Pixinga Bass Festival - Primeiro Dia
Com: Popmind, Alexandre Montenegro,
Ronaldo Lobo
e Eduardo Machado
Quarta, 12 de fevereiro de 2014
no Theatro Avenida em Espírito Santo do Pinhal/SP

    Celso Claúdio Cascarelli, mais conhecido como Celso Pixinga é professor e coordenador do IB&T ( Instituto de Baixo e Tecnologia ) do EM&T ( Escola de Música e Tecnologia ), é um dos melhores e mais importantes baixistas do mundo, tanto que é considerado um dos mestres do instrumento e também um dos mais rápidos do planeta.

    E o humilde músico, além de todos os cd´s e DVD´s que possui, capitania o Pixinga Bass Festival, evento que visa divulgar o universo do contrabaixo e revelar novos músicos por todo o Brasil e também pelo mundo. O festival itinerante já existe há treze anos e graças ao meu amigo Marcelo Niero e ao exímio contrabaixista baiano Joel Moncorvo foi realizado pela primeira vez em Espírito Santo do Pinhal/SP levando ao palco do Theatro Avenida em dois dias alguns dos melhores músicos que se dedicam ao contrabaixo no Brasil. Nesta resenha, vou abordar os músicos e bandas que se apresentaram no primeiro dia de evento.

Abertura

    Programado para começar as 20:00hs, o Pixinga Bass Festival iniciou seus trabalhos apenas por volta da 20:40, um atraso provavelmente causado pelo pequeno público presente, uma infelicidade e uma grande falta de cultura do público pinhalense, que perdeu um festival grandioso, técnico, muito bem organizado e único na história musical da cidade.

    Bem, os fãs da boa música presentes no Theatro Avenida foram saudados por alguns dos grandes nomes que iriam se apresentar nos dois dias de evento e lá estavam Celso Pixinga, Joel Moncorvo, Ronaldo Lobo, além do produtor Marcelo Niero, que nos explicaram o que é e a importância do festival. Após as saudações iniciais foi exibido um vídeo com todos os músicos, produtores, apoiadores, empresas, enfim, todos que tiveram alguma ligação para que Espírito Santo do Pinhal pudesse se tornar o palco de uma edição do Pixinga Bass Festival, e após esta exibição a banda Popmind começou o seu excelente show.

 

Popmind

    Além de possuir a honra de abrir o Pixinga Bass Festival, a banda pinhalense Popmind aproveitou a oportunidade para realizar um brilhante set calcado nas suas próprias composições, fato que foi muito importante.

    E Du Nalesso ( vocais e teclados ), Thiago Menê ( vocais e teclados ), Sandro Paixão ( baixo ), Matheuzinho ( bateria ) e o novo guitarrista Estevan de Carli contam com um grande prestígio nas regiões de Campinas/SP, Indaiatuba/SP, Bragança Paulista/SP, Piracicaba/SP, São Paulo/SP e Sul de Minas Gerais realizando muitos shows e todos sempre muito comentados pelos fãs, afinal, a somatória de apresentações deles nos últimos anos está chegando a importante marca de praticamente 1000 shows realizados.

    Neste tempo todo já dividiram o palco com nomes com Skank, Capital Inicial, Hudson Cadorini, Roupa Nova entre outros, e essa experiência não só rendeu o convite para o festival como também os cd´s Via Pop e Pecado Moderno.

 

    A primeira do set foi a Satélite, que exibiu um ritmo inspirado em AC/DC, boa letra e foi muito bem aceita pela plateia. Em seguida executaram a nova Bullying e o baterista Matheuzinho proporcionou uma pegada forte para a letra ácida e ao mesmo tempo animadora da composição, aliás tenho que destacar nesta o belo solo de guitarra de Estevan de Carli.

    Após uma breve pausa para que Du Nalesso agradecesse a todos pela oportunidade e comentasse sobre a importância para a banda do show, Thiago Menê assume os vocais para que pudesse então cantar a vibrante composição Nosso Dia, um Art Of Rock sobre as pessoas que não estão mais entre nós e o guitarrista Estevan de Carli capricha nos solos produzindo uma bela viagem.

    O Popmind não conseguiu a fama que tem apenas pelo grande nível de suas composições autorais, eles também executam com primor muitos covers nos seus shows e nesta apresentação relembraram do Journey com o hit Don´t Stop Belevien´, que foi acompanhada nas palmas.

    Uma grata surpresa do set foi quando Sandro Paixão convidou o produtor ( e baterista das bandas Scarabaeus e Barbaria ) Marcelo Niero para tocar junto com eles a canção seguinte: Cândida do álbum Nenhum Paraíso Te Espera ( o segundo cd do Scarabaeus, leia resenha ), que naturalmente foi um grande orgulho para o Marcelo e uma pequena mostra da categoria da banda baiana homenageada neste cover.

    Embora o show do Popmind estivesse de alto nível, o tempo era curto e eles encerram a apresentação com Mal Vício, que trata sobre o vício de fumar e os males que isso traz às pessoas, e a pegada bem Rock´n´Roll da música fica na memória. Posso seguramente dizer que o Popmind fez um pequeno, mas soberbo show neste Pixinga Bass Festival.

Alexandre Montenegro

    A segunda atração do festival foi o músico soteropolitano Alexandre Montenegro, uma das autoridades quando se fala de contrabaixo elétrico, acústico e fretless, e ele se apresentou sozinho, apenas com seu baixo e sua enorme técnica. E o compositor deu início ao seu set com Continuum de Jaco Pastoruis, uma música suave de uma bela melodia, e aí reside um talento ímpar dele e dos demais músicos que se apresentaram no festival: a capacidade de criar harmonias no baixo, pois todos sabemos ( nós os leigos ) que o baixo produz aqueles sons graves.

    Bem, aprendi ( e certamente muitos presentes também ) que o baixo pode ir muito mais além como Alexandre Montenegro nos mostrou ao escrever uma história instrumental. A segunda do baiano foi A Paz, uma música de João Donato e Gilberto Gil, onde foram exibidas várias técnicas mais graves e ao mesmo tempo cheias de harmonias. Muito bacana foi perceber ele cantando as notas, que se aceleram e diminuem de acordo o tamanho do feeling que ele deseja nos passar. Confesso que faltam adjetivos para descrever este fabuloso momento.

    Então Alexandre Montenegro se apresenta ao público, enaltece a alegria por sua participação no festival, elogia o mestre Pixinga e diz que para a terceira música do seu set prefere tocá-la ao invés de anunciá-la e fez isso com o uso do slap. Então, com acordes que lembram ritmos nordestinos apresentou a canção intitulada como Baião de Luiz Gonzaga e Paraíba.

    Em seguida, Alexandre Montenegro começa a imprimir mais velocidade à composição em um aumento muito forte e de forma impressionante... nunca vista por este redator em nenhum dos shows de Rock e Heavy Metal que já acompanhei na vida durante o Jazz de Solar do mestre Miles Davis. Depois deste momento simplesmente célebre ele veio ao microfone e anunciou sua última música no festival, a Palco de Gilberto Gil, e antes de tocá-la diz um "boa noite a todos" para terminar o curto - mas excelente show - com sua enorme técnica.

Ronaldo Lobo

    Ronaldo Lobo é outro dos grandes mestres do contrabaixo que temos no Brasil ao lado de Celso Pixinga, é colaborador da revista Cover Baixo, Instrutor Musical da Rede de Ensino da Prefeitura de Barueri/SP e professor do IB&T ( Instituto de Baixo e Tecnologia ) do EM&T ( Escola de Música e Tecnologia ). O instrumentista paulista realizou sua primeira apresentação em Espírito Santo do Pinhal com um baixo grande de seis cordas.

    Ele começou o show sentado desfilando muita técnica durante a Prelúdio em G de Bach, música dotada de uma melodia calma e emocionante. Depois fez seu instrumento vibrar em Wave e causar uma energia singular em cada um de nós com uma linha calma, que passou por estilos como a famosa MPB e a Bossa Nova.

    Então, Ronaldo Lobo se levanta vai até o microfone e conversa com a atenta plateia, afinal, estávamos vendo um mestre em ação e para os baixistas presentes, uma verdadeira aula ao vivo.

    Ele explicou um pouco sobre as duas canções executadas e seguiu com Bass Lines, que possui acordes mais próximos do Rock e muito 'two-hands' ( acho que vi apenas Billy Sheehan fazendo isso no seu baixo ao vivo - confira matéria ). E a última foi a Contrabaixo na Linha de Frente, que Ronaldo Lobo a exibiu com linhas pesadas próximas de um Heavy Metal, com uso de pedais para conferir ainda mais energia a apresentação.

Sorteios

    Antes do último show desta primeira noite foram realizados alguns sorteios dos prêmios deste Pixinga Bass Festival, onde alguns presentes levaram para casa alguns equipamentos próprios para contrabaixo como pedais da Landscape, monitores da Powerclick, caixa amplificada Pezo Bass, captadores Tesla Corona B1, bags Fausto Pardo e um baixo da Tagima ( este sorteado no dia seguinte ).

    E durante estes sorteios a psicóloga Mariane Braga, uma das ganhadoras quando foi ao palco do Theatro Avenida e disse que não é baixista. Então ela pediu para que fosse realizado um novo sorteio para que o prêmio fosse dado a um músico que aproveitaria muito mais que ela. Atitude sensacional da moça, que levou para casa uma camiseta da Powerclick.

Eduardo Machado 

    A próxima atração do Pixinga Bass Festival seria o baixista Eduardo Machado de Franca/SP, músico que começou estudar o instrumento com 12 anos de idade e graduou-se e Jazz e MPB no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí/SP. Eduardo Machado foi aluno de Celso Pixinga e atualmente é professor do Instituto de Guitarra e Baixo - IGB, em Franca/SP, uma das melhores de sua região e parceira da Faculdade Souza Lima & Berklee, em São Paulo/SP.

     E em sua primeira música neste festival, ele fez um solo de baixo com linhas perfeitas de MPB e Jazz criados na hora de sua apresentação. Só aí percebe-se a grandiosidade dos músicos que acompanham Celso Pixinga neste Pixinga Bass Festival e mais uma vez lamento pelos inúmeros músicos e fãs de músicas de Espírito Santo do Pinhal e região, que não estiveram no Theatro Avenida, o que vocês perderam meus amigos e amigas é lastimável e certamente faria diferença em suas vidas positivamente pela inigualável dose de cultura. 

    Seguindo por esta linha de Jazz mais calma, a segunda composição exibida na noite foi Partindo Pro Alto do primeiro cd dele gravado em 2009, que caminhou por momentos progressivos daqueles que se tem vontade de viajar de olhos fechados, só não fiz isto pelo simples fato de querer ver como Eduardo Machado tocava cada uma das notas da música. Afinal, a composição é muito emocionante e toca o coração.

 

    Depois foi a vez de Arthur e o Gigante de Willian Magalhães com slaps e grooves, e notei um fato muito interessante, ele tocava seu baixo com precisão no mesmo instante que ouvíamos os samplers de sax e piano, em um grau de perfeição que somente quem se dedica mesmo ao instrumento é capaz de atingir.

    Vindo ao microfone Eduardo Machado comenta que estuda o baixo há muitos anos e em especial o baixo do luthier Jean Mendes, que desenvolveu o equipamento utilizado nesta noite junto com músico e  complementa que gosta, e toca, quaisquer estilos por mais diferentes que possam ser, tais como Jazz, Rock, MPB, etc.  

  Continuando sua apresentação, Eduardo Machado tocou a canção própria Três Princesas, que foi gravada ao lado de nada menos que Robertinho Silva e sua linha instrumental passou toques um tanto quanto melancólicos, porém, no seu decorrer recebe linhas mais técnicas.

 

 

Presente Supresa

    Mais uma vez Eduardo Machado conversa com os fãs e nos convida para conhecer os cd´s, DVD´s, enfim, todos os materiais que estavam sendo vendidos na entrada do teatro. Neste momento aconteceu algo que ficará marcado não apenas para nós que estávamos presentes no festival, mas também para Celso Pixinga: Ronaldo Lobo se direcionou ao palco, chamou o mestre para comparecer e junto à Fausto Pardo entregou um lindo baixo acústico à ele.

    Visivelmente emocionando, Celso Pixinga agradeceu e não desgrudou do 'brinquedo' por um longo tempo ( inclusive, após as cortinas se fecharem ). Entretanto, faltava ainda uma música para que Eduardo Machado acabasse o seu show, e nada melhor que homenagear o mentor do festival com uma de suas composições, que é composta de 'centenas' de variações técnicas.

Uma curiosidade

    Terminada a primeira noite do Pixinga Bass Festival todos os grandes e simples instrumentistas vão ao palco para se despedirem dos presentes e convidam para que voltem no dia seguinte.

    Curiosidade: nos bastidores, após a despedida, Celso Pixinga ficou testando seu novo baixo e obviamente, solidário como é... deixou seus colegas 'experimentarem' o novo equipamento, mas atento, ele falava em tom de brincadeira para os demais "só uns toquinhos, escalinha não", isso enquanto conversava com alguns dos presentes, o que obviamente gerou risos entre todos. Figuraça esse mestre das 4... 5... 6... quantas cordas do contrabaixo vocês quiserem.

    Mesmo com uma presença de público aquém das expectativas, quem esteve lá viu simplesmente o evento mais erudito que a cidade já teve e com alguns dos maiores mestres do contrabaixo do país e do mundo. Parabéns Marcelo Niero, Joel Moncorvo, Celso Pixinga e a todos que fizeram este sensacional espetáculo!!!

 

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2014

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Publicação by Rock On Stage.

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