Joe Satriani - The Unstoppable Momentum World Tour 2014
Abertura: Dead Little Chicken
Quarta, 1º de Outubro de 2014
no Citibank Hall em São Paulo/SP
 

    Joe Satriani, guitarrista que foi professor de nomes como Alex Skolnick ( Testament ), Kirk Hammett ( Metallica ) e Steve Vai, já realizou uma turnê ao lado do Deep Purple  ( após a saída definitiva de Ritchie Blackmore da banda e só não foi efetivado porque estava mais interessado na sua própria carreira ), criou o G3 em 1996, e a partir de então alternou sua brilhante carreira solo com shows ao lado de nomes como Michael Schenker, Eric Johnson, Andy Timmons, Robert Fripp, Paul Gilbert, John Petrucci, Leslie West, Yngwie Malmsteen. Se não bastasse, desde 2009 integra o supergrupo Chickenfoot junto a Chad Smith na bateria ( Red Hot Chilli Peppers ) e os ex-Van Halen Sammy Hagar nos vocais e Michael Anthony no baixo.

    Seja com o G3 ou em shows solo, Joe Satriani sempre passou pelo Brasil, e desta vez, o herói da guitarra, que possui 10 milhões de álbuns vendidos e 14 indicações ao Grammy retornou ao país para apenas duas datas da turnê de divulgação do álbum Unstoppable Momentum, o décimo quarto álbum da carreira, que foi lançado em 2013, sendo uma em São Paulo/SP e outra em Brasília/DF.

     E mesmo em plena quarta, o Citibank Hall recebeu um grande público para acompanhar toda a virtuose que o americano Joe Satriani realiza em suas guitarras Ibanez. Entretanto, antes do espetacular guitarrista tivemos uma banda de abertura, então vamos à ela.

Dead Little Chicken

    Às 20:30, a banda de abertura do show do Joe Satriani, o Dead Little Chicken subiu no palco do Citibank Hall e pelo nome imaginei que se tratasse de um cover do Chickenfoot ou uma banda voltada para uma linhagem Hard Rock, ledo engano, pois o quarteto paulistano formado por Fernando Ferrari ( vocal e guitarra ), Andre Kbelo ( guitarra ), McKoy ( baixo ) e Eduardo Perucci ( bateria ), é praticante de um Rock´n´Roll pesadão que passa influências de Motörhead e Black Label Society em letras cantadas em português, que estão presentes em seu single Nenhum Passo Para Trás, lançado em 2014. E outra coisa que chamou a atenção foi o visual dos músicos, pois três deles eram carecas e com uma longa barba, inclusive um roadie também compartilhava desse visual.

    No palco, o Dead Little Chicken iniciou o show com Nenhum Passo Para Trás com uma pegada agressiva de vocais e guitarras, que seguiu com Dia Ruim, que foram bem recebidas pelos presentes. Muito importante de se citar nesta resenha é que eles somente executaram composições próprias como a seguinte, O Preço.

    E então, o vocalista foi agradecer a importância de estar abrindo para o Joe Satriani, mas faltou um pouco de amadurecimento neste agradecimento, pois não se pode dizer que "queremos agradecer a oportunidade, mas nosso som não tem nada a ver com esse aí que vai tocar". Sem querer polemizar, mas o "esse aí" dito por ele é só apenas um dos mais influentes, virtuosos e competentes guitarristas que temos no planeta. Fica a dica: se você está possui uma banda e está começando a trilhar seu lugar ao sol, não é assim que chegará ao sucesso, tenha respeito.

 

    Bem, continuando com sua fala, ele avisa que a próxima é uma letra de Arnaldo Antunes e a canção Para Raio é tocada com seu ritmo cadenciado, distorcido e pesado. Com uma bela introdução feita no baixo de McKoy o Dead Little Chicken executou a canção FCKD, que passou uma linhagem bastante pesada e a dupla de guitarras solou com a devida agressividade, inclusive o guitarrista Andre Kbelo agitou significativamente. Para terminar a curta exibição tivemos Acorrentando Furacões, que é um pouco mais rápida, com solos firmes de guitarras e uma presença bem forte no baixo e antes de encerrar, Fernando Ferrari agradece novamente pela oportunidade e então termina com a  agressiva Rápido Demais.

    Sempre é importante abrir espaço para bandas novas para que tenhamos uma renovação no Rock Brasileiro, porém, a banda de abertura deveria possuir uma ligação musical maior com a atração principal, e com tantos excelentes guitarristas brasileiros que temos, um show de um deles ou mesmo a banda que alguns deles participam seria mais adequado para a abertura. Entretanto, o Dead Little Chicken teve a oportunidade, agarrou com força e mostrou seu potencial em um ótimo show de aproximadamente trinta minutos, com pegada forte, agressiva e muita distorção.

Set List do Dead Little Chicken

1 - Nenhum passo para trás
2 - Dia Ruim
3 - O Preço
4 - Para Raio
5 - FCKD
6 - Acorrentando Furacões
7 - Rápido Demais

Joe Satriani

    O retorno de Joe Satriani nos palcos brasileiros foi após dois anos, porém, em 2011, estava a bordo do G3 ao lado de John Petrucci e Steve Morse ( confira matéria ) e sua entrada no Citibank Hall foi às 21:30 para uma ansiosa plateia, que o recepcionou com muita empolgação. Ao lado de Marco Minnemann ( bateria ), Bryan Beller ( baixo ) e Mike Keneally ( teclados e guitarra ), Joe Satriani iniciou o show com Jumpin´In do novo The Unstoppable Momentum, com riffs precisos e uma linhagem Rock envolvente, que garantiu os primeiros "hey..hey..." dos fãs e passou a magia do que seria o show.

    E além da técnica em cada nota da música, ele demonstrou muito carisma com sua atitude de caras e bocas a cada solo, inclusive com seu indefectíveis óculos escuros. Intensamente aplaudido, Joe Satriani continua o show com Devil´s Slide ( do Engines Of Creation de 2000 ) e muito sorridente, ele se movimenta pelo palco um pouco e para somente quando sola sua guitarra Ibanez laranja, aliás, os solos que temos aqui são enfeitiçantes.

    Depois, com o grande telão atrás do palco exibindo imagens de paisagens e a excelente iluminação do show - que interagia com os músicos em tonalidades azuis - recebemos a climática Flying In A Blue Dream, título do álbum de 1989, e neste ambiente tranquilo, proporcionado pelos teclados de Mike Keneally somos conduzidos à uma excelente sequencia de cintilantes solos de Joe Satriani, com direito até algumas distorções daquelas que quem aprecia uma guitarra pensa: "faça ela gritar Joe....", como eu pensei.

    Entre muitos aplausos eufóricos dos fãs, antes de prosseguir, o guitarrista vai ao microfone nos dá o "boa noite", avisa que é muito bom estar de volta e diz que nos ama, para então anunciar a Unstoppable Momentum, a pesada música título do novo cd, inclusive com solos mais Heavy Metal pelas suas melodias, que trazem um alto grau de envolvência e terminam em solos altamente distorcidos, porém, com a excelente equalização que presenciamos no Citibank Hall, o que notou-se foi a exuberância de cada nota.

    Para a emblemática The Weight Of The World ( também do Unstoppable Momentum ) o telão exibe imagens da correria de uma grande cidade, enquanto Joe Satriani e os demais nos enviam melodias viajantes, daquelas que são para se fechar os olhos e sentir a música ( e certamente, alguns fizeram isso... ). Depois eles apresentam a primeira do platinado Surfing With The Alien de 1987 com a Ice 9, que passa seus encantos e provoca alguns "ôôôôô" entre os presentes, e aí o desfile de virtuosos solos de guitarras vão a um nível atingido somente por poucos.

    Quando Bryan Beller realiza um solo grandioso em seu baixo, Joe Satriani cobra palmas das plateia e é atendido junto aos "hey...hey..." e então sola sua guitarra novamente de uma forma que você sente que ele está colocando o coração e a alma nos solos, além de fazer vários improvisos nos duelos realizados com Mike Keneally em uma linha mais voltada para o Blues com riffs que prendem a atenção e que causaram uma participação da galera. E então, o guitarrista apresenta e enaltece cada um dos seus companheiros de palco.

    Sem delongas, The Crush Of Love ( do EP Dreaming 11 de 1988 ) continua com o set em uma harmonia que passou muita emoção com direito a um breve e empolgante solo de baixo, isso sem contar os solos com os dentes de Joe Satriani e novos duelos com Mike Keneally em evoluções simplesmente fantasmagóricas, que foram acompanhados de perto pelo baterista Marco Minnemann, que terminaram de uma forma mais Heavy Metal. E a estrela do show, próximo ao final desta música, ainda realizou efeitos surreais com suas mãos ( nesta recomendo você caçar o vídeo no Youtube ).

    Com melodias progressivas que me lembraram do Pink Floyd e vitrais de igreja no telão, a curta e bela I'll Put A Stone On Your Cairn se liga a energia da soberba A Door Into Summer, ambas do Unstoppable Momentum, que criaram um momento único no show, daqueles que emocionaram quem esteve presente, ainda mais com toda a vibração que os quatro músicos nos passaram.

    Mike Keneally vai aos teclados para as primeiras notas de Lies and Truths, mais uma do novo cd que foi tocada na sequencia, e aqui tivemos um estilo um tanto espacial com várias imagens no telão que nos ligaram ainda mais a música, com direito a mais outra dosagem grande de solos únicos de Joe Satriani, que somados aos de teclados, passaram uma áurea setentista magnífica.

    Com repiques na bateria de Marco Minnemann, que ajudaram a inflamar ainda mais cada um de nós, eles sacaram a Satch Boogie do Surfing With The Alien, que entrou com a rapidez que a tornou uma das mais clássicas canções do guitarrista, que a sola de forma alucinante e sendo assim, aplaudido com fervor e pouco antes do fim, ele aplicou solos quase indescritíveis em sua Ibanez laranja.

    Nesta hora, ele nos pergunta se ainda estamos bem, ganha um forte "yeaahhhh" e sorridente com a resposta obtida, anuncia mais uma nova, a Shine On American Dreamer, cujo andamento estradeiro ficou evidente pelo ritmo e pelas imagens no telão de forma que suas melodias pesadas pudessem nos ajudar a viajar. Mais uma vez, no término da música, Joe Satriani aplica solos repletos de improvisos, que se interligam na Three Sheets To The Wind, composição nova que passa um clima 'Hollywoodiano' em sua harmonia e um ritmo mais dançante, que recebe palmas dos fãs em alguns trechos.

    Em Cryin´ ( do The Extremist de 1992 ) Joe Satriani e Mike Keneally ( agora nos teclados ) passam um ritmo progressivo dos mais fascinantes que te 'plugam' na música instantaneamente, ou seja, não pode-se curtí-la sem viajar, sem sentir seu clima espiritual e deveras emocionante forjado pelos solos do nosso Guitar Hero. E o que tivemos nesta música foi um dos mais belos e emocionantes momentos do show nesta noite no Citibank Hall.    

    Enquanto Joe Satriani partiu para um breve descanso, o admirável Marco Minnemann iniciou seu solo de bateria com muita habilidade, que foi ganhando a plateia a maneira que ele o executava, pois ele pedia para que nós gritássemos e foi atendido com vários "eeeeeiiii", "uuuhhh" e "Rooock´n´Rooollll" dos presentes, que apreciaram bastante sua atuação.

    É não foi por acaso que ele está tocando com Joe Satriani, que retornou ao palco com uma Ibanez nas cores azul e vermelha para tocar a canção Time Machine, título do álbum de 1993, que ganhou disco de ouro. Nesta música, o guitarrista em alguns instantes gesticula para que nós também erguêssemos nossas mãos em um sinal de adoração, e bem fizemos, pois estávamos adorando o show.

    Com um certo suspense enquanto Joe Satriani trocava sua guitarra para a Ibanez laranja chegamos na música mais aguardada e provavelmente a mais conhecida de sua carreira: a radiante balada Always With Me, Always With You do clássico Surfing With The Alien, que recebeu muitas palmas e "ôôôôôôô" no ritmo, além de um enorme sentimento de prazer ver sua execução.

    Prosseguindo com ainda mais eletricidade eles tocaram a rápida Surfing With The Alien, que encheu nossa alma de alegria com seus deslumbrantes riffs. E por conta de estar encerrando a primeira parte do show, Joe Satriani solou sua guitarra com uma bravura e com improvisos majestosos, que o ajudaram a tornar-se o impecável músico que é. E antes de sair ele nos agradece novamente, apresenta a banda e é apresentado pelo Marco Minnemann no melhor estilo de "locutor de UFC" sendo efusivamente aplaudido.

  Aos gritos de "Joe...Joe" e vários assovios da extasiada plateia do Citibank Hall, eles retornaram para o bis com Crowd Chant, a única do Super Colossal ( de 2006 ) no set com repiques de bateria devidamente acompanhados de "hey..hey" dos fãs e riffs mais pesados. Entretanto, Joe Satriani realizou solos com paradas para que nossa participação nos "ôôôôôô" fosse compartilhada tanto por ele quanto por nós, e isso meu amigo colocou fogo no Citibank Hall, tanto que afirmo: que maravilhoso foi assistir os seus solos que vieram na sequencia de seu andamento.

 

    Notadamente se divertindo bastante, ele ameaça com os solos da música seguinte pedindo que essa interação continuasse mais e mais até que isso estoure na excelente Summer Song ( do The Extremist ), que também por ser outra muito conhecida passou muita adrenalina em cada um de nós, ainda mais pelo tanto que Joe Satriani solou e alongou a composição. Aliás, nos riffs finais, ele vai ao limite e nos brindou com toda sua majestade em um final espetacular.

    Muito contente, ele novamente cita seus músicos, nos agradece e deixa o palco enquanto nós, ainda meio fora do ar, começávamos a perceber que era hora de ir embora... mas, felizes da vida.

    E fico aqui pensando.... tem gente que fala que shows que são somente instrumentais são chatos, que não tem emoção, que não são legais.... bem será que eles conhecem Joe Satriani, pois este senhor de 58 anos de idade provou porque é ainda um dos semideuses da guitarra, afinal, segundo a mitologia grega, um semideus é alguém que é mais forte que um humano normal e que em muitas vezes foram agraciados com alguma habilidade sobre-humana, bem nosso Guitar Hero possui a habilidade de tocar sua guitarra de forma eletrizante e também a capacidade de realizar um show com muito carisma em mais de duas horas.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Tatiana Ito e à equipe da T4F
pela atenção e credenciamento
Outubro/2014

Set List de Joe Satriani

1 - Jumpin' In
2 - Devil's Slide
3 - Flying In A Blue Dream
4 - Unstoppable Momentum
5 - The Weight Of The World
6 - Ice 9
7 - The Crush Of Love
8 - I'll Put a Stone On Your Cairn
9 - A Door Into Summer
10 - Lies and Truths
11 - Satch Boogie
12 - Shine On American Dreamer
13 - Three Sheets To The Wind
14 - Cryin'
15 - Drum Solo
16 - Time Machine
17 - Always With Me, Always With You
18 - Surfing With The Alien
Encore:
19 - Crowd Chant
20 - Summer Song

 Clique aqui e confira uma galeria de 180 fotos dos shows de Joe Satriani e Dead Little Chicken no Citibank Hall em São Paulo/SP

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