Bad Religion - True North Tour 2014
Abertura: Nem Liminha Ouviu (NLO) e Bayside Kings
Sexta, 7 de fevereiro de 2014
no Capital Disco em Santos/SP

    O que dizer de uma banda que te proporcionou um dos melhores shows que você assistiu, isso no Festival Close Up Planet realizado no Estádio do Ibirapuera, sim no estádio ( que por sinal foi um dos melhores lugares que  assisti shows e infelizmente sem motivo algum, não é mais usado ) antigo ano de 1996, e tivemos também as bandas Cypress Hill e a lenda Sex Pistols, onde a banda americana fez um dos que classifico fácil como top 5 da minha vida.

    Sem contar que normalmente o pessoal que gosta de Heavy Metal é mais natural ouvir bandas Punk do que o inverso, e falando no universo Punk, que também é rico em grandes nomes, como a lenda Punk Cock Sparrer que assisti em 2011 ( confira resenha ) e usualmente esse estilo não tem tantas oportunidades de bandas internacionais, embora teremos o Misfitis na próximo dia 27 de abril, mas, voltemos ao tema desta resenha com Bad Religion e Santos.

    Aliás, quando foram anunciadas as datas do Bad Religion no país, com possibilidade de duas datas possíveis, todo o cronograma foi feito para que o Rock On Stage tivesse a honra de realizar a cobertura dos dois shows próximos a capital paulista e no dia 7 de fevereiro lá estávamos em Santos/SP para a primeira data.

Nem Liminha Ouviu

    Antes de falar do show em si, ali eu realizarei um sonho de ver um dos grandes compositores que sempre admirei, já que não sofro de complexo de vira lata e consigo ver valor em grandes músicos brasileiros, e muito antes de Tatola se transformar em um ícone da Rádio 89FM, o mesmo vocalista foi parte da banda Não Religião, e essa sim uma das minhas grandes referências, desde a época que ganharam um concurso na TV Cultura apresentado por Kid Vinil chamado Boca Livre, que sem a Internet era como a maioria do pessoal do interior conheceria bandas novas.

    A banda formada por Tatola nos vocais, Wecko e Gabriel nas guitarras, Marcão no baixo e Jacaré na bateria celebram os anos 80 com algumas faixas que marcaram a década sendo sucesso comercial ou não, porém, com outra roupagem.

    A expectativa de ver um ídolo ao vivo e a probabilidade de tocar algo do Não Religião realmente me animava, e bem no horário o NLO, ou Nem Liminha Ouviu, subia ao palco tocando A Face de Deus, música gravada originalmente pelos Inocentes com o início declamado e depois a sonoridade no mal, a sequencia, com o riff que lembra uma sirene, já mostrava que a música mais conhecida do Não Religião seguida pela faixa do título do segundo álbum Jesus Crucificado No Poste da Light e vinha a cabeça todas as letras de protesto e nada melhor de a próxima canção do show ser de uma das bandas de maior acesso a mídia com letras mais políticas e lá estava Luzes da banda Plebe Rude.

    Tatola fala que nome Não Religião foi baseado no Bad Religion e que foi uma grande referência da banda brasileira, e então faz uma explicação a letra de Tão Perto, e o quanto ela mexeu com o vocalista quando escutou pela primeira vez, a célebre brincadeira com os governantes, que usualmente faz em seu programa. Ele apresentou outras dos Inocentes e o maior sucesso da banda Punk Paulista Pátria Amada foi cantada por todos. Tatola anuncia que a próxima é sobre um filho de diplomata, que pede ao pai pelo fim da corrupção e o pai e explica da dificuldade de parar toda a roubalheira e por essa razão uma das músicas mais conhecidas dos anos 80, a Até Quando Esperar, clássico maior do Plebe Rude.

     O hit São Paulo do 365, composto por Carlos Finho teve a participação especial do filho de Tatola e a música, que sempre toca nas rádios certamente é o ponto alto da apresentação. Para a sequencia e de maneira direta, o NLO tocou o clássico da banda gaúcha Replicantes com Surfista Calhorda e termina com Nicotina também da mesma banda.

Bay Side Kings

     Chegava a hora de conhecer os "Reis da Baixada", ou Bay Side Kings, que já chamaram a atenção mesmo antes do show começar, pois o stand de merchandising impressiona, algo espetacular e profissional de como toda banda deve ser, mostrando profissionalismo mesmo antes de começar qualquer acorde.

    Mas, vamos ao que interessa no palco com Milton nos vocais, Leo e Teteu nas guitarras, Manolo no baixo e Kid na bateria com um visual que estranhei muito, pois parecia de qualquer coisa ( lembrando até daqueles dos malditos rolezinhos na cidade de São Paulo ), menos o que a banda toca, pois todos de boné e o visual mais atual, deixou esse velho ser que redige essas palavras de boca aberta quando o som saiu das P.A.'s, um Metalcore excelente e bem feito, diferente do 'style' apresentado por eles.

    O som da banda é excepcional, porém, infelizmente não consegui o set list, então nossa resenha passa a ser um pouco menos detalhada como o costume, entretanto, ressalto mesmo a qualidade da banda e como a banda mencionou entre uma das musicas, ali estavam representadas três gerações do Hardcore.

 

    Após as primeiras músicas, os bonés, que todos trajavam literalmente já tinham ido para o espaço, ou 'pra casa do caralho' ( como queira ). O vocalista Milton, desceu e ficou cantando do meio das rodas, que se formaram e assim o fez em várias músicas, sendo este o único ponto negativo que achei da apresentação, pois penso que a banda por tocar em casa teve essa postura de palco.

    Tecnicamente o Bay Side Kings se mostrou muito seguro, com uma boa presença e marcou positivamente a todos presentes. Lembro que no dia seguinte a banda incendiou o Carioca Club em São Paulo e vale acompanhar de perto.

Bad Religion 

    O que você pensaria se um professor de faculdade e um dono de gravadora se encontrarem, você pensa que tipo de som eles poderiam fazer. Qual a Resposta? Então vamos citar um dos hinos Punks brasileiros respondendo Punk Rock até os ossos, afinal estamos falando de uma das profissões do vocalista e guitarrista respectivamente do Bad Religion.

     Greg Graffin ( voz ), Mike Dimkich ( guitarra ), Jay Bentley ( baixo ), Brian Baker ( guitarra ) e Brooks Wackerman ( bateria ), este é a formação que veio ao Brasil e divulga o excelente álbum True North. Com o hino norte americano sendo tocado, de uma maneira digamos cômica todos entram dançando a primeira música, que só poderia ser a melhor faixa do novo álbum, a Fuck You, seguida pela empolgante I Want To Conquer The World e New America, que mesmo sendo um it da banda é o título de um álbum bem criticado por sinal.

    Assim como New America, a sequencia também foi com mais duas que foram títulos de álbuns, porém, mais que elogiados com a Stranger Than Fiction e a Recipe For Hate. Um detalhe que reparei nesta hora, se no NLO tínhamos cerca de 30 pessoas na casa, na hora do Bad Religion tinha neguinho 'a sair no ladrão' e para onde olhasse você via pequenas rodas independente do setor, e claro que o público da baixada estava sedento, pois há quinze anos a banda não tocava em Santos.

    Acredito ter sido nesta hora, o momento mais "tenso" do show, e após jogarem uma camisa do time de futebol da cidade, o Santos F.C., onde Greg Graffin pegou, olhou e jogou ao lado, outro item, por esta ele desviou e quem percebeu do que se tratava, começou a se irritar, pois, ele constantemente acabara pisando várias vezes sem querer e quando percebeu que se tratava da bandeira do Brasil, rapidamente ele a pegou, dobrou da maneira correta que se dobra um símbolo maior de um país e levou pessoalmente ao backstage. Isso rolou durante as execuções das músicas Los Angeles Is Burning e Past Is Dead.

 A mágica Raise Your Voice, com todo mundo catando, certamente é um momento para ser lembrado sempre, assim como no clássico Generator, que foi tocada apenas a intro e de uma maneira mais lenta que o usual do Bad Religion para o a faixa título e de abertura do novo álbum, a própria True North ser cantada em uníssono devido ao enorme sucesso comercial deste álbum, que esta sendo a turnê mais lucrativa da banda.

    Quem já foi num show Punk sabe que a pegada é diferente é uma atrás da outra, então isso explica o por que de tantas músicas seguidas sem a comunicação com da banda com o público, mas o olhar de felicidade a todos já garanti a boa comunicação, digamos assim.

    E nessa linha executaram "Struck A Nerve", "You", "You Are ( The Government )" e o clássico Suffer, sem palavras. Entretanto, posso tentar algumas que expressam o sentimento de todos lá dentro, "calor da porra", afinal a temperatura dentro da casa, digamos que não foi possível o sistema de ar condicionado suportar, e o que acha que todos fizeram? Se divertiram assim, afinal eram quinze anos desde a última data da banda na cidade e assim continuaram com inúmeras outras músicas, uma a uma citando os álbuns, faixas e todo o trabalho, ou legado que o Bad Religion deixa a todos sendo uma das maiores do estilo de todos os tempos.

     Gostaria de voltar a citar músicas, pois já chegando perto do final da primeira parte da apresentação tivemos uma sequencia com "How Much Is Enough?", "Do What You Want", "Before You Die", "Overture", "Sinister Rouge", "No Direction", "Beyond Electric Dreams" e "Skyscraper", porém, faço um destaque especial para Supersonic do álbum de 2002 The Process Of Believe, onde mostra todo o quase Hardcore desta música, seguida por Prove It e Can't Stop It, aí tivemos um barulho na guitarra e uma cadência mais arrastada, bem diferente das canções que conhecemos da banda e sim... tínhamos o grande hit Infected cantandos por todos muito, mas muito alto mesmo e finalizaram com a Dept. of False Hope.


 

    O volta do bis que foi rápido e trouxe o vocalista fardado com o manto sagrado da vila mais famosa do mundo e este professor conhecido como Greg Graffin nos ensina mais Punk com Fuck Armageddon... This Is Hell, seguido por dois clássicos incondicionais Punk Rock Song, com a participação de todos finalizando o show com a sem palavras American Jesus.

     Uma noite memorável e o prazer que o público santista teve em reencontrar todos fãs da baixada, deixou o Bad Religion devidamente preparado para o próximo show, que seria subindo a serra e teríamos um HSBC Brasil lotado ou não, mas um shwozão. Bem, leia nossa próxima resenha que também estávamos lá e confira os detalhes.

Texto e Fotos por Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Willer Carvalho e Heloísa Vidal
pela atenção e credenciamento
Março/2014

Set List Bad Religion

1 - Fuck You
2 - I Want To Conquer The World
3 - New America
4 - Stranger Than Fiction
5 - Recipe For Hate
6 - Los Angeles Is Burning
7 - Past Is Dead
8 - Raise Your Voice
9 - Generator
10 - True North
11- Struck A Nerve
12 - You
13 - You Are ( The Government )
14 - Suffer
15 - How Much Is Enough?
16 - Do What You Want
17 - Before You Die
18 - Overture
19 - Sinister Rouge
20 - No Direction
21 - Beyond Electric Dreams
22 - Skyscraper
23 - Supersonic
24 - Prove It
25 - Can't Stop It
26 - Infected
27 - Dept. of False Hope
Encore:
28 - Fuck Armageddon... This Is Hell
29 - Punk Rock Song
30 - American Jesus

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