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Aerosmith - Back On The Road Tour
Domingo, dia 30 de outubro de 2011
na Arena Anhembi em São
Paulo/SP
Após praticamente um ano e meio de sua última passagem no Brasil (
leia resenha ),
o Aerosmith retornou para um único show na Arena
Anhembi em São Paulo/SP, para a perna brasileira da
Back On The Road Tour, que segue apenas na
América Latina e Japão. O detalhe é que esta tour não é de promoção
de um novo trabalho, apenas os clássicos e grandes hits seriam
tocados, e nem a chuva, nem o acidente sofrido por Steve Tyler
antes do show no Paraguai ( ele escorregou no banheiro,
quebrou os dentes e ficou com um olho roxo ) diminuíram a
ansiedade dos fãs que lotaram o Anhembi. É... o Aerosmith
provou mais uma vez que tem moral no Rock´n´Roll e com o público
brasileiro, pois, mais de 32.000 presentes estavam lá para conferir
o sensacional show dos americanos.
Ao som de Who Are You do The Who as luzes foram apagadas, a
vontade em rever a banda aumentava e às 20:15hs ao som da canção de ópera
Cavalgada das Válquirias do maestro italiano Richard Wagner,
dando uma pequena dimensão da grandeza que seria o espetáculo. Assim
que a ópera acabou, o grande telão do centro do palco ganhou vida e
começou exibir imagens antigas da banda entre outras mais engraçadas, até
que o logo da banda começou a ser cunhado por um maçarico ( era um vídeo,
é claro ), depois a silueta
dos músicos aparece no fundo e então Steven Tyler grita do backstage:
"E aí São Paulo!!!".
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Assim, Steve Tyler surgiu no meio
da pequena extensão que dividia parte da pista vip e junto com Joe Perry,
que estava com uma guitarra
Ampeg Dan Armstrong
transparente de acrílico e um traje de gala ( que lembrou-me bastante do
que Angus Young do AC/DC utiliza, mas sem o short de colegial
) começou com os primeiros acordes de Draw The Line, título do
álbum 1977, que fizeram os fãs se divertirem e agitarem com a banda.
Aliás, no quesito figurino, Steven Tyler estava com sobretudo
dourado, óculos escuros é um chapéu vermelho, pedestal do microfone todo
enfeitado, enfim, um visual Glam como sempre marcou sua carreira e sem
importar com a chuva que caia ( sinto muito Axl Rose, mas com os
mestres, não precisa de capa de chuva amarela que lembra Pica Pau Vai Ao
Niágara, tanto que estes adereços foram sendo retirados durante o show e
Mr. Tyler não se importou com a chuva em nenhum momento ).
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Joe Perry tocando solos com muita categoria continuou juntamente com
Steven Tyler a manter a adrenalina do show com Same Old Song And
Dance ( do disco Get Your Wings de 1974 ) e estes dois
clássicos do passado, mostraram que o poder de fogo do Aerosmith
continua inabalado, pois temos o frontman Steven Tyler andando para
lá e para cá e os solos de Joe Perry seguindo a linha mais Blues, que
essas canções iniciais pediram, e completando o quinteto de Boston: Tom
Hamilton no baixo, Joey Kramer na bateria, Brad Whitford na guitarra, além do tecladista convidado
Russ Irwin, para
darem a tônica da grande noite de Hard Rock que estávamos vivendo.
O Aerosmith realizou um começo de show eletrizante mesmo e com
músicas que em minha opinião faltaram no set do ano passado, pois a seguinte
foi a clássica Mama Kin do primeiro álbum de 1973, tocada bem rápida
e criando um clima nostálgico dos anos 70 no ar, mas o Aerosmith foi
lançando muitos clássicos durante toda a sua existência e Janie´s Got A
Gun, um mega hit do álbum Pump ( de 1989 ), deu
sequência ao show e mostrou-nos porque o senhor de 63 anos é um dos maiores
frontmans em atividade na cena do Rock até hoje, ele parecia possuído na
interpretação da música.
Sem perder o pique, mesmo com o frio que estava na
Arena Anhembi devido à chuva, eles executaram um de seus
maiores sucessos dos anos 90, Livin´On The Edge do álbum Get A
Grip de 1993, e a pegada de Joe Perry e Brad Whitford
apareceu ainda mais, pois eles colocaram linhas de Blues que não eram tão
proeminentes na versão original.
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Um tanto quanto prematuro foi o solo de bateria de Joey Kramer logo
após a quinta música da noite, porém, não tem como não ficar impressionado
com a técnica do baterista, que fez um solo pesado, um pouco longo e utilizou
suas mãos solando com bravura ( obrigado John Bohham por deixar
esse legado ao Rock ) e em alguns momentos parecia que até a cabeça ele
socava na bateria, um belo jogo de cena que nos entreteve por vários
adoráveis minutos.
Steven Tyler deve ter vontade de tocar bateria,
pois novamente ele interferiu no solo de Joey Kramer. Enquanto isso
uma slide guitar de mesa foi posicionada no palco e com aqueles solos
rasgados vindo dela, Joe Perry deu inicio à Rag Doll ( do álbum
Permanent Vacation de 1987 ), cujo ritmo contagiante fez a multidão
se chacoalhar bastante e Steven, que estava bem na frente da passarela,
recebeu de um fã uma boneca inflável, pegou ela nas mãos e falou bem
humorado: “Humm..Sweet Emotion! Não, ainda não” e completou
perguntando se a boneca era a namorada de quem a jogou.
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A primeira balada da noite foi a sensacional Amazing, também do
Get A Grip, que trouxe muita emoção e eu já disse aqui em outra
resenha - faz bem à nossas almas assistir shows dos grandes nomes do Rock,
temos que ir sempre que nos for possível. E seguindo nessa linha mais
romântica, o Aerosmith tocou What It Takes, um Blues lento do
álbum Pump, que está entre as melhores gravações da banda e os
fãs cantaram seus versos iniciais a plenos pulmões de forma que os membros
do Aerosmith certamente emocionaram-se com o carinho e provavelmente,
respeitarão ainda mais seus fãs brasileiros. A banda só entrou com a melodia no refrão
e fomos presenteados com um momento à capela. Tom Hamilton, que
aventurou percorrer a passarela por algumas vezes, começou um solo em seu
belo baixo dourado novamente com uma levada Blues muito forte, que introduziu Last Child ( presente no
álbum Rocks de 1976 ) com seu andamento mais dançante.
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Steven Tyler se retirou do palco por alguns instantes, como é o
costume para que Joe Perry assumisse os vocais, agradecesse a
presença de todos e assim cantasse Combination, um Blues pesado,
inédito na atual tour sul-americana e que é dotado daquela linha suja empolgante
presente no álbum Rocks e tanto Brad Whitford quanto
Tom Hamilton ficaram
próximos a Joe Perry no centro do palco causando uma emoção maior a
quem assistia o show, pois sentia-se a garra musical que eles desejavam
exibir com solos que somente quem bebeu da fonte do Blues sabe passar.
No
final de Combination, Steve Tyler novamente foi na bateria de
Joey Kramer e mandou umas pancadas nela ( falei que ele gosta de
bateria, então... ), mas seu retorno mesmo ao palco se deu com a linda balada
I Don’t Want To Miss A Thing, presente no álbum Nine Lives
( de 1997 ) e trilha do filme Armageddom, que
fez os casais espalhados pela Arena Anhembi se beijarem e os
que estavam sozinhos cantarem os versos da música com Steven Tyler,
que postou-se bem à frente da passarela.
Sem parar para respirar o Aerosmith emendou na sequencia a energética
Cryin´, mais uma do Get A Grip que não pode faltar nos
shows desde que foi composta em 1992 e sua linha Hard Rock pesado agradou
bastante, ainda mais pela forma perfeita que foi executada com o vocalista
solando sua gaita. No final de
Cryin´, Steven ganhou um chapéu de pirata arremessado por um fã,
ele colocou mas tirou instantes depois. Aliás, faço uma pausa no texto para
elogiar a equipe de som que deixou tudo muito bem regulado para que o
Aerosmith pudesse realizar um excelente show.
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Não parecia, pois a vibração estava muito boa, mas estávamos chegando ao
final da primeira parte do show e após Tom Hamilton mostrar seus
dotes como baixista, Sweet Emotion ( do álbum Toys In The Attic
de 1975 ) apareceu com distorções e solos feitos com precisão por Joe
Perry ( e novamente ele fez uso da talk box para o inicio da música
) e Brad Whitford ( com seu gorro preto e o único, além do
baterista por motivos óbvios, que não percorreu a passarela ) com
Steven provando o forte potencial que ainda possui em sua voz. Ele pode
cair, se machucar, mas levanta e mesmo com a idade avançada, mantém todos os
seus trejeitos de caras e bocas no palco e eletrizou cada um dos presentes.
Antes do retorno da banda para o bis, mais alguns vídeos foram exibidos como
anúncios antigos de pipoca e refrigerante em formato de desenho animado,
que depois exibiu 'The Bad Boys From Boston' em algumas cenas e assim
eles deram início à música que lançou o Aerosmith no mercado: a
explosiva Dream On do primeiro trabalho em versão bastante pesada e
com o vozeirão de Steven Tyler novamente ganhando muito destaque, que
no final virou seu pedestal de microfone com tanta velocidade que mais
pareceu que estivesse rebatendo uma bola em uma partida de beisebol.
A
seguinte foi Love In An Elevator do Pump e eu
pergunto: quem conseguiu ficar parado ao vê-la sendo executada com
vontade e perfeição no palco? Creio que ninguém é a resposta mais
adequada e tivemos um show de desempenho do carismático vocalista da banda e
impressionantes solos de guitarras da afiada dupla Perry/Whitford.
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Surpresas especiais
O terceiro bis foi com a vibrante Walk This Way, hit do álbum Toys In The
Attic, que encerraria o show se eles não estivessem diante do
empolgado público de São Paulo, pois os fãs que estavam na pista vip pediram
várias canções e normalmente as bandas não atendem aos pedidos, tem um set
list pronto e fim de papo.
Mas isso, felizmente, não fazia parte da regra
seguida pelo Aerosmith e eles se entreolharam por rápidos segundos,
quebraram o protocolo e
atenderam aos pedidos dos fãs, que solicitaram Angel ( outra do Permanent Vacation
) e foi Steven quem disse: “Vocês
querem Angel?” e completou dizendo que faziam cinco anos que não tocavam
a canção, e assim, Angel foi tocada com muita classe com direito à
uma bandeira do Brasil exibida no telão para que os brasileiros ficassem
ainda mais extasiados. Isso foi uma grata surpresa, pois nos shows
anteriores na América do Sul, o set acabava com Walk This Way.
Eles ainda tinham mais uma carta nas mangas: com Joe Perry fazendo
sons de sirenes de trem na sua Fender, eles
iniciaram o bluesão elétrico Train Kept-A-Rollin´ ( composição de Tiny
Bradshaw, Howard Kay e Lois Mann do álbum Get Your
Wings ) em execução perfeita, que para mim deixou uma resposta: o
próximo álbum deles será mais focado neste estilo, o que é excelente.
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Antes de se despedir do público, Steven Tyler apresentou cada um de
seus colegas de palco e foi apresentado por Joe Perry que o definiu
como "The Demon Of Screaming" e completou: ”São Paulo Is
Beatiful”, depois ele novamente nos agradeceu pela presença e foram se
retirando do palco. Foram quase duas
horas de um show digno de entrar no Hall dentre os melhores do ano,
que está cheio de grandes apresentações, claro que cada um de nós tem os
seus preferidos, mas este garantiu seu lugar.
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Quando as luzes acenderam mais uma surpresa: Mannish Boy Blues
antológico de Muddy Waters foi tocado nas caixas de som mostrando
para as gerações mais novas onde tudo começou e onde o Aerosmith mergulhou
bem fundo na fonte para se tornar a autointitulada "A
Maior Banda de Rock and Roll da América", que não para nem com
chuva, queda do seu vocalista, ou qualquer outro dissabor. Longa vida ao Aerosmith... que ao término da
Back On The Road Tour terminará as gravações do seu
vindouro trabalho ( ainda sem nome e que será lançado no primeiro
semestre de 2012 ). Mas, tenham certeza meus caros leitores(as) do Rock On
Stage, dentro em breve, o Aerosmith estará novamente no Brasil divulgando suas
novas músicas. Parabéns à Time For Fun pela organização de mais um grande
evento.
Por
Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos a Guilherme Oliveira
e a toda equipe da Time For Fun pela atenção e credenciamento
Fotos: Rafael Koch Rossi e Marcelo Rossi - Time For Fun,
Fernando R. R. Júnior
Novembro/2011
Set List:
01. Draw The Line
02. Same Old Song And Dance
03. Mama Kin
04. Janie’s Got A Gun
05. Livin’ On The Edge
06 Solo de bateria
07. Rag Doll
08. Amazing
09. What It Takes
10. Last Child
11. Combination
12. I Don’t Want To Miss A Thing
13. Cryin’
14. Sweet Emotion
Bis 1:
15. Dream On
16. Love In An Elevator
17. Walk This Way
Bis 2:
18. Angel
19. Train Kept-A-Rollin
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