Accept - Stanligrad Tour 2013
Sábado, 06 de abril de 2013
no Carioca Club em São Paulo/SP

   Pela segunda vez, o Accept uma das principais bandas do Heavy Metal dos anos 80, retornou ao Brasil ( confira matéria do primeiro show em 2011 ), para divulgação do excelente álbum Stalingrad de 2012. E eles fizeram um show empolgante com muita competência, que mesmo com alguns sérios problemas de lotação do Carioca Club, o show foi marcante para os fãs presentes, que puderam ver toda a força que essa banda alemã tem. A banda brasileira Salário Mínimo seria a banda de abertura do show, porém, devido a transferência do show do A Seringueira para o Carioca Club, o show dos brasileiros foi cancelado. Uma pena, pois seria outro clássico na noite.  

    O show do Accept começou muito elétrico, com a Hung, Draw And Quartered do novo álbum, com o vocalista americano Mark Tornillo impondo muito respeito e tomando conta do recado fácil na voz, em seguida mandaram outra nova com a Hellfire, seguiram com a Restless And Wild ( título do álbum de 1982 ) e Losers and Winners ( do Balls To The Walls  de 1983 ), super clássicos, na Restless and Wild, os fãs muito fieis a banda cantaram o refrão em plena potência. O Accept é uma banda com um Metal agressivo que nos enche de orgulho, aquelas guitarras flechas impõem muita moral, muita classe, sem contar com o virtuosismo de Wolf Hoffmann ( único membro original da banda ) e Hermann Frank.

     Já de início devo citar que estava evidente que o show seria um pouco comprometido para certos fãs devido a lotação, quem estava na frente devia estar curtindo bem, mas quem estava atrás, bem aí esses estavam numa pior, mais aí pode vir alguém falar “mas é lógico, você ficando atrás obviamente vai ver e ouvir menos”, só que o detalhe é que o Carioca Club é um lugar pequeno, até charmoso eu diria e quem estiver atrás costuma ver muito bem também igual a quem está na frente, só que com uma lotação daquela, não tinham condições. E o mesmo aconteceu na apresentação de 2011.

     E eles continuaram o show com magnífica Stalingrad, faixa título do último álbum e mostra muito bem o que o Accept sempre foi, uma banda de peso e com muita eletricidade, só que agora na versão segunda década do segundo milênio, com a categoria igual dos idos do disco Metal Heart, o tempo não para a força do Metal dessa banda e eles seguiram com Breaker ( título do álbum de 1981 ) e foi animal quando se alinham lado a lado as duas guitarras flechas e o Fender do baixista Peter Baltes como uma coreografia, isso sem contar os solos de guitarras de Wolf Hoffmann e Hermann Frank, que saem com muita classe, estávamos curtindo muito, mas estava começando a ficar difícil de ficar a vontade no Carioca Club, pois você não conseguia se movimentar no recinto, tive de ir perto do banheiro ou encostar de vez no balcão do bar para ter um resquício de espaço para curtir o show. 

    As seguintes foram Bucket Full Of Hate ( a primeira do penúltimo álbum Blood Of Nations de 2010 ), Monsterman ( do Russian Roulette de 1986 ) e a Shadow Soldiers, nesta trinca eles mandaram muito bem, os solos de guitarras tinham um poder devastador, na Shadows Soldiers eles mudaram um pouco a levada do show, mais melódico e um pouco lento e foi um momento bem propício. Essa foi muito legal cantada por todo o Carioca Club, para mim, a música campeã do álbum Stalingrad e uma das melhores do show, não podemos nos esquecer que este álbum fala da batalha considerada por estudiosos militares, como uma das batalhas mais sangrentas de todos os tempos, que foi entre o exército alemão e o russo na Segunda Guerra Mundial

    Depois, hora do solo de guitarra de Wolf Hoffman, que culminou na excelente versão de Neon Nigths ( do Restless and Wild ) e continuou com a Bulletproof ( a única do cd Objection Overruled de 1993 ), nesta o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes fizeram um duelo de baixo e guitarra com direito a um solo magnífico de Peter Baltes, que detonou com seu Fender Precision Bass com muito estilo e é sem dúvidas um dos melhores baixistas do Metal.

    Em seguida, eles mandam mais velocidade com a Aiming High ( do Russian Roulette ), depois a clássica Princess Of Dawn ( mais uma do aclamado Restless and Wild ) e mais uma vez a galera cantado em coro, e saiu muito legal, dava-se até para fazer um registro ao vivo de tão respeitado o tempo e ritmo que a galera cantou. Peter Baltes mais uma vez no comando das quatro cordas, fez mais um solo incrível, empolgou muito os presentes tocando seu baixo como deve ser tocado, sem aquela frescura de muitos baixistas de querer tocar baixo como se fosse guitarra, foi um dos melhores momentos do show. 

    Já tinha um tempo em que funcionários do Carioca Club, percebendo a super lotação foram obrigados a abrirem portas laterais a direita de frente para o palco, que é um bar e o mesmo ocorreu em 2011, inclusive tirando na época a loja de merchandising e o restaurante; e foi infalível de algumas pessoas irem lá para poder respirar e ter um pouco de espaço, e eu inclusive fui obrigado a ir para lá, porque estava sendo quase uma tortura: você imóvel no meio do pessoal, e o detalhe ruim é que esse lugar não dava qualquer visão para o palco e o som também não se propagava na medida.

    Nesse tempo para poder respirar perdi nada menos que Up The Limit do Metal Heart ( de 1995 ), a pesadaça No Shelter e agressiva Pandemic ( duas do Blood Of Nations tocadas seguidas ), além do clássico Fast As A Shark ( também do Restless and Wild ), que encerrou a primeira parte do show, teve uma atuação implacável da banda e uma enorme participação dos fãs segundo constatei ao conversar com os amigos após o show.

    Bem, mal percebi que tinha começado o bis com a histórica Metal Heart, aí eu dei um jeito de sair costurando no meio da galera, achei um canto no degrau para o mesanino e pude acompanhar o final do show, que além da Metal Heart teve a fortíssima Teutonic Terror do Blood Of Nations e mais um clássico com a Balls To The Wall, essa e a Metal Heart foram uma verdadeira porrada elétrica, que foi cantada por todo o Carioca Club.

    Os shows de Heavy Metal em geral no Brasil estão sofrendo com falta de organização, e os headbangers, tão fieis ao estilo estão pagando um alto preço isso nos ingressos e levando bons públicos aos shows internacionais ( pena que não aconteçam nas apresentações de bandas autorais brasileiras ) e esse show no Carioca Club foi um exemplo claro disso. O evento era para ter sido realizado no A Seringueira, um lugar maior que o Carioca Club, mas nem tanto, teve de ser transferido para o Carioca às pressas por problemas jurídicos da outra casa e o lugar não comportou todas as pessoas e ficou super lotado. Será que o correto não seria a realização de duas datas do Accept em São Paulo para minimizar o acontecido? Não sei a resposta.

    Então, o que acontece é que é um show de Metal é com som alto, com guitarras distorcidas, e quando são feitos em lugares desse tipo, de pequenas dimensões, o show num contexto geral acaba ficando comprometido. Está faltando o uso das casas de shows pelo menos medianas, antes tínhamos o Olympia uma casa magnífica, luxuosa, mas que os deputados evangélicos compraram o lugar, e lá não tem mais show, recentemente perdemos a Via Funchal e parece que estão sobrando poucos lugares adequados para a realização de shows e sendo provavelmente, a ponta de lança o Credicard Hall.

    Foi até mesmo perigosa a solução de enviar esse show do Accept para o Carioca Club, que ficou hiperlotado, e ao tentar ir para área do mesaninho um segurança me proibiu e me impossibilitou para poder analisar o show com mais tranquilidade.

    Tirando esse detalhes, já que muitos fãs ficaram prejudicados, no que diz respeito ao Accept eles fizeram um ótimo show, o vocalista Mark Tornillo dá conta do recado muito bem tanto em voz como em carisma, e a cozinha Peter Baltes e o baterista Stefan Schwarzmann foram um dos pontos altos do show. Vamos lógico aguardar a volta desses ícones do Metal, e torcer para que não ocorram novamente esses atentados contra dignidade dos fãs do Accept e do Heavy Metal, com o espetáculo sendo realizado em uma casa que respeite as tradições tanto da banda e quanto do público.    

Texto: André Torres
Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Heloisa Vidal, Gerard Werron
e a produtora 8x8 Live pela atenção e credenciamento
Junho/2013


 

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do show Accept no Carioca Club em São Paulo/SP

Set List:

1 - Hung, Drawn And Quartered
2 - Hellfire
3 - Restless And Wild
4 - Losers And Winners
5 - Stalingrad
6 - Breaker
7 - Bucket Full Of Hate
8 - Monsterman
9 - Shadow Soldiers
10 - Guitar Solo
11 - Neon Nights
12 - Bulletproof
13 - Aiming High
14 - Princess Of The Dawn (With Bass Solo)
15 - Up To The Limit
16 - No Shelter
17 - Pandemic
18 - Fast As A Shark
Encore:
19 - Metal Heart
20 - Teutonic Terror
21 - Balls To The Wall

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