Bad Religion - True North Tour 2014
Com: Nem Liminha Ouviu (NLO)
Sábado, 8 de fevereiro de 2014
no HSBC Brasil em São Paulo/SP
   

    A banda californiana Bad Religion retornou a São Paulo, já que sua última passagem havia sido no saudoso, Via Funchal em outubro de 2011 e pela segunda noite seguida estaria acompanhando o seu brilhante espetáculo, que teve uma casa completamente lotada, surpreendendo a todos principalmente pela empolgação dos presentes, que claro, todos que estão lendo esta resenha pelo menos já ouviram falar - ou o principal - estavam lá e aqui lembrarão como foi o empolgante show na terra da garoa, nesta época em uma fase de completa estiagem.

     A abertura, assim como o show de Santos/SP, que acompanhei também ( confira cobertura ) e também de toda a turnê brasileira ficou a cargo do Nem Liminha Ouviu ( NLO ), banda do radialista Tatola, da 89 FM, que desde a volta da rádio, tem conquistado com os seus programas aqueles de maior audiência na rádio.

Nem Liminha Ouviu

     Fã confesso de Não Religião e estar vendo dois shows seguidos, embora seja outro projeto bem diferente do original, não há como ver o Tatola no palco e não pensar na banda, que teve sua origem diretamente dos caras que encerrariam a noite, já que Não Religião e Bad Religion estão diretamente ligados no nome e música em si.

    A banda é formada por Tatola nos vocais, Wecko e Gabriel nas guitarras, Marcão no baixo, porém, não foi ele que tocou neste dia, e Jacaré na bateria iriam fazer outra grande apresentação, com a releitura de clássicos oitentistas do Rock Brasileiro, que é a ideia da banda, usando outra roupagem em cada canção apresentada. Uma coisa muito boa, que já vejo em quase todas as casas - com poucas exceções - é o respeito ao horário, pois  os shows normalmente estão começando na hora marcada, o que venhamos todo o público sai ganhando e muito. 

    Mas, voltamos ao NLO, como é mais conhecido o Nem Liminha Ouviu, que começam com A Face de Deus, dos Inocentes com o início declamado e na sequencia o Punk Rock Paulista, representado ali com Estado de Sítio, música essa do Não Religião em que a letra foi feita com cartas de uma amiga de Tatola, que morava no Chile na época da repressão daquele país e que teve seu marido desaparecido, ( a amiga brasileira mesmo ) procurando por três anos e sem encontrar ou ter noticias do marido, ela desistiu de viver no Chile e retornando ao Brasil, o ônibus em que estava bateu e a mesma chegou a falecer.

    Com essas cartas Tatola compôs essa música sendo sem dúvida a melhor do Não Religião ( facilmente poderia incluir também "A Voz da Consciência", mas aqui é apenas uma visão pessoal ) e ao tocá-la, finalmente ele explode todo HSBC Brasil, onde claramente muitos conheciam a letra e cantaram juntos. Depois, prossegue o show com Jesus Crucificado no Poste da Light, que também foi um sucesso do Não Religião.

    A banda Plebe Rude foi lembrada pela primeira vez com Luzes e todos a conhecem mas nunca lembra o nome, principalmente pela parte "Nos seus sonhos tudo era perfeito...Rodolfo Valentino não faria melhor.." tenho certeza que lembrou agora.

  

    Tatola explicou que uma grande referência a música brasileira, explicando o significado da faixa Tão Perto, e o quanto ela foi importante para o radialista. Na sequencia, Tatola faz o jargão utilizado em seus programas onde menciona a presidenta Dilma e o prefeito Haddad de São Paulo além claro do governador Alckminn, para servir de intro ao maior sucesso comercial e patriótico da banda Inocentes, a faixa Pátria Amada, que foi cantada por todos.    

    Outra música bem política e Tatola explica que a próxima foi escrita por um filho de diplomata e pede ao pai pelo fim da corrupção e o pai e explica da dificuldade de parar toda a roubalheira e por essa, é a inspiração da letra do maior sucesso da Plebe Rude, Até Quando Esperar.

    Já praticamente no final da apresentação que teve o mesmo set list da noite anterior seria a vez do hit São Paulo do 365, composto por Carlos Finho, assim como aconteceu em Santos, contou com a participação especial do filho de Tatola, o garoto Ian e a sequencia Surfista Calhorda e Nicotina, duas do Replicantes, encerraram a apresentação.

Bad Religion 

    Rapidamente a troca de palco acontece e novamente o Star Splanged Banner é entoado, o Hino Americano, que está sendo a intro para os shows da turnê do álbum True North e lá estavam de novo, e com muita honra na minha frente, Greg Graffin ( voz ), Mike Dimkich ( guitarra ), Jay Bentley ( baixo ), Brian Baker, ( guitarra ) e Brooks Wackerman ( bateria ), com o True North como ponto de divulgação, a faixa de abertura foi a mesma, Fuck You e com o prazer de cantar algo como menciona na letra, "as vezes não faz nenhum sentido e a maneira mais fácil de resolver é dizer foda-se" e claro que isso causou um "incêndio" no HSBC Brasil com gente até as tampas seguido por Modern Man, com a empolgante e radiofônica, New America do álbum homônimo.

    Depois de New America, a sequencia também foi como na noite anterior, ou seja uma música título de algum álbum e dessa vez foi a True North. Assim como em Santos/SP, Raice Your Voice teve o mesmo impacto, com o público de São Paulo com punho em riste cantando o refrão. O vocalista lembra que excursionar pelo Brasil é bom demais, mas que considera sempre a data do show de São Paulo como especial, pois ele sente muito a energia do público e claro que dizendo isso, todos que já estavam na mão da banda, se derreteram ainda mais.

    Nesta parte do show, me dirigi a parte de trás de onde gosto de assistir e já no final de Raise Your Voice, e olhando para o chão percebi que o mesmo suava, dando o calor de todos, as gotas de suor caindo do corpo davam a sensação que todos tinham tomado uma pequena chuva.

    Após, Wrong Way Kids foi a vez de a excelente A Walk, que após ser anunciada e com todos esperando a música, os segundos que distância o anúncio ao primeiro riff pareciam uma eternidade e com todos cantando um dos maiores hinos da banda, e vê-los da posição que estava com uma vista geral via perfeitamente a interação público com a banda e aqui posso mencionar que foi um dos shows grandes de 2014, e se você pergunta nossa mas já... bem, pergunte a quem foi no Bad Religion em São Paulo.

    E o que dizer de uma sequencia com Big Bang, o clássico Los Angeles Is Burning seguido por I Want To Conquer The World e 21st Century ( Digital Boy ) do Against The Grain, e continuaram a martelar a galera que explodia em rodas com três composições do álbum The Process Of Belief de 2002, que foram "Supersonic", "Prove It" e "Can't Stop It".

    Prosseguiram relembrando músicas dos mais diversos álbuns que dos dezesseis álbuns de estúdio que já gravaram com "Overture/Sinister Rouge", "Struck A Nerve", "You" e "Come Join Us", ou seja, onze deles foram representados neste set list no HSBC Brasil para delírio das novas e antigas gerações de Punk Rockers presentes.

    Após as primorosas execuções de Skyskraper e Anesthesia, o lendário álbum Surffer recebeu um excelente destaque com quatro músicas tocadas nesta sequencia: You Are ( The Government ), a faixa título Surfer, para depois continuarem com How Much Is Enough e Do What You Want. Uma verdadeira sequencia mágica e como ver ver essas faixas ao vivo, já que o Surfer é de 1988 e continua extremamente atual tanto na letra e quanto na musicalidade.

     Próximo ao final, e já chegávamos a quase duas horas de show, vieram mais clássicos com a Beyond Electric Dreams e a Sorrow. E na hora que o 'baixão' de Jay Bentley começou a estalar na intro de Infected esse clássico maior do cd Stranger Than Fiction e única faixa deste no set list foi o famoso chargão sem palavras. Finalizaram com outra do novo álbum True North com a faixa Dept. Of False Hope. Só posso dizer que foi realmente matador até aqui.

    O bis, veio rapidamente com dois hinos punks que não precisam de apresentação, o primeiro foi com a histórica American Jesus com um HSBC Brasil cantando o riff é sempre impressionante e depois com a Punk Rock Song, com todos com o punho para cima cantando "This Is The Punk Rock Song", que  deram a impressão que estávamos na faixa de abertura, porém, já era a penúltima e esta brilhante apresentação terminou com New Dark Ages.    

    Vivenciamos nesta noite no HSBC Brasil uma verdadeira aula de Punk e como é interessante ver a postura da banda, vibrante com seus mais de 50 anos de vida da maioria dos integrantes, agitando muito, um vocalista muito carismático, como ficou fácil observar nas duas apresentações, imagino aqui como ele deve lecionar na Universidade UCLA, pois cantando e gesticulando, Greg Graffin parecia realmente explicando uma matéria de faculdade, neste caso uma tese de doutorado em Punk Rock.

   Reparei ainda que a banda mudou todo o set list de cada show e de cada apresentação, causava aquela sensação de que como fã vê cada show, de maneira única e certamente, o Bad Religion continua dando isso ao máximo a seus fãs e só temos a agradecer.

Texto e Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Cristiane Batista do HSBC Brasil
e a Heloísa Vidal da Free Pass Entertainment
 pela atenção e credenciamento
Março/2014

Set List do Bad Religion

1 - Fuck You
2 - Modern Man
3 - New America
4 - True North
5 - Raise Your Voice!
6 - Wrong Way Kids
7 - A Walk
8 - Big Bang
9 - Los Angeles Is Burning
10 - I Want To Conquer The World
11 - 21st Century ( Digital Boy )
12 - Supersonic
13 - Prove It
14 - Can't Stop It
15 - Overture/Sinister Rouge
16 - Struck A Nerve
17 - You
18 - Come Join Us
19 - Skyscraper
20 - Anesthesia
21 - You Are ( The Government )
22 - Suffer
23 - How Much Is Enough?
24 - Do What You Want
25 - Beyond Electric Dreams
26 - Sorrow
27 - Infected
28 - Dept. Of False Hope 
Encore:
29 - American Jesus
30 - Punk Rock Song
31 - New Dark Ages

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