Amorphis
Abertura: Perc3ption
Domingo, dia 05 de fevereiro de 2012
no Carioca Club em São Paulo/SP

    Era um domingo quente, creio que um dos primeiros domingos quentes do ano, que começou com um verão bem frio e chuvoso e por começar cedo, o show terminaria cedo também, mas me atrasei um pouco e perdi o show de banda de abertura, Perc3ption, ouvindo do lado de fora, apenas o final da última música, enquanto tirava o ingresso na bilheteria. Como eu estava atrasado resolvi andar ali perto, indo ao shopping próximo ao local do show e voltar rapidinho. Na volta, ao passar a passarela de pedestres, me deparei com um cara gritando algo para pessoas que iam embora e algumas delas olhando para trás, e uma delas, uma mulata me chamou a atenção e pensei que a gritaria era com ela. Eu a alcancei e ela me disse que era um cara chutando os DVDs piratas do outro, pois ali deveria ser ponto de venda daquele que gritava, e o outro foi chegando para tomar o lugar, ou algo assim.

    Logo eu falei para ela que eu ia no Carioca Club assistir um show de Heavy Metal e ela comentou que o Carioca Club sempre fazia show de Rock nos domingos e eu comentei que às vezes durante a semana e aos sábados também acontecia. Por ela saber disso começamos um papo breve, pois o ônibus dela chegou poucos minutos depois. Resumindo, ela me comentou que ouviu Led Zeppelin e gostou e me perguntou se eu conhecia o AC/DC e pronunciou corretamente o nome da banda australiana. Comentou que os roqueiros tem muito preconceito com quem curte samba e pagode, e comentei que isso poderia ser recíproco também.

    O que achei interessante é ela ter começado a gostar e se mostrou interessada em saber mais. Até comentei que a banda Claustrofobia lançou recentemente um cd que mistura Samba com Thrash Metal e ela achou interessante. Pois é! O mundo tem salvação!

    Ao entrar no Carioca Club notei que o salão não iria encher de fãs, dando em média umas 400 pessoas, sem que se amontoassem e quem queria ficar na grade, ou próximo a ela ficou, e quem queria circular pelo salão livremente, também o fazia. Perguntei para algumas pessoas como tinha sido a apresentação do Perc3ption e alguns fazendo beiço e levantando as sobrancelhas falaram apenas - “Ah, legal. Tocaram bem!”  - ou coisas assim. Só depois que vim a saber que eles tocaram um cover do Iron Maiden. A música era Deja Vu do clássico Somewhere In Time de 1986.

    Lá pelas 21:00 e pouco, no máximo 21:10, depois de um pouco mais de dois anos de sua apresentação aqui com o Children Of Bodom ( leia resenha ) , os finlandeses do Amorphis entraram no palco ao som da introdução Battle For The Light e logo em seguida emendando com a ótima Song Of The Sage, faixa de abertura do mais recente álbum de estúdio The Beginning of Times. Como é costume o som não estava perfeito, principalmente o volume das guitarras, que estavam baixos e o teclado, mais baixo ainda e dependendo do local do salão aonde você estava, mas, nas músicas seguintes tudo foi se acertando. O vocalista Tomi Joutsen, com seus longos dreadlocks, que chegavam quase na altura de seu joelho, tomou toda a atenção da plateia para si e praticamente o show inteiro e com um microfone personalizado segurado de forma diferente, dava o tom do show.

    A sequencia de sons seguiu-se com as músicas “Towards And Against”, “The Smoke” e “Sky Is Mine”, que para quem é fã da banda começou a ficar agitado. Eu conheço pouco do Amorphis e nem tudo me agrada, então, procurei analisar o show mais friamente, mesmo porque perto de mim haviam poucas pessoas agitando ou cantando, estavam mais prestando atenção e eventualmente sorrindo. Ao lado de Tomi Jousten, outro Tomi, Tomi Koivusaari, co-fundador da banda co-comandava o desempenho da banda e a condução do show.  Koivusaari foi o responsável também pelos vocais guturais nos três primeiros e álbuns da banda; a saber: The Karelian Isthmus, lançado em 1992, Tales From The Thousand Lakes ( 1994 ) e Elegy ( 1996 ). Muita responsabilidade para um dos homens das seis cordas.

    Chegou a hora da primeira comunicação demorada com a plateia e então Jousten começa a falar e eu não dei bola, entrentano, a princípio e quando ele falou: "On Rich And Poor" e a plateia gritou, eu achei que a música em questão iria começar, mas daí ele falou mais e também gritaram. Depois ele repetiu: “On Rich and Poor...” e o nome de outro som e como gritaram mais quando a primeira foi indicada, eles acabaram tocando esta. Ah, e foi legal isso. Demorei um pouco para entender e a banda deu duas opções para a plateia escolher.

    Logo emendaram You I NeedSampo. Em seguida tocaram Majestic BeastKarelia, esta última música instrumental do álbum de estreia The Karelian Isthmus, a qual deixou os fãs mais antigos da banda super felizes. A essa hora, a plateia, que já estava feliz, agradou mais a banda e esta retribuía com sorriso e mais energia do palco.


    A plateia esperava clássicos e mais músicas da fase mais recente em que Jousten é o frontman, mas ao invés disso, para surpresa de muitos, tocaram Vulgar Necrolatry, cover dos também finlandeses Abhorrence, banda pioneira do estilo da qual Tomi Koivusaari fazia parte há 22 anos antes de montar o Amorphis, claro. O povo curtiu e logo tocaram Into Hiding, que deu uma injeção de ânimo nos fãs mais ávidos. AloneMajestic Beast vieram a seguir marcando o rumo para o final do show e a exaltação da plateia começou ao ouvirem Black Winter Day, que foi cantada em uníssono, seguida por Skyforger Intro/Silver Bride e depois pela famosa My Kentele, mais do que bem aceito pelo público - uma de minhas esperadas neste show. Terminando de vez esta nova visita no Brasil com outra do álbum EclipseHouse Of Sleep.

    E lá se encerra o show sem a barraquinha de lanches, que fica sempre do outro lado da rua, exatamente em frente ao Carioca Club e como o show terminou cedo, em menos de meia hora praticamente todos já tinham ido embora da frente do Carioca Club e, muitos destes, felizes demais, pela apresentação que tinham assistido naquela noite agradável de verão e pela tanta falta de sol no sul do país, fez parecer que foi pela vinda do Amorphis para cá! O dia estava quente, porém cinzento, cor que combina bem com a banda. Que coincidência, hein?!

Por Hamilton Tadeu
Fotos:  Edi Fortini - Rock On Line www.rockonline.com.br
Agradecimentos à Juliana Negri
da Negri Concerts - www.negriconcerts.com.br 
pela atenção e credenciamento

Fevereiro/2012

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