Paradise Lost
Domingo, 16 de outubro de 2016 no Bar da Montanha em Limeira/SP

    Com origem na cidade de Halifax na Inglaterra em 1988, o Paradise Lost é considerado como um dos criadores do Gothic Metal, definição que foi obtida através do álbum Gothic de 1991, o segundo da frutífera carreira. Também podem serem considerados como os pais do Death/Doom Metal ao lado do Anathema e My Dying Bride.

    Os álbuns Icon ( 1993 ) e Draconian Times ( 1995 ) foram responsáveis pelo Paradise Lost se tornar mais conhecido mundialmente e o mais recente lançamento é o álbum The Plague Within de 2015, que foi o responsável pela inclusão do Paradise Lost entre as principais atrações do Epic Metal Fest ao lado do Epica e certamente, uma das bandas mais aguardadas do festival realizado na capital paulista. Além desta data, o quinteto inglês levou a turnê do novo álbum por mais quatro cidades brasileiras, sendo elas: Limeira/SP, Rio de Janeiro/RJ, Manaus/AM e Belo Horizonte/MG.

    E pela primeira vez o Paradise Lost se apresentou em Limeira/SP para um público que aguardava ansiosamente por um show deles no interior, mais uma vez comprovando a força que os headbangers de várias cidades da região demonstram ao ocupar praticamente todos os espaços do Bar da Montanha.

    E às 19:30, horário programado para o começo do show, as luzes são apagadas e vemos ao fundo o telão exibindo o logotipo do Paradise Lost em um sinal claro que a banda já estava pronta para adentrar o palco do Bar da Montanha.

    A ansiedade dos fãs aumentava consideravelmente e a introdução de um som como se fossem trombetas, que foram tocadas de forma devidamente sinistras aliadas a samplers mais épicos... recebemos os primeiros toques firmes e robustos do novo baterista Waltteri Väyrynen, que de certa forma convidaram a presença de Nick Holmes nos vocais, Gregor Mackintosh e Aaron Aedy nas guitarras e Steve Edmondson no baixo para o palco em uma iluminação mais escura e adequada aos mais góticos.

    Vestidos com calças e camisas pretas mais discretas, o Paradise Lost iniciou o show com a carregada No Hope In Sight do novo álbum The Plague Within, que provocou a euforia dos fãs, sendo que muitos ( meu caso ) estavam vendo a banda pela primeira vez em suas vidas. Os vocais de Nick Holmes são tão sombrios ao vivo quanto no estúdio e passeiam por uma linhagem quase gutural, sendo que ele quando não estava cantando os versos ficava 'bangueando' no ritmo da música, que teve também os solos de guitarra de Gregor Mackintosh com uma precisão, que impressionou bastante.

 

 

    Sem falar nada, apenas um gesto de agradecimento pelo calor obtido, o quinteto continua com Pity The Sadness do Shades Of God de 1992, que é mais rápida, com vocais guturais e enaltece os solos de guitarras Gregor Mackintosh e Aaron Aedy, que garantiram vários "hey... hey... hey..." em seus breves momentos mais cadenciados. E algo que chamou a atenção foi a habilidade técnica e a concentração de cada um dos músicos do Paradise Lost ao executarem as canções.

    Em seguida, Nick Holmes cumprimenta aos fãs e começa a One Second, título do álbum lançado em 1997, que pendeu para uma linhagem mais devagar, um tanto que melancólica e repleta de muito peso provocando vários socos no ar por parte dos fãs, além de muitos gritos de satisfação.

    No término desta terceira música da noite, Nick Holmes arriscou um "obrigado" em português com aquele forte sotaque e sorrindo, ele brinca com a plateia antes de anunciar que a próxima é de 1995 do aclamado álbum Gothic e aí... a alegria dos fãs se multiplicou, pois, a pedrada Dead Emotion era muito aguardada e vimos o Paradise Lost aplicar mais velocidade e muito peso nesta que era mais voltada para um Death Metal até sua linhagem mais Gótica atingir nossas almas junto aos solos mais sombrios comandados pelo guitarrista Gregor Mackintosh, que sempre conferia muita emoção em cada um deles.

    Pelo que pude observar, Nick Holmes estava tão contente quanto nós na plateia e mantendo a lembrança dos grandes sucessos dos quatorze álbuns de estúdio do Paradise Lost em alta, eles executaram a pesada, que também dotada de uma pegada mais Gótica e de média velocidade As I Die do Shades Of God, que é um convite para se 'banguear', porém, reparei que muitos cantaram seus versos com o vocalista, além é claro, de receberem os muitos solos mais densos da dupla Gregor Mackintosh e Aaron Aedy, que estavam em cada uma das pontas e vinham mais à frente enquanto solavam suas guitarras e o vocalista Nick Holmes foi um pouco mais atrás deixando o destaque para os dois.

    Com toques fúnebres, a nova Return To The Sun aparece com seus toques opacos feitos pelo baixista Steve Edmondson ( que sempre manteve-se mais no fundo do palco ) e seus fortes riffs de guitarras, que trazem Nick Holmes cantando com fúria suas estrofes, alternando com outras partes mais sorumbáticas fazendo desta um Doom Metal deveras competente e empolgante de se acompanhar ao vivo.

    E pela agitação que se formou na plateia do Bar da Montanha, mesmo esta sendo uma música do The Plague Within, os fãs a curtiram tanto quanto as antigas, inclusive, gritando seu título junto ao vocalista, que soltou um forte urro impactante antes de seu término.

    Alguns fãs ficaram quase atônitos ante a execução desta última e outros gritaram "Erased... Erased!!!", e animado, Nick Holmes, após receber um presente de um dos fãs, pediu para erguemos as mãos e assim, começou junto aos demais membros do Paradise Lost a atender nosso pedido com a solicitada Erased ( do cd Symbol Of Life de 2002 ), que apresentou uma estilo mais Gótico, próximo a um Pop e foi cantada por muitos em um ritmo Rock´n´Roll, que foi fortalecido em sua parte instrumental pelos demais músicos.

    Depois, Nick Holmes vai à frente para discretamente avisar que a próxima da noite era a The Enemy do In Requiem ( 2007 ), onde foi aplicado muito ímpeto na trinca baixo-bateria-guitarra, que causou uma interação enorme como os fãs, que cantaram seus versos e participaram nos trechos de "ôôôôôôôô" à plena força com o vocalista. A obscura Embers Fire, a única do emblemático álbum Icon foi tocada destacando o riff matador de Gregor Mackintosh, que é daqueles que fixam na memória produzindo uma ligação muito grande entre nós e o Paradise Lost, aliás, como sola este guitarrista, sempre com desteza e brincando com as distorções elevando o grau da música.

    Antes de prosseguir o show, Nick Holmes comenta brevemente da nossa cerveja e que vai tocar uma canção de 1991, tempo que eles lançaram o histórico álbum Gothic, que foi deveras representativo para a carreira da banda e consolidou ( conforme mencionei no princípio desta matéria ) o Paradise Lost como um dos precursores do Gothic Metal e a Eternal surgiu para que o público no Bar da Montanha tivesse um dos seus momentos mais alucinados, pois, este clássico era seguramente muito aguardado e teve uma exibição de gala com muito vigor a cada vocal mais urrado, a cada solo, a cada toque... seja na bateria ou no baixo, que resultaram em muitos "hey... hey... hey..." no momento certo, além de vários socos no ar. E tudo isso somado configura um 'showzão' do Paradise Lost em Limeira.

    Visivelmente contagiado pelo clima positivo emanado pelos fãs, Nick Holmes nos agradece novamente com um sonoro "Obrigado.. Thank You!!!" para depois anunciar uma das mais pesadas do novo The Plague Within com a Beneath Broken Earth, que segue por um solo encorpado de Gregor Mackintosh, que trouxe toda a linhagem densa e arrastada novamente deste trabalho junto com os seus vocais mais guturais.

    Entretanto, o que chamou a atenção foram os solos de Gregor Mackintosh e Aaron Aedy cheios de melodia, mas com uma cara tétrica e espetacular, que ficaram ainda melhores ao vivo. A última da primeira parte do show foi Say Just Words do One Second de 1997, que mostrou caminhos mais Góticos com passagens mais Rock´n´Roll, onde novamente a plateia participou intensamente com Nick Holmes seja nos "hey... hey...", nas palmas ou nos socos no ar. E com um "muito obrigado!!!" pronunciado por Nick Holmes, eles se despedem e saem rapidamente do palco, de forma a levar os fãs a gritos felizes de "Paradise Lost... Paradise Lost".

Vantagem

    No retorno para o bis - que demorou longos cinco minutos - recebemos uma grande privilégio para nós que estivemos em Limeira, se compararmos com os presentes no Epic Metal Fest, pois, em um show só seu, o Paradise Lost tocaria mais músicas, além disso, eles também estavam aprovando a nossa atuação e para demonstrar isso... dispararam a Enchantment do clássico Draconian Times em tons bem lúgubres e um tanto que tristes, que causaram muitos "hey... hey..." até que os solos expressivos de Gregor Mackintosh e Aaron Aedy tomassem conta do Bar da Montanha junto aos vocais guturais de Nick Holmes nesta que era também muito esperada por todos.

    Mais uma vez o vocalista nos agradece e os fãs pedem várias músicas e ele olha atentamente para executar a Faith Divides Us - Death Unites Us, que intitula o álbum de 2009 ( confira resenha ), em um andamento mais lento, bem Doom Metal e que contou com uma bela participação do público, especialmente no refrão.

     Logo depois, o vocalista canta o primeiro verso de Black Diamond, um dos muitos sucessos do KISS levando que percebeu a abrir um sorriso com a brincadeira proposta por ele e os fãs gritam incessantemente pela The Last Time, que foi tocada, mas, antes tivemos a An Eternity Of Lies do recente The Plague Within com seu estilo entristecido inicial que é suplantado por um solos mais fortes nas guitarras e nos vocais guturais, onde o maior destaque vai para o baterista Waltteri Väyrynen, que se mostrou muito dedicado ao tocar suas partes em seu kit com muita força.

    E para contentamento de todos, após o vocalista nos agradecer pela energia trocada no show temos a conhecidíssima e animada ( para os padrões da banda ) The Last Time do prestigiado Draconian Times, onde os fãs tiveram o prazer de dividir os vocais com Nick Holmes, que gentilmente virou o seu microfone para que a nossa voz pudesse ser ouvida e posteriormente finalizar esta apresentação com toda a grandeza que era merecida. Como é o costume eles se reúnem no centro do palco, jogam baquetas e palhetas e creio que assim como nós, também foram embora satisfeitos com o show,  aos gritos de Paradise Lost ecoando pela casa.

   Considero que foi uma excelente experiência assistir este show do Paradise Lost no Bar da Montanha, pois, além de estarmos perto da banda o tempo todo, o som - como é um padrão dos eventos realizados pela Circle Of Infinity Produções - esteve regulado corretamente nos permitindo a ouvir os vocais e todos os instrumentos com perfeição e a iluminação também esteve com a devida qualidade, somente neste caso, propositalmente mais escura para criar o clima de um show como este. Enfim, o Paradise Lost realizou uma magnífica apresentação que durou praticamente uma hora e meia e já deixou saudades nos extasiados fãs.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Edson Moraes da Circle Of Infinity Produções,
à Claudia e à JeanCarlo da PressRTV pela atenção e credenciamento

Outubro/2016

Set List do Paradise Lost

1 - No Hope In Sight
2 - Pity The Sadness
3 - One Second
4 - Dead Emotion
5 - As I Die
6 - Return To The Sun
7 - Erased
8 - The Enemy
9 - Embers Fire
9 - Eternal
10 - Beneath Broken Earth
11 - Say Just Words

Bis
12 - Enchantment
13 - Faith Divides Us - Death Unites Us
14 - An Eternity Of Lies
15 - The Last Time

 Confira uma galeria com 80 fotos do show do Paradise Lost no Bar da Montanha em Limeira/SP

Voltar para Shows