Megadeth - Rust In Piece 20th Anniversary Tour
Sábado, dia 24 de abril no Credicard Hall em São Paulo/SP

    O Megadeth foi e é uma das bandas mais influentes e importantes desde os anos 80, também foi responsável por definir o que hoje conhecemos por Thrash Metal. O grupo liderado por Dave Mustaine é ao lado de Metallica, Slayer e Anthrax um dos componentes big four do Thrash mundial, mesmo sofrendo várias alterações no line-up, nunca deixou de lançar excelentes álbuns, que sempre traziam grandes músicas. Com um ótimo álbum na agulha ( o atual Endgame de 2009 ), o Megadeth, assim como muitas outras bandas que estão comemorando os aniversários de seus grandes lançamentos de outrora, trouxe ao Brasil a Rust In Piece 20th Anniversary Tour, que celebra os 20 anos deste clássico álbum dos anos 90 e que ficou um bom tempo nos 10 mais vendidos nos Estados Unidos. Apenas este fato seria a garantia de um show notável no Credicard Hall, mas como recentemente o Dave Mustaine anunciou o retorno de David Ellefson ( baixo ) à banda, a efervescência pela apresentação multiplicou-se e muito. Completando o atual formação do Megadeth temos Chris Broderick ( ex-Nevermore e Jag Panzer ) e Shawn Drover na bateria.

    O Credicard Hall esteve devidamente tomado pelos fãs de Thrash Metal e poucos minutos após as 22:00hs, sem atrasos, as luzes são apagadas, para que possamos ouvir uma introdução de Black Sabbath que trouxe a deixa que todos queríamos: o espetáculo iria começar. O baterista Shawn Drover foi o primeiro a adentrar o palco trajado com uma camiseta da seleção brasileira, depois foi a vez do guitarrista por Chris Broderick, para que então David Ellefson no baixo e Dave Mustaine com sua guitarra Flyning V branca dessem inicio ao show com a rápida Dialectic Chaos e sua espetacular rifflerama devidamente servida com muita técnica pela banda. A explosão de alegria que essa faixa de Endgame causou nos milhares de presentes só não foi maior porque o vocal estava um pouco embolado.

    Ainda assim, o calor produzido em Dialectic Chaos era descomunal, parecia que o Megadeth nunca havia visitado o Brasil, e sem pausas, anúncios ou palavras, surgiram os primeiros acordes de This Day We Fight! ( também do novo trabalho ) apareceram, os fãs acompanhavam os solos cadenciados com os praticamente tradicionais "ôôôôôôô...ôôôôôôôô" e sacudiam seus pescoços criando uma sinergia perfeita, além é claro de cantar com Mustaine, e em uma breve olhada para o centro da pista, vi as primeiras rodas que surgiram. Outro destaque aqui foi a atuação de Shawn Drover metralhando tudo com sua bateria. Sem parar para descansos, o Megadeth nos traz In My Darkest Hour ( do So Far, So Good... So What de 1999 ) dividida com os fãs, e enquanto Mustaine cantava e olhava para os lados, Chris Broderick realizava solos 'na medida' aumentando em muito nossa empolgação. E a quarta deste longo e inesquecível set foi Sweating Bullets ( Rude Awakening ), seguida de Skin O' My Teeth ( do Countdown To Extinction ) que provou que quem estava presente conhecia mesmo do som do Megadeth, pois todos cantaram praticamente juntos com o líder da banda.

Rust In Piece    

    Assim encerrou o que posso considerar como a primeira parte do show e após uma breve parada, o show que já estava muito bom  - com as excelentes atuações da dupla Mustaine/Ellefson sendo relembradas pelos mais fãs mais antigos, enquanto a massa mais jovem aprendia como o poderio bélico deles elevou o Megadeth entre os maiores do Thrash Metal mundial - ficou ainda melhor, veja porque: 

    Aos gritos estonteantes da platéia, devidamente incendiada, Dave Mustaine troca de flecha, digo guitarra, com os desenhos do álbum Rust In Piece ( aliás todo o palco seguia na temática do disco aniversariante ), cumprimenta os fãs, e diz: “Como hoje não teve banda de abertura, o show aqui em São Paulo vai ser maior!” ( apesar de gostar de ver uma banda de abertura, neste caso, tivemos um dos melhores shows desta turnê, ótimo...lucro nosso!!! ) e completa com: "Vocês sabem porque estamos aqui".  E sem mais delongas tocam Holy Wars...The Punishment Due um hino que coloca o Credicard quase que de joelhos, pois a força trazida pela banda era imensa e ao receber seus solos de guitarras, não parávamos um segundo sequer sem agitar freneticamente. Quem estava totalmente solto e à vontade no show era Dave Ellefson com uma camiseta comemorativa e exibindo sua precisão técnica no baixo que nos desafia e nos conduzia a loucura.

    A felicidade que sentíamos a cada nota era com certeza compartilhada pelos músicos, e agora sabíamos que a sequencia do show seria idêntica ao disco e sem anunciar nada Hangar 18 entra em cena massacrando e mantendo a destruição que já estava por todo lado. Vivíamos um assalto matador de Thrash Metal que somente mestres como Mustaine/Ellefson poderiam nos proporcionar, tanto que nas partes instrumentais além dos "ôôôôôôôô...ôôôôôô..." no ritmo da música, a platéia que estava nas mãos da banda gritava no tempo certo "Megadeth...Megadeth", fato que, certamente emocionou os americanos, Aliás, vale mencionar que os solos de guitarras nesta foram memoráveis, que precisão e entrosamento estão Dave Mustaine e Chris Broderick. A artilharia continua com a veloz Take No Prisoners que Dave Ellefson aparece mais nos backing vocals comandando a euforia dos presentes com notas estraçalhantes em seu baixo. Depois em Five Magics com todos cantando juntos com Dave Ellefson ( sim, ele cantou alguns trechos ), ele provou que voltou totalmente à vontade na banda, literalmente comanda o show solando sem dó seu contrabaixo em meio aos solos de guitarra de Mustaine/Broderick, e o baixista exibiu também muito carisma sob os olhares e caretas de Dave Mustaine.

    A performance perfeita Ellefson empolga a galera com o inicio de Poison Was The Cure e a velocidade impressa nesta resultou e mais outra onda avassaladora de rodas na pista. Aliás, após a retirada do processo de quase 18,5 milhões de dólares contra Mustaine, a amizade solidificou novamente e o baixista retornou com moral para quase roubar a cena no show. Sem parar!!!! Em poucos instantes Mustaine solta os risinhos sinistros que introduzem Lucretia em execução solene e vibrante. Outro ponto forte foi com a rápida Tornado Of Souls que provoca uma grande participação dos fãs no refrão, e olha que eles despejaram riffs perfeitos para nos encantar ainda mais. Continuando, a cadenciada Down Patrol é cantada entre os "ei..ei..ei.." e quando a aceleração das guitarras aparece já estamos em Rust In Peace... Polaris e seus excelentes solos de guitarras da dupla Mustaine/Broderick, entretanto, aprecio ver num show quando o baixista acompanha igualmente na mesma rapidez as guitarras, e Ellefson fez isso admiravelmente, que corou ainda mais o show. E após mais de 40 minutos sem falar com os fãs, Mustaine agradece aos milhares de fãs e completa: “muito obrigado, este foi o ‘Rust In Peace’”. Se acabasse aqui com uma música de bis, eu já iria embora muito contente e feliz da vida, mas os canhões do Megadeth tinham muito mais balas para disparar nesta noite.

    Uma desacelerada instantânea e o Megadeth volta com Shawn Drover 'mandando ver' na sua bateria em um curto e pesado solo que nos trouxe Trust ( do Cripting Writings de 1997 ) e mais energia era despertada nos fãs com o inspirado Dave Mustaine e seus excelentes solos, em seguida voltamos ao Endgame com a rápida Headcrusher e com a emoção dividida com os fãs, que berravam aos pedidos do vocalista o título da música no refrão, momento muito bom que prosseguiu com outra nova, agora a cadenciada The Right To Go Insane que foi anunciada por Dave Ellefson garantindo uma ótima recepção dos presentes, o que prova que eles já ouviram e gostaram do Endgame, se bem que após um Rust In Piece na integra, qualquer música apresentada seria muito bem recebida. Mais uma do Cripting Writings com a ótima She-Wolf e como o Megadeth manteve nas mãos os presentes, facilitou seu trabalho para garantir uma vibração ainda maior. Mas o quarteto queria mesmo era ver os headbangers brasileiros pulando e cantando cada verso, e conseguiram realizar seu desejo com Symphony Of Destruction ( do Countdown To Extinction - 1992 ), com a galera encaixando o nome da banda durante os solos perfeitamente, claro que a histeria provocada era provavelmente aquilo que a banda esperava do público. E assim, eles agradecem, e saem do palco para o bis.

    Uma certa demora aconteceu, e os fãs alternavam gritos de "Megadeth..Megadeth" com o refrão de Peace Sells...Whos Buying, mas quando Dave Mustaine finalmente retornou sem camisa, com uma guitarra Flying V branca, sorrindo e surpreende a todos quando apresentou a balada Tout Le Mond ( do Youthanasia - 1994 ), e dava para ver que o artista desta vez estava realmente muito contente e queria partilhar essa alegria com todos os mais 7000 de presentes que cantaram juntos com ele. Para encerrar este longo show de praticamente duas horas, finalmente o heavy metal/thrash Peace Sells  ( Peace Sells… But Who’s Buying? - 1986 ) é tocado para a felicidade geral com todos pulando e cantando novamente. Durante o reprise de Holy Wars, em meio a solos sensacionais, Dave Mustaine apresentou a banda e agradeceu aos fãs levando o show à um resultado sensacional. E não é que eles jogaram bastante palhetas para os fãs e deixaram uma excelente impressão para todos nós?

    Se era por conta do retorno de Ellefson à banda, pela consistência de Shawn Drover ou a técnica de Chris Broderick na guitarra, a verdade é que desta vez Dave Mustaine estava bem humorado e realizou um show muito melhor que sua apagada performance de 2008 ( leia resenha ), uma apresentação digna de se enquadrar entre os melhores shows do ano no Brasil. Isso levou alguns de nós perguntar: alguém falou para Mustaine que ele não estava na Argentina?. E independente da paixão pelo músico pelos nossos 'hermanos', fomos embora sabendo que este line up 2010 do Megadeth promete e muito, tanto que aguardo quando Mustaine/Ellefson começarem a compor juntos. Será que teremos um novo Rust In Piece? Se isso acontecer, certamente, estaremos presentes na tour de divulgação.

Texto: Fernando R. R. Júnior e André Torres
Fotos: Sérgio Klass e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Ricardo Zonta - Time For Fun
Maio/2010

Set List:
1. Dialectic Chaos
2. This Day We Fight!
3. In My Darkest Hour
4. Sweating Bullets
5. Skin O' My Teeth
6. Holy Wars...The Punishment Due
7. Hangar 18
8. Take No Prisoners
9. Five Magics
10. Poison Was The Cure
11. Lucretia
12. Tornado Of Souls
13. Dawn Patrol
14. Rust In Peace... Polaris
15. Trust
16. Head Crusher
17. The Right To Go Insane
18. She-Wolf
19. Symphony Of Destruction

Bis
20. A Tout Le Monde
21. Peace Sells
22. Holy Wars – Reprise

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