Asia
Domingo, dia 22 de maio de 2011
no HSBC Brasil em São Paulo/SP

    O show não foi produzido para ser assistido em pé com pista, camarote, pista especial ou sei lá mais o que e sim configurado com mesas, sendo assim o preço do ingresso estava um pouco salgado, pois caberiam menos pessoas, mas pelo jeito, quase todos estavam ali dispostos a gastar um pouco mais pedindo bebida nas mesas e quitutes para comer, e essa ida e vinda dos garçons atrapalhava um pouco o show, mas vamos deixar essa análise de lado e focar no show, que começou um pouco atrasado para variar e sendo assim, o resenhador atrasado aqui perdeu poucos minutos, talvez 3 ou 4 músicas apenas. Na entrada, havia cafezinho e biscoitos como cortesia para o público do show e devo dizer: QUE SHOW!!!

    É claro que se tratando de uma lenda do Rock Progressivo e com a estrutura que o show teria, o Asia não faria feio, mas devo dizer que eles não se movimentam muito no palco e quem se mexe mais e agitava era Carl Palmer, o baterista (!) que no final do show apresentou um solo de bateria que você vai ler daqui a pouco.

    O som estava ótimo, com certeza, a iluminação boa, mas não sei porque tem gente que quer conversar no meio do show e falando alto mesmo. Será que dou azar assim como quando vou ao cinema e sento perto de alguém que conversa, ou num show de Rock Progressivo, o barulho incomoda um pouco mais do que num show de Metal tradicional ou underground, que já estou acostumado com certos falatórios e o som super-alto, ou é implicância! Bom, papinhos em concertos de música clássica nem dá certo e o jeito que os caras são virtuosos e mestres em seus instrumentos, a impressão é que estávamos num concerto e não num show de Rock. Semântica a parte do que pode vir a ser um concerto ou um show, o resto do tempo onde havia silêncio foi muito bem aproveitado, afinal isso se deu quase na totalidade do show se bem que poderia ser implicância minha, não é?

   Era um show que era fácil de ver famílias com filhos adolescentes, casais sozinhos ou com amigos e mesas apenas com amigos ficavam apreciando o show com muita atenção e aplaudindo de montão. A alegria de muitos que estavam mais a frente foi notável, pois muitas vezes se levantavam para aplaudir ou esmurrar o ar aos pulos mostrando uma euforia ao ouvir os clássicos e suas passagens, viradas, riffs e tudo o mais.    

    Para situar a banda para você que lê esta resenha, eles mantiveram a formação original e apresentaram algumas músicas do novo disco, Omega, lançado no ano passado que sucede o Phoenix de 2008 ( confira resenha ). A banda é formada por John Wetton ( Ex-King Crimson e Uriah Heep ) no baixo e vocal, Steve Howe ( Yes ) na guitarra, Geoff Downes ( Ex-Yes e The Buggles ) e por último, o já citado Carl Palmer ( do Emerson, Lake and Palmer ) na bateria. A banda começou o show com Wildest Dreams e logo em seguida apresentaram o hit Only Time Will Tell. O setlist deles contavam com músicas das ex-bandas de seus integrantes e composições do próprio Asia. Composições como  “Never Again”, “Open Your Eyes”, “Time Again”, “An Extraordinary Life” e “The Heat Goes On”.

    A ordem da terceira música em diante foi “I Believe”, “Never Again”, “Holy War” e “Through My Veins” com os altos e baixos da agitação da plateia como citados acima ou seja, momentos de silêncio, de falatório e de exaltação. Depois da última música foi a hora do primeiro momento solo da noite com Steve Howe tocando uma guitarra acústica/violão, algo a parte. Apenas ele no palco, um luz incidindo sobre ele e um momento raro e sensível. Ao final ele foi aplaudidíssimo e agradeceu sorrindo muito humildemente. Steve saiu do palco para então que só ficassem John Wetton e Geoff Downes para tocar e emocionar com a balada Don´t Cry. Esse foi um momento que notadamente se percebeu a potencia vocal de Wetton, sendo um dos momentos mais marcantes da noite. Ao final dessa música, a dupla começou a tocar The Smile Has Left Your Eyes, sendo que ao final dela Steve Howe e Carl Palmer retornaram para mais Rock Progressivo.

    O set list seguiu com “Open Your Eyes”, “Time Again”, “An Extraordinary Life”, “End Of The World” sendo esta última do album Omega. The Heat Goes On vem a seguir e o clima no HSBC ainda era o mesmo. Eu achei que ouviria mais músicas conhecidas, mas parece que eu conheço pouco do Asia mesmo. É para rir de algo assim mesmo. Mas para sons que nunca ouvi e solos cheio de “progressividade”, me prenderam a atenção. Uma hora o solo era de teclado no meio da música, uma quebradeira na bateria logo depois, uma debulhada de baixo e depois o retorno ao riff fazendo o povo urrar de alegria e pessoas gesticularem as mesas de admiração pelo quarteto pra lá de fantástico.

 

    Um cara despreparado que estava há menos de quatro metros atrás de mim e logo atrás de dois amigos meus ficavam gritando palavrões a plenos pulmões nesses solos. Pelo tom de voz não era de admiração e sim provocação mesmo, afinal ali não cabia muito bem aquele tipo de expressividade e o teto baixo de onde estávamos abafava o som para frente fazendo apenas os de trás ficar ouvindo aquela baixaria, mas essas coisas acontecem afinal estávamos no meio do solo de Carl Parlmer e pra quem não toca bateria como eu, fiquei imaginando o quanto ele se cansou tocando praticamente todos os pratos, tontons, bumbos, caixas e até as ferragens da bateria e já entrar direto na música seguinte Sole Survivor mandando ver na batera. Mas o cara já era um bom baterista desde a época que eu mal sabia falar direito, então isso não deveria ser surpresa.

    Deixemos Sole Survivor pra lá e falemos do solo de bateria. Confesso que num momento ou outro eu me espreguicei e olhei pros lados afinal era solo e poderia descansar um pouco e ficar apenas ouvindo o som, mas não, logo ouvi o povo se expressando e vi que algo acontecia e me foquei no palco. Palmer foi fazer uma graça com uma das baquetas e deixou ela cair uma vez e o povo chiou, na segunda vez também deixou-a cair e chiaram de novo e entendi o porque estavam quase tirando um barato com a cara dele, mas daí ele seguiu em frente tentando fazer marabalismos com as baquetas e não é que ele conseguiu.

 

    Algo que ele queria fazer e na conseguia era jogar baqueta num tonton e fazer ela quicar e voltar a sua mão. Do jeito que ele toca pensei “porque ele não treinou isso antes em seus mais de 30 anos de carreira?”, mas vai saber! Tirando esses erros artísticos em sua performance solo o que se ouviu e viu foi um dos melhores solos de bateria já apresentados em terras brasileiras e esses pequenos errinhos cometidos no inicio do solo foram esquecidos quando ele tocava levando as mãos de um extremo da bateria ao outro, se esticando parecendo um povo. Recebeu uma vibração e aplausos da plateia sendo um dos momentos mais aplaudidos da noite, levando sorriso de admiração a todos ali presentes. É... esse Carl Palmer sabe o que faz! E como sabe!

 

    Depois de Sole Survivor vem o bis, que parecei vir cedo demais de tão bom que o show estava, para então retornarem ao palco para sua última música, que para mim era a mais esperada da noite, Heat Of The Moment, que depois que a vi ser cantada por Eric Cartmann do desenho animado South Park em uma cena no congresso norte-americano num episódio que falava das células-tronco, ficava difícil curtir a música ( tanto ali ao vivo quanto ouvindo no rádio ou num cd ), pois eu lembrava do desenho animado e ria.

 

    No saldo geral foi um ótimo show, com boa produção, boas acomodações e acima de tudo com ótimos músicos, mais do que competentes no que fazem embora não fosse de se movimentar muito no palco. Se a banda não era de se movimentar, muitos ali presentes foram até a beira do palco “dançar” no calor do momento ouvindo o derradeiro som Heat Of The Moment. É... esse show valeu muito a pena e vai entrar pros anais do Rock On Stage. Let´s Celebrate!

 

Por Hamilton Tadeu
Julho/2011

 

Set List:

1 - Wildest Dreams
2 - Only Time Will Tell
3 - I Believe
4 - Never Again
5 - Holy War
6 - Through My Veins
7 - Steve Howe Solo
8 - Don't Cry (by Wetton & Downes)
9 - The Smile Has Left Your Eyes
10 - Open Your Eyes
11 - Time Again
12 - An Extraordinary Life
13 - End Of The World
14 - The Heat Goes On
15 - Carl Palmer Drum Solo ( Played while the others took … more )
16 - Sole Survivor
Encore:
17 - Heat Of The Moment

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