II Pinhal Rock Music Festival
Com: Comando Nuclear, Brave, GrooveDeath,
Mr. Metal
, 74 Jam e Os Virtuosos

Sábado, dia 19 de janeiro de 2013 no Esporte Clube Comercial em Espírito Santo do Pinhal/SP

    Cinco meses após a primeira edição ( confira cobertura ), o Pinhal Rock Music Festival chega a sua segunda edição, e desta vez ao contrário da primeira que tínhamos atrações de renome nacional e internacional como Torture Squad, Salário Mínimo, Shadowside e outros, desta vez o evento foi o que podemos considerar mais underground.

     Entretanto, isso não foi sinônimo de falta de qualidade, pois cada uma das bandas que participaram do evento fizeram bons shows que agradaram e muito o público presente de cidades como Guaranésia/MG, Guaxupé/MG, Andradas/MG, São João da Boa Vista/SP, Espírito Santo do Pinhal/SP e outras cidades. 

    Desta vez o local escolhido foi o Esporte Clube Comercial, que conta com um ótimo espaço para a realização de eventos e um palco grande, que acomodou muito bem as bandas, além de uma boa área para venda de material e convivência. Pouco mais das 20:00hs as portas foram abertas para que os headbangers presentes pudessem adentrar ao clube e aguardar a primeira atração da noite.

74 Jam

    Responsável por fazer a abertura do evento, a banda Noizzy cancelou sua participação por problemas particulares e com isso a banda pinhalense 74 Jam formada por Roger nos vocais, Guilherme Zucherato na guitarra, André Torres no baixo e Gustavo Centurion na bateria, foi a primeira a se apresentar no festival.

    E os meus amigos começaram com um set muito bom, pronto para surpreender tanto os pinhalenses quanto os que vieram de outras cidades com grandes clássicos do Rock e Heavy Metal como Hang´Em High do Van Halen, que foi muito bem cantada pelo vocalista, mas neste início eles enfrentaram alguns problemas no som que foram posteriormente corrigidos pela equipe responsável.

    Mesmo assim, os problemas não foram suficientes para atrapalhar e o quarteto ganhou os aplausos. Em retribuição nos enviaram Rock You Like A Hurricane do Scorpions, que fez alguns dos presentes já começarem a pular pelo astral que este clássico passa.

    Com o Roger incorporando o espírito dos 'seventies' ouvimos Black Dog do Led Zeppelin com todos os empolgantes riffs criados por Jimmy Page sendo executados com muita técnica por Guilherme Zucherato, e obviamente que músicas assim rendem mais palmas para a banda, afinal, são músicas que crescemos ouvindo.

    E em seguida, All Along The Watchtower do inigualável Jimi Hendrix, que é uma música para quem gosta de solos de guitarra pode deliciar-se à vontade. Com o som já devidamente regulado, o 74 Jam executou uma versão muito boa de Crusader do Saxon e também Good Times Bad Times do Led Zeppelin, e aí, o baixo de André Torres apareceu com mais vigor e ele estava tocando bem e descontraído no palco.

    Entretanto, o 74 Jam queria fazer a galera também bater a cabeça e para isso tocou Killing Yourself To Live e Children Of The Grave, ambas do Black Sabbath, em versões pesadas como deveriam ser e com várias improvisações na bateria e guitarra, tal qual a banda de Birmigham fazia.

    Aliás, em Children Of The Grave, com suas linhas de baixo feitas de forma pesadíssima pelo André Torres e o próprio ritmo da música fizeram as primeiras rodas surgirem no Comercial. Encerrando a apresentação o 74 Jam tocou Highway To Hell do AC/DC, que fez até muitas mulheres agitarem. Enfim, mais um bom show do 74 Jam com uma leva de clássicos que fizeram um ótimo aquecimento da noite.

Mr. Metal

    Os mineiros Gusthavo Baldini na bateria, Caio Baldini nos vocais e guitarra, Diow Santos no baixo e Felipe Cardoso na guitarra, formaram o Mr. Metal em 2009 e em 2012 finalizaram seu primeiro cd intitulado My Own Way, de onde boa parte do seu set list executado nesta noite foi extraído.

    E esta banda de Guaxupé - que foi a atração seguinte deste Pinhal Rock Music Festival - entrou tocando a sua ótima música Super Heroes, que é um Heavy Metal dos bons cantado em coro por Caio Baldini, Diow Santos e Felipe Cardoso, e o mais bacana, que eles tinha até alguns efeitos especiais no palco, que deram um brilho maior à sua apresentação.

     Depois o Mr. Metal tocou The Revenge, que é mais cadenciada, muito pesada e dotada de boas melodias, que certamente agradaram aos fãs. Antes da próxima o baterista Gusthavo Baldini iniciou um solo em sua bateria muito pesado e de certa forma até inusitado, pois em festivais assim é mais incomum a realização de um solo, e verdade seja dita, um solo de muita categoria.

    Depois com as guitarras de Caio Baldini e Felipe Cardoso desferindo notas mais fortes, o Mr. Metal nos exibe a sua versão de Creeping Death do Metallica, que tornaram as rodas no Comercial muito mais fortes.

    E muito interessante dizer também que o Mr. Metal gosta de solos no seu show, pois o guitarrista Felipe Cardoso mostrou muita técnica ao empunhar suas seis cordas com um solo que trouxe a melodia da canção própria How Do You Feel?, que foi muito bem cantada por Caio Baldini.

    Aproveitando o show para divulgar seu recém lançado cd, o Mr. Metal tocou Free Will, que teve uma boa recepção e então o vocalista Caio Baldini anuncia que iriam fazer uma homenagem ao Dimebag Darrell e também ao Pantera com o cover de Domination, que provocou um insano aumento no vigor das rodas, prova que tanto Dimebag quanto o Pantera deixaram muitas saudades.

    Muito à vontade no palco, a dupla de guitarristas do Mr. Metal realizaram solos na mais pura essência do estilo que se interligaram facilmente com a pesada e melodiosa Final Horizon, que manteve o clima positivo do festival.  A última do set dos mineiros foi ótima Spirit Of Fire, que teve sua execução inteligentemente alongada pelo Mr. Metal, para que o vocalista pudesse agradecer à organização, ao público, às outras bandas e naquele andamento festivo apresentou seus colegas de palco.

    Apresentação de muita vibração do Mr. Metal, banda  que posso considerar como a revelação deste Pinhal Rock Music Festival, pois alternaram linhas mais Thrash Metal com Heavy Metal em suas canções próprias com muita destreza.

GrooveDeath

    Eram pouco mais de 23:30 quando o festival receberia a banda mais pesada da noite com a presença do GrooveDeath, banda de Guaranésia/MG de Death Metal formada por André Luis da Silva nos vocais e baixo, Wallace Marques na guitarra e Marcio Torres na bateria, que também está lançando seu cd demo, que inclusive a intro dele, T. GD fez a abertura do show seguido com a extrema Give me Your Hate urrada com muito ímpeto por André Luis da Silva e com direito a todos os riffs destruidores de Wallace Marques, que já conquistaram a galera logo de cara.

    Mostrando que eram capazes de aumentar a adrenalina do show, o GrooveDeath executa uma das maiores pedradas gravadas pelo Sepultura com InnerSelf, que foi a música responsável pela mais forte roda do show. Depois Wallace Marques dita o ritmo mais cadenciado com sua guitarra com apoio do baixo na própria Decaying, onde André Luis da Silva e fala sobre a destruição do planeta que a humanidade faz.

    Depois chega a vez de Vain Prophecy, que é urrada com muita raiva por ele. Foi muito bacana a hora que o GrooveDeath fez um 'Wall Of Death' com os presentes, a primeira vez que vi isso foi com o Korzus e sempre que uma banda faz isso, é muito bem vindo e o melhor a galera entendeu e fez uma roda muito forte.

    Continuam o set com a destruidora Human Plague, que teve um riff sinistro de Wallace Marques, que foi tocado à toda velocidade em um mortífero Death Metal de vocais urrados. E para terminar de arrebentar com os pescoços dos presentes no festival mais uma própria com Occult Hell e o devastador cover de Postmortem do Slayer.

    O GrooveDeath não é uma banda tão conhecida ainda, mas tem os elementos necessários para conseguir seu lugar no concorrido mercado extremo nacional e merece sim mais atenção por parte dos fãs, pois quem estava presente no II Pinhal Rock Music Festival, assistiu um show matador, que foi para bater a cabeça do começo ao fim e já percebeu o nível técnico que eles alcançaram.

Brave

    Quando estamos com shows de um nível musical muito alto, nem sente-se o tempo passar não é mesmo? E quando o Brave subiu no palco já eram quase 01:00 da manhã e Luis Domingos nos vocais, Jica Thor na guitarra, Ricardo Carbonero no baixo e Carlos Alexgrave na bateria já impressionam antes de começaram a cantar por dois detalhes: o vocalista com uma maquiagem de guerreiro medieval e o pedestal de seu microfone em forma de um machado.

    A banda de Itu/SP veio até em Espírito Santo do Pinhal para mais um dos seus shows de divulgação do seu debut cd The Last Battle lançado em 2012 e está trabalhando na produção de seu primeiro video clipe.

    Com a intro The Battle Begins recebemos o Power Metal muito pesado, que para mim tem influências de Viking Metal com o guitarrista Jica Thor disparando notas avassaladoras para que Luis Domingos possa cantar a rápida Made For Me, que está no novo cd e fez o público agitar bastante. Em seguida, também do novo cd a ótima Furnace Of Burning Fire e depois o vocalista avisa que iriam tocar um cover do Accept com a versão mais pesada que já ouvi de Fast As A Shark.

    Antes de prosseguir com a resenha tenho que fazer um comentário: conversei com o vocalista Luis Domingos antes do show e ele é muito tranquilo fora do palco, mas lá, com o microfone em punho, torna-se um guerreiro em dia de batalha, o que rendo os meus parabéns por sua atuação, que certamente garantiu novos fãs para a banda.

    Bem e assim a alucinada War In Hell foi tocada seguida por The Warrior And The Witch, que foi gravada na primeira demo do Brave, a The Warrior And The Witch de 2001, com um andamento muito vibrante e com refrão com os "ôôôôôôôôôô....ôôôôôô",  que facilitaram para os fãs acompanharem a banda.

    E o Brave toca em seguida The Final War do Grave Digger e também The Last Battle, faixa título do novo cd com seus solos cavalares. Para homenagear o organizador executam a balada Sacred Sanctuary e finalizam com a épica e sensacional versão de Battle Hymn do Manowar, que teve um momento em que todos os integrantes vieram à frente para os trechos falados e depois retornaram aos seus postos para fecharem com chave de ouro o melhor show da noite.

    Posso dizer que o Brave é uma banda que tem um ótimo futuro no Heavy Metal nacional com shows realmente eletrizantes. Claro que com o cd nas mãos, mais portas serão abertas.

Comando Nuclear

    Durante o festival conversei com o Rodrigo Bersogli do Comando Nuclear eeste me confessou que o show em Pinhal seria o último de uma longa turnê do álbum Unidos pelo Metal ( leia resenha ), que percorreu 21 estados brasileiros e que depois vão dar uma parada para as gravações do terceiro trabalho, então quem não foi assistir a banda nesta data e não a viu em alguma cidade, vai ter de esperar até pelo menos 2014 para (re)ver Ron Cygnus nos vocais, Éric Würz e Rex nas guitarras, Rodrigo Bersogli no baixo e Hugo Golon na bateria novamente.

    Bom para nós que estávamos lá e pudemos conferir um vibrante e empolgante show de Heavy Metal cantado em português com linhas oitentistas, que após a introdução seguiu com Unidos Pelo Metal, faixa título do segundo trabalho, que foi muito bem recebida pelos fãs que agitavam intensamente. Aliás, o baixista Rodrigo Bersogli estava muito feliz por tocar na cidade pela primeira vez e estava cumprindo a promessa de transformar o show em uma grande festa de encerramento da longa tour.

     Comando Nuclear, do primeiro cd, foi o Heavy rápido e matador que continuou o show e depois tivemos Princesa Infernal com a dupla de guitarristas Éric Würz e Rex dominando o Comercial com seus poderosos riffs.

    Uma das coisas mais importantes  quando assistimos um show é quando a banda está engajada e disposta a fazer um show que marque na memória... foi isso que o Comando Nuclear fez dedicando Guerreiros da Noite a todos os presentes de todas as cidades.

    O baixista estava realmente contente, praticamente possuído,  pois não quieto um instante sequer do show e conclamou a galera ao dizer: "Não importa se aí embaixo tem milhares de pessoas ou dezenas de pessoas, mas que a energia seja a mesma!!!"... Bem, posso dizer que a reação foi uma agitação por parte dos fãs muito grande e desta forma Caçada Mortal Aos Falsos veio à tona, com direito até aos "Hey..Hey..Hey!!!" em seu final para depois o quinteto detonar ainda mais pesado. Outra canção de Guerreiros da Noite que foi muito bem recebida também foi a Reféns do Silêncio seguida por Vingança Metal em uma sonzeira animal mesmo.

    Mais uma sequencia de agradecimentos para as bandas, ao motorista de sua van, aos fãs e se divertindo no palco, chega a vez de Ritual Satânico com todos os seus riffs amaldiçoados e sua polêmica letra cantada pelos presentes junto com o vocalista Ron Cygnus.

  Lembrando dos problemas que o festival teve que enfrentar antes de sua realização com falatórios em redes sociais, o baixista homenageia o organizador com a pesada Resistir, que deu para perceber mais uma vez a boa atuação do vocalista Ron Cygnus.

     Durante sua execução, o baixista Rodrigo Bersogli vem para o meio da galera em um dos momentos que causaram mais surpreendentes do show e realmente foi uma das maiores festas Heavy Metal que presenciei de uma banda que toca sem frescuras, que quer mostrar o seu som mesmo como muitos fizeram nos anos 80.

    Uma pena que o tempo sempre passa rápido e este sensacional show do Comando Nuclear terminou, mas conversando com seus integrantes e sabendo que o Heavy Metal cantado em português está passando por uma ótima fase com várias bandas resgatando esta forma de tocar Metal, sei que teremos ainda muito mais sonzeira para curtir.

Os Virtuosos

    Com a desistência do Noizzy informada no início desta resenha, a organização teve que escolher uma nova banda para fechar o cast do II Pinhal Rock Music Festival praticamente a 'toque de caixa' e a escolha se deu para a ótima banda de Andradas/MG Os Virtuosos, formada por Thiago nos vocais e guitarra, Bruno na bateria, Leandro no baixo e Vithorugo na guitarra, que entrou tocando O Último Bar do Matanza e o hino dos motociclistas Born To Be Wild do Steppenwolf.

    Belo início de show, mais Rock´n´Roll que completou muito bem o festival, após a sequencia de bandas mais Heavy Metal e suas vertentes. Uma coisa que é comum em festivais e shows é alguém gritar "Toca Raul!!!" durante sua realização, e desta vez não ouvi nenhum grito assim, e não é que Os Virtuosos tinham em seu set list Como Vovó Já Dizia do imortal ídolo do Rock Nacional Raul Seixas? Esta música fez a galera sair dançando pelo salão como se estivéssemos vivendo há uns 20 anos atrás ou mais foi muito bacana ver isso.

    O baterista Bruno muito bem puxou a versão de Highway To Hell do AC/DC e eles também exibiram a sua boa composição Me Diz, que é um Pop/Rock mais radiofônico que fez alguns presentes cantarem juntos com o vocalista Thiago, que deixou seu microfone literalmente nas mãos de um de seus fãs provando que carisma e boa atuação ele possui.

 

  

   Em um breve discurso Thiago diz que tocaram várias bandas de Heavy Metal no evento, mas que tudo começou com Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e outros, e é verdade mesmo senão fossem nomes como estes não teríamos o nosso adorado Metal. Assim, eles relembraram os Ramones e tocaram a energizante Sheena Is A Punk Rocker seguida por Surfin Bird, para que as últimas rodas da noite rolassem no Esporte Clube Comercial.

    Teve tempo também para a ótima versão de Sweet Child´O Mine do Guns´N´Roses e fechando o set e o festival com uma brilhante versão de Sociedade Alternativa com direito até o vocalista Thiago fazer o longo discurso que Raul Seixas fazia nos shows nos passando sua grande eletricidade.

 

 

    Os Virtuosos tinham mais músicas próprias e ótimos covers no set list, mas com o horário já avançado tiveram que cortar algumas que seriam apresentadas, entretanto, fizeram um bom show resgatando o Rock´N´Roll e encerrando de uma forma muito positiva o festival.

    Desta vez o Pinhal Rock Music Festival não teve o glamour dos nomes mais conhecidos da cena, mas em sua versão underground, posso dizer que o festival chegou em sua segunda edição com seis ótimos shows, que realizaram a alegria de muitos headbangers das cidades presentes, provou que em Pinhal existe sim uma cena Rock e Heavy Metal e que está em crescimento, pois já existem rumores sobre a realização de outros eventos na cidade.

    Entretanto, talvez pela falta de grandes nomes como foi o caso na primeira edição, a presença do público foi consideravelmente menor, mas para o bem de todos os headbangers que apoiam o cenário pinhalense e da região, faço votos e vou contribuir no que eu puder para que esta cena realmente cresça e se fortaleça, pois tanto as bandas locais quanto as de várias cidades necessitam de mais espaços para mostrarem seus ótimos trabalhos.

    Que venham mais festivais em Espírito Santo do Pinhal, nós precisamos participar de ótimos shows em nossa cidade também, e assim que esses festivais acontecerem... novamente o Rock On Stage estará lá. Foi um bom começo de ano de 2013 cobrindo o primeiro festival do ano em minha cidade, pois o vigor que a cena underground possui cria a vitalidade necessária que sei que precisarei ter para cobrir muitos mais shows nacionais e internacionais que acontecerão neste ano.

Texto e Fotos Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos ao Ari Almenara de Freitas
pela atenção e credenciamento
Janeiro/2013

Clique aqui e confira uma galeria de fotos dos shows do II Pinhal Rock Music Festival

Clique aqui ou na foto ao lado e confira uma galeria de fotos dos shows do II Pinhal Rock Music Festival
Com: Comando Nuclear, Brave, GrooveDeath, Mr. Metal, 74 Jam e Os Virtuosos
no Esporte Clube Comercial em Espírito Santo do Pinhal/SP

Voltar para Shows