Lollapalooza 2013 - 3º Dia
Pearl Jam, The Hives, Kaiser Chiefs,
 Puscifer e Sarah Messias
Domingo, 31 de Março de 2013
no Jockey Club em São Paulo/SP

    O Lollapalooza é um festival de música que enfatiza Rock Alternativo, Punk Rock, Heavy Metal e outros estilos menos ortodoxos, que teve sua origem nos Estados Unidos na concepção de Perry Farrel e desde o inicio dos anos 90, o evento aconteceu em várias cidades americanas. Em 2010, teve sua edição chilena e em 2011 aportou no Brasil com sucesso, que foi repetido neste ano com nomes como The Killers, Queens Of The Stone Age e Pearl Jam, entre tantos outros.

    Em um evento com a grandiosidade que o Lollapalooza possui, com vários shows acontecendo ao mesmo tempo em vários palcos, que foram montados no Jockey Club em São Paulo/SP, que é um local grande e bem estruturado recebeu um público com mais de 60 mil pessoas neste domingo de Páscoa.

    Antes de aprofundar nos shows que acompanhei, vale comentar que a estrutura estava muito boa, mas podia ser melhorada, pois com o tempo instável da capital paulista, a lama acabou se formando em vários pontos e enfim, isso incomoda bastante. De resto, percebi que haviam filas para comprar comida ou cervejas, mas fluindo bem até no que reparei, embora meu foco não fosse esse e sim os shows.

Sarah Messias

    E falando do que interessa, após o meu rápido credenciamento e por uma breve passada na muito bem organizada sala de imprensa, comecei a me dirigir para os locais dos shows, na grande arena montada no Jockey Club com vários palcos e nesse caminho passei pelo palco Kidzpalooza onde ouvi um gaita, e para alguém que é muito fã de Rock e Blues, confesso que achei estranho, pois o Lollapallooza não seria teoricamente um lugar onde esta vertente da música estaria exposta, mas estava e que bom.

    Bem, a banda Sarah Messias é formada pela jovem vocalista, que dá seu nome a banda que a acompanha e os músicos Zé Alberto( bateria ), Victor Abla ( baixo ), Marília Sarmento e Vasco Faé ( guitarras ). O quinteto surpreende quem estava assistindo o show ( inclusive alguns que estavam na fila para comprar camisetas e artigos de lembranças do festival na loja próxima ), especialmente pela qualidade que aplicam no seu Blues, que passou por clássicos inigualáveis do estilo gravados por grandes mestres e também algumas canções próprias.

   Sarah Messias e banda exibiram com muita competência Sweet Home Chicago de Robert Johnson, a própria Nova Geração em que a vocalista mostra seu talento na gaita, uma mescla de Hoockie Cookie Man com Trem das Onze onde a gaita de Sarah e a guitarra de Vasco Faé protagonizaram um momento incrível de puro Blues, que crava na essência e lógico, na alma dos adeptos.

    Aliás, fazendo um comentário maior desta música, Sarah realiza uma versão 'bluesada' de Trem das Onze, que mostra sua capacidade de improviso. Depois continuam com Living In A Happy Day, canção própria com um ritmo Rock'n'Roll e a guria além de cantar, ainda toca teclados e gaita, realmente temos uma promessa de futuro no cenário Blues.

    Help Me de Sonny Boy Williamson, uma própria, que infelizmente não peguei o nome e a versão de Rock'n'Roll do Led Zeppelin prosseguiram com o vibrante show da carismática banda de Sarah Messias, que soube conduzir o espetáculo e fazer até o pessoal - que já havia comprado suas lembranças - ficarem assistindo o seu show. Para encerrar com ainda mais energia tocaram Roadhouse Blues do The Doors e novamente tivemos um dueto de gaita e guitarra.

    Show muito bom que mostra que talento não tem idade e em tempo, essa garota é aluna do gaitista Márcio Maresia, ganhou uma bolsa de estudos da Berklee Valência e já esteve em várias edições da Expomusic e também no Bourbon Street

Puscifer

    Acabado o show da Sarah Messias vi que já era hora do Puscifer se apresentar no Palco Cidade Jardim e fui até lá. Para quem não conhece esta banda formada na Califórnia nos EUA em 1995, posso dizer que é um projeto paralelo de Maynard James Keenan ( do Tool e A Perfect Circle ) que faz um som experimental e industrial.

    E o mentor do projeto junto a sua banda entraram no palco para uma sequencia de músicas com um som encorpado cheio de distorções na guitarra, vibrações eletrônicas e muito peso, oriundos do baixo e bateria. O Puscifer foi executando as músicas de álbuns como Conditions Of My Parole ( 2011 ) e "V" Is For Vagina ( 2007 ).

    Eles iniciaram o show com Tiny Monsters ( presente no Conditions On My Parole ), Vagina Mine ( do álbum V Is For Vagina ), que inclusive foram acompanhadas de perto por Eddie Vedder do Pearl Jam, que sentou-se em uma cadeira no palco e assistiu parte do show de lá, e a cada olhar dele para a plateia a vibração dos fãs se multiplicava.

    Antes de sair do palco, o vocalista do Pearl Jam ganhou uma bela dose de vinho servida por Maynard James Keenan, e ele inclusive repetiu este ato para seus músicos também.


    A balada mais conhecida do Puscifer, Dozo ( do V Is For Vagina ), com seu andamento sinistro deu continuidade ao show e com um banjo, a bela vocalista da banda, inicia a introspectiva Toma, que exibiu também uma pegada forte de baixo e bateria, mas em ritmo lento.

    The Rapture (Fear is a Mind Killa Mix) do Conditions On My Parole e Rev 22:20 ( outra do V Is For Vagina ) seguem com o show e até que agradam o público do Palco Cidade Jardim, que reage com muitas palmas também para a Dear Brother ( essa do novo trabalho Donkey Punch The Night de 2013 ), com seus inúmeros experimentalismos que enfeitiçam os presentes pelo andamento que eles fizeram.

    Depois continuam com a nova Breathe que é pesada, cheia de distorções e alguns nuances progressivos e a endêmica Man Overboard do Condictions On My Parole. Encerrando sua participação no Lollapalooza, tocaram outra do cd de 2011 com Telling Ghosts e The Undertaker que foi gravada no V Is For Vagina, que com certeza garantiram mais fãs ao Puscifer, haja visto que durante todo o set eles mostraram muito carisma, vinho e atitude em seu show praticamente psicodélico.

Set List do Puscifer

1 - Tiny Monsters
2 - Vagina Mine
3 - Dozo
4 - Toma
5 - The Rapture (Fear Is A Mind Killa Mix)
6 - Rev 22:20
7 - Dear Brother
8 - Breathe
9 - Man Overboard
10 - Telling Ghosts
11 - The Undertaker

Kaiser Chiefs

    Poucos minutos após o final do show do Puscifer, o Kaiser Chiefs já iniciava sua exibição no Palco Butantã, do outro lado do Jockey Club e até que sai do Palco Cidade Jardim para chegar lá - que estava completamente repleto de fãs da banda -  levaram alguns minutos e assim perdi o começo de sua apresentação.

    A banda inglesa de Indie Rock e New Wave é formada por Ricky Wilson nos vocais, Andrew Whitey White na guitarra, Simon Rix no baixo, Nick Peanut Baines no teclado e sintetizador e Vijay Mistry na bateria e percussão.

    Eles deram inicio ao seu aguardado show com Never Miss A Beat ( a boa música que perdi, que é do Off With Their Heads de 2008 ) e Everything Is Average Nowadays do cd Employment de 2005, que já deu para perceber que o vocalista Ricky Wilson queria deixar uma lembrança forte nos fãs: ele desceu do palco e subiu na grade para desespero dos seguranças, o que causou um delírio dos fãs, que cantaram as letras com emoção.

    Em seguida o vocalista anuncia “São Paulo, nós somos o Kaiser Chiefse toca a Kinda Girl You Are ( do The Future Is Medieval - 2011 ), que foi seguida por Na Na Na Na Naa ( do primeiro cd Employment ) e o vocalista Ricky Wilson leu um discurso em português dizendo "Olá São Paulo. Obrigado por nos convidar para sua festa", que serviu para deixar seus fãs ainda mais contentes. E aquela imensidão de pessoas, que aumentava a cada minuto, recebeu do Kaiser Chiefs as músicas Little Shocks ( The Future Is Medieval ), Living Underground e Everyday I Love You Less And Less ( Employment ).

    O vocalista que fez questão de ir perto do fãs por várias vezes preocupando ainda mais os seguranças disse: "Eu gostaria de falar a língua de vocês para expressar o que estou sentindo" e então tocaram Good Days Bad Days ( do Off Their Heads ), Modern Way ( do Employment ) e The Angry Mob ( do Yours Truly, Angry Mob de 2007 ).

    Ricky Wilson sobe mais alto na outra torre e canta lá de cima e os demais músicos seguem tocando muito empolgados, fato que fez, para os fãs da banda, não se esquecerem deste show que teve ainda You've Got The Nerve, a impressionante Ruby do Yours Truly, Angry Mob e I Predict A Riot do Employment.

  Depois, Ricky Wilson fez uma saudação ao The Hives, que seria a banda seguinte a se apresentar no Palco Cidade Jardim e encerra com a introspectiva e mais lenta Oh My God ( do citado disco Employment ). O Kaiser Chiefs realizou um ótimo show, que para os fãs que conheciam mais a banda foi mais marcante ainda, pois o vocalista não parou quieto por um momento sequer e em um festival como o Lollapalooza é isso que os fãs mais querem, que seu ídolo venha tão perto quanto ele veio, que faça suas estripulias, enfim, que deixe seu recado, mas com aquela dose de adrenalina.

Set List do Kaiser Chiefs

1 - Never Miss A Beat
2 - Everything Is Average Nowadays
3 - Kinda Girl You Are
4 - Na Na Na Na Naa
5 - Little Shocks
6 - Living Underground
7 - Everyday I Love You Less And Less
8 - Good Days Bad Days
9 - Modern Way
10 - The Angry Mob
11 - You've Got The Nerve
12 - Ruby
13 - I Predict A Riot
14 - Oh My God

The Hives

    Acabado o Kaiser Chiefs aquela multidão voltou em sua maioria para o outro lado a fim de conferir o The Hives, banda sueca de Punk Rock formada em 1994 e com os seguintes integrantes Howlin' Pelle Almqvist ( Per Almqvist ) nos vocais, Nicholaus Arson ( Niklas Almqvist ) e Vigilante Carlstroem ( Mikael Karlsson Åström ) nas guitarras, Dr. Matt Destruction ( Mattias Bernvall ) no baixo e Chris Dangerous ( Christian Grahn ) na bateria.

    Eram 18:20 quando eles estavam prontos para começar e caminhando para o Palco Cidade Jardim ( lembrando que a distância entre os dois era bastante considerável ) vi um grande banner de fundo que continha uma imagem que me lembrou algo, mas a minha mente ainda não havia ligado uma coisa com a outra.

    Bem, no palco os músicos estavam com ternos e cartolas e no desenrolar do show, com a insanidade que o vocalista Pelle Almqvist desempenhou seu papel de 'frontman', ficou claro o que me lembrava o banner e o figurino dos músicos: foi inspirado no filme Laranja Mecânica. Quem assistiu o filme sabe o que o personagem de Malcolm McDowell faz logo em seu começo, talvez poderá entender porque o vocalista teve uma atitude tão frenética o tempo todo.

 

  Convidando todos para agitar com Come On! do novo cd Lex Hives de 2012, os suecos deram início ao melhor show do dia tendo sido superados apenas, obviamente pelo Pearl Jam. Depois foi a vez de Try It Again do The Black And White Album de 2007 e no final, o carismático vocalista falou em um misto de inglês com um português, que se decorado, estava muito bom, pois ele disse: “Everybody.. pulem!!!. Pulem!!!” e assim disparam a nova Take Back The Toys e Pelle Almqvist ia de um lado para outro, subia na bateria, pulava lá de cima em uma apresentação realmente incontrolável e ia para todos os lados.

    Depois ele pergunta se nós amamos o The Hives em português e tocam outra recente composição, a agressiva 1000 Answers, que leva Pelle Almqvist até na pista que separa a galera ( e ele até autografou álbuns dos fãs lá em uma das vezes que desceu ).

    Lembrando-se das demais bandas que tocaram no Lollapalooza, Pelle Almqvist pergunta se assistimos o Puscifer, se estamos prontos para mais uma e então, recebemos a Main Offender do cd Veni Vidi Vicious de 2000, que era muito conhecida, pois a galera pulou bastante ao ouvi-la. Em seguida, após dizer: “A próxima é dedicada para você, você, você e você! Somos o The Hives!”, tivemos outra mais elétrica com Walk Idiot Walk, a única do cd Tyrannosaurus Hives de 2004.

    Com muitos “obrigado” ditos pelo vocalista e um “valeu” de resposta da galera eles dizem que esperaram muito pelo show no Brasil e que ressalta que o momento seguinte será muito bom ( detalhe em português, acho que Pelle Almqvist andou estudando nossa língua ).

    Desta maneira ele nos propõe um acordo, para gritarmos no fim da música e ficarmos todos loucos como eles ficaram, desta maneira executam My Time Is Coming do novo cd, que possui levadas góticas e que muda para um Punk nervoso.

    Continuam com Die, All Right! com direito a um ótimo solo de baixo de Dr. Matt Destruction e das guitarras de Nicholaus Arson e Vigilante Carlstroem com muita distorção. Enquanto isso, o vocalista Pelle Almqvist desce na pista e quando retorna ao palco inicia junto aos demais integrantes do The Hives Hate To Say I Told You So do Veni Vidi Vicious, que por ser bastante conhecida, deu um grau muito grande no Lollapalooza.

    Conclamando as palmas dos fãs em um momento de pura adrenalina, o The Hives inicia a nova Go Right Ahead com uma empolgação enorme.

    Para a última música do set, que foi muito bem alongada pela banda, Pelle Almqvist disse que se dependesse dele tocaria para sempre e assim começaram a longa versão de Tick Tick Boom do The Black And White Album, que teve solo de bateria, uma perfeita interação entre banda e plateia devidamente comandada pelo vocalista, que fez muitos sentarem-se e levantarem-se na hora dos “boom”, mesmo com pouco espaço, afinal, tinha gente que estava lá já aquartelada para ver o Pearl Jam de perto.

    Enfim, o The Hives executou esta música com todos os ingredientes para que encerrasse perfeitamente o seu show, que foi o melhor da tarde do Lollapalooza ( como disse anteriormente ) e se credenciasse para um retorno em São Paulo para uma apresentação só sua.


Set do List The Hives

1 - Come On!
2 - Try It Again
3 - Take Back the Toys
4 - 1000 Answers
5 - Main Offender
6 - Walk Idiot Walk
7 - My Time Is Coming
8 - Die, All Right!
9 - Hate to Say I Told You So
10 - Go Right Ahead
11 - Tick Tick Boom

Pearl Jam

    Depois que acabou o hiperativo show do The Hives voltei até a sala de imprensa do Jockey Club para descansar um pouco e me preparar para a banda seguinte, que era a mais esperada de todos no festival: o Pearl Jam. Desta forma não acompanhei os brasileiros do Planet Hemp, que se apresentaram no Palco Butantã, mas pelas imagens que apareciam no circuito de TV e pelo que ouvia, creio que provavelmente fizeram um show que correspondeu muito bem à expectativa de seus fãs, mas não prestei tanta atenção.

    Mas vamos ao que interessa: o Pearl Jam, que retornou ao Brasil em quase um ano e meio de sua última passagem, que lotou o Morumbi em São Paulo/SP ( confira aqui como foi ) para desta vez, um único show no Brasil, que sem sombra de dúvidas, levou a imensa maioria dos 60.000 presentes neste domingo a lotar as dependências do Lollapalooza. Para confirmar era só ver o tanto de fãs com camisetas da banda e o tanto que cravaram sua base próxima ao Palco Cidade Jardim

    Pouco minutos depois do horário previsto Eddie Vedder nos vocais e guitarra, Stone Gossard e Mike McCready nas guitarras, Jeff Ament no baixo, Matt Cameron bateria e excelente Boom Gaspar nos teclados e piano, subiram no palco até que discretamente e iniciaram com a bela Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town que inflamou a galera, trouxe muita felicidade e fez a multidão cantar com Eddie Vedder esta música o álbum Vs. de 1993.

    Depois retornam para o primeiro trabalho, o histórico Ten de 1990, para a elétrica Why Go, que ao vivo mais uma vez, ficou ainda melhor e causou aquele deslumbre no Lollapalooza, pois Stone Gossard e Mike McCready solam suas guitarras trazendo a linha do Rock´n´Roll americano, que emocionou a todos com sua junção com Interstellar Overdrive do Pink Floyd. É o Pearl Jam gosta de surpreender.

    E isso nos ligou a formidável Corduroy ( do Vitalogy de 1994 ), que fez as palmas explodirem e o frenesi aumentar ainda mais com a atuação da banda, destacando-se novamente os solos da dupla de guitarristas. E o Pearl Jam possui muitas músicas mais agressivas como foi o caso da seguinte, a Comatose do álbum de 2006.

    Depois, Eddie Vedder pergunta em um português arrastado se todos estamos bem, complementa dizendo que é uma bela noite e nos deseja Feliz Páscoa para então tocar a Olé, uma porrada Punk que não foi gravada em cd ainda e seguem com a intensa Do The Evolution ( do Yield de 1998 ), que já posso dizer que foi um dos grandes momentos da noite.

    Em Wishlist, outra do Yield, recebemos os dedilhados de Stone Gossard e Mike McCready que ganham novamente um alongamento Rock´n´Roll e aí reside uma das principais características do Pearl Jam ao vivo, eles passam muito mais energia por mergulharem mais no estilo que mais adoramos de música.

    Em seu final, o vocalista agradece com um “muito obrigado” e toca a agitada Got Some ( do Backspacer de 2009 ), mas para levantar a galera mesmo tocam o clássico Event Flow ( presente no aclamado Ten ). Sim... tivemos uma imenso regozijo durante os longos solos de guitarras e também pela forma que Eddie Vedder cantou. Enfim, a execução desta música foi um dos momentos que não serão esquecidos neste show, pois todos cantaram, pularam, enfim... foi mesmo uma catarse coletiva.

    Depois chega a vez da introspectiva Nothingman do Vitalogy, que acalmou um pouco e Insignificance, a única do Binaural ( de 2000 ) que Eddie Vedder, meteu a mão na guitarra com uma ótima garra, coisa que ele fez na maioria das músicas e participando de cada um dos seus riffs. Depois com muitos aplausos tivemos a Daughter que era uma das que eu mais aguardava - pois em 2011 essa não fez parte do set list da noite de sexta feira - e a reação dos fãs foi cantar cada verso com Eddie Vedder.

    Agradecendo novamente pelos aplausos o Pearl Jam inicia a 'pesadaça' World Wide Suicide do álbum de 2006 e não adianta, seu ritmo contagia e faz todos pularem com a banda na hora. Antes de outro momento fantástico do show, Eddie Vedder fala novamente com os fãs e então executam Jeremy, clássico do primeiro cd que fez o Jockey Club ferver em contentação. Como é um costume da banda, mais uma que foi brilhantemente alongada em sua versão ao vivo com muitos improvisos e com os pontos certos para que cantássemos com uma potência que chegava até a encobrir a voz do vocalista.

    Aliás, este alongamentos de guitarras, baixo e bateria foram ligados a Unthought Known ( do Backspacer ) recebendo muitas palmas no seu andamento introspectivo que transforma em um Rock´n´Roll divertido para ser apreciado num show. A acelerada State Of Love And Trust ( do primeiro cd ) continua o espetáculo contagiando ainda mais cada um de nós, especialmente pela distorção que eles fizeram nos solos de guitarras, que foram repletos de muitas palmas.

    Quem surpreendeu nesta foi o baterista Matt Cameron, que encaixou um ótimo solo que foi muito bem acompanhado pelo baixista Jeff Ament enaltecendo ainda mais a música. Para encerrar a primeira parte de mais de uma hora de show, o Pearl Jam tocou a Rearviewmirror do Vs. e sinceramente, a alegria que estava sendo passada não nos fazia perceber o quanto o tempo passava e nem pensar em olhar para o relógio.

    Durante os minutos que pausaram o show, obviamente que os fãs gritaram incessantemente o nome da banda e no retorno Eddie Vedder com uma garrafa de vinho nas mãos ( provavelmente um presente de Maynard James Keenan do Puscifer ) pergunta se estamos “Ok”, agradece ao Puscifer, ao Kaiser Chiefs, ao The Hives, ao The Killers e a outras bandas que participaram desta edição do Lollapalooza em um gesto de respeito e confraternização ao beber seu gole de vinho.

    Terminado o discurso, hora de voltar a fazer a multidão pular com o hit detonador Given To Fly do álbum Yield, que ao vivo fica ainda mais avassalador. Mantendo o estilo mais Punk executam Not For You (Modern Girl Tag) do Vitalogy para eletrizar a todos, mas o Pearl Jam possui músicas mais calmas também ( para alegria das mulheres ), que recebem a linda balada Better Man cantando os versos com Eddie Vedder, e não é que ele espertamente deixou cada um de nós cantar um bom trecho de seu começo para posteriormente os cantá-los em um dos momentos mais belos do show.

    Sabe quando chega a hora que as bandas nos enviam seus maiores sucessos para que não tenhamos condições de ficar quietos? Bem, sabiamente o Pearl Jam fez isso com a sequencia que teríamos a seguir, pois quem consegue ficar parado ao ouvir a Black ( do cd Ten )? Essa quase fez a galera chorar de felicidade, pois o Rock´n´Roll que o quinteto aplica ao vivo com várias improvisações é outro daqueles momentos de se cravar na memória, tanto que te recomendo a ver o vídeo dela no Youtube ou mesmo o show inteiro, se ainda não viu.

   Depois, Eddie Vedder diz que eles adoram tocar no Brasil e para homenagear os Ramones executam I´m Believe In Miracles com aquela vigor Punk. Mesmo cada vez mais feliz da vida por estar novamente em um show do Pearl Jam, sabia que o final se aproximava, mas as quatro últimas que foram tocadas são para que este astral que sentia ( e com certeza, compartilhado por todos os milhares de presentes ) se perdurar por muito... muito tempo. Afinal, tivemos a rápida e pesada Go ( do Vs. ) e a sensacional Alive, aliás seus primeiros acordes já a entregaram, e aí vi uma histeria coletiva no Jockey Club. E como faz bem ouvir um clássico desses vindo de uma banda que esbanja carisma e vitalidade no palco.

   Em seguida, tivemos uma pausa quase imperceptível, tempo apenas para que os músicos se arrumassem para o brilhante encerramento do show e também do Lollapallooza com a maravilhosa versão de Baba O´Riley do The Who e de forma mais lenta, Yellow Ledbetter ( ‘lado B’ do Ten ) nos mandaram para casa de sorrisos abertos sabendo que vimos mais uma das mais primorosas apresentações do Pearl Jam em pouco mais de duas horas.

   Acredito que o show no Morumbi em 2011 foi um pouco melhor por ter tido duas músicas a mais, o som mais alto e mais bem melhor equalizado que nesta noite. E detalhe essa imensa felicidade não era somente das pessoas, pois o vocalista antes de sair nos agradeceu e elogiou dizendo: “Vocês são, sem brincadeira, uma das melhores plateias do mundo" e completou: "vocês têm feito coisas boas e estamos muito felizes por fazer parte disso. Esperamos tocar aqui logo", devidamente enrolado em uma bandeira brasileira. Por mais clichê que uma frase assim possa ser, a verdade é que na maioria dos casos, os músicos se emocionam com o calor recebido dos fãs brasileiros.

    Depois de assistir estas apresentações deste terceiro dia de Lollapalooza concordo com a definição expressão americana dos séculos XIX e XX, que significa "uma extraordinária ou incomum coisa, pessoa, ou evento; uma exemplo excepcional ou circunstância.", pois foi assim que me senti ao ver shows tão diferentes como um The Hives ou a revelação Sarah Messias com seu Blues de primeira e tudo coroado com a excelente apresentação do Pearl Jam. E posso concluir este texto dizendo algo que certamente ficou na mente dos 60.000 presentes neste domingo no Jockey Club - valeu e muito estar presente no Lollapalooza.


Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Dave Mead, Victor Nomoto, Cam
bria Harkey
 Fernando Schlaepfer, Marcelo Mattina e Fern
ando R. R. Júnior
Agradecimentos Fabiane Alves, Miriam Martinez
e toda a equipe da Geo Eventos
pela atenção e credenciamento.
Abril/2013

Set List do Pearl Jam

1 - Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
2 - Why Go
3 - Interstellar Overdrive (Pink Floyd cover)
4 - Corduroy
5 - Comatose
6 - Olé
7 - Do The Evolution
8 - Wishlist
9 - Got Some
10 - Even Flow
11 - Nothingman
12 - Insignificance
13 - Daughter (W.M.A./It's Ok tag)
14 - World Wide Suicide
15 - Jeremy
16 - Unthought Known
17 - State Of Love And Trust
18 - Rearviewmirror

Encore:
19 - Given To Fly
20 - Not For You (Modern Girl Tag)
21 - Better Man
22 - Black
23 - I Believe In Miracles (Ramones cover)
24 - Go
25 - Alive
26 - Baba O'Riley (The Who cover)
27 - Yellow Ledbetter

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