Kamelot - Silverthorn Over South America 2014
Domingo, 09 de fevereiro de 2014
no Carioca Club em São Paulo/SP

    Chego na porta do Carioca Club por volta das 18h e a fila já está dando a volta no quarteirão, um bom sinal, depois do papo entre amigos entro na casa que já está bem cheia, tanto pista quanto mezanino. Às 19h45 testam o som e os instrumentos, junto com as famigeradas 'fumacinhas', mais dez minutos depois surgem as regras de segurança do Carioca Club, quando acaba a galera começa a gritar achando que ia começar, mas não, rolam ainda mais algumas músicas, as que mais animam são do Rammstein e Slipknot. No palco, o telão escrito Kamelot, a bateria está em cima de uma base, enfeitada com o tema do último álbum, junto com o bumbo duplo da bateria, aqui dentro faz muito calor.

    O Kamelot é uma banda de Power/Rock/Metal/Prog Metal, isso só para citar alguns gêneros que eles se encaixam, ao longo dos mais de 20 anos de estrada. Uma curiosidade, em todas as vezes em que tocaram no Brasil foi com um vocalista diferente: em 2005 vieram com Roy Khan ( confira resenha do show em São Paulo/SP ) em 2011 com Fabio Lione ( Rhapsody Of Fire, Vision Divine e também no Angra ) e hoje eles trazem pela primeira vez o vocalista Tommy Karevik ( que também canta na banda de Metal Progressivo Seventh Wonder ).

    E finalmente às 20h10, todos podem enlouquecer com a intro Manus Dei do último cd de 2012, o Silverthorn, as luzes interagem com o som, enquanto que sem aparecer Tommy Karevik pergunta se estamos prontos, cada vez que um músico sobe no palco é maior o caos a minha volta, e o pandemônio está completo quando Tommy Karevik aparece para começar a Torn ( também do último  cd ), Thomas Youngblood e Sean Tibbets vem até a ponta e em cima da base e ao lado do baterista Casey Grillo, uma musa que está toda vestida de branco e com uma máscara digna de carnaval da Lady Gaga, Alissa White-Gluz ( vocalista da banda canadense The Agonist ).

    O que dizer desses riffs? É uma daquelas músicas que o refrão gruda na mente. Durante quase toda a música Sean Tibbets pula e nós pulamos com ele. Tommy Karevik cheio de trejeitos e pede para prestarmos atenção ao solo de Thomas, enquanto isso o escondido tecladista Oliver Palotai bangueia muito.

    A próxima é a rápida Ghost Opera ( do álbum Ghost Opera de 2007 ) e Tommy Karevik esbanja dramaticidade ( parece instrutor de academia quando manda batermos palmas ) a galera tem essa na ponta da língua, ele se abaixa até o público e pede: "Vamos! Quero ver as mãos para o alto!" O pessoal responde a tudo: seja com palmas, heys, pulando ou cantando. No palco todos da banda estão sempre de um lado para o outro.

    Na pausa entre as músicas Tommy Karevik conversa conosco: "Thank you and make some noise São Paulo!!!" A galera responde rápida: "Kamelot, Kamelot". Ele prossegue: "Tudo bem com vocês?" ( Respondemos com um sonoro sim ) e ele: "Perfeito, vocês estão prontos para a festa? já me disseram que vocês são ótimos".

    Então pede palmas e apresenta Thomas Youngblood, que começa a introdução de The Great Pandemonium ( do disco Poetry For The Poisoned de 2010 ) e nessa a Alissa White-Gluz sai do palco, enquanto pulamos enlouquecidamente. Essa música é de uma fase mais obscura e pesada da banda, a música tem um clip muito legal com Björn “Speed” Strid, vocalista do Soilwork, mas, ao vivo não consegui escutar os guturais dele, enquanto isso Oliver Palotai bangueia tanto,  que parece que vai bater a cabeça no seu teclado.

    Tommy Karevik agradece e pede para levantarmos as mãos para a poderosa Veritas ( outra do novo Silverthorn ). Alissa White-Gluz volta sem a máscara, linda demais e no meio da música ela desce e vem cantar ao lado de Tommy Karevik , onde o pessoal aproveita para sacar as câmeras digitais para registrar toda beleza de Alissa White-Gluz bem de perto e ainda ouço uns 'gostosa' jogados aleatoriamente, todos acompanham o 'oooh', ela pede "hey, hey", além de gritar: "São Paulo!" com uma voz tão fofa quanto de um personagem infantil, Tommy Karevik aproveita o fim da música para apresenta-la para nós. A galera grita "Alissa, Alissa".

    Ao fim, Tommy Karevik pergunta se estamos prontos para uma música clássica do Kamelot e antes de terminar pronuncia a frase: "Center Of The Universe" ( do cd Epica de 2003 ), é rápida e ( gritada ) cantada em uníssono por todos, a paixão pelas músicas é evidente em cima do palco e também na pista, pulos, punhos ao ar, palmas tudo junto e misturado no refrão, na parte mais calma todos batem palmas, é um espetáculo para os olhos ver esses músicos! Tommy Karevik pede: "Eu quero que vocês cantem! Estão prontos? Vamos cantar juntos".

    Na Soul Society ( do The Black Halo de 2005 ) tenho a sorte de encontrar um vão de pessoas baixinhas a minha frente, para sentir a seriedade deste fato, eu nunca... Eu disse nunca! Consegui ficar em um show que não houvesse pessoas mais altas que eu na minha frente e não adianta mudar de lugar, porque os mais altos sempre estarão lá! Agora eu consigo ver tudo o que acontece no palco... Lucky!

    Nem metade do set foi tocado e já estamos todos suados, Thomas Youngblood vem até o meio do palco e nos pede para agitar, depois pede para acompanharmos a música com as mãos ao ar, e segue vagando pelo palco cantarolando esta canção... Show! Nisso, o baixista Sean Tibbets e suas longas trancinhas louras, tem um jeito de agitar que me lembra o estilo Nu Metal, ou seja, um jeito Korn de banguear, a minha volta ninguém fica parado em nenhum momento.

    Tommy Karevik agradece e conta que para a festa ficar perfeita temos que acalmar um pouquinho as coisas, a próxima música é sobre uma garota... A Song For Jolee do Silverthorn, também pede que acompanhemos com os braços para o alto, já saco o meu isqueiro virtual do celular, porque essa balada merece. Ele esbanja interpretação para uma plateia de câmeras. Marmanjos emocionados 'detected! Abraços de amigos has beem planted!' Mais da metade da música é apenas com vocal e teclado, nela Tommy Karevik pode mostrar todo seu potencial. A música é cantada do início ao fim e todos gritam felizes ao fim "Tommy, Tommy!".

    "Vocês estão preparados?" Diz o confiante Tommy Karevik para uma pista apaixonada, logo começa a empolgante Rule The World ( do Ghost Opera ), nessa música Alissa White-Gluz volta com um figurino digno de Elvira, a rainha das trevas ( peruca e vestido pretos ) e do nada aparece Tommy Karevik com um celular da plateia, aproveita para gravar os músicos e também filmar um pouco de 'selfie', além de cantar e claro interpretar tudo dramaticamente, o teclado é lindo, até o Casey Grillo bangueia entre uma baquetada e outra. Às vezes, penso se é um pré-requisito tanto drama para cantar nessa banda.

    E a galera pede Mephisto, mas, o vocalista apresenta Casey Grillo para um solo de bateria, com o calor que está fazendo, a galera começa a sair da frente do palco e eu me jogo para lá, incentivamos o solo com "hey" e palmas, as luzes interagem com o som da bateria nesse momento, ( fodido ) incrível. Ele aproveita seu momento com caretas, língua para fora, faz pose de pé na batera e 'mais loko que o batimá', começa a socar os pratos...  

    Na volta ao palco Tommy Karevik nos avisa que vai começar a ficar escuro por aqui, porque essa é a rápida e melódica When The Lights Are Down ( mais uma do The Black Halo ) é estamos juntos com as palmas sincronizadas de Alissa White-Gluz e Tommy Karevik ( que depois brinca de maestro conosco ), enquanto o vocalista pede para fazermos roda e o baixista Sean Tibbets dá seus vários pulinhos, um roadie ninja se arriscar a mexer na bateria enquanto Casey Grillo esmerilha o instrumento.

    E de onde estou fica difícil ouvir o backing vocal de Alissa White-Gluz, ao final da música Tommy Karevik tenta falar algo, porém, gritamos Kamelot tão alto, que ele interrompe o que ia dizer, depois que acaba nosso fôlego, ele diz que somos barulhentos... Eu diria empolgados, muito empolgados!

    Quando a música termina e vem aquela pequena pausa, escutamos do nada o início da música The Final Countdown ( do Europe e título do clássico cd The Final Countdown de 1986 ), todos acompanhamos no oooh, para os músicos sorridentes, Tommy Karevik conta até três e quer que gritemos o mais alto que pudermos, e no primeiro a pergunta: "vocês estão prontos?"


 

    A gritaria é total, quando chega o terceiro já estamos fazendo muito barulho, Thomas Youngblood não perde um minuto e grava tudo com uma câmera de vídeo, sem mais delongas vem a Sacrimony ( Angel Of Afterlife ) do novo álbum Silverthorn, essa música tem um clipe muito bem produzido e cheio de efeitos, com a participação de Elize Ryd ( vocalista do Amaranthe que não pode vir nessa turnê ) e também de Alissa White-Gluz, que toda irreverente, faz sinal que agora é a vez dela e nos mostra o seu gutural. É uma música mais reta e pesada desse último álbum.

    A dançante The Human Stain ( do Ghost Opera ) vem mostrando que a troca de vocalistas não afeta em nenhum momento as músicas, o que é muito impressionante. Essa também possui um vídeo, com uma pegada 'vintage', muito legal e sempre cheio de efeitos especiais e videografismo.

    Bangeando e pulando muito, Thomas Youngblood e Sean Tibbets nunca ficam parados, Tommy Karevik nosso dramático multi-instrumentista, faz notas na guitarra enquanto Thomas Youngblood dá suas palhetadas, é um guitarrista animado, além de mandar beijos para o mezanino, volta para cima das caixas de retorno, conta até seis e nos acompanha no "hey hey", luzes e as infames fumaças voltam em cima dele 'só para ajudar os fotógrafos'.

    Tommy Karevik pergunta: "Vocês estão se divertindo, porque eu estou me divertindo muito com vocês, querem mais? Eu vou ficar muito feliz se vocês cantarem Don’t You Cry comigo!" Ele e Thomas Youngblood se sentam no palco, junto com o tecladista Oliver Palotai para tocar a emocionante Don’t You Cry ( do disco Karma álbum de 2001, essa música é uma homenagem ao pai do guitarrista, que faleceu quando ele tinha 12 anos ). Todos no "ôôôôô" e quase no fim ele para de cantar e fazemos um coro lindo.

    My Confession ( do recente Silverthorn ) é poderosa, daquelas que você se pega cantando o refrão por ai, também é a minha favorita desse último cd, mais uma que tem clipe e esse em particular mostra bem a dramaticidade de Tommy Karevik. Alissa White-Gluz dança com o pedestal do microfone, a cada solo de guitarra, o vocalista dá sempre uma escapada para um copo d’água, mais uma em que cantamos em alto e bom tom.

    Ele aproveita e apresenta Oliver Palotai que faz o seu solo da noite, tão dramático quanto Tommy Karevik e Alissa White-Gluz ( sim... deve existir o curso de interpretação Kamelot em algum lugar por aí! ) a ele se junta Casey Grillo e sua bateria criativa, eles produzem um som bem dançante, Thomas Youngblood não se aguenta, vem até a frente animar a plateia e puxar as palmas, todos gritam o nome do Oliver Palotai.


 

    Só com as primeiras notas de Forever ( do Karma ) já esquentamos a pista e o baixista Sean Tibbets pede palmas para o Thomas Youngblood e seus belos riffs, o caos acontece quando aumenta a velocidade da música, a bateria é soberba, banges e palmas, todos no palco e na pista tem as músicas na ponta de língua, outro roadie ninja aparece desta vez arrisca seus dedos nos pratos da bateria de Casey Grillo... Muito corajoso!

    Sean Tibbets se junta a Tommy Karevik e juntos fazem graça, o baixo dessa música é lindo, Thomas Youngblood joga muitas garrafas d’água para nós, além brinca de mágico com o vocalista, que nós mostra do nada uma palheta em suas mãos! ( não é apenas uma escola de teatro, mas sim escola de artes circenses Kamelot ), pede que todos acompanhem no "oooh" e nós acompanhamos, bem que ele gostou da nossa performance, mas para mostrar quem manda no palco ele solta um "oooh" que dura muito tempo, depois solta um "myyyyyy wayyyyy", enquanto olha no relógio para fazer um charme.

    Os músicos vem até a ponta do palco e enquanto se despedem, a galera pede March Of Mephisto, não satisfeitos gritam "Kamelot, Kamelot", o sorriso dos músicos diz tudo, nossa nem percebi em que música Alissa White-Gluz saiu do palco, do nada é lançado um "olê, olê, olê...olê kamelót, kamelót", ( desse jeito que eu escrevi, não rimou, mas ficou bonitinho).

    As luzes piscam ao nosso ritmo, Sean Tibbets volta muito empolgado e mexe com o povo, pedindo para um lado da pista gritar e depois vai para o outro e fica trocando de lado rapidamente, depois emenda um pequenino solinho de baixo, chega o momento do "vai corintia!". Bem, agora sim Sean Tibbets se prepara para o verdadeiro solo: assume a pose e amarra suas várias tranças que agora a porra é séria, faz um baita som com o Casey Grillo, além de fazer notas de guitarra no baixo ele é um arraso...

     Todos os músicos voltam, alguém do meu lado grita "é Mephisto?" Não... E a galera se desespera, Alissa White-Gluz volta num modelo mais sexy: calça apertada, corset ( e que belo corset ) e bota. É fato Alissa White-Gluz também frequenta aulas de drama da escola Kamelot. Essa é The Haunting ( Somewhere In Time ) do cd The Black Halo e a vocalista se junta ao baixista e juntos bangeiam como gente grande, na verdade todos os músicos são carismáticos e enérgicos. Tommy Karevik fala que nos ama e que voltarão logo.

     Agora sim! O momento que tanto esperei... KARMA!!! ( do álbum de mesmo nome ), nessa música me esquece, porque no momento estou pulando, bangeando e cantando, tudo ao mesmo tempo com toda a pista e mezanino. Tommy Karevik brinca com os cabelos do Sean Tibbets ( hey... this is bulling! ) improvisando uma peruca de trancinhas.

  Tommy Karevik avisa, com seu jeito de instrutor militar: "São Paulo é melhor fazer barulho, porque essa é a March of Mephisto" ( do clássico The Black Halo ), para delírio geral da nação, só a intro já acaba com metade do coração de todos os presentes, essa é fantástica, Alissa White-Gluz volta para nós, todo o Carioca Club do chão ao mezanino no "hey hey". Casey Grillo não aguenta e finaliza a música em pé.

        Tommy Karevik agradece, faz charme, bate palmas,Thomas Youngblood pega uma baqueta e toca nos pratos da bateria também, Sean Tibets é o rei da palhetas e mais garrafas águas jogadas para a pista, todos os músicos agradecem, enquanto gritamos Kamelot, o guitarrista nos traz uma bandeira grande do Brasil para tirar foto conosco, eles nos cumprimentam juntos e mais fotos. Alissa White-Gluz vem até a ponta cumprimentar os fãs, e um incansável Thomas  Youngblood ainda vem brincar com a gente antes de ir, para finalizar como sempre, o baterista Casey Grillo, joga suas 'baquetas da morte'... elas quicam nas pessoas e vão mais longe ainda.

    Não tenho palavras para descrever a emoção desse show, não teve aquele momento de música desconhecida que o pessoal se entreolha e não canta, não teve momentos de abandonar o show porque não tocaram tal música, da intro até o último riff, cada minuto foi cantado e festejado, os músicos foram ótimos, mas essa noite ficará marcada para mim, como com o público mais formidável que já vi!

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: Erika Beganskas
Agradecimentos ao Gustavo Garcia da Overload Records
pela atenção e credenciamento
Março/2014

Set List:

01 - Torn
02 - Ghost Opera
03 - The Great Pandemonium
04 - Veritas
05 - Center Of The Universe
06 - Soul Society
07 - Song For Jolee
08 - Rule The World
09 -When The Lights Are Down
10 - Sacrimony ( Angel Of Afterlife )
11 - The Human Stain
12 - Don’t You Cry
13 - My Confession
14 – Forever
Encore:
15 - The Haunting ( Somewhere In Time )
16 - Karma
17 - March Of Mephisto

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