Exhumed e Beyond Creation
Abertura: Chaos Synopsis e Circle Of Infinity
Sexta, 19 de abril de 2019 no Carioca Club em São Paulo/SP

    O que podemos esperar de um feriado? Muitos pensam em descanso ou até mesmo a descida para o litoral. Mas, neste feriado do dia 19 abril para muitos amantes do Thrash e do Death Metal não foi assim, pois, a data ficou marcada pela vinda de uma das bandas mais esperadas por muitos adoradores do estilo Death Metal / Gore / Grind... finalmente o Exhumed aportou no Brasil após muitos anos de espera.

    Desde o cancelamento da tour em 2012 com o Aborted muitos fãs estiveram aguardando ansiosamente a vinda do Exhumed, que se postergou por muitos anos. O local do massacre sonoro ocorreu no já conhecido Carioca Club em um dia que a cidade estava mais calma devido ao feriado, conseguimos chegar tranquilamente na casa de show e lá já contava com o público e alguns amigos da imprensa.

Circle Of Infinity

    Às 19:00, o Circle Of Infinity, banda oriunda de Limeira/SP formada por Edson Moraes ( guitarra e vocais ), Allan Farias ( guitarra ), Celso Fernandes ( baixo ) e Alexandre Bento ( bateria ) iniciaram a apresentação para o público já presente. Após a execução da Intro a banda já começou seu Thrash / Death Metal com o som Wake Up and Fight do álbum Moments Of Evil, que tive a oportunidade de ver outras vezes a banda e particularmente, gosto muito do som que realizam, o som estava bom no início e assim o show foi sendo seguido tranquilamente, continuando depois com a trinca composta por "Dark Souls", "The End Of The Way" e "Rise To Honor".

    Quase no final ocorreram alguns problemas técnicos com o som da guitarra de Allan Farias, assim deixando apenas a guitarra base de Edson Moraes no comando do show, mas, logo foi corrigido. Após agradecimentos, Edson Moraes informou que tocariam um música em homenagem a uma banda de grande influência para o Circle Of Infinity e assim... começaram os acordes de Zombie Ritual do Death, um cover digno de parabéns, notas tocadas com maestria, que o público aplaudiu. Após o cover, eles encerraram com a música We Are Puppets. Uma apresentação digna de elogios para uma noite que estava apenas começando.

Set List do Circle Of Infinity

1 - Intro / Wake Up and Fight
2 - Dark Souls
3 - The End Of The Way
4 - Rise To Honor
5 - Zombie Ritual
6 - We Are Puppets

Chaos Synopsis

    Logo após fim de apresentação do Circle Of Infinity, a movimentação já estava intensa e logo adentrou palco acima o Chaos Synopsis, banda oriunda de São José dos Campos/SP formada por Jairo Vaz ( baixo e vocais ), Friggi Mad Beats ( bateria ), Luiz Ferrari e Diego Santos ( guitarras ). Eles subiram sem brincadeiras já com a pedrada Raising Hell do excelente álbum Gods Of Chaos ( de 2017 ), o show do Chaos Synopsis foi uma mescla de sons mais novos com outros mais antigos, o que admito que foi muito interessante ( sou um grande fã da banda, diga-se de passagem ).

    Após o início massacrante com Raising Hell tocaram a Zodiac do álbum Art Of Killing ( de 2013, leia resenha ) e em seguida, Sarcastic Devotion do álbum Kvlt Ov Dementia ( de 2009 ). Um ponto forte do Chaos Synopsis é a grande presença de palco da banda e em especial... para o guitarrista Luiz Ferrari, que não parava por um segundo e sempre agitando o público sem parar. Assim prosseguiram o set com Storm Of Chaos do Raising Hell, particularmente um dos sons que mais curto do Chaos Synopsis, que por um momento não sabia se fotografava ou ficava admirando eles desferirem essa baita porrada nos ouvidos dos presentes.

   Isso foi seguido pela música que leva o nome da banda, a Chaos Synopsis e por Son Of Light ( do Garden Of Forgotten Shadows de 2006 e do Art Of Killing, respectivamente ), assim chegando ao final da apresentação, que eles terminaram com a pegadíssima Spiritual Cancer ( que som do Kvlt Ov Dementia !!! ), assim fazendo diversos bangers a agitar sem parar. O Chaos Synopsis acabou sua apresentação digna de muitos aplausos e fecharam a participação nacional desta linda noite, porém, logo mais, os canadenses do Beyond Creation realizariam sua estreia em palcos paulistas.

Set List do Chaos Synopsis

1 - Raising Hell
2 - Zodiac
3 - Sarcastic Devotion
4 - Storm Of Chaos
5 - Chaos Synopsis
6 - Son Of Light
7 - Spiritual Cancer

Beyond Creation

    Particularmente não conhecia o Beyond Creation, mas fiquei impressionado o número de pessoas que se aglomeraram na frente do palco do Carioca Club para ver de perto os canadenses. Quando eles subiram ao palco, o primeiro impacto que se tem dos integrantes Simon Girard ( guitarra e vocal ), Kévin Chartré ( guitarra ), Hugo Doyon-Karout ( baixo ) e Philippe Boucher ( bateria ) é forte, principalmente dos instrumentistas de cordas, pois, todas elas são instrumentos headless.

    O Beyond Creation começou sua belíssima apresentação com a Intro ( Disentrall ) seguida da Entre Suffrage Et Mirage do mais novo álbum Algorythm ( de 2018 ), já nos primeiros segundos de espetáculo, eu já fiquei pasmo com tamanha técnica dos canadenses e também de como soava limpo o som técnico deles, sendo que nesses primeiros segundos pude perceber o porquê da ansiedade de muitos ali em ver de perto.

    O set prosseguiu com duas das novas canções, primeiro a Surface's Echoes e depois a Ethereal Kingdom, que por um momento pensei que estava em show de Blues da tamanha quantidade de riffs iniciais que foram tocados pela dupla Simon Girard e Kévin Chartré, sendo que  particularmente fiquei boquiaberto. Continuando, eles apresentaram a Algorythm, que dá título ao álbum com um canção mais rápido em seu princípio, que lembra muitas bandas como Crpytopsy, mas, no meio  fica mais 'clean', assim podendo viajar nos riffs absurdos dos canadenses. O interessante do Beyond Creation é a criatividade... criatividade que se resume em pegas muito Death Metal e em fração de segundos se torna 'clean' nos riffs, uma sacada genial em particular.

  Com uma pausa para descanso ( merecido, para que banda possa desferir mais riffs complexos ) entra uma introdução toda com piano do próprio álbum Algorythm para dar uma acalmada nos ouvidos, entretanto, logo após eles retornaram no palco com uma sequencia matadora, que contou com uma quatro novas canções, primeiro a In Adversity, seguida por The Inversion e também Binomial Structures e fechando esta sequencia, a linda The Afterlife, sendo que todas são possuidoras de solos avassaladores e que deram a origem a diversas rodas no Carioca Club.

    Com as rodas abertas, Simon Girard gostou da ideia e pediu para o público abrir mais rodas no que viria a seguir, assim tivemos a Omnipresent Perception do álbum The Aura ( lançado em 2011 ) e novamente repito: que técnica os músicos possuem... é mesmo de se tirar o chapéu. Após seu término, o vocalista Simon Girard demonstrou seu amor fazendo corações para o público ( fato que poderá ser visto na galeria de fotos ). Era para ser a última música da noite, porém, o público ovacionou tanto e pediu mais uma sendo gentilmente atendido pela banda e desta maneira, para encerrar de vez eles mandaram a Fundamental Process, a última do álbum Earthborn Evolution de 2014.

    Assim a apresentação dos Beyond Creation chegou ao fim com direito a foto da banda com público de fundo e agradecimentos. Depois de marcarem positivamente esta data na capital, os músicos desceram e montaram sua barra de merchandise, tiraram fotos com os novos fãs e deram autógrafos. Enfim... foram muito receptivos e carinhosos com o público.

Set List do Beyond Creation

1 - Intro ( Disentrall )
2 - Entre Suffrage Et Mirage
3 - Surface's Echoes
4 - Ethereal Kingdom
5 - Algorythm
6 - In Adversity
7 - The Inversion
8 - Binomial Structures
9 - The Afterlife
10 - Omnipresent Perception
11 - Fundamental Process

Exhumed

    Enquanto o público estava com o Beyond Creation, outra massa de pessoas se aglomeraram na frente do palco ( isso me inclui também ), pessoas que estão lendo essa resenha... especialmente para mim era um momento que esperei por mais de 16 anos... iria ver o Exhumed ao vivo ( FINALMENTE ).

    Após cortinas abertas, eles estavam lá já preparados no palco, sim era real... os californianos do Exhumed - a saber - Matt Harvey ( guitarra e vocal ), Ross Sewage ( baixo ), Mike Hamilton ( bateria ) e Sebastian Phillips ( guitarra ); iniciaram sem mais delongas e desceram a paulada com Decrepit Crescendo clássico som do álbum Slaughtercult de 2001. Neste momento, não sabia se fotografava ou agitava, ouvindo esta composição ao vivo me veio na mente minha adolescência, pois cresci ouvindo isso, o princípio já mostrou para o público que o Exhumed veio para não brincar e sim, para desferir seu mais sujo Death / Grind / Gore para os brasileiros.

    Sem conversas, eles emendaram a clássica Necromaniac do aclamado disco de 1998, o Gore Metal, é... enquanto o Beyond Creation desferia riffs técnicos e limpos, o Exhumed fazia o inverso, eles despejavam riffs crus e com muita guitarra distorcida, que foi seguida de vocais rasgados e guturais levando o público presente ao em êxtase e rodando sem parar ao som das guitarras distorcidas de Matt Harvey e o vocal gutural de Ross Sewage.

    Ross Sewage para mim foi uma surpresa, pois, admito que não esperava vê-lo nesta tour com o Exhumed, Ross Sewage fez parte da banda Impaled ( outra banda que poderia vir para cá... hein produtores ). O Exhumed e o Impaled sempre realizam esses "job's rotation" entre as bandas e o gutural de Ross Sewage é simplesmente matador.

    Após o soco na boca já logo de cara ( não consigo imaginar outro termo o que foi o início do Exhumed ), eles atacaram com a cacetada Coins Upon The Eyes do álbum Necrocracy  ( de 2013 ), novamente e em especial, os guturais de Ross Sewage juntamente com os rasgados de Matt Harvey deram um tom todo único ao show, e detalhe, as rodas se intensificavam mais e mais, conforme pude observar também na rápida In My Human Slaughterhouse ( outra do Gore Metal ) em que teve uma pequena parada.

    Nesta pequena pausa ouve-se um barulho de motosserra ligada, quando de repente sobe ao palco um maníaco vestido de médico portando uma motosserra e correndo insanamente pelo palco com ela, podemos denominar que é o "Eddie" do Exhumed este personagem correndo com o vocalista, fazendo suas poses e interagindo com o público próximo ao palco, eis que chega a hora de mais um clássico do Gore Metal, Limb From Limb e quem conhece o Exhumed sabe a importância dessa música aos amantes do gênero "podrera", som com menos de dois minutos ela retrata a podridão do estilo Gore Metal, destaque no refrão com os rasgados de Matt Harvey e guturais de Ross Sewage ecoavando pelo Carioca Club enquanto seu "Eddie" corria igual um louco no palco pegando na cabeça do público e encenando como se estivesse realizando uma autopsia e cortando suas cabeças, foi hilário demais isso.

    Após apocalipse sonoro contido em Limb From Limb, eles emendaram uma sequencia implacável com Necrocracy ( que intitula o quinto álbum da banda ), posteriormente prosseguida com a Night Work do último Death Revenge de 2017 e Distorted And Twisted Form, que foi gravada no All Guns, No Glory de 2011. Naquele momento estava constatando que o Exhumed é uma máquina de fazer barulho e não tinha som morno... era pancada atrás de pancada, e todas as músicas tinham uma sincronização perfeita, o guitarrista Sebastian Phillips não parava de agitar que presença de palco e Mike Hamilton parecia uma trincheira com sua bateria, Mike Hamilton era baterista das bandas Vile e Deeds Of Flesh para quem conhece sabe o que estou falando então.

    Por um momento pensei que o show do Exhumed seria curto, mas estava enganado, Matt Harvey conversou com o público agradeceu a todos naquela noite, enquanto falava bebia sua cerveja e arrotava no microfone, bem estilo Gore que os presentes gostavam, assim falou que estava ali para tocar e não conversar e tocaram Casketcrusher, outra do novamente do clássico Gore Metal seguido sem mais delongas de Slaughtercult, canção que intitula o segundo disco da banda.

    Fim dessa canção, os músicos foram para trás dos palcos e voltaram perguntando se os fãs queriam mais, e claro o público retribui com um tremendo "SIM", aliás, muitos ali estavam esperando a muitos anos a sua vinda. Eis que tocaram a intro All Guts, No Glory do álbum de mesmo nome e posteriormente emendaram a fabulosa As Hammer To Anvil, outra deste álbum, neste momento Matt Harvey e Sebastian Phillips desciam até mais próximo do público, que estava em estado de choque de tamanha pancadaria sonora que estava ocorrendo. Particularmente, As Hammer To Anvil foi difícil fotografar por causa da quantidade de cabelo que batia em mim e na câmera... era demais e também uma das minhas canções preferidas do Exhumed.

    Depois foi a vez de Forged In Fire do Slaughtercult, em especial, esse som foi um show à parte. No decorrer da execução desta música, o "Eddie" do Exhumed retornou ao palco de novo, só que desta vez estava portanto uma guitarra com um pedaço de Metal acoplado no corpo dela e na outra mão portava-se um tipo de cortador de Metal, e no decorrer do refrão da música, ele batia esse cortador na guitarra gerando diversas faíscas. Não é preciso dizer aqui que o público não adorou... e sim... pirou com teatro realizado, este que pode ser visto na galeria de fotos ( recomendo ver a galeria completa ). Após este show de luzes "naturais" podemos dizer o Exhumed continuou seu massacre sonoro com as bordoadas Waxwork do Anatomy Is Destiny de 2003 e a Deadest Of The Dead do Gore Metal.

    Eis que Mike Hamilton na bateria executa o riff de The Matter Of Splatter do Anatomy Is Destiny, música muito esperada pelos fãs presentes, som que fez mais e mais rodas perante o público. Após um fim sensacional, eles saem do palco e a platéia pede bis. O quinteto atende e retorna ao palco para dispararem a matadora Defenders Of The Grave do mais atual álbum, o Death Revenge e que continuou com Open The Abscess, mais uma do espancador Gore Metal

    Lembra do já citado "Eddie", sim, ele esteve mais uma vez no palco, só que desta vez, portanto um saco! Após mostrar o saco ( no bom sentido ), ele retirou uma cabeça decepada e a exibiu ao público e para surpresa minha e de todos, a cabeça começou a soltar esguichos de sangue artificial no público, que garantiu um delírio único da plateia com o teatro realizado com direito a todo mundo cheio de sangue artificial pelo corpo. Obrigado Exhumed por deixar minha câmera ensanguentada!!!

    Assim chegava ao fim o show do Exhumed, e eles agradeceram imensamente ao público presente e estes estavam plenamente satisfeitos pelo que haviam conferido ali, desde o Metal Nacional marcando seu território com grandes apresentações, seja como foram os casos do Circle Of Infinity e do Chaos Synopsis ou seja com a maestria técnica e brutal do Beyond Creation ou mesmo até com a podridão do Exhumed, que incendiou o Carioca Club. Um feriado diferenciado para os paulistas com direito a motosserras, guitarras distorcidas, blast beats, cabeças decepadas e sangue pela turma.

    Admito que sai muito feliz em ter visto uma das bandas de Death Metal que mais admiro até que enfim em território nacional. Gostaria de parabenizar a produção por ter realizado este evento fantástico e que foi de muito agrado aos fãs presentes. Agradeço também a produção pelo credenciamento e a oportunidade de se realizar esta resenha e fotos.

Texto e Fotos por Wellington Penilha
Agradecimentos à Marllon Matos e a EV7 Live 
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Maio/2019

Set List do Exhumed

1 - Decrepit Crescendo
2 - Necromaniac
3 - Coins Upon The Eyes
4 - In My Human Slaughterhouse
5 - Limb From Limb 
6 - Necrocracy
7 - Night Work
8 - Distorted And Twisted Form
9 - Casketcrusher
10 - Slaughtercult
11 - All Guts, No Glory
12 - As Hammer To Anvil
13 - Forged In Fire
14 - Waxwork
15 - Deadest Of The Dead
16 - The Matter Of Splatter
17 - Defenders Of The Grave
18 - Open The Abscess

Galeria de 110 fotos dos shows do Exhumed, Beyond Creation, Chaos Synopsis e Circle Of Infinity
no Carioca Club em São Paulo/SP

Voltar para Shows