Aerosmith - Cocked, Locked, Ready To Rock Tour
Abertura: Cachorro Grande
Sábado, dia 29 de maio de 2010 no Palestra Itália em São Paulo/SP

   No final de 2009 muitas notícias a respeito da continuidade do Aerosmith borbulhavam pelos sites especializados em Rock´n´Roll, pois Steven Tyler havia sofrido um acidente no palco ( ele  caiu durante uma apresentação no Sturgis Motorcycle Rally, em Dakota do Sul agosto ) e posteriormente, se internou em um clínica de reabilitação para livrar-se de sua dependência de analgésicos, e literalmente sumiu por algumas semanas. Isso gerou uma polêmica danada, pois Joe Perry e o resto da banda queriam sair em turnê pelo mundo, com ou sem Steven Tyler, e vários nomes chegaram a serem anunciados como possíveis vocalistas do Aerosmith.

     Mas a nuvem nefasta de indecisão e brigas quanto ao futuro da banda passou, e então, eles anunciaram a Cocked, Locked, Ready To Rock Tour  para este ano de 2010 e com uma passagem pela América do Sul e consequentemente, por São Paulo e aí você já pode imaginar como foi a euforia causada, mas  antes de entrar nos detalhes, vou contar como foi a banda de abertura.

Cachorro Grande

    Escalada para abrir a noite de Hard Rock, os gaúchos Beto Bruno ( vocal ), Marcelo Gross ( guitarra ), Rodolfo Krieger ( baixo ), Pedro Pelotas ( teclado ) e Gabriel Azambuja ( bateria ) subiram no palco logo às 20:00hs e sem muitas delongas ele começam a mostrar seu Rock´n´Roll que renderam cinco álbuns, sendo que o mais recente é o Cinema de 2009. Entre Hard Rocks com bons solos, outras com mais balanço e uma que exibiu influências de Steppenwolf na pegada com uma boa atitude nos vocais, enfim, Cachorro Grande realizou um show bem agradável e bastante setentista.

    Mais ao meio do show, Beto Bruno agradece aos fãs presentes e diz também que, assim que acabar o show do Cachorro Grande, estará na pista para curtir junto com a gente o Aerosmith e que o Brasil é o lugar de rock´n´roll. E assim, tocaram Que Loucura, um rockão largado dotado de bons solos de guitarras e bons agitos do vocalista. Beto por várias vezes, enfatizou a importância e a responsabilidade que é tocar para um público tão grande quanto aos milhares que aguardavam ansiosamente pelo quinteto norte-americano. Deixa Fude, foi outra bem recebida pela plateia e Beto avisa que terá história para contar para seus filhos e netos: um dia ele e sua banda abriram para o gigante Aerosmith, aliás, uma importante oportunidade que não foi desperdiçada, pois os gaúchos mostraram sua cara para um estádio cheio e conduziram muito bem o show, confirmando que foram uma boa escolha da produção.

Aerosmith

   E quando eram pouco mais de 21:30, os 38.000 presentes no Palestra Itália - ainda com o longo pano preto com o logotipo do Aerosmith ao centro - começaram a ouvir "Rainy Day Women #12 & 35", de Bob Dylan sendo cantado por Steven Tyler que estava no canto esquerdo do palco com sua gaita, era a deixa que o show iria começar. E assim que o pano caiu, o Aerosmith entrou em cena para realizar um dos melhores e mais quentes shows que aconteceram em São Paulo neste ano, e digo mais, talvez o melhor ao lado do Metallica ( leia resenha ).

     Steven Tyler nos vocais e gaita, Joe Perry e Brad Whitford nas guitarras, Tom Hamilton no baixo e Joey Kramer na bateria começam, o show com Eat The Rich ( que abre o álbum Get A Grip ) e rapidamente a bandeira veio abaixo, assim como o estádio. A partir deste momento, a felicidade dos fãs era monumental, afinal, como disse acima, o Aerosmith quase acabou, e muitos já não acreditavam mais que veriam a banda ao vivo, ainda mais com a formação clássica novamente. Para nossa maior satisfação, o som estava muito bom e todos os instrumentos eram ouvidos com exatidão.

   

    Antes de continuar a falar do show, vou tecer um parênteses para comentar o figurino: Steven Tyler com óculos escuros, unhas pintadas, chapéu, echarpe, anéis, pulseiras, capa cheia de brilhantes e com o pedestal de seu microfone também todo decorado ( mais Glam impossível!!! ); Joe Perry ( que a cada música tocava com uma guitarra mais bonita que a outra, usando 10 no total ) estava com uma jaqueta de couro tipicamente rocker e um echarpe lembrando a bandeira dos Estados Unidos; Brad Whitford com um gorro estilo rapper e óculos escuros  ( que coisa hein!!! ), Tom Hamilton e Joey Kramer com um visuais mais discretos.

    A última passagem do Aerosmith por aqui foi em 2007 ( leia resenha ) e mais uma vez "O Monstro do Rock´n´Roll" estava disposto a mostrar porque é  responsável por vender mais de 200 milhões de discos no mundo. Prova disso foi quando executaram uma dos anos 70 com Back In The Saddle ( do álbum Rocks de 1976 ) e seu Hard Rock contagiante pôs todo mundo para cantar e pular freneticamente junto com a banda ( e diga-se de passagem, foram poucos momentos que a multidão presente não cantou com Tyler e Cia ).

    Outro ponto que não posso esquecer de mencionar é a pequena pista que se estendia até metade da pista vip que Steven Tyler e Joe Perry se alternavam na frente, quando não vinham juntos trazendo mais emoção ao show. E a performance, os trejeitos e gestos feitos pelo vocalista do alto dos seus 62 anos é algo que merece ser estudado, afinal, o cara já passou por grandes abusos de drogas e não parou quieto um minuto sequer enquanto esteve no palco. E deu para notar outra coisa também neste início de show: o Aerosmith iria mostrar muita improvisação, tanto que o alongamento Blues Rock com longos solos de guitarra em Back In The Saddle confirmaram minhas impressões que teríamos um show acima da média.

    Dizer que o Aerosmith mantinha a plateia nas mãos é quase redundante, pois o set list foi matador e a terceira Love In An Elevator do álbum Pump de 1989 fez o Palestra Itália tremer ( ainda bem que vão reformar o estádio, pois as estruturas ficaram comprometidas após esta noite ), e quando Steven Tyler e Joe Perry ficavam juntos na frente da pequena pista, praticamente se escorando um no outro como sempre fizeram, não tinha como não ficar emocionado e sentir essa graciosa energia, é caro leitor(a), fomos brindados com fortes doses da mais pura alquimia do Rock´n´Roll. 

    Os sucessos que fizeram história no Hard Rock dos anos 70, 80 e 90 iam sucedendo-se nesta noite e apenas com uma brevíssima saudação para os fãs - que respondiam agitando sem parar -  tivemos Falling In Love ( Is So Hard On The Knees ), e essa música do álbum Nine Lives ( de 1987 ) quintuplicou a alegria dos fãs mais novos da banda. E vale comentar, o entrosamento, a base dos solos de Brad Whitford deixavam Joe Perry completamente solto ao lado de Steven Tyler, e juntos eles comandavam as dosagens de calor em nossos corações.

    Continuando a passagem pelos anos 90 com Pink ( também do álbum Nine Lives ), Steven tira o casaco, eleva ainda mais a vibração e mesmo tendo assistido a vários shows neste ano, realmente, só mesmo o Metallica conseguiu manter uma adrenalina assim em cada música, e tal como o quarteto Thrash, essa força aumentava cada vez mais.

    Depois de agradar a geração, digamos "mais teen", a banda recua para um dos seus maiores sucessos com Dream On do primeiro disco de 1973, e esta espetacular balada fez os milhares de presentes cantarem verso a verso com Steven Tyler sentindo-se em estado de plena felicidade, um momento único. O que ouvia-se por perto era: " que set que estamos vendo!!! que show!!!". É... se o Aerosmith precisasse provar porque reina absoluto por muitos e muitos anos no Hard Rock, a resposta estava dada neste instante.

    Com os gritos de "hey...hey...hey" e os primeiros acordes da guitarra Gretsch de dois braços de Joe Perry estávamos diante de Living On The Edge ( do álbum Get A Grip de 1992 ) e este megassucesso chacoalhou o estádio, especialmente nos solos. Foi engraçado no final ver Steven Tyler enrolado nos panos do pedestal de seu microfone em seu rosto e fazendo mais uma de suas impagáveis caretas. Aliás, o vocalista é um mestre nesta arte. Os prolongamentos pesados das guitarras e os fãs gritando o refrão incessantemente com Steven elevaram Living On The Edge a um nível que não poderíamos imaginar.

    Novamente agraciando os fãs mais novos, tivemos Jaded do Just Passion Play de 2001, que se não causou a emoção das anteriores, serviu para mostrar o potencial dos agudos de Mr. Tyler e fez muitos ( inclusive eu ) cantar o refrão alucinadamente. E quando todos esperavam outra música nesta linha, Steven Tyler anuncia que a banda retornaria a 1977 e que os fãs haviam pedido muito essa música, e qual foi a surpresa que tivemos quando o Aerosmith executou Kings And Queens ( do álbum Draw The Line ) trazendo uma eletricidade de Hard Rock/Blues totalmente inesperada pelo público paulista, que correspondeu plenamente e ainda mais contente. E em Kings And Queens o que mais chamou atenção foram os agudos de Steven, iguais aos que ele fazia na versão original e o competente solo de Brad Withford.

    Steven pergunta se gostamos desta, se estamos loucos, e a dica para a energizante balada Crazy ( mais uma do multiplatinado álbum Get A Grip de 1992 ) foi dada, e uma fã mais exaltada jogou sua calcinha no palco, o vocalista pegou, olhou, cheirou ( momento para Wando nenhum por defeito ) e a colocou no microfone de Joe Perry, que por sua vez realizou um solo digno dos grandes guitar heros dos anos 70, e vale lembrar, ele é um dos grandes ainda na ativa.

    Depois mais uma balada e do mesmo Get A Grip, agora com Cryin´ e o coral formado no Palestra Itália estava ainda mais entusiasmado e organizado do que antes. Na hora do solo de gaita, Steven Tyler teve dificuldades para pegar sua gaita e quase perde o tempo de utilizá-la ( afinal, ela estava em suas partes íntimas, ele ainda a olhou com uma certa indecisão e finalmente, tocou e atirou para a plateia depois ), mas quando finalmente a coloca na boca, o solo é de primeira mesmo.

    E foi chegada a hora e a vez de Joey Kramer executar um perfeito solo de bateria que não teria tantas novidades se não fossem por dois detalhes: o uso das mãos batendo no seu kit ( aliás, onde foi que vi isso pela primeira vez, teria sido com o inigualável John Bonham? ) e quando Steven Tyler apareceu com duas baquetas e solou junto com ele. Nem será preciso mencionar aqui o grau de contentamento que esse solo causou nos presentes, não é mesmo?

Um mergulho no melhor do Blues

    Em seguida, eles não disseram, mas provavelmente pensaram: "Você esteve no show e ainda não teve oportunidade de conhecer os primeiros trabalhos do Aerosmith, não tem problemas, nós tocamos um clássico memorável para vocês!!!". E Lord Of The Thighs - do álbum Get Your Wings de 1974 - exibe a capacidade e os dribles que o quinteto de Boston dá na idade tocando um Hard Blues dotado de muitos improvisos viajantes que realmente nos levam diretamente para os anos 70, época em que viagens bluesísticas de guitarras entrando na alma, solos distorcidos e duelados realizados Perry e Withford, maracas, bateria e baixo se completando de forma única, eram comuns, mas hoje, somente poucos gênios do mundo do Rock tais como o Aerosmith são capazes de fazer e o nós ficamos literalmente "chapados" com tamanha proeza.

    Inclusive ressalto aqui que esta característica de agregar as influências do Blues ao seu Rock é que já está no sangue e na cultura dos norte-americanos, então, isso possibilita muito mais facilidades para eles comparados com outras bandas. Os solos distorcidos acompanhados de palmas, foram para mim, um dos pontos altos do show que trouxeram o encanto, a magia única que é o Rock´n´Roll e o mais puro Blues mesmo, impressionante e inesquecível.

    Steven Tyler grita "Joe Peeery on guitar!!!", e este pergunta se conhecemos o jogo Guitar Hero: Aerosmith, traz uma tradutora no palco que nos conta que presenciaremos um duelo entre o Joe virtual contra o real, afinal, segundo o próprio, ele já está cansado de ouvir as pessoas dizendo como venceram ele no jogo, e então nós teríamos a oportunidade de descobrir quem era o melhor e conferir ao vivo todo o potencial desta verdadeira lenda do Rock. Este tipo de duelo de guitarras é outra característica muito comum do Hard Rock americano e naturalmente que a vitória precisa e técnica do original causou um enorme frisson na galera.

    E então a veia mais Blues do Aerosmith ficou muito mais forte e eles nos brindaram Stop Messin' Around cover do Fleetwood Mac ( presente no Hookin´ On Bobo de 2004 ) de uma forma eletrizante. Quem assumiu os vocais muito bem foi Joe Perry enquanto Brad Withford comandou os solos que foram o puro vigor do Blues, a energia que senti neste momento serviu para lembrar o show do Magic Slim ( veja cobertura do show em Poços de Caldas/MG ), aliás, o piano de Russ Irwin que dividia as atenções com a gaita de Steven Tyler ( e que atuação do vocalista solando o instrumento ), tudo isso, resultou em um retorno aos bons tempos do Blues.

    Steven apresenta Russ Irwin no piano, e este fez curtas e excelentes melodias antes que o vocalista começasse a próxima música, a fanática legião presente rapidamente identificou a balada What It Takes ( do Pump de 1989 ) e cantaram os versos com muita força deixando o vocalista de boca mais aberta ainda que o normal, emocionado e feliz da vida, tanto que ele emenda um "beatiful..." para a plateia, e chegou a dizer brincando: " agora é minha vez " e prosseguiu com What It Takes em mais uma execução perfeita da banda.

    Anunciado por Steven Tyler, Tom Hamilton assumiu os holofotes quando realizou um curto e preciso solo de baixo que antecederam o clássico Sweet Emotion ( do disco Toys In The Attic de 1975 ). Além de solar precisamente sua guitarra Joe Perry utilizou o talk box, um equipamento que produz muito mais intensidade à um show. Falando nisso, o guitarrista utilizou também um teremin que trouxe efeitos espaciais à apresentação. E, para onde você olhasse via todos cantando, pulando e extremamente felizes com a música. São em momentos assim que você entende por que uma banda grande será sempre grande e me leva a exclamar: Caramba o que é isso!?!?! Que show!!!

    A eletricidade, que estava em altíssimo nível, foi aumentada ainda mais, para valores só alcançados pelo Led Zeppelin no momento em que os repiques de bateria e distorções de guitarras de Perry e Withford dão lugar à rápida Baby, Please Don't Go ( uma regravação Big Joe Williams também presente em Hookin´ On Bobo ) e aqui aconteceu algo maravilhoso de se ver: Joe Perry fazia uma nota na guitarra e Steven Tyler emendava um gemido com o mesmo vigor, isso quando não solava sua gaita. A base gerada por Tom Hamilton e Joey Kramer - que usou e abusou das excelentes viradas em sua bateria - conduziram nossas almas para um delírio coletivo pleno. Realmente, o Aerosmith conseguiu uma ligação Rock-Blues espiritual com os 38.000 presentes no Palestra, para mim, indiscutivelmente o ápice do show.

    E foi incrível mesmo, já haviam se passado mais de 90% do set list e parecia que estava ainda no começo, tanto que a energética Draw The Line ( do álbum homônimo de 1977 ) foi tocada, todo mundo dançava este Rock´n´Roll sentindo-se uma alegria imensa. Joe Perry executou essa com uma guitarra Ampeg Dan Armstrong transparente de acrílico e mandou ver no slide, coisa linda de se presenciar meus amigos e amigas. Aliás, seus solos mostraram como ele influenciou um garoto chamado Slash que viria a montar o Guns´N´Roses. Quando a banda retirou-se do palco, Joe largou sua guitarra produzindo distorções, microfonias, feedbacks que eram realmente muito mais do que todos esperavam. Assim como a maioria, bati palmas com muita força e totalmente contente.

    Eu confesso que fiquei espantado e disse: "mas já tá na hora do bis?? Ahhh! já não, precisamos de pelo menos mais meia hora de show!!!". Antes deles voltarem alguém teve a brilhante ideia de colocar uma bandeira do Brasil em um dos amplificadores com o logotipo da banda. E quando eles voltaram, a bola da vez foi Walk This Way ( do disco Toys In The Attic ), que colocou os fãs para dançar e festejar ainda mais fervorosos. As mulheres, certamente, ficaram excitadas ao conferirem Steven sem camisa e olha que o cara mesmo com seus 62 anos, está melhor que muito garoto aí que eu conheço.

 

    O Blues rápido de Toys In The Attic ( título do álbum de 1975 ) entrou em cena para encerrar um dos mais brilhantes shows deste ano de 2010. O carismático Steven agradece, diz que São Paulo está em seu coração, que ama todo mundo, apresenta a banda e confirma que as diferenças estão superadas, pois apresentou Perry como: Joe Fuckin´ Perry e este retribui dizendo que ele é o maior vocalista do planeta.

 

    Assim nossos heróis partiram em plena forma e fico aqui pensando: cadê aqueles críticos que disseram que bandas como o Aerosmith não iriam durar tanto? Eles provavelmente devem sofrer colapsos de raiva e inveja, pois os grandes estão cada vez maiores, estão comemorando 40 anos ou mais de carreira, enquanto que as bandas que eles idolatravam já acabaram faz tempo. Então, longa vida ao Rock´n´Roll, longa vida ao Aerosmith, que essa magia esmaga quarteirão espetacular de Hard Rock que percorre o mundo possa retornar mais vezes ao Brasil, pois necessitamos senti-la por mais vezes em nossos corações.

Por Fernando R. R. Júnior
Fotos: Marcelo Rossi - Time For Fun e AeroWorld - www.aeroworld.com.br
Agradecimentos à Equipe da Time For Fun
Junho/2010

Setlist:
1 - Eat The Rich
2 - Back In The Saddle
3 - Love In An Elevator
4 - Falling In Love ( Is Hard On The Knees)
5 - Pink
6 - Dream On
7 - Livin' On The Edge
8 - Jaded
9 - Kings And Queens
10 - Crazy
11 - Cryin'
12 - Drum Solo
13 - Lord Of The Thighs
14 - Joe Perry Guitar Battle
15 - Stop Messin' Around ( Fleetwood Mac cover )
16 - What It Takes
17 - Sweet Emotion
18 - Baby, Please Don't Go ( Big Joe Williams cover )
19 - Draw The Line
Bis:
20 - Walk This Way
21 - Toys In The Attic

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