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Pearl Jam -
Latin American Tour
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Com os demais de volta ao palco, eles sacaram uma das mais aguardadas da noite e que jamais sairá dos sets lists do Pearl Jam: Even Flow, que fez todos pularem e cantarem alegremente. Aliás, não tem como ficar parado ante este hit do álbum Ten, que inclusive contou com os impactantes solos de guitarra de Mike McCready em sua Fender Stratocaster mais surrada, além dos prolongamentos que denotam toda a inquietação de seu Rock´n´Roll e que destacaram o baterista Matt Cameron, que nos enviou um breve, porém, excelente solo.
Cada vez mais preocupado com nossa segurança, Eddie Vedder, que não se movimentou muito pelo palco neste começo de show, comentou: "Desde que não chova, continuaremos a tocar. Se chover, teremos de parar por um minuto. Não queremos nenhum problema", e continuaram com a balada Come Back ( do álbum "Pearl Jam" de 2006 ), onde quem ganhou os holofotes foi o excelente tecladista Boom Gaspar com seus solos que lembraram um órgão Hammond e também Eddie Vedder, que ajudou nos solos de guitarras e fez muitos levantarem as mãos.
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E a sede dos fãs era tão grande quanto o tamanho do estádio, pois, logo nos primeiros versos de Better Man ( do Vitalogy ) aos dedilhados, o coro se manifestou trazendo muito calor ao show transformando a ligação 'banda-público' em uma coisa só e cravando outro momento deveras emocionante com direito a muitos solos de guitarras e prolongamentos nos vocais em uma harmonia Rock´n´Roll fantástica, onde você percebe mesmo porque o Pearl Jam é uma banda diferenciada e possui tantos seguidores. Detalhe... isso em meio a toda a chuva que caía e a trovões rasgando o céu.
Com a plateia nas mãos, eles tocaram a Rearviewmirror do Vs. naquele andamento que os mais velhos que viveram a geração Grunge cresceram ouvindo e se sentiram ainda mais felizes por estarem no show cantando seus versos com o Pearl Jam e experimentaram a graciosidade de seus riffs de guitarras voltados para o Rock, que foram devidamente alongados por Mike McCready e Stone Gossard, além de contarem com o importante apoio da cozinha de Jeff Ament e Matt Cameron, que levaram a canção a outro nível, ainda mais com a explosão de palmas no ritmo para terminarem de forma mágica a primeira parte do show, que talvez só acabou por conta da tempestade que estava caindo.
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De pé, mas ainda prosseguindo nesta parte acústica do show, o quinteto americano apresenta a Sirens do novo Lightning Bolt, que caminha por ares mais calmos, mas em seu decorrer recebe ótimos solos de guitarras e com seu potencial de "canção de arena" manteve muitos cantando com a banda, especialmente no trecho onde o vocalista dividiu com os fãs os 'aaahh ooohh'. A chuva ficou mais forte e o frontman certamente notou que era hora de colocar a massa para pular... assim eles lançaram a acelerada praticamente Punk Whipping ( do Vitalogy ), que energizou os presentes, e isso persistiu também logo quando os primeiros acordes de I Am Mine ( do Riot Act ) foram reconhecidos e novamente causaram todo aquele grande fervor, que nos proporcionaram mais um momento que só posso definir como um dos muitos ápices do show.
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Totalmente 'endiabrado'
Elevando a robustez do show tivemos a furiosa, curta e de linhas pesadas Blood ( do Vs. ), que contou com riffs bem distorcidos, palmas e uma atuação de Eddie Vedder bastante inquieta.. é... agora ele não ficava apenas em seu posto de vocalista, nesta fase do show ele começou a pular, agitar, se mexer com mais vitalidade... enfim, aumentando consideravelmente a sua atitude no show resultando em muitas palmas e ações semelhantes de nossa parte.
Sem permitir que pudéssemos tomar um fôlego e com alguns itens de iluminação balançando ( antes os shows do Pearl Jam eram compostos de iluminação básica, som alto e a apenas os integrantes 'quebrando tudo', agora já temos alguns que co-atuam com a banda no palco ), eles tocam a Porch ( do Ten ) em um ritmo que favoreceu para que nós saíssemos pulando com mais vontade e pude observar os guitarristas Mike McCready e Stone Gossard se divertindo nos solos, que foram alongados e serviram para que Eddie Vedder fosse nas duas extremidades do palco para um delírio maior dos fãs, que o viram de pertinho. Não sei se foi coincidência ou não, mas desde o instante que tomou um gole de vinho no início da segunda parte do show, que Eddie Vedder não parou mais de agitar, se lembrando dos tempos que tinha uns 20 anos ( só que agora ele está com 50... ) e deu pulos como antigamente.
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Segundo Bis
Muito aplaudidos aos gritos de "Olê... Olê... Olê... Pearl Jam... Pearl Jam..." Eddie Vedder apresenta cada um dos membros do Pearl Jam da seguinte forma: "na bateria Matt Cameron, na guitarra Mike McCready, na guitarra 'number one' Stone Gossard, baixo.... Jeff Ament..." e como uma flecha flamejante, após seu vocalista tomar mais um gole de vinho, a banda parte com Comatose do álbum Pearl Jam, que foi exibida com velocidade em uma elevada potência mais Punk, que fez todos saltarem e se remexerem veementemente. E como estava se aproximando o final do show e o nosso encontro com o Pearl Jam acabaria, o grupo de Seattle emendou uma sequencia para ninguém pensar em ficar parado, pois, a próxima foi State Of Love And Trust, que fez parte da trilha sonora do filme Singles e aqui teve uma versão ardorosa com direito a uma 'rifflerama' fenomenal.
E dava para ficar ainda melhor? Claro... foram só os primeiros acordes de Black ( do Ten ) ecoarem pelo Morumbi, que a catarse coletiva foi monstruosa, pois, o coro que se formou era quase ensurdecedor... afinal, estávamos diante de um dos históricos hinos da banda. E a carga de voltagem que esta música passou em seus solos de guitarras é algo quase que impossível de se descrever nesta resenha, só estando lá e sentindo a emoção de suas notas em nossos corpos.
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Inclusive... acredito que não fomos apenas nós que ficamos arrepiados na execução desta música, pois, pelo tamanho da participação da plateia, certamente que os músicos no palco também sentiram o que sua criação provocou. Nos prolongamentos, que trouxeram um clima viajante no ar, Eddie Vedder cantou "peace... and love... We Love Together..." modificando um pouco os versos, que fizeram total sentido em vista dos fatos acontecidos no dia anterior. Para acalorar de vez, nada melhor que Alive também do Ten, que nos direcionou à um êxtase que somente é possível alcançar em shows de nomes como o Pearl Jam. E óbvio, que este grande sucesso também fez todos cantarem com a banda e continuarem com seus celulares acesos, me levando a perguntar: dava para conter a alegria quando Mike McCready veio solar sua guitarra para o lado do palco onde eu estava da plateia? É evidente que não...
Final Apoteótico
Se o show tivesse acabado logo após a Alive com seus solos de guitarras - que evoluem formidavelmente - já iria para casa extremamente contente, mas, estávamos em um show do Pearl Jam e eles se notabilizaram por serem ainda melhores no palco do que são em estúdio... e contavam com mais alguns coelhos na cartola para colocar este show em São Paulo na lista dos melhores de 2015.
O primeiro deles foi com Rockin' In The Free World, clássico registrado pelo canadense Neil Young no álbum Freedom de 1989, que chacoalhou o Morumbi graças à atuação memorável da banda, visto que não é demais dizer que esta letra é totalmente atual e vale com um recado de nós - fãs de Rock - aos extremistas que tiram as vidas de tantos inocentes de forma covarde. E Eddie Vedder não parava de se mexer pelo palco e joga alguns pandeiros para os fãs.
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Depois, com o vocalista expressando o sentimento da banda através de vários "muito obrigado", seguidos por: "vocês tornaram esta noite possível... Obrigado por nos darem mais uma noite inesquecível de Rock´n´Roll" , o Pearl Jam manteve este clima positivo com a sensacional Yellow Ledbetter ( outro lado B do single de Jeremy ), que era também ansiosamente aguardada pelos fãs, que a cantaram com boas sensações em suas almas, proporcionados pelos solos de guitarras, seus vocais, enfim, um final perfeito.
Mas aí que está... ainda não era o encerramento, pois, eles agradeceram e por conta da incansável participação dos fãs, que berraram "olê... olê... olê... Pearl Jam... Pearl Jam", tais quais os gritos de uma torcida de futebol, os músicos se entreolharam de novo e decidiram nos brindar com mais uma música. Porém, não era uma canção qualquer, era um 'clássico mor' do Rock... composição de Bob Dylan, que ficou imortalizada na versão de Jimi Hendrix, estou falando de All Along The Watchtower, que foi exibida pelo Pearl Jam em forma de gala - por assim dizer - com a dupla de guitarristas da banda desferindo solos, que somente músicos criados nos Estados Unidos conseguem passar com tanta ligação musical para nos satisfazer de vez, e com isso, cada um de nós tivesse condições de abrir um enorme sorriso de prazer por ter estado presente em mais um célebre show da banda no país.
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Futuros herdeiros do trono do Rock
E esse estado de plena alegria era compartilhado de lado a lado do estádio, seja nas arquibancadas, no gramado ou mesmo no palco, pois, os músicos se reuniram na frente para receberem os milhares de aplausos e ovações dos fãs, que arremataram um espetáculo de três horas, que marcou sem sombra de dúvidas na minha modesta opinião, o melhor dos três do Pearl Jam que assisti na capital paulista, pois, foi a mais longa apresentação e a que privilegiou uma gama maior de clássicos.
Seguramente, o Pearl Jam, com suas opiniões, às vezes críticas e ácidas sobre os problemas vividos no mundo ( e até alguns nossos ), que são emitidas sem medo ( ao contrário de muitos de nossos artistas, que parecem que não possuem mais esta atitude contestadora ) não se notabiliza somente este fato, mas sim por conta de suas soberbas apresentações deixando-a em condições reivindicar o "trono do Rock" no futuro. Que eles passem por aqui mais vezes.
Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: M. Rossi, Camila Cara e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à André Nespoli, a Tatiana Ito
e a toda equipe da T4F pela atenção e credenciamento
Dezembro/2015
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