Black Label Society - Berzerkus Tour 2011
Sábado, dia 13 de agosto de 2011
no HSBC Brasil em São Paulo/SP

    Marcado para acontecer no mês de maio, a tour brasileira do Black Label Society aconteceu no mês de agosto, e dias antes Zakk Wylde declarou à rádio Kiss FM: “Quero ver como São Paulo vai superar a Argentina”, por mais clichê que declarações assim possam ser, a verdade é que o Black Label Society veio ao palco do HSBC Brasil com garra para fazer um show ensurdecedor. E a grande legião de "Berzerkus" - nome dado aos fãs da banda californiana, compareceram em massa para mostrar para ao Black Label Society o poder de fogo dos headbangers do estado de São Paulo, pois fãs de muitas cidades praticamente lotaram as dependências da casa, que não estava abarrotada de gente como no show do Mr. Big no mês passado ( confira detalhes aqui ), mas haviam milhares e milhares de fãs presentes.

    Antes do show, à tarde, o Black Label Society atendeu os fãs em um Meet & Greet exclusivo organizado pela Ziv Produções World Music Press ( comandada pela minha amiga Sol Brocanelli ) no Manifesto Bar em São Paulo/SP, este Meet & Greet foi organizado também no show de Porto Alegre/RS.

    O Black Label Society formou-se em 1998 e veio pela segunda vez ao Brasil ( a primeira foi em 2008 na abertura do show do Ozzy Osbourne, quando Zakk ainda era guitarrista da banda, leia resenha ), desta vez formado por Zakk Wylde ( vocais, guitarra, piano ), Nick Catanese ( guitarra ), John DeServio ( baixo ) e Mike Froedge ( bateria, que entrou recentemente na banda ), para divulgar o décimo álbum Order Of The Black ( de 2010, isso sem considerar o recém-lançado The Song Remains Not The Same ).

    Assim que entrei no HSBC Brasil, quase na hora do show começar, vi que a mesma já estava praticamente cheia, com os fãs gritando muito ansiosos pelo espetáculo começar e quando me direcionei no "pit" dos fotógrafos, instantes antes do inicio, os gritos da plateia aumentaram de forma significativa que serviram para impressionar o quarteto que estava seguramente saindo do backstage. E uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foram os adereços do microfone de Zakk Wylde com pedestal de corrente adornado com caveiras e crucifixos ( e prestando mais atenção durante o show, elas estavam também na bateria de Mike Froedge, e claro no backdrop que cobria o fundo do palco ).    

    Quando eram exatamente às 22:00hs os potentes berros da plateia de "Zakk...Zakk..!!!" mais pareciam que iam encobrir a banda - um ledo engano nosso - pois, após a introdução de New Horizon no piano e a sirene de alarme de ataque aéreo, as cortinas se abriram e os primeiros versos de Crazy Horse ( do novo Order Of The Black ) foram cantados e vimos então as pilhas de amplificadores Marshalls ( inclusive eram eles quem faziam o palco da bateria ) aliadas à força distorcida da guitarra Gibson de Zakk Wylde em volume máximo. Foi aí que sentimos que a coisa não seria brincadeira, que o Black Label Society veio ao palco para "quebrar tudo" mesmo, com um Heavy Metal implacável.

    Outro ponto que chamou muito a atenção foi ver Zakk com um cocar típico dos índios apaches norte-americanos e disparando riffs pesadíssimos em sua guitarra que encobriram um pouco até sua voz, é o som estava muito alto mesmo ( ainda bem que foi somente no começo e depois foi devidamente regulado ). A reação de todos foi a mais explosiva possível com uma vibração intensa que aumentou no peso de Funeral Bell ( do álbum The Blessed Hellride ) que possui uma energia muito grande, seja por essa energia ou pelo empenho do guitarrista em cantar seus versos, a verdade é que a euforia foi contagiante e os fãs cantavam, pulavam e agitavam no ritmo frenético proposto pela banda.

    Na pesada Bleed For Me, Zakk Wylde trocou de guitarra e estava com o público nas mãos literalmente ( pois o vocalista erguia seu braço e comandava a interação com a plateia ). Depois a apresentação seguiu com Demise Of Sanity ( aliás, esta e a anterior são do 1919 - Eternal de 2002 ) e o Black Label Society manteve o pique e o peso em cada nota tirada pelos músicos, no final desta música, Zakk bateu em seu peito como um gorila que faz isso para mostrar quem manda. 

    Foi nesta hora, percebeu-se o carisma de Zakk Wylde, pois mesmo com suas longas barbas e cabelos, ele consegue transmitir muita emoção a cada verso que canta, além é claro de todo o peso que extraído juntamente com Nick Catanese em suas guitarras, que fizeram todo o HSBC, mais uma vez, vibrar sem parar. Durante a execução de Demise Of Sanity, foram incluídos solos de Superterrorizer do Stronger Than Death ( 2000 ), e aí tome distorção bem feita pela banda. No final eles agradecem aos fãs com poucas palavras e continuam seu bombardeio sonoro praticamente sem interrupções para nada.

    Mas o show é de Heavy Metal e com uma guitarra Flycaster nas mãos Zakk Wylde acompanhado pelas palmas dos fãs, Zakk tocou a elétrica Fire It Up ( do cd Maffia de 2005 ) conquistando a todos com seu andamento e também com os solos quase duelados de Wylde/Cartanese ( além disso, como é bom ver solos de guitarras assim que fazem muito bem ). Falando neste tema, chegara a vez do solo de guitarra individual de Zakk Wylde, onde o músico mostrou o porque que Ozzy Osbourne o recrutou para sua banda ainda jovem ( com apenas 20 anos ) e juntos iniciaram uma parceria que começou com o excelente álbum No More Tears e prosseguiu até 2010, quando Gus G. foi anunciado como o novo guitarrista do Madman.

    A técnica de Zakk Wylde com a guitarra é típico do Rock Americano e em seu veloz solo ele incorporou e bem influências que foram criadas por Jimmy Hendrix ( com uso intenso da alavanca ), mesmo alongando o solo e fazendo muitos dizerem que gostariam que fosse tocada outra música, eu particularmente e muitos dos fãs praticamente ficamos enfeitiçados com as ferozes notas da guitarra de Zakk durante os seus excelentes 10 minutos. A essência do Rock e Heavy Metal está na potência de som que uma guitarra bem solada produz e um solo como este é o momento máximo que um músico pode presentear seus fãs, é uma conversa direta com a alma de cada um de nós.

Avante Berzekus!!!

    Depois do solo era hora de executar músicas que fariam todo mundo não esquecer do show, como é um costume, e afinal, o espetáculo já aproximava do seu final, e foi exatamente isso que o quarteto fez. A primeira desse "arremate final" foi a rápida Godspeed Hell Bound ( do novo Order Of The Black ) com sua linha pesada muito bem conduzida pelo Black Label Society que trouxe uma pulsação que só não foi maior que as seguintes músicas do set.

    A introdução mais lenta ( feita com samplers de piano ) trouxe Zakk Wylde com uma guitarra de dois braços em cima das caixas de retorno tocando a sonzeira de The Blessed Hellride, título do álbum de 2003, com solos setentistas puro Southern Rock e muito técnicos. No seu término Zakk ergueu a guitarra como se fosse um troféu ( e de um certo jeito, é mesmo ), bateu no peito, emocionou-se e agradeceu seus fãs por cantarem com ele. The Blessed Hellride foi para mim a segunda melhor música do show, pois a seguinte, Suicide Messiah ( do Maffia de 2005 ) cheia de competentes distorções em execução muito pesada com direito à um roadie no megafone ajudando no coro foi a melhor e a que provocou o maior agito do show.

    Só este momento para mim valeu estar novamente vendo o Black Label Society, desta vez em um show só seu, mas quem queria mais adrenalina recebeu assim quando a versão pesada, rápida e lotada de riffs 'na medida'  de Concrete Jungle ( do Shot To Hell de 2006 ) veio para nos empolgar ainda mais. Não parecia, mas o final do espetáculo chegou com Stillborn ( outra do álbum The Blessed Hellride ) em execução fabulosa com seus longos gritos acompanhados com toda a firmeza pelos fãs que bradaram juntos ao Black Label. No final, Zakk ergue sua guitarra mais uma vez, exibe uma bandeira da banda e é ovacionado pelos fãs.

    Enquanto isso, o guitarrista Mick Cartanese se enrola à uma bandeira brasileira que ganha dos fãs e se junta ao pequeno baixista John DeServio ( porém, com atuação de um gigante em seu instrumento ) e Mike Froedge se abraçam e despedem. Zakk sai por último, bate no peito novamente e deixou por todo esse tempo sua guitarra cravada com distorções das mais altas notas possíveis no chão do palco que só pararam quando um roadie finalmente foi no palco e a desligou. Aparentava que esta seria a última música que antecederia o bis, e a muita gente até ficou esperando pelo bis mesmo, mas este não aconteceu.

Galeria de Fotos do Black Label Society

Set List:
1. New Religion ( Introdução no piano )
2. Crazy Horse
3. Funeral Bell
4. Bleed for Me
5. Demise of Sanity
6. Overlord
7. Parade of the Dead
8. Born to Lose
9. Darkest Days
10. Fire it Up
11. Guitar Solo
12. Godspeed Hell Bound
13. The Blessed Hellride
14. Suicide Messiah
15. Concrete Jungle
16. Stillborn