste disco, primeiro com a energizante e rápida It´s So Easy ( e Axl usando sua poderosa voz fina para gritar e gemer forte ) e depois o hard rock estimulante de Mr. Brownstone e ao seu final, o baterista Frank Ferrer interagiu com os fãs aumentando em muito nossa vibração, pois quando ele tocava os bumbos e nós reagíamos gritando " Guuuuns´ Aaaannndd´ Rooooseees .... Guuuuns´ Aaaannndd´ Rooooseees ", devidamente ensaiados com ele, aliás ele repetiu esses toques por várias vezes e a cada vez, novamente repetíamos os gritos com ele.
Com o clima já em alta Axl saúda os fãs e deu para sentir que o vocalista estava realmente cheio de vontade, queria realizar uma apresentação poderosa e prossegue o show com duas do novo cd Chinese Democracy, a primeira foi a melodiosa Sorry - que é lenta, quase falada e tem seu peso, mas também violões e solos de guitarras na medida - e Better com Axl se abraçando a bandeira do Brasil num momento de pura interação com o público, vale ressaltar que, para todos que criticam sua performance e sua voz, mesmo em uma canção cheia de experimentalismos, ele consegue ser estridente ao extremo.
Depois disso Richard Fortus faz o primeiro solo de guitarra da noite com muita técnica e feeling que levemente vai caindo no tema do agente secreto mais famoso do mundo: James Bond, e foi amparada com excelentes bases feitas pelo baterista Frank Ferrer, pelo baixista Tommy Stinson e também, dos outros dois guitarristas Ron "Bumblefoot" Thal e DJ Ashba que cravaram solos que entraram fundo em nossos corações. A deixa para a música seguinte estava dada, e quando Axl voltou de roupa trocada e num visual estilo anos 80, o cover de Paul McCartney para Live And Let Die ( que esteve presente no multiplatinado Use Your Illusion I de 1991 ) foi executado com muitos fogos e explosões, aí a emoção que havia diminuído um pouco na execução das duas novas anteriores voltou a ficar em fortíssimo nível.
E foi bem assim mesmo o show, quando era tocada alguma música do novo cd o frisson diminuía um pouco e quando voltava-se para algum dos clássicos, aí sim, por onde se olhasse o estádio tornava-se uma só voz, uma só emoção. Mas Axl e seu novo Guns´N´Roses queriam que os fãs conhecessem o novo trabalho e então disparam mais uma dele com If The World, outra que teve a presença de violões, piano e toques pesados, aliás, a destaco como a melhor música nova até momento ( essa e a Chinese Democracy ). Mostrando muita simpatia e contentamento com o show, o frontman pega uma rosa atirada por uma fã ( e olha que tudo que os fãs jogavam no palco, ele pegava, demonstrava carinho e guardava, exceção feita ao fatídico copo de água que quase acabou com o show ). Em seguida ele requisita a presença da linda modelo Ellen Jabour ( desta vez atuando como tradutora ) que nos contou algumas frases ditas pelo vocalista: ele queria que o público não ficasse se esmagando na grande e pediu para que se afastassem, que divertissem com segurança, que ama todos e que demorou muito para voltar ao Brasil.
Passado este momento, hora de voltar ao passado com Rocket Queen ( do Appetite For Destruction ) um hardão mais dançante que teve uma atuações excelentes de Tommy Stinson no baixo e também nas guitarras de Ron "Bumblefoot" Thal ( solando sua Gibson de dois braços ) e Richard Fortus, juntos eles extrairam punchs sensacionais de suas guitarras. Enquanto isso, Axl enrolou a bandeira do Brasil no pedestal do seu microfone. Para aqueles que vivem dizendo que o vocalista está gordo, procurem no You Tube e vejam o quanto ele suou e correu durante o show, muitas vezes cantando e arrancando agudos fortíssimos de sua voz.
Depois Axl vai trocar novamente seu figurino ( ele fez isso 8 vezes ) e Dizzy Reed fez seu solo com um grande piano colocado no centro do palco, inclusive tirando alguns trechos de Ziggy Stardust de David Bowie com muita melodia e harmonia que introduziram outra do Chinese Democracy, agora foi a vez de Street Of Dreams, uma linda balada dotada de longos agudos agressivos por parte do vocalista e também dotada de longos solos de guitarras ( com dois deles nas pontas do palco e o outro no centro, o que dava ainda mais beleza ao show ). Os riffs distorcidos e o piano trazem I.R.S. outra mais experimental do novo trabalho que mesmo sendo um tanto estranha, mostrou sua cara melódica e agressiva por parte dos vocais de Axl Rose.
Agora chegara a vez do DJ Ashba realizar seu solo de guitarra, e pasmem, aquilo que parecia que jamais aconteceria, aconteceu.... a guitarra dele falhou, e por duas vezes!!! Tudo bem, ele trocou a guitarra e nos brindou com um solo sensacional, com dedilhados que foram pouco a pouco trazendo aquele solo que é digno de estar no Olimpo do Hard Rock, estou falando daquele solo reconhecido nas primeiras notas até por quem não gosta de rock, o solo inicial do hino Sweet Child O´Mine ( do Appetite For Destruction ), e ao ver Axl Rose cantando essa música com toda a conotação erótica que ela nos traz, não poderíamos ter outra reação a não ser cantar em uníssono e felizes da vida. Sweet Child O´Mine realmente balançou as estruturas do Palestra Itália.
Após mudar praticamente o set list inteiro com relação ao que fora divulgado anteriormente para a imprensa, ele detona nossas almas com mais outro clássico: You Could Be Mine ( do Use Your Illusion II ), desta vez com muita distorção feita pelo baixista Tommy Stinson e em meio as muitas explosões, tínhamos no telão imagens de corridas de Fórmula 1. No final de semana que começavam as temporadas 2010 de Fórmula 1 e Fórmula Indy ( com sua primeira corrida de rua no Brasil ) foi pouco para muitos ficarem hipnotizados e com olhos grudados no telão, sem dúvidas, essas duas, apresentadas na sequencia, caracterizaram um dos pontos altos do show.
Enquanto o grande piano ia ressurgindo embaixo da bateria, foi tirado um trechinho de The Trooper do Iron Maiden na guitarra e já foi-se encaminhando para Another Brick In The Wall Part II, enquanto Axl, sentou-se, tomou água ( e provavelmente um uísque ) e cantou os versos deste inigualável clássico do Pink Floyd, e seja homenagem ou não, a euforia que tomou conta do estádio foi gigantesca, pois todos cantaram com o vocalista e o acompanharam nas palmas. Depois desta grata surpresa ele realizou um solo de piano que culminou nos primeiros e belos acordes de November Rain ( presente no Use Your Illusion I ) que foram executados memoravelmente pelo "novo" Guns´N´Roses em mais outro momento impar do show.
Eu disse anteriormente que os três guitarristas solaram, não é mesmo? Já descrevi o solo de dois deles, mas acho que a atuação de Ron 'Bumblefoot' Thal foi o melhor de todos, se fosse comparar o estilo de cada um, pois, a melodia que ele tirou para o tema da Pantera Cor de Rosa ( Rosa, Rose, que coisa não? ) com uma linda Gibson de dois braços, teve realmente muita qualidade e técnica. Aliás, Bumblefoot nos presenteou ainda com uma pincelada rápida de Civil War, e quase cheguei a pensar que teríamos essa surpresa no set, mas não, chegou a vez da versão de Knockin' On Heaven's Door do Bob Dylan, claro que era outra muito esperada por todos e jamais poderia faltar no show, e sempre caracterizando-se a cada música, Axl Rose volta com um chapéu de cowboy, pega um cartaz jogado por um fã que estava escrito em inglês: “Mãe, não se preocupe. Axl Rose está olhando por nós!”.
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Fuck You Axl Rose...?!?!
O show estava sendo mais longo que os fãs imaginavam, entretanto, mesmo assim ( com 21 músicas ), faltavam ainda alguns clássicos, e não iríamos arredar o pé do estádio sem curti-los, mas quando imaginávamos que viriam Patience e Paradise City, Axl Rose nos surpreende novamente voltando para o bis com mais três músicas do cd Chinese Democracy, sendo que a primeira foi Madagascar, uma balada pesada, com muita percussão e uma mistura de discursos de Martin Luther King no telão com trechos falados, diferentes de um hard rock, mas muito interessante. Outra explosão de fogos antecederam a pesadíssima e cheia de efeitos esquisitos Shackler's Revenge que continua com o show, e então o frontman pergunta se já não é muito tarde, e pede para nós berrarmos para ele: "FUCK YOU AXL ROSE!!!", num primeiro momento, não compreendemos, mas com a insistência do vocalista ao dizer: " eu digo FUCK YOU e vocês completam com AXL ROSE!!!". Bem, já que ele insistiu, gritamos com vontade e o vocalista literalmente 'rachou de rir' com isso, o que significa apenas uma coisa: ou ele é completamente insano mesmo ( risos ) ou estava de bom humor neste dia. Depois deste curioso momento, o Guns´N´Roses exibiu a melosa balada This Is Love, exaltando muita emoção em longos agudos.
Finalmente nós fomos agraciados com Patience ( do álbum Lies ) com seus assobios, violões e uma performance maravilhosa por parte de Axl, que mais uma vez fez todos cantarem juntos com ele, em um momento de coroação deste formidável show do Guns´N´Roses. Outro destaque de Patience foi o lindo solo do guitarrista DJ Ashba. Antes de comentar a próxima, tenho que questionar alguns pontos: como o vocalista de 48 anos ainda estava correndo após quase três horas de espetáculo? como ele aguentou tudo isso? qual é o segredo? será o refrigerante de pimenta? Detratores de plantão tentem me explicar. Voltando, é chegada a hora da saidera com a implacável Paradise City ( do Appetite For Destruction ) em execução solene, nós batemos palmas e ficamos gratificados reagindo com a força que somente os fãs de rock possuem sendo devidamente glorificados com uma grande salva de fogos, fumaça, papéis picados e serpentinas, um verdadeiro final apoteótico, digno do Guns´N´Roses.
Sinceramente não esperava que a passagem da Chinese Democracy World Tour em São Paulo fosse tão espetacular e que superasse o showzão do Sebastian Bach; não imaginava que o Guns´N´Roses, e mais especificamente Axl Rose tivesse a capacidade de realizar uma apresentação que certamente ficará gravada na memória dos mais de 38.000 presentes. Axl superou brilhantemente Sebastian e mostrou que mesmo com um álbum diferente do que os fãs esperam, ao vivo, com ele a conversa é outra - é hard rock para empolgar multidões. Se tenho que tecer uma crítica ao Guns seria pela inclusão de tantas músicas novas no set, outros clássicos poderiam e deveriam ter sido inclusos, mas convenhamos: se Axl tocasse mais alguma outra música neste sábado, muitos poderiam pedir para ele parar, pois às 3:30 quando o show acabou o cansaço já era extremo. Resumindo, valeu Axl Rose!!! Traga novamente o Guns´N´Roses aqui para outra inesquecível noite de hard rock.
Por Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Regis Motisuki, Carol e equipe da T4F - www.t4f.com.br
Fotos: Marcelo Rossi - T4F
Março/2010
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Galeria de Fotos do Guns´N´Roses e do Sebastian Bach
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