Gamma Ray - Best Of The Best - Party Tour 2015
Domingo, 04 de outubro de 2015
no Carioca Club em São Paulo/SP

    Após quase dois anos, os alemães do Gamma Ray retornaram ao Brasil para a turnê intitulada como Best Of The Best - Party Tour 2015, que além de servir de suporte ao seu último disco de estúdio, o Empire Of The Undead de 2014 e para a coletânea Best Of, serve também para celebrar os 25 anos de sua origem e do Heavy Metal de Hamburgo, se considerarmos como a fundação da banda no ato do lançamento de seu primeiro disco, o Heading For Tomorrow de 1990.

    Os shows do Gamma Ray em si sempre são uma festa e com Kai Hansen, Dirk Schlächter, Henjo Richter e Michael Ehré em apresentações comemorativas então, a confirmação que teríamos vários de seus grandes hits de seus onze álbuns de estúdio executados com aquela alegria única destes alemães era mais do que certa. E apenas três capitais foram agraciadas com suas apresentações neste primeiro final de semana de outubro, sendo elas: Brasília/DF, Belo Horizonte/MG e São Paulo/SP.

     Como já está se tornando uma tradição nos shows realizados pela Free Pass, o espetáculo começou no horário programado - às 20:30 - com um grande público no Carioca Club, mas que não chegou a lotar a casa e ao abrir das cortinas com os muitos "hey...hey..." da galera tivemos a tradicional introdução Welcome e a voz feminina que chama os músicos para o palco, assim, vemos o baterista Michael Ehré ocupar seu posto e instantes depois, o baixista Dirk Schächter e o guitarrista Henjo Richter começarem os primeiros acordes de Avalon do novo Empire Of The Undead para que o vocalista e guitarrista Kai Hansen pudesse começar a cantar daquela forma empolgada que caracterizou a carreira do Gamma Ray.

    E o público presente provou que conhece e gostou do novo trabalho da banda, pois, cantou com força seus versos com o vocalista e quando o ritmo caminhou para o Power Metal, tivemos outra sessão de "hey...hey...". Entretanto, neste princípio de show, Dirk Schächter sofreu um pouco com seu baixo, que teimava em não ficar no ponto. Alheio a isso, o azulado frontman ( por conta da luz que estava brilhando sobre ele ) conduziu a vibração do espetáculo com o devido carisma.

    Terminando a primeira música da noite, Kai Hansen saúda os fãs e já emenda a clássica Heaven Can Wait ( do Heading For Tomorrow de 1990 ) para energizar de vez o Carioca Club, que reagiu pulando e cantando freneticamente com ele este verdadeiro hino do Power Metal.

    Antes da terceira, os fãs explodem gritando "Gamma Ray... Gamma Ray", que levam Kay Hansen a bradar: "muito obrigado San Paulo" e nos perguntar se estávamos preparados para uma noite de muito Heavy Metal e que está é uma tour comemorativa, onde serão executados muitos clássicos.

    Sem delongas, hora de Last Before The Storm do Insanity And Genius de 1993, que também foi muito bem recebida e continuou a contagiar cada um dos presentes, que fizeram a festa nos trechos dos "ôôôôôôôôô" e na breve paradinha já tradicional, que eles praticam para nós cantarmos com mais força seus versos.

    Sem pausar para respirar, o vigoroso show prossegue com as aclamadas e épicas Induction e Dethrone Tyranny, ambas do No World Order de 2001, que contaram com todos os velozes solos da dupla Kay Hansen e Henjo Richter, além do coro dos fãs, que não deixavam de cantar várias partes da música. Entretanto, a velocidade dos riffs no Gamma Ray é sempre quebrada por linhas melódicas, que nos encantam significativamente, ao contrário de alguns dos chamados 'clones', que serviram para que muitos dissessem que as bandas de Power Metal são todas iguais.

Reggae Metal?

    Não parecia que já estava na hora de um cover do Helloween ( banda que Kai Hansen integrou entre 1984 a 1988 ) e aí... eles incendiaram de vez o show com I Want Out fazendo todos pularem, aplaudirem, estenderem seus punhos ao alto ou cantarem com muito contentamento este grande hit do Heavy Metal, que na parte dos "ôôôôôôôôôô", a participação dos fãs se tornou tão forte que impressiona tanto quem está assistindo o show quanto os músicos alemães.

    No prolongamento de I Want Out, com a plateia nas mãos, Kai Hansen nos surpreendeu com linhas de Reggae na música e acredito que por esta ninguém esperava... Ahhh... quem emprestou discos do Bob Marley para ele hein??? E tal como o famoso músico jamaicano, o vocalista passou muito carisma nesta faceta inesperada, que agradou bastante até retomar o ritmo Power Metal intenso da canção.  

    Com mais gritos de "Gaaaamma Raaaay", Kai Hansen agradece à plateia novamente, pergunta se estamos nos divertindo e anuncia que a música seguinte do set será dos tempos do álbum Heading For Tomorrow e emenda a emblemática The Silence, que levou os fãs a aplaudir no seu ritmo e a cantar seus versos com elevada emoção. E nesta, os dois guitarristas solam trazendo toda aquela melodia épica da canção, para um aumento significativo de nossa alegria e se tornado um momento inesquecível do show.

    Em seguida, Kai Hansen apresenta o baterista Michael Ehré, que inicia seu longo solo de bateria e o músico soube comandar a vibração do show com suas 'baquetadas', que ora eram mais lentas e ora eram mais aceleradas utilizando todo o seu kit de bateria com o seu bumbo duplo.

    E a galera participou bastante a cada batida tocada por ele, sempre com os "hey...hey...hey" e com os aplausos, entretanto, a surpresa ficou para o sampler com a melodia de filmes antigos ( tipo os do Carlitos ), que trazem a pegada de um Jazz agregados às pancadas de Michael Ehré em seu solo ( e na hora isso me lembrou dos solos de Neil Peart nos últimos álbuns ao vivo do Rush, que possui o triplo da técnica do músico alemão ). É... quando se liga mesmo em música, tem que se estudar Jazz e muito, bacana ele exibir isso para seus fãs.

    Quem retorna ao palco agora é o baixista Dirk Schächter e clama palmas para seu companheiro das baquetas sendo prontamente atendido. E o "homem das seis cordas" começa seu curto solo com vários 'tappings' e arpejos, demonstrando toda sua capacidade no instrumento, que também lhe garantiu muitas palmas.

    No retorno de todos os membros do Gamma Ray ao palco, hora de efervescer ainda mais o público com a melodiosa Blood Religion do Majestic de 2005, que novamente garantiu mais aplausos e aquele grande coro de fãs junto a Kai Hansen. E a reação dos fãs foi tão grande, que levou o vocalista a deixar sua guitarra de lado um pouquinho para assumir o posto exclusivo de frontman e andar de um lado para outro do palco levando à um aumento de nossa euforia.

    Mas, durante o refrão, quando ele dividiu os fãs para que os que estavam de um lado gritassem: "I want blood" e outros do outro lado "red vengeance" com a máxima força que pudessem extrair de suas cordas vocais, literalmente, ele multiplicou o entusiasmo de cada um com sua atitude direta aos fãs. São em horas assim, que você sente mesmo a presença de palco que a banda possui ao vivo e também a sua capacidade de inflamar mesmo o show. Acredito que tenha sido o momento onde tivemos a mais perfeita interação banda-plateia no Carioca Club nesta noite e que por mais clichê que seja, sempre provoca arrepios tanto em quem está na plateia quanto ( provavelmente ) nos músicos no palco.

     Título do EP lançado em 2013 e presente no novo Empire Of The Undead, Master Of Confusion é aquele Power Metal animado com pitadas de Hard Rock, que funciona bem ao vivo, provavelmente será titular nos sets lists vindouros e que exterioriza sua atmosfera divertida que te intima a envolver-se em sua execução seja nos berros de "ôôôôôô", nos pulos ou ainda, ao erguer os punhos e cantar seus versos, sinal que a banda ainda nos brindará com muitas canções do jeito que gostamos.

    Com a eletricidade em alta, eles nos enviam a pesada e rápida Somewhere Out In Space ( que intitula o álbum de 1997 ), que cai como uma bomba nos presentes, pois, era uma das mais aguardadas do set com seus solos de '3.000 notas por segundo' e que não são chatos quando são tocados com a precisão que foram, que mais uma vez causa aquele coro de centenas de vozes junto à Kai Hansen.

    Entretanto, o que chama mesmo a atenção é quando eles realizam um prolongamento mais lento e bastante melódico, com o vocalista e guitarrista caminhando para o lado esquerdo da plateia solando sua guitarra em cima dos fãs, para pouco depois se entregar de vez ao solo quando fica de joelhos diante do baixista Dirk Schächter tocando com muito feeling. Depois de tantas linhas melódicas Kai Hansen, mais nada como terminar a música de forma mais Heavy Metal.... concorda? e foi exatamente isso que eles fizeram amplificaram a adrenalina do show, afinal, quem estava presente não conseguiu ficar sem bradar um "Heeey" com ele.

Metal Always

    Após os agradecimentos e de enfatizar que é de coração o que sente quando está no palco, Kai Hansen comenta sobre a importância do Heavy Metal para todos nós e anuncia a To The Metal, canção título do álbum de 2010 e que presta um tributo ao chamado Heavy Metal Clássico de nomes como Judas Priest, Iron Maiden, Accept, Picture, Saxon e tantos outros por conta de seu envolvente ritmo pesadão de 'riffs titânicos' e aí não tem jeito: temos que cantar com Kai Hansen e sentir todo seu impacto instrumental, que naturalmente resulta em punhos erguidos, socos no ar, cabelos sacudidos, dedos indicadores e mínimo fazendo o tradicional símbolo ( \m/ ), enfim, é impossível ficar parado com tamanha potência no ar.

    Esta música já havia deixado excelente impressão ao vivo em 2013, quando eles a tocaram na turnê Hellish Rock Part II ao lado do Helloween há dois anos ( relembre como foi ) e neste domingo no Carioca Club não foi diferente, sendo que To The Metal já confirmou que também será frequente nos shows do Gamma Ray.

    Terminado o momento do mais puro Heavy Metal, o Gamma Ray vai para os bastidores aos intensos gritos de seu nome pelos fãs e pouco depois retornam para o bis com alguns dos mais importantes clássicos gravados em seu primeiro quarto de século.

    Antes de quase colocarem o Carioca Club abaixo, vemos um Kai Hansen com um chapéu, óculos escuros e com a camisa aberta em um visual puramente Hard Rock ( possível influência de Tobias Sammet? ) e o baixista Dirk Schächter já sem camisa, mas todos com cara de contentes pelo calor vindo dos fãs.

    Kai Hansen agradece nossa presença, por todo apoio que demos desde quando a banda surgiu e então anuncia a Man On Mission ( do clássico Land Of The Free de 1995 ), uma das mais importantes músicas de toda a história do Power Metal, que foi cantada com muita felicidade pela galera, que esperavam ansiosamente por sua execução. Inteligentemente, o vocalista e os demais membros do Gamma Ray deixam somente nós cantando seus versos em uma caprichosa paradinha para depois tocarem alguns dedilhados para acompanhar nossas palmas enquanto repetia o refrão e levava mais ares heroicos ao show.

    Provocante, Kai Hansen nos agradece e nos 'ataca' com a dupla do álbum Land Of The Free com Rebellion In Dreamland e Land Of The Free, que causou uma reação praticamente ensurdecedora na plateia, que cantou tão forte que parecia disputava com os P.A.´s da casa. E o Gamma Ray cravou uma soberba e alongada versão ao vivo para não se esquecer por um bom tempo, que quando virou para a Land Of The Free disparou um rompante nervoso de seu Power Metal em nossos rostos, tanto que fica até difícil escrever aqui as boas e gostosas sensações que tivemos ao curtir esta canção com os seus sempre revigorantes riffs de guitarras.

    Por fim, o vocalista fala que somos do coração, que este é último show desta curta turnê pelo Brasil, que é um prazer rever toda a galera e que a próxima é a última música da noite, e desta maneira, aos gritos de "Ride The Sky" e muitos aplausos, eles tocam o hit Send Me A Sign do álbum Powerplant de 1999, onde novamente Kai Hansen exibiu um início com aromas de Reggae antes de mergulhar no seu frenético Power Metal ( eu insisto, por um acaso Kai Hansen foi para a Jamaica? ), que outra vez nos levou agitar sem parar até seu término, que teve direito à solos fortes, a Kai Hansen se enrolando na bandeira do Brasil jogada por um dos fãs e também com um pulo com força do vocalista de cima do 'palquinho' da bateria de Michael Ehré.

    Ovacionados pelos fãs aos quase infindáveis gritos "Gamma Ray" e também muitas palmas, eles nos agradecem da forma tradicional e nos deixam a certeza - ao som de uma música do Coração Valente ( Braveheart ) - que a expectativa de cada um de nós foi correspondida com uma apresentação sensacional de Power Metal. O único ponto é que a banda tem muitos mais outros clássicos, que não foram exibidos nesta noite e o show que durou 'apenas' duas horas... poderia ter outras três horas facilmente... mas tudo bem... fica para a próxima.... e que venham mais 25 anos, mais shows como este no Brasil, mais álbuns clássicos.... longa vida ao Gamma Ray!!! Yeaah!!!

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Heloísa Vidal e Suellen Rodrigues
da Free Pass pela atenção e credenciamento
Outubro/2015

Set List do Gamma Ray

1 - Welcome
2 - Avalon
3 - Heaven Can Wait
4 - Last Before The Storm
5 - Induction
6 - Dethrone Tyranny
7 - I Want Out
8 -  The Silence
9 - Drum & Bass Solo
10 - Blood Religion
11 - Master Of Confusion
12 - Somewhere Out In Space
13 - To The Metal

Encore:
14 - Man On A Mission
15 - Rebellion In Dreamland / Land Of The Free
16 - Send Me A Sign

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