Dark Tranquility - Brazilian Construct 2014
Abertura: Genocídio
Domingo, 19 de janeiro de 2014
no Clash Club em São Paulo
/SP

    Com 25 anos de carreira, o Dark Tranquility é um precursor da chamada New Wave Of Swedish Death Metal e retornou ao Brasil, mais precisamente em São Paulo, para uma única apresentação, que faz parte da World Construct, tour que divulga o seu ultimo álbum de estúdio.

    Bem, em um domingão ensolarado troco fácil a praia por um show, então às 18h40 já estava em frente do Clash Club esperando a casa abrir, aqui a fila para entrar está grande, um sinal de que a maioria quer entrar logo para ficar bem próxima do palco. A casa é pequena, mas aconchegante e possui vários lugares para os cansados de plantão sentar ( um ponto negativo é o banheiro feminino, quase que totalmente escuro ).

Genocídio

    Às 19h15 e com uma parte do público já dentro da casa, começa a intro Birth Of Chaos, do último cd, lançado em novembro desse ano, o In Love With Hatred da banda de Death Metal Genocídio, e a trupe formada atualmente por Murilo Leite nos vocais e guitarra, Wanderley Perna no baixo, João Gobo na bateria e Rafael Orsi na guitarra é possuidora de EP, LP, Cd´s e DVD ao longo dos quase 30 anos de estrada, também contam com guitarras iradas e cara de mau que ajudam a compor ainda mais o clima extremo dessa banda, mal se posicionam no palco e já mandam a Kill Brazil ( também do último cd ) e eu descreveria essa música como uma bela paulada na orelha... Sem mais, o vocal de Murilo Leite é bem agressivo, mas daqueles que dá pra entender o que se canta.

    Transatlantic Catharsis ( do álbum The Clan de 2010 ) é monstra! Impossível não bangear, é rápida mas também densa, o povo escuta com atenção. Murilo Leite pede punhos ao ar enquanto puxa o "hey, hey", e uma parte da galera acompanha, o final dessa música é um caos sonoro, mas, as luzes usadas nesse momento são aquelas que piscam ao mesmo tempo e parece que todo mundo está em câmera lenta, chato demais, Rafael Orsi e Murilo Leite se aproximam e esmerilham suas guitarras para finalizar a música.

    Murilo Leite agradece quem veio hoje e fala sobre o cd Posthumous de 1996, desse trabalho eles tocam a Cloister, que tem um quê de dançante, meio gótico até, vocal, bumbos e riffs magníficos, alguns conhecem e cantam junto, ao final sempre muitas palmas, mas a grande maioria apenas bangeia muito pouco. Murilo Leite também comenta do novo álbum In Love With Hatred e toca a música tema deste álbum e o trampo de Wanderley Perna baixo é 'fudido' muito legal, o guitarrista Rafael Orsi tem um ventilador apontado para as madeixas, que levanta os seus cabelos e dá um ar de vídeoclipe à cena, sim ele está muito 'muso...'

    Numbness Sunshine do álbum Hoctaedrom de 1993 tem riffs lindos, os músicos não param de bangear um minuto sequer no palco e nas paredes temos projetado o nome da banda, e pelo menos as palmas ao final das músicas são garantidas. E antes da Till Nothing do Us Part ( do In Love With Hatred ), começa um trabalho de videografismo no nome da banda, que está projetada nas paredes, muito bem feito, umas pessoas gritam o nome de algumas músicas ( falei que tinha fã dos caras aqui no meio ), mas, não consigo entender quais são. Esse som é mais arrastado, mas como tudo da banda tem muito peso e energia.


    A próxima escolhida para o set é The Sphere Of Nahemah ( do Posthumous ) outra com um apelo dançante e solo matador, o público se rende mais e mais aos caras. Settimia ( outra do The Clan ) foi a seguinte e teve a participação especial de Roger Lombardi da banda de 'Goth 'N' Roll' Goatlove tanto no cd quanto no vídeoclipe, e particularmente gosto mais das músicas deles ao vivo, pois tem um peso e uma velocidade diferentes que nos álbuns, e durante a execução dessa, uma galera canta junto e tem até um cara dançando na minha frente, o som também é mais cadenciado e não há o que falar de João Gobo e sua bateria impressionante.

    O vídeografismo continua 'correndo solto' nas paredes e a próxima é The Clan, título do cd de 2010, que também tem um clipe, bem legal por sinal, ela começa com um solo de João Gobo na bateria, essa canção é muito boa, me apaixonei de vez pela banda, também com essa qualidade de músicos fica fácil! Eles adiantam que ainda tem mais uma música.

    Uproar do álbum Hoctaedrom pedia uma roda, uns pulos... até um empurra-empurra estava valendo, juro! Tanto que até tentei incitar minha amiga para fazermos uma roda, mas não rolou. Bem, João Gobo mostra suas viradas de bateria, que são um grau a mais nessa música, a minha favorita da banda... junto com a The Clan, que é ótima também! Com muitas palmas, o show acaba às 20h, eles agradecem e saem do palco, a casa está cheia, mas não lotada, dá para andar por ai tranquilamente. Só um grande porém foi escutar a música estilo lounge - ou sei lá o que - durante o intervá-lo entre as bandas.

Set List do Genocídio

1 - Birth Of Chaos (intro)
2 - Kill Brazil
3 - Transatlantic Catharsis
4 - Cloister
5 - In Love with Hatred
6 - Numbness Sunshine
7 - Till Nothing Do Us Part
8 - The Sphere Of Nahemah
9 - Settimia
10 - The Clan
11 - Uproar

Dark Tranquility

    No palco colocam um painel branco para o vídeo e outros dois dos lados com arte da capa do cd Construct. O baterista Anders Jivarp sobe ao palco e aos poucos todos os outros músicos da banda de Death Metal Melódico Dark Tranquillity também se posicionam lá em cima, ou seja, além dele Martin Henriksson e Niklas Sundin nas guitarras, Martin Brändström nos teclados e Mikael Stanne nos vocais já se apresentaram por aqui em 2010 ( confira resenha ) e pelo tanto de comemoração que fazem por aqui toda vez que um músico assume seu lugar, esses quatro anos demoraram a passar, enquanto isso tem um vídeo foi exibido e parece que escuto um "São Paulo!" no meio da gravação, mas pode ser apenas a minha empolgação.

    O som estava muito alto para essa primeira música: a The Science Of Noise do último álbum de maio de 2013, o Construct e o vídeografismo arrebenta! Imagens, efeitos, nome da música, tudo interage com o som que está rolando, Mikael Stanne pega uma bandeira do Brasil com o público e a segura durante toda a música, ele é muito carismático no palco.

    Sem delongas vem a White Noise/Black Silence de 2002 do cd Damage Done e a galera fica  no "hey, hey" os outros músicos são mais compenetrados nesta incrível essa música. Enquanto isso, os trabalhos do telão lembram os 'lyric video', que vemos por aí ( com a diferença que não há aquela linguagem rápida de vídeoclipe e também não está passando a letra completa da música ). Mikael Stanne está sempre muito próximo do público, sorrindo e tocando nas mãos dos fãs, ele pergunta como estamos, que é bom nos ver de novo e que sentiram a nossa falta, ainda complementa: "vocês estão prontos para um pouco de Metal essa noite?"   

    Assim, manda a What Only You Know ( do novo Construct ) e o vocalista faz caras e bocas, essa música mostra o belo trabalho dos caras quando misturam o melódico com o agressivo, é a canção mais bonita desse álbum na minha singela opinião e a galera a minha volta acalma e saca suas câmeras, quem está mais a frente com certeza terá belas fotos, pois os caras são só sorrisos lá em cima. 

 

    Só com a intro The Fatalist ( do álbum de 2010 We Are The Void ) deixou a galera em polvorosa! Os riffs são perfeitos e combinam muito com o teclado, não há mais baixista na banda ( Daniel Antonsson saiu da banda em fevereiro de 2013 antes das gravações do último álbum, agora Martin Henriksson assume o baixo nas gravações e nos shows a banda usa um baixo pré-gravado ). Muita gente grita canta junto, bangeam muito e ainda tem muitas câmeras em volta, Mikael Stanne é um showman, interage demais com os fãs ( visualmente ele me lembra Chad Kroeger o vocalista da banda Nickelback... ok parei com as comparações... ) e ele pergunta "se gostamos do aquecimento?". Olha se esse é só um aquecimento essa noite vai longe...

    A Zero Distance ( do We Are The Void ) vem com o clipe passando no telão atrás dos caras, e nos momentos em que Mikael Stanne canta no vídeo está também cantando para nós... a música dentro da música: Inception! Essa é daquelas que te prendem logo na primeira audição, arranjos originais e elaborados precisa mais? Sim... o teclado de Martin Brändström traz uma atmosfera de OST ( Original Soundtrack ) de filmes de terror psicológico incrível.

    Sempre que acaba alguma música todos gritam Dark Tranquillity sem parar, além de muitas palmas, é evidente a adoração dos fãs a essa banda ícone do Death Metal Melódico, Mikael Stanne nos diz que é ótimo tocar aqui e que tem mais uma do álbum Construct para gente, agora é a vez de The Silence In Between do álbum tem um início meio dance, mas, logo eles partem para o agressivo, com um vocal mais rasgado, nosso carismático vocalista interpreta as músicas seja com as mãos, indo para lá e para cá ou apenas fazendo caretas. A galera está muito sossegada para o meu gosto, escutam com atenção, cantam e bangeiam, mas essa música merecia pelo menos uns pulos.

    Mikael Stanne, o empolgado, nos diz que somos legais e que o próximo som é um pouco diferente do que vimos até agora e anuncia a The Mundane And The Magic ( do cd de 2007, o Fiction ), essa é de uma outra fase da banda, com muitos dedilhados e também mais cadenciada, essa música tem a participação Nell Sigland da banda Theatre Of Tragedy nos vocais, cada vez mais os vídeos ficam cada vez mais lindos, tem estátua, flor desabrochando, beija flor em câmera lenta, tudo em tons de cinza... não consigo tirar os olhos do vídeo... sabe como é formada em audiovisual... Mikael Stanne aponta para o Martin Henriksson e seus riffs impecáveis, essa música é mais calma, mas é cantada a plenos pulmões por todos, tanto que Mikael Stanne, o impressionado, até para de cantar para nos ouvir.

    Mikael Stanne, impressionado com nosso vozeirão pede ajuda para cantar a Monochromatic Stains de 2002 do cd Damage Done e vale dizer, essa é bem enérgica, toda música com vocal entre o gutural e rasgado, de uma fase mais pesada e flertando mais para o lado do Death, essa música também possui um artístico vídeoclipe passando ao fundo. A próxima é The Wonders At Your Feet do álbum Haven de 2000 e Niklas Sundin está sempre andando por todos os cantos do palco e agitando muito, o solo é fofo e a música me soa bem alegre... Ok!!! não são os melhores adjetivos para uma banda de Death Metal, mas a verdade é que dá vontade de fazer uns passinhos nessa música.

    To A Bitter Halt ( do Projector de 1999 ) foi a seguinte e é a partir desse álbum que entram os teclados na banda e também o uso de vocais limpos, essa composição tem um pouco de tudo isso, porém, o que mais me encanta nela é a bateria de Anders Jivarp e todo o trabalho harmonioso das guitarras ( ouça! ). Mikael Stanne agradece e nos conta que a próxima vem lá de 1995 é a Silence And The Firmament Withdrew do segundo álbum dos caras, o The Gallery, essa é de uma época em que eles flertavam mais com o Death Metal, esse som é um pouco mais arrastado e pesado, a galera da uma relaxada total, mas sempre escutando atentamente, alguns poucos bangues por aqui... sério tem umas horas que parece que a galera ainda está de ressaca do fim de ano. Mikael Stanne, o solidário, nos agradece por virmos hoje, já que amanhã é segunda e temos muitas coisas a fazer ( trabalho, estudo, etc.)  um verdadeiro gentleman...

    A próxima é Terminus ( Where Death Is Most Alive ) do cd Fiction e essa acorda todos pela execução destruidora. O pessoal reage pulando muito, no palco muitos sorrisos e bangues até do escondido, e contido, Martin Brändström. Infelizmente, no meio dessa música eu passo meio mal e saio do meio da pista, entre tomar água, esperar melhorar, não melhorar, ser orientada pelos funcionários da casa a falar com a bombeiro, que me atendeu super bem e aferiu minha pressão; acabei perdendo a apresentação das músicas seguintes, entre elas State Of Trust ( do Construct ) nessa há um entrosamento com o agressivo e o melódico perfeito, desse álbum é a minha favorita.

    Também a Endtime Hearts ( outra do Construct ), que é música fabulosa que eu gostaria de ter visto ao vivo para trazer mais detalhes. Seguiram com ThereIn ( do cd Projector ) e seus riffs cativantes dispensa, apresentações, já que é quase o hino da banda, as boas línguas me contaram, que nesta música o público cantou intensamente e agitou bastante e por fim, enquanto me reestabelecia, foi a vez de  Lost To Apathy ( do álbum Character de 2005 ), mais rápida e enérgica, muito boa para bater cabeça!

    Volto para dentro do Clash Club e eles já tinham saído do palco para o encore. Lembra que eu falei que tinha uns bancos para os cansados de plantão, bom foi lá que me instalei até o fim do show, ouvindo os gritos insistentes dos fãs para que a banda voltasse a subir no palco. Logo eles reassumem seus postos e Mikael Stanne pergunta se queremos mais uma música ( eu particularmente gostaria que eles voltassem nas músicas que não pude ouvir, mas... ) diante da gritaria generalizada, ele diz que vai ver o que podem fazer por nós e trazem a bela e melancólica Lethe ( do The Gallery ), o público absorve cada nota e canta a plenos pulmões, simplesmente mágico.

    Sem conversas eles mandam a Punish My Heaven ( mais uma do The Gallery ), que chega com os dois pés no peito, bateria agressiva, riffs velozes, mas melódicos e o pessoal enlouquece no "hey hey", essa botou fogo na casa, pois vi muitos bangueados violentos, todos acompanham nos "ôôôôôô" com punhos ao ar.

    Mikael Stanne diz: "muito obrigado por virem essa noite, essa é a nossa última música: Misery's Crown", e a composição do álbum Fiction vem para fechar o set com chave de ouro, como é a última músicos e plateia se superam na animação, o trabalho nos teclados de Martin Brändström é 'foda', é essencial, enquanto que Mikael Stanne faz parecer facílimo ir do vocal limpo para o gutural o tempo todo, enquanto rege toda a pista, a galera pula e canta bangeando muito.

   

    Ao final todos os músicos vem cumprimentar a galera, Mikael Stanne manda um 'cheers' para gente e diz: "amo vocês e vejo vocês logo!" Dez minutos depois que o show acabou Mikael Stanne, o carismático, desce do mezanino e já é logo cercado por fãs cumprimenta e conversa rapidinho, já que logo tem que sair.

    As expressões na saída do Clash Club resumem a noite: sorrisos, amigos e comentários sobre escutar aquela música que marcou uma fase, pois é nada melhor que começar o ano acompanhada dessas duas bandas de peso, que além de muita qualidade, possuem uma importância inquestionável na história do Metal, por não se renderem ao mais do mesmo e se permitirem ousar e renovar em cada novo álbum.

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: cortesia de Ronaldo Chavenco
Agradecimentos à Costábile Salzano Jr.
pela atenção e credenciamento
Fevereiro/2014

Set List do Dark Tranquility
1 - The Science Of Noise
2 - White Noise/Black Silence
3 - What Only You Know
4 - The Fatalist
5 - Zero Distance
6 - The Silence In Between
7 - The Mundane And The Magic
8 - Monochromatic Stains
9 - The Wonders At Your Feet
10 - To A Bitter Halt
11 - Silence, And The Firmament Withdrew
12 - Terminus (Where Death Is Most Alive)
13 - State Of Trust
14 - Endtime Hearts
15 - ThereIn
16 - Lost To Apathy
Encore:
17 - Lethe
18 - Punish My Heaven
19 - Misery's Crown

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