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Para mim, os shows teriam um sabor ainda mais especial, pois aconteceriam na véspera de meu aniversário e quer melhor forma para comemorar do que vendo dois espetáculos de Hard Rock e Heavy Metal como foram estes dois shows? Devido à lotação da casa, a produção preferiu retirar os fotógrafos e repórteres da área da pista VIP, e isso, com certeza diminuiu bastante a percepção dos shows, entretanto, eu procurei encontrar um ponto da casa onde pudesse assistir as apresentações e trazer nesta resenha os detalhes como se estivesse posicionado à frente do palco como costumeiramente acontece.
Jorn
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Do álbum The Duke eles tocaram a We Brought The Angels Down e muitos que não estavam agitando respeitaram Jorn e banda, mas isso era problema para ele? Claro que não, e particularmente eu estava gostando muito do Jorn, tanto que vou procurar mais sobre os álbuns dele. Depois duas do Lonely Are The Brave na sequencia com a pesada The Inner Road e Man Of The Dark com direito à um solo do baterista Willy Bendiksen que mostrou técnica e soube como empolgar os presentes que vibraram retribuindo com muitas palmas. Depois veio Blacksong do álbum The Duke com o carisma de Jorn conquistando os fãs do Mr. Big, pois a cada música eles agitavam mais, especialmente com os solos dos guitarristas Tore Moren e Tor Erik Myhe. Encerrando a primeira parte do show do Jorn Lande eles tocaram a pesadaça Soul Of The Wind e a Lonely Are The Brave ( ambas do mesmo cd ) com uma linha de Hard Rock.
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Para quem imaginava que o show de abertura fosse mais curto, é bom saber que Jorn Lande e banda fizeram um set completo, com direito a saída do palco no final do show por alguns instantes para causar aquele frissom, e quando o espetáculo está bom e agradando, antes do bis, os fãs ovacionam a banda e clamaram nas palmas pelo retorno de Jorn. E quando voltou, Jorn falou brevemente sobre a perda do inesquecível Ronnie James Dio e tocou Song For Ronnie James, composição do álbum em homenagem ao lendário vocalista que emocionou muitos dos presentes que como eu idolatram Dio e gritaram o seu nome. Foi um dos melhores momentos do show de Jorn Lande que prosseguiu com outro cover do mestre com Rainbow In The Dark e aí público cantou com muita firmeza com o Jorn. A terceira e última do bis foi a pesada War Of The World, mais uma do álbum Lonely Are The Brave que Jorn solicitou para a galera gritar e foi plenamente atendido. O solos de guitarras nesta última música foram excelentes e Jorn a alongou com muitos "oooo....ooooo" para que fosse aumentada sua interação com a plateia, que correspondeu a cada instante. Para encerrar o vocalista norueguês deu um longo e impressionante grito.
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Mais que um show de abertura, Jorn realizou uma apresentação completa e marcante de uma hora e meia que deixará saudades nos presentes. Quem perdeu o deste sábado pode com sorte acompanhar no dia seguinte o músico no Carioca Club, e muitos assistiram aos dois shows, já quem não viu terá que aguardar o retorno deste brilhante cantor que representa a renovação do Heavy Metal nos dias atuais.
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E não adianta discutir, quando um álbum torna-se um clássico é praticamente obrigatório executar suas músicas sempre, e o Blues pesado de A Little Too Loose, outra do álbum Lean Into It foi cantada pelo animado Billy Sheeham ( não basta ser um dos melhores baixistas em atividade do mundo, tem que cantar também... ) e ele com sua voz mais grave, cantou muito bem cada verso e passou a bola para Eric Martin continuar depois. Além da enorme técnica de cada um dos músicos, é muito interessante ressaltar o clima descontraído que o quarteto realiza o seu show, seja brincando um com o outro, simulando como se estivessem trocando empurrões e chutes. Nesta hora o Mr. Big fez algo que sempre foi muito apreciado e uma característica dos anos 70, especialmente quando se fala de Deep Purple e Led Zeppelin: enquanto o Eric fazia uma agudo com sua voz, Paul Gilbert acompanhava com a mesma intensidade com sua guitarra e presenciar isso meus amigos e amigas é maravilhoso. Sequencias de improvisos como esta são o que valem o ingresso de um show, pois quando assistimos uma apresentação ao vivo o que mais queremos é sermos surpreendidos pelos músicos, ver uma exibição de sua capacidade musical e o Mr. Big fez com perfeição.
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Road To Ruin, outra do álbum de 1991 com os backing vocals da banda perfeitos mantiveram a excitação do show e neste Hard Rock Paul Gilbert, que trocava de guitarra a cada canção ( mas eram todas vermelhas ), executou uma verdadeira aula de solos para guitarrista nenhum que se preze por defeito, mas detalhe, ainda não era a hora de seu solo individual. Em Merciless do primeiro cd foi a vez de Eric Martin brincar com a galera, pois o vocalista quis ver quem tinha o grito mais forte: as mulheres ou os homens e soube comandar a força de cada um dos dois, um momento típico em shows de Hard Rock ou Heavy Metal, mas que é sempre apreciado por todos, ainda mais com o ritmo dançante que esta possui. Depois foi a hora de Paul Gilbert mostrar porque é um dos mais velozes, técnicos e virtuoses guitarristas do mundo com um longo e impressionante solo que mostrou a incrível capacidade ele tem e claro, um solo desta magnitude foi aclamado por todos os presentes no HSBC Brasil. E no final, Paul lembrou outro mestre das seis cordas ao tocar com os dentes, pois quem fez isso no passado foi o inigualável Jimi Hendrix.
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Depois do solo os demais membros retornam no palco e o Mr. Big seguiu com a rápida Still Ain't Enough For Me que além da 'rifflerama' de guitarra, vimos Paul Gilbert também acompanhar na mesma velocidade, é o novo trabalho dos caras é realmente muito bom. Price You Gotta Pay do álbum Bump Ahead de 1993, Eric finalmente pega seu pedestal de microfone de volta novamente, e quando Billy Sheehan sola sua gaita, o vocalista vai atrás dele e sola seu baixo no tempo da música, coisas que só acontece com músicos que são técnicos e ao mesmo tempo muito divertidos. Interessante que eles pararam a música para Eric conversar com os fãs e emendou: "dinheiro não traz felicidade, então precisamos de mais dinheiro" e completou dizendo que quem cantasse junto com ele ganharia sexo e chocolate. Se fosse pela interação e diversão causada, Price You Gotta Pay seria um destaque do show, daquele para contar para os amigos, mas o Mr. Big fez mais, muito mais... Paul e Billy realizaram duelos de baixo e guitarra com improvisos perfeitos, de uma sincronia excelente, mas ao mesmo tempo com várias brincadeiras pois vira e mexe Paul tocava o baixo de Billy como se estivesse corrigindo o exímio baixista. E eles foram alongando a música e aumentando a empolgação transformando o momento para proporções ainda maiores, levando à um êxtase musical pleno.
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A mais esperada, mas não a melhor
Com os fãs berrando incessantemente pelo retorno do Mr. Big eles voltaram poucos minutos depois e Eric Martin nos fez gritar novamente, repetiu a saudação para os fãs e disse que gosta mais das mulheres ( bobo ele...né? ) e apresentou seus colegas de banda, jogou rosas em Billy Sheeham, enfim, realizou um clima de festa mesmo e para coroar essa alegria, ele anunciou finalmente a execução de um dos maiores clássicos da banda e provavelmente a música mais conhecida e esperada por todos: To Be With You executada com Paul Gilbert no violão foi mesmo um momento ímpar, pois todos cantaram com força e extasiados de felicidade. Embora esta balada do álbum Lean Into It seja mundialmente conhecida, o Mr. Big é uma banda de Hard Rock e Heavy Metal e então Billy Sheeham começa um andamento no seu baixo rapidamente acompanhado pela guitarra de Paul Gilbert e a bateria de Pat Torpey que vão caminhando para um mergulho no Jazz e Blues e assim, eles tocaram a rápida e agressiva Colorado Bulldog, do Bump Ahead, que teve seus momentos acelerados, mas o que mais chamou a atenção foram as 'paradinhas', que eram seguradas pelo baixista naquele clima de Jazz e que eram levadas no limite extremo da velocidade chegando a soar mais alto e pesado do que muitas bandas de Thrash Metal fazem. Sem dúvidas uma das melhores do set list.
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Uma nova pausa e no retorno vemos os acordes do clássico Smoke On The Water do Deep Purple, mas desta vez como é costume nas apresentações do Mr. Big desde a reunião em 2009, os membros trocam de posição e Eric Martin foi para a guitarra, Pat Torpey assumiu o baixo, Paul Gilbert arrebentou na bateria e Billy Sheeham ( com camisa da seleção brasileira com o nome dele ) pegou o microfone e cantou alcançando mais potência em sua voz que o criador Ian Gillan ( na fase atual do inglês, é claro, porque afinal com 65 anos de idade não é fácil gritar como os 20 ). A brincadeira de mudança de lugares continua durante Smoke On The Water e Pat Torpey cantou a terceira parte da música, Billy Sheeham pega a guitarra e solou muito bem, Eric Martin pegou o baixo e Paul Gilbert continuou a 'matar a pau' na bateria. Quero constatar nesta resenha que foi uma das melhores versões de 'Smoke' que eu já vi, superada apenas pelas execuções com o Mk II do Deep Purple nos anos 70. Para encerrar as duas horas impecáveis de Heavy Metal e claro - com cada um de volta ao seu lugar de origem - Shy Boy, gravada na primeira banda de Billy, o Talas, terminou com o peso necessário colocar este show entre os melhores do ano.
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Claro que mesmo em um set list longo e que passou pelos 20 anos de carreira da banda, uma ou outra acaba ficando de fora como por exemplo a balada Wild World, mas depois de uma apresentação que mesclou baladas, muita melodia, muita técnica, músicas novas, flertes com o Blues e o Jazz, sem esquecer do Hard Rock e do Heavy Metal e ao mesmo tempo saber transformar isso tudo em uma festa de Rock' n' Roll é coisa para gente grande, é coisa para o Mr. Big e no meu caso, com uma felicidade extra, pois pude comemorar o meu aniversário em forma de gala com dois shows maravilhosos.
Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Heloisa Vidal - Brasil Music Press
e Cristiane Batista - HSBC Brasil
Julho/2011
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