Steven Wilson
Sábado, dia 21 de abril de 2012
no Via Marquês em São Paulo/SP

    21 de abril, pode ser considerado além da data comemorativa do feriado de Tiradentes, a deste ano posso mencionar que foi a maior surpresa nestes meus anos de música e cobertura de shows, tive a missão de cobrir o quase indescritível show de Steven Wilson no Via Marquês. Hoje com a Internet é bem mais fácil conhecer um artista, pois me lembro que já teve época, exemplo da primeira passagem do Venom, Exciter ou Exumer no Brasil, que muita gente ia no show sem se quer ter ouvido falar das bandas e por ser uma banda de Heavy Metal, de tão raríssimos eram o shows ou opções que se tinha na época, todos iam... Como não conhecia o trabalho de Steven Wilson antes do show essa lembrança me saltou aos olhos.

     Claro que o mundo evoluiu e, mesmo com alguns saudosos aquela época, gosto mais dos tempos de agora, que em cada final de semana você tem duas ou três atrações internacionais para escolher, e quem optou em ver Steven Wilson certamente fez a melhor opção daquele dia, talvez do ano...

    A demora na resenha, da qual peço desculpas pelo tempo, foi em pesquisar mais sobre o artista, ir procurar cd's ou DVD's pois o impacto positivo que tive no Via Marquês foi algo indescritível em palavras, mas que certamente será fácil de compreender para o público que esteve presente naquele dia tentando imaginar alguém que não conhecia e saiu totalmente fã.

    O inglês Steven Wilson é conhecido mundialmente por ser a mente criativa do Porcupine Tree, Blackfield e No-Man, além de ser o produtor das bandas Opeth ( que vimos recentemente no Carioca Club, confira resenha ) e do cd Orphaned Land. E acompanhado da banda composta de Marco Minnemann na bateria, Nick Beggs no baixo, Theo Travis tocando flauta e sax, Adam Holzman nos teclados e Aziz Ibrahim nas guitarras. Esta primeira vinda ao Brasil serviu para divulgar o seu terceiro cd solo Grace For Downing.

    Ao entramos no Via Marquês uma tela estava à frente do palco, com lindas paisagens que se modificavam lentamente com um som ambiente, até hoje não sei se já fazia parte do espetáculo ou se apenas servia de entrada para a perfeição que nos aguardava. Tudo planejado em detalhes. E ricos em detalhes, que posso garantir a todos vocês, já mostrando que todo show de Steven Wilson deve ser excepcional. Às 18h00, conforme anunciado no ingresso e flyers, No Twilight Within The Courts Of The Sun iniciou o espetáculo com os músicos entrando no palco um a um.

    As projeções na tela iniciaram, se modificando numa maior velocidade que foi suficiente para contagiar todos os presentes e Index deu sequencia ao show e olhando para plateia todos já haviam percebido que a noite era completamente mágica. Depois foram tocadas Deform To Form A Star e Sectarian, e ao final desta quarta música, a tela que protegia o palco foi finalmente retirada deixando as projeções somente atrás da banda. Na sequencia Steven Wilson e banda apresentaram uma trinca composta de "Postcard", "Remainder The Black Dog" e "Harmony Korine" e posso dizer que seus músicos beiram o excepcional pela grande qualidade, aliás o seu baterista, Marco Minnemann foi um dos finalistas para a escolha do batera do Dream Theater e mostrou o porquê é considerado um dos melhores do mundo com as baquetas na mão.

    Luminol, veio de surpresa, uma música inédita. O show é completamente insano, uma qualidade técnica impressionante nas composição com peso, harmonia, quebra de ritmos, sendo todas as vertentes de Rock, Jazz, Progressivo, Rock... Steven anuncia então a próxima música era a suíte Raider II, e seus mais de 20 minutos e pede a cooperação do público para ficar em silêncio e, segundo ele, "ter paciência". Obviamente, ele nem precisava pedir isso, pois a ideia de público era escutar a canção pelo menos umas dez vezes!!!

    Steven realizou várias intervenções com o público, onde após apresentar sua banda e exaltar que no Brasil o seu baterista possui um fã clube, ele explicou que os músicos foram escolhidos aleatoriamente para fazer essa turnê, mas que a sintonia entre eles foi tão perfeita que logo gravariam o álbum e já tinha músicas compostas para a banda como ela é hoje.

    Steven Wilson no palco com os pés descalços, se movimenta durante todas as músicas ao lado de seus músicos durante o show, é impressionante ver sua performance sendo ainda melhor quando Steven perguntou para o público, após se desculpar pelo português, se possuem um inglês melhor que o seu português e ao ouvir o "Yes!!!", ele indagou: "como assim, se vocês nunca falaram português comigo?" ...Brilhante... 

    Após a longa e maravilhosa Raider II rapidamente a banda volta ao bis com Get All You Deserve com os músicos totalmente mascarados e Steven com a sua habitual máscara de gás, para o delírio da plateia, assim como está no clip da música. Tanto ele quanto a banda agradeceram ao público presente e a cada nome que aparecia na projeção, Steven Wilson abraçava e agradecia cada um dos seus músicos.

    E assim como entraram, eles foram saindo um a um e o vocalista nos contou que tocaram em todas as partes do mundo com diversas bandas, mas que nunca havia pisado no Brasil e na América do Sul e era um momento especial para ele. Por fim, ele perguntou o por que do Via Marquês não estar 'sold out' e escutou a seguinte resposta dos fãs: "Muitos shows agendados", "Pessoas são estúpidas", "Festival do Maranhão" entre outras respostas, após essa conversa, ele agradeceu aos presentes por acompanhar as outras apresentações na América do Sul e finalmente deixou o palco. 

    O segundo bis aconteceu com Steven Wilson no violão, tocando duas músicas do Porcupine Tree, sendo elas Lazarus e Trains. Todos acompanharam cada verso das músicas e lágrimas em muitas pessoas eram visíveis, já que muitos da plateia comentaram que existe grandes chances do Porcupine Tree vir ao Brasil em 2013. Uma noite perfeita, um público muito bom, uma ótima casa de show, excelente iluminação e uma organização muito bem feita fizeram uma noite perfeita, sendo esse um dos melhores shows da minha vida. Thanks Mr. Steven Wilson.

Texto: Marcos César de Almeida
Fotos: Marcos César de Almeida e Erika Beganskas
Agradecimentos à Costábile Salzano Jr. pela atenção e credenciamento
Maio/2012

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