Black Sabbath - Reunion Tour
Abertura: Megadeth
Domingo, 13 de outubro na
Praça da Apoteose no Rio de Janeiro/RJ

    De cara já falo uma coisa: QUEM NÃO FOI SE ARREPENDERÁ AMARGAMENTE PELO RESTO DA VIDA! Definitivamente ganhou disparado o prêmio de show do ano. Megadeth, que é minha banda do coração e o Black Sabbath, que com sua formação praticamente original de fábrica, dispensam apresentações. Dois dias depois de realizarem um show espetacular em São Paulo ( confira matéria ), conforme fiquei sabendo, as duas atrações desembarcaram no Rio de Janeiro para mais um mega-show no país.

 

Megadeth

    Antes de qualquer coisa já me entrego logo: para mim cada show do Megadeth é “um flash”. Como banda preferida, sou suspeita e ao mesmo tempo cobro cada detalhe como fã ardorosa. Já me decepcionei em alguns e em outros os shows foram matadores.

    Com um set especial bolado para fazer a abertura dos shows do Black Sabbath, eis que o Megadeth já chega de cara destruindo tudo com Hangar 18 ( do Rust In Peace de 1990 ), sendo antecedido pela introdução de Prince Of Darkness onde em um enorme telão apareciam cenas onde máquinas juntavam várias peças de metal e no final formação o logo do Megadeth. Além desse grande telão, haviam dois telões adicionais colocados pela banda que durante Hangar 18 apareciam cenas do clipe.

    Definitivamente eles não estavam para brincadeira, afinal, se destacar em um show com o Black Sabbath é uma missão pesada. Mas, Dave Mustaine ( vocais, guitarra ) e David Ellefson ( baixo ), Chris Broderick ( guitarra ) e Shawn Drover ( bateria ) sabem muito bem o que fazer! Em uma dobradinha com Wake Up Dead ( Peace Sells... But Who´s Buying? de 1986 ), com um bumbo duplo animal e com muito, mas muito peso, e em  In My Darkest Hour ( do So Far... So Good... So What de 1988 ), que foi cantada por todos os presentes, inclusive por aqueles que estavam ali mais pelo Black Sabbath, o que prova que o Megadeth consegue mais fãs a cada show no Brasil.

    Lógico que no meio dessa sucessão de hits, o Megadeth tinha que fazer seu o comercial, e Kingmaker , single do novo disco Super Collider foi tocada com Chris Broderick e Dave Mustaine se alternando entre as guitarras base e solo. Fôlego recuperado, mas nem tanto. Para qualquer fã de Megadeth esse é um set list dos sonhos, mas que poderia ser um pouco maior. Mas é totalmente compreensível, pois eles são a banda de abertura.

    Sweating Bullets ( do Countdown To Extinction de 1992 ), que já é uma das musicas “Top 10” do Megadeth em minha opinião, estava muito mais matadora ao vivo dessa vez. E Shawn Drover simplesmente destrói na batera a todo o momento. Em Tornado Of Souls do clássico Rust In Peace de 1990, Dave Mustaine lembra a todos que o Rio de Janeiro foi a primeira cidade que eles tocaram na América no Sul, durante o Rock in Rio II em 1991 e senhoras e senhores, não é que ele usava uma roupa bem parecida... Será coincidência?

    She Wolf é uma música que muitos tem certo preconceito, aliás todas do álbum Cryptic Writings de 1997, mas eu acho um disco excelente e essa musica em particular eu amo! Entretanto, eles conseguiram ao vivo colocar ela altamente raivosa. E mais uma vez um violento duelo de guitarras entre Mustaine e Broderick.

    Seguindo essa pancadaria linda, o clássico Symphony Of Destruction ( outra do Countdown to Extinction ), onde como já é de praxe aqui no Rio de Janeiro, o povo em uma só voz grita “Megadeth, Megadeth...Megadeth", no ritmo da música, que não deixa nenhum pescoço no seu devido lugar e em seguida Peace Sells, but Who´s Buying? do disco homônimo, onde entra o famoso mascote da banda, Vic Rattlehead, vestido de general como na capa do single  Hangar 18. Agora para encerrar esse massacre, nada melhor do que o clássico absoluto Holy Wars... The Punishment Due, onde eu me senti dentro de uma turbina de avião, o solo final é sempre um absurdo. E depois desse rolo compressor, que venham os pais do Heavy Metal.

Set List Megadeth

1 - Hangar 18
2 - Wake Up Dead
3 - In My Darkest Hour
4 - Kingmaker
5 - Sweating Bullets
6 - Tornado Of Souls
7 - She-Wolf
8 - Symphony Of Destruction
9 - Peace Sells
Encore:
10 - Holy Wars... The Punishment Due

 

Black Sabbath

    Depois de enfrentar o imenso engarrafamento causado pelo jogo no Maracanã e da Parada Gay, eis que eu estava preparada para receber o Black Sabbath após um super abre-alas com o Megadeth. E 35 mil “Children Of The Grave” aguardavam ansiosos pelo inicio do show.

    Risadas macabras do senhor Osbourne ecoavam quando as cortinas se abriram para trazer a todos algo de valor histórico inenarrável: A formação quase que original do Black Sabbath com o citado "madman", o indefectível Tony Iommi na guitarra, Geezer Butler no baixo ( faltando somente Bill Ward, que além de problemas de saúde, não chegou num acordo de valores com seus companheiros de banda ) e o vigoroso batera Tommy Clufetos, levando clássicos atrás de clássicos para a Praça da Apoteose.

    E após o início hipnotizante com War Pigs ( do Paranoid de 1970 ), que deixou a todos boquiabertos, me faço a seguinte pergunta: "como pode esses senhores ingleses nas casas do 60 anos podem ter esse poder todo?" Sirenes tocavam enquanto o povo ia ao delírio com a atuação de Ozzy Osbourne, os solos de Tony Iommi e o baixo sempre pesado de Geezer Butler.

    Logo em seguida a sombria Into The Void do álbum Master Of Reality ( de 1971 ) com a guitarra arrastada de Tony Iommi dava continuidade aquele sessão de hipnose em grupo. Aliás, Tony Iommi parecia muito bem no palco, apesar que na semana do show não pode aparecer na coletiva de imprensa por não estar se sentindo bem. Para quem não sabe, ele passou recentemente por uma sessão de quimioterapia, em mais um combate ao câncer.

    Na próxima música, Ozzy super interage com a galera, dizendo como estão todos, e que era incrível ver os fãs do Rio de novo e se estávamos curtindo. E ainda pede para todos dizerem "Oii" para Geezer Butler, Tommy Clufetos e Tony Iommi e então anuncia a próxima musica, uma dobradinha de Under The Sun e Every Day Comes and Goes do Vol.4 de 1972.

    Snowblind, do disco Vol.4 era cantada tão alta, que quase abafava a voz de Ozzy, e ele sempre pedindo pra ver as mãos de todos no ar! E no final ainda ganhamos o famoso "I Love You All..." e "God Bless You". Nunca achei que fosse escutar isso ao vivo, emocionei muito...

   E após esse “primeiro ato”, enquanto eu me beliscava para ver se não estava sonhando devido a perfeição desse momento, Ozzy voltava e perguntava a todos se ainda estávamos ali. Logico né, Príncipe das trevas! E tem como ir embora? E depois de averiguar que todos ainda estavam ali e ainda vivos, ele anuncia a primeira das três musicas do novo disco 13 tocadas nesse show, a Age Of Reason.

     Uma breve pausa e a partir desse momento, todos ali saberiam o que é ser macabro e satânico na sua essência. Esqueça tudo que você viu até agora e achou sinistro. Eles foram os criadores do Heavy Metal e estava sendo comprovado ali naquele momento: Ozzy anuncia a música Black Sabbath ( do primeiro disco que deu inicio a tudo ) Ele com os braços abertos e envolto numa luz azul, enquanto aquele sino tocava e o riff de guitarra mais sinistro de todos os tempos coloca as 35 mil pessoas em transe profundo! As pessoas cantam como se estivessem entorpecidas.

    Definitivamente nunca vi nada parecido na vida. Me arrepiou dos pés a cabeça. Posso escrever linhas e linhas aqui que jamais conseguiria explicar a alguém que não estava lá nesse momento. Simplesmente perfeito. Surreal.

    Antes de anunciar a dobradinha Behind The Wall Of Sleep / N.I.B, ele tem coragem de perguntar se estamos curtindo. Claro Ozzy, apesar de quase ter infartado na musica anterior ( risos ). Ele diz a todos que está bem e que ele é louco e quer que todos fiquem loucos com ele. Seu desejo é uma ordem Sr. Osbourne! Gente, o que o Geezer Butler faz nessa música em um solo de baixo é inacreditável e enquanto todos gritam o seu nome, ele e os demais emendam em N.I.B. A empolgação da galera é tanta que Ozzy faz a sua famosa corridinha de 'Playmobil' de um lado para o outro, batendo palmas e com sorrindo igual uma criança. E ainda por cima resolve repetir a cena antológica onde ele mordia a cabeça de um morcego, mas pelo menos dessa vez era de mentirinha.

    Os ares obscuros de End Of The Beginning, que também faz parte do álbum 13 dá continuidade ao show e logo em seguida Fairies Wear Boots, do álbum Paranoid, que é uma música que eu não imaginava que eles ainda tocassem ao vivo teve sua versão com todo a maestria que estes senhores quiseram nos passar.

    Em Rat Salad, mais uma vez Tony Iommi humilha com os seus riffs incríveis. Mas, incrível mesmo é o solo de bateria de Tommy Clufetos. Normalmente, eu acho os solos de bateria um saco e, além disso, não levava muita fé no Tommy não.

    Mas gente, ele HUMILHOU ao vivo! Além deve lembrar muito o Mike Portnoy na aparência, também fez lembrar no talento. E eis que emendam Rat Salad com o clássico Iron Man ( ambas do Paranoid ) fazendo todos surtarem mais uma vez enquanto Ozzy pulava e corria, e às vezes parava para jogar o balde de água na cabeça ( ele continua insano ). Mais um momento memorável com uma música incrível ao vivo.

    Para acalmar os ânimos ( era possível?? ), eles tocam a cadenciada, mas que se torna explosiva God Is Dead?, mais uma do novo álbum 13  que fez os fãs se agitarem bastante e prosseguem com o empolgante Rock de Dirty Woman, do Technical Ecstasy de 1976. E em seguida, mais uma pausa que antecedia ao apocalipse.

 

 

 

   Mais uma vez, eles retornavam ao palco, Ozzy pergunta como todos estão e diz que eles tocariam mais uma música se todos ficassem “Extra Fucking Crazy”. Então, ele pede para galera gritar umas três vezes até se convencer e anunciar a destruidora Children Of The Grave do Master Of Reality.

    Gente, existe coisa mais adorável do que o Ozzy andando igual um Playmobil? E aqueles pulinhos clássicos em que ele apoia as mãos no chão, meio de quatro? Coisa linda, empolgante e inesquecível!!!

    Bem do meio da escuridão do palco, que estava apagado após mais uma pausa, Ozzy surge gritando: “mais uma musica, mais uma musica” e sabemos que o fim se aproxima... Ele agradece pela presença de todos e pergunta se realmente querem mais uma música...

    Com os incalculáveis berros da galera a introdução, que contou com um trecho de Sabbath Bloody Sabbath leva os fãs ao êxtase com a maravilhosa Paranoid. Lágrimas nos olhos? Não imagina... Só que não.

    O público enlouquece enquanto Ozzy corre e pula como uma criancinha feliz! Nesse meio tempo alguém solta uma pomba branca, que voa na direção do palco e Ozzy a olha intrigado, talvez pensando que dessa vez não arrancaria a cabeça da pobrezinha ou pensando quem seria o louco que levaria uma pomba ao show.

    No final ele se ajoelha e reverencia o público. É de chorar... Foi uma "ApoteOZZY" onde eles simplesmente "SABBAram" na cara da sociedade. Sem mais.

Texto: Camila Marinho e Palmer Cardoso
Fotos: Nestor J. Beremblum
Agradecimentos à Bianca Senna da Astrolábio Comunicação,
Tatiana Ito da T4F e as equipes da Astrolábio Comunicação e T4F
pela atenção e credenciamento
Novembro/2013

Setlist do Black Sabbath:

1 - War Pigs
2 - Into The Void
3 - Under The Sun/Every Day Comes And Goes
4 - Snowblind
5 - Age Of Reason
6 - Black Sabbath
7 - Behind The Wall Of Sleep
8 - Bassically (Geezer Butler’s Solo)
9 - N.I.B.
10 - End Of The Beginning
11 - Fairies Wear Boots
12 - Rat Salad
13 - Drums Solo (Tommy Clufetos’ Solo)
14 - Iron Man
15 - God Is Dead?
16 - Dirty Women
17 - Children Of The Grave
Bis:
18 - Sabbath Bloody Sabbath (Intro)/ Paranoid
19 - Zeitgeist (Outro)

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