Festa Medieval
Com: Barbaria, Hellish War e Taberna Folk
Sexta, 06 de outubro de 2013
no Sebastian Bar em Campinas/SP

    Depois de dois anos do show do Circle II Circle em Campinas/SP ( confira resenha ) quando conheci o ótimo Sebastian Bar, finalmente retornei ao local, que é um dos bons espaços que temos dedicados ao Rock no interior de São Paulo/SP e desta vez para um evento com bandas brasileiras de som autoral, algo que é muito importante e que em muitas vezes infelizmente, não recebem um grande público. Nesta ocasião, pude conferir várias estreias que vou contando mais detalhadamente ao longo desta resenha.

    Cheguei ao local relativamente cedo, pois nesta viagem fui convidado pelos amigos do Barbaria e pude observar o ambiente ir ganhando mais público a cada momento. E por falar nas atrações da noite, teríamos além da banda citada, os shows do Hellish War e do Taberna Folk.

Barbaria

    Com um Sebastian Bar com um público significativo, por volta das 23:30 o Barbaria, uma banda de Mogi-Mirim/SP, que agora conta com dois integrantes pinhalenses, começou a Festa Medieval com o seu Pirate Metal presente em seu primeiro trabalho intitulado Watery Grave, que foi lançado neste ano de 2013. Disse que teríamos várias estreias neste dia e a primeira foi a nova formação do Barbaria, composta por Draco Louback nos vocais, Anderson Moraes na bateria, Marcelo Louback na guitarra e os novos integrantes ( e amigos de longa data deste redator ) Renan Toniette na guitarra e Murilo Barim no baixo, que iriam realizar seu primeiro show com a banda.

    Vale dizer que os piratas entraram no palco com a devida tranquilidade, caracterizados com suas vestimentas e tomaram o lugar quando apresentaram Under The Black Flag, que colocou a galera para agitar e muitos deles estavam com roupas no estilo medieval. As mudanças no line-up da banda não comprometeram a qualidade do som, muito pelo contrário, com mais um guitarrista, liberaram o Marcelo Louback para solar ainda mais, já que Renan Toniette ficou com a base, além do mais, a atitude de Draco no palco continua da mesma forma empolgante que já acompanhei em outras apresentações da banda ao longo dos anos.

  Em seguida tocam The Piper e inteligentemente o vocalista conclama os presentes para cantar com ele, que correspondem plenamente. Então ele anuncia que o set é curto, que teremos mais bandas e que está muito calor no palco, para aplacar o calor se delicia com o rum que estava em suas mãos, que sempre marca as apresentações do Barbaria. O set prossegue com a faixa título Watery Grave, que fica melhor ao vivo pela pegada das guitarras e também com Cuthroat Island.

    Depois o Barbaria tocou uma das suas melhores canções com Blackbeard, cujo refrão e ritmo fazem o pessoal bradar com o vocalista e outros dançarem ao sentirem os riffs de guitarras de Marcelo Louback e Renan Toniette. Para Buccaneers, o vocalista solicita os "hey..hey" dos fãs e a maioria participa contente, mostrando que estava gostando e aprovando o show do Barbaria.

    Caminhando para o final, Draco Louback disse que a próxima música era inspirada em William Blake e que eles ainda lançarão o cd físico, mas quem quiser pode ouvir as músicas no Soundcloud da banda ( https://soundcloud.com/barbariaofficial ) e então Merciless encerra a curta, mas eficiente apresentação do Barbaria no Sebastian Bar. Confesso que eu queria ouvir muito a The Flying Dutchman, mas essa fica para outro show e certamente o Barbaria realizou um excelente aquecimento, que agradou o público.

Set List do Barbaria

1 - Under The Black Flag
2 - The Piper
3 - Watery Grave
4 - Cuthroat Island
5 - Blackbeard
6 - Buccaneers
7 - Merciless

Hellish War

    Quando assisti o Hellish War pela primeira vez em Itapira/SP em 2002, percebi na época que estava diante de uma das melhores bandas de Power Metal Heavy Metal Tradicional do Brasil. De lá para cá, a banda cresceu, ganhou mais seguidores, realizou sua primeira tour internacional, perdeu seu vocalista original e contribuiu para o Heavy Metal com dois excelentes discos de estúdio ( o clássico Defender Of Metal de 2001 e o ótimo Heroes Of Tomorrow de 2008 ), além de um ao vivo ( o Live In Germany de 2010 ).

    Embora nunca tenha parado de se apresentar, chegando até a ter uma vocalista ( a ótima Talita ), o Hellish War encontrou na pessoa de  Bill Martins o vocalista que se encaixou perfeitamente na proposta da banda e junto com ele gravou o novo trabalho intitulado Keep It Hellish. Eles  o Hellish War aproveitou a oportunidade desta Festa Medieval para realizar o show de lançamento do seu novo cd ( que em breve contarei mais detalhes sobre ele ) e obviamente o set list foi baseado neste trabalho.

    Com direito à uma intro que sempre é importante para que a banda entre no palco e dê aquela vontade maior de ver os caras detonando no palco,  Bill Martins nos vocais, Vulcano e Daniel Job nas guitarras, JR no baixo e Daniel Person na bateria iniciam o show com a nova Ghost Ship, que é uma composição deveras pesada e que deixa espaço para os longos e característicos riffs dos guitarristas. No meio da música, que é um tanto longa por sinal ouvimos um longo solo de bateria para depois  Billl Martins cantar a parte final em uma verdadeira sonzeira tradicional.

    O vocalista mostrou-se muito bem postado à frente da banda atuando com garra e determinação e após o término desta primeira canção solta o "boa noite" para cumprimentar a todos e avisa que está pela primeira vez se apresentando no Sebastian Bar com o Hellish War, ou seja mais uma estreia nesta noite e complementa dizendo que a outra vez que pisou na casa foi no teste para ver se seria escolhido na posição ( e diga-se de passagem, ótima escolha, pois ele dá conta do recado com competência ).

    Muito bacana era ver os fãs presentes gritando para que tocassem essa ou aquela música em especial, sinal que a galera conhecia a banda, assim do Heroes Of Tomorrow ( confira resenha ) executaram a eletrizante Destroyer com suas imponentes riffleramas.

     Billl Martins canta músicas que foram gravadas no tempo de Roger Hammer com a empolgação necessária, mas o objetivo desta noite era divulgar o novo trabalho e então executaram duas novas na sequencia a Reflects Of The Blade e a título do cd Keep It Hellish, que foi exibida com um peso matador e na hora do refrão ele grita  "Keeep It...." para que nós completemos o título da canção "Heeelish" em um vibrante momento do show, provando que o novo álbum do Hellish War promete e muito.

    Com um ritmo de batalha, totalmente adequado à festa, The Challenge, outra das novas entra em cena e seu ritmo cadenciado inicial é um convite para os "hey...hey" solicitados pelo vocalista, mas o Hellish War acelera com competência a música e ganha muitos aplausos no final.

    Voltando ao primeiro cd tocaram com primor Defender Of Metal, que teve direito uma competente atuação do vocalista e a todos os solos de guitarras da eficiente dupla Daniel Job e Vulcano causando no fãs uma intensa agitação, pois todos correspondiam socando o ar ou fazendo um headbanging.

  O guitarrista Vulcano vai ao microfone para os agradecimentos de sempre e avisa que eles terão uma stand de merchansing após o show e sem mais demoras executam Son Of The King, que é mais uma que fica ainda melhor ao vivo que no estúdio e nos cantar com Bill Martins. O vocalista passou muita empatia no palco e soube comandar e euforia da galera durante os afiados solos de guitarras da dupla Vulcano/Job.

    Com a adrenalina em alta chega a hora de uma das músicas que não podem estar fora do set list do Hellish War que é a We Are Living For The Metal, pois esta é um dos hinos máximos da banda que faz todo mundo pular freneticamente ao receber seus versos, tanto que acredito que tivemos o melhor momento da apresentação pela intensidade e dedicação feita pela banda. Depois de um grande show como este afirmo: o Hellish War está devidamente pronto para sua nova turnê pela Europa e quem, aqui do Brasil, puder assisti-los ao vivo não pense duas vezes. Parabéns meus amigos por mais uma apresentação matadora.

Set List do Hellish War

1 - Ghost Ship
2 - Destroyer
3 - Reflects Of The Blade
4 - Keep It Hellish
5 - The Challenge
6 - Defender Of Metal
7 - Son Of The King
8 - We Are Living For The Metal

 

Taberna Folk

    Depois das estreias da novas formações do Barbaria e do Hellish War nesta Festa Medieval, teríamos no Sebastian Bar a banda Taberna Folk, que é uma banda de Cosmópolis/SP que investe em um som Folk com instrumentos característicos da linhagem celta europeia e que marcou a minha estreia ao acompanhar um show puramente deste estilo e gostei muito do que vi. Formada por Ricardo Amaro ( violão, flauta, gaita de fole e voz ), Karina Moreno ( percussão e voz ), Luis Henrique Romagnolo ( violão, bandolin e voz ), Bardo ( violino, harpa e voz ) e Hugo Taboga ( percussão e flauta ), posso dizer que eles foram a banda mais medieval da noite e trouxeram um clima de paz no ar que foi sensacional e encantador.

    Devidamente sentados e exalando muita simpatia os músicos começaram o show com After A Hard Day, que tem um título muito apropriado, pois muitos de nós estávamos cansados após o dia de trabalho e graças às poções.... leia-se cerveja, hidromel e outras bebidas, mantínhamos de pé, mas devidamente ligados em cada instrumento de percussão, cada violão, cada flauta tocada pelo Taberna Folk. E o que fazemos após um dia de trabalho duro? Vamos para uma taberna beber uma.... e foi realmente essa a intenção que está intrínseca na segunda música do quinteto, a In Taberna. O vocalista Ricardo Amaro quando toca a flauta de Avrix Me faz umas caretas que me veio na memória na hora o rosto de Ian Anderson do Jethro Tull e a energia da canção contagiou facilmente quem estava presente no Sebastian Bar.

    Com notas mais introspectivas, a banda exibe Star Of The Country Down, que contou com as excelentes vocalizações de Karina Moreno, que não impressionou apenas pela sua voz, mas por em todo o show estar sempre sorrindo passando sua felicidade ao estar no palco para os nossos corações.

    Nesta linha mais calma Bardo canta Galway Girl e então eles aceleram um pouco o ritmo do show com Polka fazendo a galera dançar como se estivéssemos em uma verdadeira festa medieval ( ei estávamos em uma festa medieval, mas sinceramente se você fechasse os olhos com este som... acredito que iria se imaginar em uma floresta com uma fogueira e veria todos dançando e bebendo felizes da vida... ).

    Com linhas melodiosas bastante agradáveis Mead Party ganha um crescente positivo, que toma conta do Sebastian Bar e prossegue com Jez Sa En Ulv..., música que vi uma das coisas mais estranhas em um show: Ricardo Amaro toca duas flautas a partir de seu nariz e por incrível que parece extraiu ótimas notas desta forma!!!

    Traçando uma andamento puramente medieval Ise The By recebe muitas palmas pelo jeito que Bardo toca seu violino, que não deixa ninguém parado e o mais bacana, muitos dançavam mesmo com muito contentamento pelo momento. E detalhe, Bardo adicionou um riff Country em seu violino.

     A seguinte foi Drunken Sailor com um ritmo mais forte que não diminui a eletricidade do show. Em seguida comecei a perceber uma melodia conhecida, mas ainda não estava a identificando, entretanto depois que a letra foi cantada pelos músicos do Taberna Folk notei que se tratava do cover para Estamos Todos Bêbados do Matanza e que nesta versão Folk ficou diferente claro, mas muito gostosa de se ouvir.

   O show e a Festa Medieval aproximavam-se do seu final e o Taberna Folk tocou ainda a divertida e melodiosa Druken Lullabies e Sieben Cage Lang, que infelizmente não acompanhei em sua totalidade devido ao horário, pois infelizmente precisávamos retornar para nossas casas, mas enfim, vi um excelente show de mais uma notável banda brasileira.

 

Set List do Taberna Folk

1 - After A Hard Day
2 - In Taberna
3 - Avrix Me
4 - Star Of The Country Down
5 - Galway Girl
6 - Polka
7 - Mead Party
8 - Jez Sa En Ulv...
9 - Ise The By
10 - Drunken Sailor
11 - Estamos Todos Bêbados
12 - Druken Lullabies
13 - Sieben Cage Lang

    Parabéns ao Sebastian Bar pela maravilhosa Festa Medieval e também a todos que ajudaram a organizar o evento, pois sabemos das dificuldades que temos em shows com sons autorais. Que mais festas medievais aconteçam pois é uma temática que pode e deve ser explorada, afinal quem não gosta de curtir sons como os que ouvimos das bandas Barbaria, Hellish War e Taberna Folk?

Texto e Fotos:Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para Eliton Tomasi, Vulcano
e à equipe do Sebastian Bar pela atenção e credenciamento
Setembro/2013

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