Planet Hemp no Mix TV Álbuns Clássicos
Terça-feira, dia 28 de maio de 2013
no Teatro da Mix em São Paulo/SP

    O programa de televisão da Mix TV Álbuns Clássicos consiste em que alguma banda toca um álbum que teve destaque de crítica e vendas na integra. Nas edições anteriores tivemos outros grandes nomes do cenário Pop Rock Nacional como Ultraje A Rigor, RPM, Titãs, Skank, O Rappa sendo Jota Quest ( confira como foi ) o participante da última edição. Desta vez o escolhido foi a banda recém reunida Planet Hemp e eles iriam tocar o álbum Usuário, clássico e debut da banda que surgiu como um furacão em 1995.

    Mas como surgiu a polêmica banda Planet Hemp? A banda surgiu num encontro entre Marcelo D2 e Skunk pelas ruas do Rio de Janeiro/RJ, no bairro do Catete. D2 usava uma camisa de uma banda de Hardcore Skunk, sendo artesão e vendedor de camisetas de Rock deu início a um diálogo, que nasceu a amizade e vocação. Skunk falava de música todo o tempo e nesse momento D2 resolveu que queria ser músico.

    Originalmente, a banda era para ser de Rock, mas como nenhum deles sabia tocar qualquer instrumento, optaram Rap, que começava a ganhar espaço na mídia na época influenciado pelo Rap Americano. O nome da banda veio da revista americana High Times, especializada em cannabicultura, claro que se trata do cultivo de maconha, e Hemp que, na língua inglesa, significa cânhamo.

    Musicalmente a banda não ficou apenas no Rap, principalmente quando a banda se formou por completo com Marcelo D2 e Skunk, Rafael Crespo, Bacalhau e Formigão, trazendo para o Planet Hemp guitarra, bateria e baixo, fundindo as letras de Rap de Marcelo D2 e Skunk recebessem um um pseudo ritmo criado pela banda que se autodenominava "Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga" devido a enorme mescla entre a psicodelia das guitarras, o Rap dos vocais e as outras diversas influências musicais da banda.

    Registraram apenas uma única fita demo e iniciaram no circuito alternativo no Rio de Janeiro/SP, São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Curitiba/PR e em festivais como o Juntatribo ( de Campinas/SP ) e o Superdemo. A morte de Skunk, em decorrência da AIDS em 1994, foi quase o fim do grupo. Mas. BNegão, que era presente em todos os concertos, assumiu o outro vocal. E a banda conseguiu um contrato com a Sony Music ( Superdemo / Chaos ) e assim, gravaram três álbuns: Usuário ( 1995 ), Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Para ( 1997 ) e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça ( 2000 ) e o resto é historia que todos fãs sabem.

     Porém, voltando ao Teatro Mix no dia da apresentação todos, convidados, vips e credenciados, rapidamente encontraram seus lugares onde era possível ver o palco com o nome da banda em letras simples, entretanto, muito bonito e com um telão de altíssima qualidade, que começava a dar a sensação de que a noite seria tão boa quanto o Jota Quest e conforme disse acima, o Planet Hemp ia celebrar o álbum lançado em março de 1995, o disco Usuário contava com hits como Legalize Já, que se transformou em hit, apesar do videoclipe ter sofrido censuras.

    Mas, o grupo não chamou atenção somente pelas letras que falam de maconha e legalização. As 17 faixas não se restringem à legalização apenas. O álbum tem uma união de vários estilos, com a guitarra de Rafael Crespo, do baixo de Formigão, da bateria de Bacalhau e de participantes igualmente inovadores, como o DJ Zé Gonzales ou o vocalista Black Alien. O grupo mostrava-se completamente antenado com as novas tendências norte americanas do Rock e buscavam influências da cultura negra como meio de renovação. Lembrando que aqui no Brasil, o Planet Hemp surgia na época de novas bandas no Brasil como, por exemplo, Pato Fú, Jota Quest, Skank, Rumbora, Raimundos, além do Rappa, Los Hermanos, Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr. E claro, tenho que citar como obrigatório na geração nomes como Chico Science & Nação Zumbi e o Mundo Livre S/A, sendo os principais destaques.

    O evento teve a apresentação da modelo e apresentadora da Mix TV Rafa Brites e logo no começo tivemos o sorteio de uma guitarra autografada pela banda e um fã levaria essa lembrança do espetáculo, muito bacana. E Rafa Brites então apresenta um a um da banda e o Planet Hemp estava de volta a São Paulo, já levando a galera ao delírio com a primeira música do álbum usuário com Não Compre, Plante!.    

    Nesse exato momento, infelizmente, o cheiro de maconha cobriu todo o Teatro da Mix e sendo um ambiente fechado, o cheiro beirou o insuportável, mas ali eu também não poderia esperar o cheiro da minha querida e amada cachaça artesanal, afinal, estava um show do Planet Hemp e então veio a decepção total, com a a banda executando a música com uma presença de palco que esperava tanto de Marcelo D2 quanto de BNegão, porém, estavam lendo num papel a letra da música, o que me fez refletir e achar de extremo amadorismo da banda.

    Os leitores da Rock On Stage sabem o quanto crítico bandas que se propõem a tocar com alguma cola visível aos olhos e o que muitos acharam aquilo o máximo, raça pura, eu vi aquela atitude um amadorismo monstro, e pensei o quanto bandas de Heavy Metal são profissionais vivendo no underground, trabalhando e ensaiando e o Planet Hemp, sendo músicos consagrados e que podem viver só da música e foram contratados para tocar o disco, não tenha tido o tempo hábil para decorarem as letras, lembrando que se trata de um banda do mainstream brasileiro e não underground. Patifaria pura. 

    A segunda música foi Porcos Fardados dedicada ao juiz Vilmar José Barreto Pinheiro, que havia sido acusado de receber propina do tráfico de drogas e foi o responsável pela prisão da banda por fazer apologia durante os anos 90. Mas o Planet Hemp explode mesmo o Teatro da Mix com o hit Legalize já, e então acontece a primeira parada para contar como foi o início da banda, as influências de Radiohead e Rage Against The Machine e eles nos contam alguns trechos engraçados dos shows, lembrando que nunca fizeram cover em shows, apenas algumas vezes quando tocavam o tema do filme Grease ( Nos Tempos da Brilhantina ). Na sequencia tocaram "Deis Daz Seis", "Phunky Buddha" e "Mary Jane".

    Mais uma pausa para outra pequena entrevista e a banda passa por uma - digamos - sai justa tendo que explicar quem seria a Mary Jane da música, mas acabaram se saindo muito bem explicando nada claro.., aí Marcelo D2 anuncia que fez a próxima música quando tinha 14 anos e que era bem estranho, pois nunca achava que teria um show do Planet Hemp com o plateia sentada.

    As seguintes "Planet Hemp", "Fazendo A Cabeça" e "Futuro Do País" foram bem tocadas, mas claro que na  banda não existe nenhum virtuoso em seus instrumentos e sempre apresentava com alguma piada de apologia as drogas ou crítica a polícia, porém, cabe lembrar que o próprio Marcelo D2 tem forte exigência sobre segurança em seus shows solo mantendo uma certa distancia tanto dos fãs como de todos outros, como o famoso show que ele fez na antiga Loja Daslu

    A próxima, outro grande sucesso do Planet Hemp foi Mantenha o Respeito onde BNegão desceu até a plateia pedindo para todos ficarem de pé, podendo causar até algum acidente em função que aquele ambiente é planejado para gravações com expectadores sentados. Pior mesmo foi o cheiro de maconha, fortíssimo, disfarçado volta e meia pelo aumento do ar condicionado da casa, chegando a ser uma falta de respeito, além de ser ilegal, chegava a incomodar a aqueles que não são usuários, pois, o teatro é fechado e haviam muitas pessoas, tanto fãs como profissionais, que estavam trabalhando no evento.   

    BNegão avisa que tocarão sua música Heavy Metal com Mutha Fuckin Racist, e também usaram um papel para seguir a letra, entretanto, Marcelo D2 desistiu de cantar no meio da mesma, deixando BNegão cantar a música toda, sendo elogiado por D2 no final. Ainda bem que por sorte dos fãs eles não optaram pelo estilo Heavy Metal, pois a palavra 'horrível' seria pouco para descrever o tão ruim que foi a música. Talvez jamais a banda teria a quantidade de fãs que possui hoje. Bem... em seguida Dig Dig Dig ( Hempa ), outro grande sucesso da banda seguida por Skunk, faixa essa em homenagem ao ex-membro do Planet Hemp falecido antes da gravação do primeiro álbum.

    Faltando duas músicas para o fim do álbum, que seriam A Culpa É De Quem? e Bala Perdida chegamos ao limite e tivemos que deixar o Teatro da Mix, pois o cheiro de maconha chegou ao nível de insuportável e ambos membros de nossa equipe estavam passando mal, sendo que tivemos que inclusive que sair em direção a um pronto socorro, em função do mal estar e dor de cabeça causado pela 'maresia' que batia no interior do teatro.

    O projeto Álbuns Clássicos é um evento grandioso, porém, não posso dizer isso desta apresentação, afinal, uma banda que canta lendo as letras e uma plateia que não respeita normas de segurança mínimas, achando que a liberdade de fumar o "seu bak " em qualquer lugar não iria atrapalhar outros me faz lembrar de como sou criticado por fazer parte de torcida organizada e não poder entrar com uma roupa da mesma em determinados lugares.

    Mas maconha tudo certo, meu caro leitor(a) deve estar pensando, já que torcida organizada mata correto?, lembra-se que droga também e muito, e errados tem em todo lugar, e como no filme Tropa de Elite... é você que financia tudo isso, e estamos num momento de manifestações pelo Brasil para fazer esse país melhor e não é certamente de como a plateia se comportou no Teatro da Mix que vamos melhorar algo. O Planet Hemp gravará seu DVD nos dias 13 e 14 de julho e espero que a performance da banda seja muito melhor que a deste show.

 

Texto: Marcos César de Almeida e Sílvia Pedroni
Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos a Patricia Dornelas da Batucada Comunicação
pela atenção e credenciamento.
Julho/2013

Set List

1 - Não Compre, Plante!
2 - Porcos Fardados
3 - Legalize Já
4 - Deis Daz Seis
5 - Phunky Buddha
6 - Mary Jane
7 - Planet Hemp
8 - Fazendo A Cabeça
9 - Futuro Do País
10 - Mantenha O Respeito
11 - P...Disfarçada
12 - Speed Funk
13 - Mutha Fuckin' Racists
14 - Dig, Dig, Dig ( Hempa )
15 - Skunk
16 -  A Culpa É De Quem ?
17 - Bala Perdida

 Clique aqui e confira uma galeria de 111 fotos do show do Planet Hemp no Teatro da Mix no projeto Álbuns Clássicos em São Paulo/SP

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