Saxon - Sacrifice World Tour
Terça, dia 26 de março de 2013
no A Seringueira em São Paulo/SP

    E mais uma vez o Saxon vem ao Brasil agraciar os brasileiros com o seu Heavy Metal que cruza década a década, com uma criatividade incrível, eles conseguem um feito que muitas bandas antigas não conseguem mais quando lançam álbuns novos, eles possuem muita moral atualmente, provavelmente mais do que qualquer outra época, pois, estamos num mundo de uma nova cruzada, semelhante a de 1.000 anos atrás, então, para os fãs de Crusader, o Saxon veio para abençoar. Eles vieram desta vez para a divulgação de mais um excepcional álbum, Sacrifice de 2013 ( confira resenha ), e fizeram um ótimo show.

    O Saxon começou o show com a intro Procession e depois com o puro Metal de Sacrifice, faixa título do álbum homônimo, fizeram uma execução impecável depois tocaram Chasing The Bullet do Call To Arms ( de 2011 ), duas novas do velho Saxon que nos enchem de orgulho. Aliás, bandas como o Saxon tem a capacidade de ser atemporal, por mais que eles tenham mais de trinta anos de carreira e que os músicos que já passaram da casa dos sessenta, eles continuam com um Metal de qualidade e com peso igual dos primórdios da banda; eles detonam completamente aquele clichê antigo de que Rock é para garotos entre 18 a 27 anos.

    Depois das três primeiras, Biff Byford pegou a bandeira do Brasil e armou ela na bateria do Nigel Glokler, a galera ovacionou falando o famoso “olê, olê, olê, olê...Saxon...Saxon” e em contrapartida, o Biff Byford disse que estava no pais São Paulo, que São Paulo é o Brasil e que tem Power And Glory ( título do clássico de 1983 ) , e aí eles mandaram ela com aquela pegada única que essa música tem, ela é uma música perfeita para as grandes arenas, é uma das maiores composições de Heavy Metal de todos os tempos e penso, que pena que o Saxon não tem a notoriedade do Iron Maiden.

    E o show continuou com outra do Sacrifice, a pesada Made In Belfast, seguida pela rápida To Hell And Back Again do Strong Arm Of The Law ( de 1980 )  e mais uma nova composição com Wheels Of Terror. A banda empolgou muito a galera com a Never Surrender do histórico Denin and Leather de 1981, em seguida mandaram Conquistador do Metalhead de 1999 e a cadenciada The Eagle Has Landed ( do Power And Glory ) e com essa trinca, o Saxon estava mandando um set até modesto, que não era composto de super clássicos.

    Enquanto ao local do show, A Seringueira, as dependências do lugar são legais, com um excelente segundo andar (VIP), porém, pelo menos na ocasião, a casa não comportou na medida um show para o Saxon. Isso porque a banda levou um sistema de P.A. muito poderoso para o local, nada mais que cinco gabinetes gigantes Marshall para as guitarras e mais duas torres Ampeg para o baixo de Nibbs Carter, e o resultado foi que a casa não aguentou tanta força e rolaram distorções, especialmente na área VIP, mas que não comprometeu o show.

    Em seguida os guitarristas Paul Quinn e Doug Scarrat fizeram solos de guitarra e mostraram grande categoria, o Saxon nunca teve guitar heroes, porém as harmonias dos guitarristas chegam nas alturas dos gigawatts, a exemplo do que acontece em Power And Glory, eles dispensam super guitarristas.

    E o show continuou com Stand Up And Fight do novo álbum e eles mostraram mais uma vez que são especiais, são uma grande novidade mesmo não sendo, estão mais fortes do que nunca já agora na segunda década do segundo milênio, com certeza o Saxon será cultuado ainda mais no futuro.

    Depois destas músicas aí sim, eles tocaram muitos clássicos, tocaram Broken Heroes, clássica do álbum Innocence Is No Excuse de 1985, prosseguiram com a 20,000 Ft ( outra do Strong Arm Of The Law ) e depois foi a 747 ( Strangers In The Night ) do Wheels Of Steel de 1980, que foi cantada por toda a galera da Seringueira e lançou aquele clima singular, muito especial que essa música tem, depois continuaram com a Rock And Roll Gipsy ( outra do Innocence Is No Excuse ) e Wheels Of Steel que apesar ter sido uma versão muito boa sentimos muito a falta da Motorcicle Man.

    E tocaram posteriormente nada mais que Crusader ( título do álbum de 1984 ), e ela foi estupenda como não poderia deixar de ser, foi tão animal que todo mundo na Seringueira se sentiu como um templário, cantando em coro, é uma música que cai perfeitamente no contexto da realidade atual da nova cruzada que esta acontecendo quase 1.000 anos após o início das primeiras cruzadas, pois não podemos esquecer que o mundo ainda continua dividido em dois.

    Depois no bis eles vieram com muita eletricidade e encerraram com mais clássicos, total NWOBHM, com duas do Strong Arm Of The Law, sendo elas a Heavy Metal Thunder e a título, Strong Arm Of The Law, para então executarem com duas históricas do álbum Denim And Leather, a título e a que finalizou com chave de ouro o show, a Princess Of The Night.

    O guitarrista Doug Scarrat mostrou mais uma vez muito talento nas seis cordas e o baixista Nibbs Carter também mostrou grande categoria.  Enquanto aos músicos que fazem parte da formação original da banda, Biff Byford, Paul Quinn e Nigel Glokler, esses dispensam comentários, passa o tempo e bandas como o Saxon e agora o Megadeth estão atingindo o topo tão merecível.

    Trabalhar com Rock é uma faca de dois gumes, dependendo do que a banda quer atingir. O Saxon é uma banda que sempre teve em seu repertório muitas músicas de contexto medieval, sempre colocaram elementos europeus, entretanto, com uma originalidade tão grande, que mesmo com esses elementos, eles não saem da linha Rock, fiel às origens.

   No meio dos anos noventa e inicio da década passada, a Europa lançou inúmeras bandas melódicas, e essas estão pagando um alto preço agora de impopularidade. Muitas bandas são legais como Helloween, Rhapsody Of Fire, que influenciaram milhares de outras que surgiram e abarrotaram o mercado musical, usando elementos medievais ou não necessariamente medievais, porém, distanciaram muito da origem do que é o Rock, que não tem como fugir que Metal é Rock.

    Muita frescura apareceu, músicas que ficam parecendo aqueles brinquedinhos que nem aquele trenzinho a pilha, que vai andando e cantando aquela músiquinha com melodia, ou então, aquele palhacinho com dois pratos na mão, que dando da corda nele vai saindo também aquela musiquinha melosa para criança, tudo isso tá nas arraias do insuportável, e em contrapartida aparece um monstro sagrado de banda que é o Saxon, que usa muito da cultura europeia sem forçar a barra, com uma originalidade ímpar.

    Imploro para o fantasma do Robert Johnson, para que num estalo de dedo faça sumir essas bandas meladas, não esquecendo o Robert da beleza da música europeia, tão bem representada, tão candente e personalíssima na musica do Saxon.

Texto: André Torres
Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Costábile Salzano Júnior, Juliana Lorencini
e ao Júlio Viseu da Rádio Corsário pela atenção e credenciamento.
Maio/2013

Setlist:

1 - Procession
2 - Sacrifice
3 - Chasing The Bullet
4 - Power And The Glory
5 - Made In Belfast
6 - To Hell And Back Again
7 - Wheels Of Terror
8 - Never Surrender
9 - Conquistador
10 - The Eagle Has Landed
11 - Guitar Solo
12 - Stand Up And Fight
13 - Broken Heroes
14 - 20,000 Ft
15 - 747 ( Strangers In The Night )
16 - Rock ´n´ Roll Gypsy
17 - Wheels Of Steel
18 - Crusader
Bis:
19 - Heavy Metal Thunder
20 - Strong Arm Of The Law
21 - Denim And Leather
22 - Princess Of The Night

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Saxon no A Seringueira em São Paulo/SP

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