Exodus
Abertura: Claustrofobia e Nervosa
Domingo, dia 22 de abril de 2012
no Carioca Club em São Paulo/SP 

    Tava tudo certo para eu conferir a primeira apresentação da Nervosa, coisa que nunca fiz e rever o Claustrofobia, além de um show do Exodus, provavelmente melhor do que o que realizado há alguns anos onde os norte-americanos tocaram junto com os alemães do Kreator ( confira como foi aqui ).

    O show foi marcado para começar as 18:00 horas, mas sei que esse é o horário em que a casa de shows abre, portanto cheguei um pouco antes das 19:00 horas no Carioca Club e assim esperei um pouco mais de meia hora para ver as meninas headbangers da Nervosa com o setlist delas encurtado devido aos atrasos na arrumação da aparelhagem. 

 

Nervosa

    O som ambiente da casa vai sumindo dos PAs enquanto a agitada vocalista e baixista Fernanda Lira grita algo ao microfone, o que indica que o show da Nervosa vai começar, mas a sua voz saiu um pouco baixa e ela gritou enquanto a cortina ainda estava sendo aberta e alguém havia esquecido de abaixar por completo ou tirar de vez o som da casa, mas, esse era o menor dos problemas, o que aconteceu é que mais da metade da música de abertura foi audível apenas os instrumentos.

    Embora Fernanda e a guitarrista e backing vocals Prika Amaral gritassem ao microfone, não se ouvia absolutamente nada, e não foi apenas eu que gesticulei para elas e olhava para o técnico na mesa de som para ver o que ele faria... se é que tinha notado a falha. Depois que a voz dela veio o público gritou feliz, mas não sei se a banda achou que fosse vibração deles ou que o problema tinha sumido. Será que elas se ouviam do palco apenas no retorno de som e para o público não aparecia nada? O que deu para perceber era que a bateria estava um pouco alta no bumbo e surdo e ainda com o som não tão bom quanto poderia estar.

 

    Bom, com banda nacional abrindo show de gringo geralmente acontecem essas coisas na maioria dos lugares, era de se esperar, mas na verdade na maioria dos shows, as primeiras músicas sempre não saem do agrado. Já na terceira música, o som melhorou muito e a guitarra da Prika soava tão boa na base quanto no solo e acho que de tão “nervosa”, ela deve ter errado uma nota ou outra na sequencia. Ah, duas no máximo vai! Depois do show, perguntei para ela se ela tinha errado o solo num momento, pois eu não conhecia a música e ela eufórica e feliz arregalou os olhos e me disse sorrindo “Sei lá se errei. Errei?”, nem se preocupando.

    Não me preocupei também e Prika devia estar bem nervosa mesmo, mas as três mandaram bem no palco. A baterista Fernanda Terra fez seu trabalho certinho, ainda mais sendo assistida pelo baterista do Exodus Tom Hunting, que ficou no fundo do palco numa das saídas para os camarins. Imagina se ela também não estava nervosa! Ah, e tem gente espalhando por aí que as garotas tem banda de apoio e elas ficam ali só dublando. Não mesmo! Eu estava ali e vi. Continuem assim, garotas.

Claustrofobia 

    Pausa de alguns minutos para o pessoal do 'Metal Maloka' se preparar e fazer a mesma apresentação de sempre, mas com o set reduzido devido ao atraso, mas mesmo assim o Claustro fez e aconteceu. Na minha opinião a melhor equalização e intensidade sonora ficou para o show do Claustrofobia e não do Exodus. Não estou dizendo que foi a melhor banda da noite, mas não deviam nada a ninguém e foi bom vê-los novamente, mas foi uma pena que não tocaram músicas que sempre espero ouvir no show deles.

    A banda está divulgando seu novo álbum, Peste, o primeiro a ser gravado totalmente em português. É legal ouvir os solos do Alexandre de Orio que mais chamam a atenção e aquela performance toda costumeira de Marcus D´Ângelo nos vocais e guitarra base e do Daniel Bonfogo no baixo e backing vocais. Claro que Caio D´Ângelo na bateria não fica atrás e segura bem parte da cozinha que ele divide com o Daniel. Aliás nem sei porque chamam bateria e baixo de “cozinha”.

 

     Eles abriram o show com War Stomp, depois Metal Maloka do novo álbum e Condemned. Daí veio uma das músicas mais comentadas e divulgadas do novo trabalho Peste, Pinu da GranadaDon`t Kill The Future do penúltimo álbum I See Red, outra do Peste chamada Bastardos do Brasil, a famosa e sempre presente Thrasher e depois  Alegoria de Sangue deram continuidade ao show.

    Marcos já tinha agitado a plateia e falou pouco durante o show. Pediu para o pessoal agitar e como não agitaram muito soltou: “Você tão me tirando, né?” e barbarizou na guitarra. Fecharam o show com “Enemy”, “Peste” e “Paga Pau”. E ainda comentaram sobre o Metal Open Air.

Exodus 

    Depois de uma pausa chega a hora do Exodus. Eu tinha assistido o show deles com o Kreator há dois anos no Via Funchal, ficando bem lá atrás há uns 25 a 30 metros do palco, mas no Carioca Club dava para ficar no meio do salão há cerca de 10 metros do palco. O quinteto oitentista da bay area entra e começa o espetáculo ( e que espetáculo! ) com The Ballad Of Leonard And Charles, seguida de Beyond The Pale e depois Children Of Worthless God. O povo já estava aquecido dos show anteriores e ouvir os riffs do Exodus e sua performance em palco ajudou a animar o público que abriria rodas enormes durante todo o show.

 

    O show em si só foi de uma euforia incrível e um repertório excelente que resultou numa aula de Thrash Metal e uma reação que poucas vi em shows. O quinteto liderado pelo vocalista Rob Dukes só crescia música após música. Seguiram o show com “Piranha”, “Brain Dead”, “A lesson In Violence”, “Iconoclasm” e o clássico mais do que obrigatório Metal Command, aguardada ansiosamente por mim em especial. Se eu tivesse ouvido essa música e mais algumas como Fabulous Desaster eu ficaria feliz. Ah, eles tocaram Fabulous Disaster logo a seguir, mas antes tocaram Deathamphetamine e Blacklist.   

    Olhando para os lados e tentando notar e sentir o que os outros sentiam durante o show foi fácil. Não consegui ver o brilho nos olhos de todos, mas ao tocarem as supracitadas Metal Command e Fabulous Disaster, o pessoal cantava junto e agitava mais do que o de costume e era nítida a expressão de satisfeitos de muitos ali presentes. E lá a banda queria ficar quieta ou fazer um sonzinho qualquer? Claro que não e colocam fogo no salão com War Is My Shepperd e uma das mais esperadas da noite, Bonded By Blood.

    Ah, nunca se sabe se vai abrir uma roda atrás de você ou voar alguma coisa nessas horas, mas a euforia de um hit é sempre uma grande euforia. E a banda quase toda correspondia no palco com o lendário guitarrista Gary Holt mandando ver nas seis cordas e o baixista Jack Gibson se movimentou muito pelo palco. Lee Altus, o outro guitarrista ficou um pouco na dele, apenas quieto em seu canto olhando um pouco para a plateia e agitando a cabeleira quando dava. Não conta dizer que o batera ficava no lugar, mas mesmo sentado no banquinho lá atrás Tom Hunting seguia firme e forte na bateria, música após música, clássico após clássico.  

     Toxic Waltz, outro clássico da época do Bonded By Blood fez o Carioca Club ficar mais insano e antes que Strike Of The Beast  começasse, Rob pediu que o pessoal se afastasse para as laterais e fez questão de fazer até onde eles os queriam afastado. Ele disse algo como “a partir deste amplificador até lá no fundo e a partir do final desta coluna até lá atrás, todos devem se afastar. Vamos, se afastem” e ele pediu que fizesse um 'Wall of Death' daqueles...E lá foi o povo ensandecido de encontro um ao outro. Ah, no meio desta música ou uma ou outra antes, Rob pediu que fizessem uma roda enorme e que ficassem andando circulando pelo centro do Carioca Club e mais de 100 pessoas entraram nessa roda que mais parecia uma procissão. Até me lembrou carnaval, por incrível que pareça. Achei estranho ver rostos conhecidos ali nessa roda passando na frente dos outros e cumprimentando-os um pouco tímidos a primeira vista, mas estava valendo, eram caras de cansados mesmo, pois muita gente suava bicas.

     Lee Altus se manifestou puxando nas guitarras os acordes de “Olê, olê, olá” e o público foi atrás com Rob Dukes interferindo e entrando na música. Sim, esse “Olê, olê, olá” ficou longo, quase uma música mesmo e a plateia a plenos pulmões respondia bem. Good Riddance é o último som da banda que sai aplaudida do palco deixando um público feliz e extasiado pela noite vivida e desfrutada. Exodus mandou bem, Claustrofobia se superou e Nervosa não ficou atrás. O público colaborou bem e os produtores do show estiveram de parabéns. Se todos continuarem assim, o Metal vai pra frente. E a gente vai junto! Vam´bora!

Por Hamilton Tadeu
Fotos Erika Beganskas
Agradecimentos à Ataque Frontal
Maio/2012

 

Clique aqui ou na foto ao lado e confira todas as fotos dos shows do Exodus, Claustrofobia e Nervosa no Carioca Club em São Paulo/SP

Clique aqui e confira todas as fotos dos shows do Exodus, Claustrofobia e Nervosa no Carioca Club em São Paulo/SP

Voltar para Shows