Paul McCartney - Got Back Tour
Estádio Allianz Parque em São Paulo/SP
Sábado, 09 de Dezembro de 2023

 Simpatia, carisma e muito Rock'n'Roll em um espetáculo monumental

    No dia 7 de agosto de 2023 fomos surpreendidos com o seguinte anúncio feito por Paul McCartney: “Tenho boas notícias. Estamos voltando ao Brasil em novembro para tocar para vocês. Temos ótimas lembranças de todas as nossas visitas ao país. Eu amo ir ao Brasil porque vocês gostam de Rock, de cantar e festejar ao mesmo tempo. Estamos muito animados. Vamos nos divertir. Vamos arrasar. Vamos passear. E Brasil, vamos nos divertir muito!”

Sold Out em todas as datas e cidades

    E aí assim que os ingressos começaram a serem vendidos para os shows da Got Back Tour nas cidades de Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, São Paulo/SP, Curitiba/PR e Rio de Janeiro/RJ só tínhamos uma certeza... estaremos presentes em uma dessas datas para conferir o incrível e apaixonante Paul McCartney. Tão logo os ingressos começaram a serem vendidos para primeira data em São Paulo/SP no dia 09 de dezembro... rapidamente eles se esgotaram levando a produção marcar uma segunda data no dia 07 de dezembro, que também se esgotou na mesma velocidade e assim tivemos a terceira data, no dia 10 de dezembro, que também deu sold out ( ou esgotado ).

    Também acabaram os ingressos para o show em Brasília/DF no dia 30 de novembro, para Belo Horizonte/MG no dia 03 de dezembro ( levando a uma data extra no dia 04 de dezembro ), em Curitiba/PR no dia 13 de dezembro e no Rio de Janeiro/RJ no dia 16 de dezembro totalizando assim oito shows ( isso sem contar o show surpresa de aquecimento no dia 28 de novembro no Clube do Choro em Brasília/DF e os 'soundcheck' - pequenos shows para um público VIP de aproximadamente uma hora ).

    Esta passagem da Got Back Tour no Brasil marcou a décima vez do ex-Beatle aqui ( o quinto lugar onde mais shows aconteceram de Paul McCartney no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Alemanha, respectivamente ), e tudo isso somado resultou em 37 shows no país ( considerando a última data da tour no Maracanã no Rio de Janeiro/RJ ). Destas dezenas de apresentações ao longo dos anos tive a honra de acompanhar e cobrir apenas uma data, em São Paulo/SP no dia 25 de novembro de 2014 no Allianz Parque ( leia matéria ). Porém, agora em 2023, tive a chance de conferir ( e contar para vocês caros leitores(as) do Rock On Stage ) não uma, mas duas apresentações de Paul McCartney no Brasil. E desta forma relato aqui como foi o mágico show realizado no sábado 09 de dezembro de 2023.

    Antes de Paul McCartney, quem foi o responsável por aquecer o público antes do show foi o DJ Chris Holmes e entre versões remixadas ou com alguns efeitos foram tocadas músicas como Paperback Writer e Day Tripper dos Beatles e também Silly Love Song do Wings e My Brave Face da carreira solo de Paul McCartney, entre várias outras nesta trinca Beatles, Wings e solo, que foram responsáveis por nos deixarem ainda mais ansiosos para o momento em que veríamos seu criador no palco. Isso durou até as 19:45, quando o DJ se despediu e o longo vídeo introdutório do show começou a ser exibido.

O prédio do show

    E posso classificar esta exibição como o início do show e foi muito bacana, pois, vimos a câmera nos levar para uma casa de shows, que teria um show de Paul McCartney e começar a subir e neste imenso prédio, vimos imagens da infância de Paul McCartney, dos Beatles, de Brain Epstein, de George Martin, de Phill Collins, de Pete Best, de John Lennon, de George Harrison, de Ringo Starr, dos Wings, da bandeira da Ucrânia segurada por Paul McCartney, de Linda Eastman, de Dave Grohl, de Bruce Springsteen, capas de discos dos Beatles, dos Wings e dos solos de Paul McCartney, enfim, meio que relembrando de toda a trajetória do músico desde seu início até os dias atuais. Este monstruoso e interminável edifício mudou de forma sua estrutura várias vezes até que terminou exibindo o baixo Hofner de Paul McCartney e este baixo saiu voando pelo espaço tudo isso ao som de algumas músicas da discografia do músico.

    Tranquilamente apenas acenando para o público e já emitindo sorrisos demonstrando sua afeição com os fãs, Paul McCartney entrou no palco de terno e portando seu histórico baixo Hofner ao lado dos seguintes músicos: Paul "Wix" Wickens ( teclados, acordeom, gaita, violão, percussão e direção musical ), Brian Ray ( baixo, guitarra, violão e backing vocals ), Rusty Anderson ( guitarra, violão e backing vocals ) e Abe Laboriel Jr ( bateria, percussão e backing vocals ).

    Ele foi saudado efusivamente por toda aquela multidão que lotou o Allianz Parque no sábado, que recebeu em troca simplesmente A Hard's Day Night, título do terceiro álbum dos Beatles de 1964 e que nos fez pular, gritar e dançar em um estado de alegria sem limites por ver esta figura totalmente simpática diante de nossos olhos. E no público tínhamos senhores e senhoras com mais de 60 anos, adultos dos 20... 30... 40... 50... anos e também crianças menores de 12 anos... uma verdadeira celebração de gerações de beatlemaniácos. A versão de A Hard's Day Night foi a melhor maneira de começar este show ateando fogo em nossos corações e também nos deixando completamente felizes.

"Boa Noite Mano"

    Dando ênfase aos solos repletos de melodias dos guitarristas Brian Ray e Rusty Anderson tivemos a maravilhosa Junior's Farm, a primeira do Wings executada nesta noite, que foi lançada em um compacto de 1974 e foi cantada com brilhantismo por Paul McCartney.

    Ele soltou em seguida um "Boa Noite Mano" em uma clara saudação ao público paulista e tocou em seguida outra do Wings com a Letting Go, que contou com uma surpresa sensacional... o trio de metais Hot City Horns formado por Paul Burton no trombone, Kenji Fenton no saxofone e Mike Davis trompete, que apareceu na lateral esquerda do estádio concedendo um resplendor maior à esta canção do disco Venus and Mars de 1975, que contou com um esbelto solo de guitarra feito por Brian Ray junto da belíssima harmonia concedida pelo Hot City Horns e que nos fez aplaudir no ritmo da canção.

    Paul McCartney disse que vamos relembrar dos bons tempos e em bom português complementou: "Vou tentar falar um pouco de português... um pouquinho" e mostrou esse gesto com os dedos. Em tantas visitas pelo país... certamente que ele está aprendendo mesmo algumas palavras, além de demonstrar sua consideração por nós. Desta forma, a quarta do set foi o single de 1964 She's a Woman dos Beatles ( que no Brasil saiu no LP Beatles'65 ) levando a atmosfera Rock'n'Roll para dentro dos corações de cada um dos presentes, que puderam conferir as notas da Gibson SG de Brian Ray.

    Muito educado como sempre, Paul McCartney falou: "Thank You... Thanky Very Much..." e alguns de nós respondemos com um "Thank Youuu Pauuul..." para que pudéssemos apreciar Got To Get You Into My Life ( do disco Revolver de 1965 dos Beatles ) e sentir como a sua voz está magnífica e como ele facilmente nos conquista com seu incomensurável carisma. Aos gritos de "Paul... Paul...", ele em nossa língua disse: "uma música nova... um pouquinho nova..." e sacou a Come On To Me do Egypt Station ( o penúltimo de estúdio solo de 2018 ) produzindo aquela vontade de dançar, porém, procurei ficar de olho na atuação de cada um dos músicos no palco, que mais uma vez contaram com a participação do Hot City Horns enriquecendo ainda mais a música e o espetáculo, que contou com um breve prolongamento.

    Antes de tocar a Let Me Roll It do Wings, Paul McCartney trocou o baixo Hofner por uma Gibson Les Paul psicodélica e tivemos a primeira catarse coletiva com este clássico do Band On The Run de 1973, pois, cantamos, aplaudimos e sentimos suas melodias entrar em nossas células enquanto que algumas torres de iluminação se movimentaram e deixaram o clima ainda mais envolvente entre nós e a banda, que graças ao tecladista Paul "Wix" Wickens ficou ainda melhor por ele invocar a magia do Rock'n'Roll nos solos de seu Yamaha, que no final em que eles alongaram um pouco a música e incluíram um trecho de Foxy Lady do Jimi Hendrix aplicando um peso que adoramos sentir através de seus solos de guitarras feitos por Paul McCartney e Rusty Anderson.

Clássicos

    Antes de prosseguir, Paul McCartney fez uma saudação à importância de Jimi Hendrix e elevou a empolgação de cada um de nós lá no topo com Getting Better uma das icônicas músicas da majestosa obra prima dos Beatles, o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band de 1967, que seja por sua harmonia ou imagens psicodélicas nos telões, ficamos totalmente ligados a cada movimento de Paul McCartney e cantamos com ele seus versos à plenos pulmões.

    De um clássico para outro e com Paul McCartney no piano de cauda para nos brindar com a Let 'Em In ( essa do Wings e presente no disco Wings At The Speed Of Sound de 1976 ) em que Paul McCartney e Abe Laboriel Jr assoviaram algumas partes de seu andamento a la banda marcial, que te capturam sem que você perceba e com direito ainda à um solo do trombonista Paul Burton do Hot City Horns.

    "Thank Yooou good people.... Eu fiz essa canção para a minha amada esposa Nancy...", declarou o apaixonado Paul McCartney para sua esposa Nancy Shevell e dedicou para ela a balada My Valentine do Kisses Of The Bottom de 2012, que provavelmente fez muitos casais de todas as idades espalhados pelo estádio se abraçarem mais forte e se beijarem. Unido à isso, Paul McCartney tocou uma formosa melodia daquelas que só não fechamos os olhos para absorvê-la, pois, queríamos ver sua atuação no piano.

    De volta ao Rock'n'Roll tivemos outra das mais formidáveis músicas do Wings com a Nineteen Hundred and Eighty Five, outra do Band On The Run, que instantaneamente provoca aquela vontade de cantar com Paul McCartney seus versos, no show olhar os solos de guitarra de Rusty Anderson e também toda a iluminação, os lasers e as luzes, que promoviam um deleite à parte em todos.

Simples e eficaz

    Antes de disparar a terceira seguida no piano, Paul McCartney disse um "Thank You... obrigado..." básico e nos mostrou seu primeiro hit pós Beatles com a Maybe I'm Amazed, que foi gravada no McCartney de 1970 e enquanto sua voz nos impressionava nas notas mais altas, o telão exibia imagens de um Paul McCartney barbudo junto de seu pequeno filho no início dos anos 70.

    A galera pediu She Loves You ao cantar "She Loves You, Yeah, Yeah...", porém, foi agraciada com uma do álbum Help! de 1965 com o Country Rock I've Just Seen a Face em que Paul McCartney utilizou um violão deixando a música com um tom simplista com todos os músicos próximos ( Abe Aboriel Jr com um pequeno kit de bateria, Paul "Wix" Wickens no arcordeom e Rusty Anderson também no violão e apenas Brian Ray no baixo elétrico ), que de certo ponto de vista transformou o Allianz Parque em show em uma fazenda com eles tocando na frente da casa de Paul McCartney ( impressão que me passou a imagem exposta no telão ).

    Paul McCartney disse que era hora de voltar no tempo quando ele tocava em uma pequena banda em Liverpool e comentou também de sua primeira gravação com ela. Ele estava referindo-se ao The Quarrymen ( banda que teve antes dos Beatles, junto com John Lennon na época de escola ) e tocou o leve Rock'n'Roll chamado In Spite Of All The Danger, que prazerosamente cantamos com ele e continuamos em seu refrão por mais algumas vezes que o previsto seguramente deixando o ex-Beatle também satisfeito. Como o show tem que continuar, Paul McCartney nos informou que a próxima música era a primeira que os Beatles registraram no Abbey Road Studios, isso lá em 1963 e que fez parte do álbum Please, Please Me com Love Me Do, que contou com um coro realmente marcante de todos do Allianz Parque e a gaita muito bem tocada por Paul "Wix" Wickens.

    No bandolim, Paul McCartney nos convidou para dançar esta noite e essa foi a deixa para a saborosa música Dance Tonight do disco Memory Almost Full de 2007, que se já dançávamos nas outras, nesta então era para se mexer e bastante ( embora dançar não é lá meu forte, mas ao menos mexi os braços ), porém, a maioria dançou e bastante.

Subindo e levando muitos aos prantos

    Um dos momentos mais bonitos de todo o show foi quando Blackbird do White Album de 1968 dos Beatles foi tocada somente por Paul McCartney e ele foi elevado sendo que os telões de fundo e os que surgiram na frente deste pequeno palco exibiram imagens do pássaro preto voando livre ao luar, que muitos choraram pela intensidade do momento e pelas mensagens de sua letra.

    Não bastava apenas emocionar... Paul McCartney nos comoveu mesmo ao dizer: "Essa música é para o meu querido 'parça'... John..." com todos gritando "John... John..." atendendo a solicitação de Paul McCartney, que cantou a lenta Here Today, que foi registrada no ano posterior ao assassinato de John Lennon no álbum Tug Of War de 1982 com imagens do nosso planeta Terra e do espaço dando a entender que John Lennon é uma estrela que para sempre brilhará no céu e sempre servirá de inspiração para todos nós.

    Ainda sozinho, ele cantou Here Today utilizando o violão e este palco elevado foi descendo da altura que estava inicialmente e nivelado com o principal e inesperadamente, o público cantou a Give Peace a Chance da Plastic Ono Band, que não estava no setlist e Paul McCartney e a sua banda cantaram alguns de seus versos acompanhando a plateia, que me fizeram lacrimejar, pois, aí a emoção bateu forte mesmo. E como esta música é relevante atualmente, pois, temos duas guerras em andamento no mundo: Rússia contra a Ucrânia e Israel contra o Hamas, o que me leva a pensar como devemos dar uma chance à paz todos os dias em todos os lugares evitando assim os conflitos, embora saiba o quão difícil é isso acontecer.

Homenagens e eternas lembranças

    Logo após todos voltarem ao palco, um piano com um fundo psicodélico foi colocado na frente no palco e Paul McCartney trouxe New, o bom Rock'n'Roll título de seu álbum solo de 2013, para nós para nos divertir depois de uma tríade tão sintomática quanto as anteriores. Ainda neste piano, tivemos a jovial Lady Madonna, single que saiu em 1968 e que homenageou estritamente as mulheres que tanto fazem no mundo, sejam jogadoras de futebol, donas de casa, políticas, mães, ativistas ( como Greta Thumberg que também apareceu no telão ), famosas ou não. E cravo aqui também o meus parabéns à todas as mulheres.

    O show já se aproximava do final da primeira parte e o sempre sorridente Paul McCartney nos disse: "Essa música é para Denny Laine...", que foi companheiro dele no Wings e partiu poucos dias atrás ( 5 de dezembro ) e esta outra homenagem foi realizada com uma das melhores da banda com a Jet, outra do excelente Band On The Run, que contou com Paul McCartney novamente com o seu Hofner em mãos e cantando sua letra com toda a perfeição que a música exige, e claro, nós também participamos no refrão com ele. E o músico nos agradeceu dizendo o seguinte: "Vocês são da hora..." e como quase sempre em português.

Mano George

    Para manter o clima de festa no ar, Being For The Benefit Of Mr. Kite! do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band foi a escolhida e seus aromas psicodélicos amplificados pelas imagens no telão, luzes e lasers nos conduziram para uma deliciosa viagem até os anos 60.

    "Esta canção vou dedicar ao meu mano George...", com estas palavras Paul McCartney no ukulele escolheu uma das mais representativas canções que George Harrison compôs nos Beatles com a Something do Abbey Road, que pela leveza e pela formosura da versão acústica desta noite, nós cantamos com ele suas estrofes transbordando de contentamento, além de admirar também as imagens de George Harrison no telão junto de Paul McCartney em mais outra parte que será sempre lembrada por todos.

    Paul McCartney convocou a participação de todos para a próxima música do set, dizendo que deveremos cantar quando ele dizer "Agora vocês" e assim a animada Ob-La-Di, Ob-La-Da já contou com nossa 'ajuda' antes mesmo de chegar o ponto, pois, não dá ouvir esta música do White Album e ficar esperando a hora certa de cantá-la.

Sequencia notável

    Inclusive, continuamos por conta própria a cantarolar seus refrão por mais alguns segundos, todavia, fomos interrompidos por uma das que mais aguardamos em um show de Paul McCartney e que não é dos Beatles, estou falando da canção Band On The Run, que fornece o título ao álbum que completou cinquenta anos no dia 5 de dezembro e como é impactante presenciar Paul McCartney e sua banda nos apresentando uma versão tão primorosa quanto esta, afinal, a música começa no violão, passa pelos solos de slide na guitarra feitos por Rusty Anderson e somado à isso todo o encantamento da voz de Paul McCartney, que cantamos com ele suas rimas depositando toda a nossa felicidade.

    Se a intenção era de nos deixar deslumbrados, Paul McCartney conseguiu ao tocar a Get Back, que pertence ao álbum Let It Be de 1970 e que também nos fez o estádio pular e cantar em uníssono com ele, além de aplaudir intensamente. Com apenas um "Thank You..." pronunciado por Paul McCartney, ele retornou ao piano de cauda para cantar Let It Be e esta é outra música que todos adoram e cantam sentindo suas positivas mensagens.

   A história do agente secreto britânico James Bond nunca mais foi a mesma depois que a música Live and Let Die do Wings foi tema de um de seus filmes, pois, a adrenalina que ela contém e as mudanças de andamento fizeram bem demais ao Rock'n'Roll e conquistaram milhões de fãs pelo mundo, sendo até regravada pelo Guns'n'Roses, porém, nesta noite Paul McCartney ainda no piano exibiu uma versão significativa em que além da parte musical totalmente atraente tivemos também a produção sincronizada em fogos, lasers, fumaça, explosões, jogo de luzes... praticamente... nos deixando de queixo caído.

    Finalizando o que posso considerar como primeiro ato do show... de frente para nós e no piano psicodélico foi a hora do hino Hey Jude, que transformou o Allianz Parque em um coral de dezenas de milhares de vozes em paz e unidas cantando com Paul McCartney, especialmente, o refrão "Na, na-na-na-na-na-na-na-na, Hey, Jude" desejando que este momento para lá de lindo e esta interação com o lorde inglês não terminasse nunca.

    Curtindo um pouco seu talento de frontman, Paul McCartney foi à frente do palco pedindo para que somente os homens cantassem o refrão, depois só as mulheres e por fim todos nós e cada vez mais fortes, assim, ele nos agradeceu e na saudou todo o público antes de se direcionar ao backstage entre extensos aplausos.

Bis somente com Beatles

    Ao voltar no palco, Paul McCartney, que sutilmente já demonstrou sua correta aversão à guerras, declarou importância das mulheres e da preservação do meio ambiente, que exaltou o amor o tempo todo; agora também mostrou o respeito ao nosso país ao carregar bandeira brasileira e respeito também à Inglaterra e aos diretos dos LGBT+, com dois de seus músicos expondo essas bandeiras. É... Paul McCartney está muito bem antenado ao que acontece no mundo e discretamente deixa sua opinião sobre os temas.

    Apenas dizendo ( em inglês ) que a canção seguinte é muito especial para ele, mais uma lembrança e uma homenagem ao ícone John Lennon com I've Got a Feeling do Let It Be em que ele começa a cantar outra vez nos emocionando e depois contando com o eterno amigo no telão cantando suas partes na música, sendo que Paul McCartney olha para as imagens de John Lennon no telão naquele show no alto do prédio da Abbey Road Studios e certamente também ficou emocionado neste outro esplendoroso momento do show, que ganhou um prolongamento puramente Rock'n'Roll em que ele e Rusty Anderson solaram suas guitarras lindamente.

   Soltando um "e aí galera?", que foi emendado na alegre I Saw Her Standing There, que abre o álbum Please, Please Me, Paul McCartney mais uma vez colocou o estádio para pular e cantar com ele e nem preciso dizer que reagimos imediatamente, ou preciso?

    Uma das mais esperadas por mim era a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band ( Reprise ), que produziu um ambiente Rock'n'Roll digno da grandeza deste show e que se fortaleceu com a encorpada Helter Skelter do White Album, que Paul McCartney cantou com mais força e junto de Rusty Anderson solou sua guitarra com precisão e distorção nos fazendo berrar o título da música com ele repetidamente e inteiramente radiantes.

Nostálgico

    Paul McCartney foi até o piano de cauda disse: "Agora é hora de ir embora..." respondido por um grande "nãoooooo..." do público e cita os nomes da sua equipe responsável por transformar seu show em um grande espetáculo, além de chamar sua banda de fantástica e agradecer também ao Hot City Horns e, principalmente, à todos nos.

 

    Dito isso, chegamos ao final do show, que foi dedicado ao Abbey Road com três canções que sempre sensibilizam todos que a escutam, a primeira fpi a relativamente dramática Golden Slumbers seguida pela melódica Carry That Weight ( que cantamos como se não houvesse amanhã ) exalando sua mágica e frisando as palavras "Love You" como algo a ser seguido por todos nós sempre em meio aos solos de guitarras feitos por Rusty Anderson e Paul McCartney, e por fim, este último vocalizou a The End e encerrou este grandioso e extraordinário show dizendo "até a próxima..." ( que para mim... seria no dia seguinte ) diante de uma chuva de papéis picados de todas as cores. e toneladas de aplausos, após duas horas e quarenta e cinco minutos de show ao som das músicas No More Lonely Nights ( solo dele ) e My Love ( do Wings ).

    Foi dito que esta turnê seria a derradeira de Paul McCartney e embora saibamos que aos 81 anos de idade não seja tão fácil rodar o mundo, não queremos que ele pare e desejamos que ainda possamos ter um novo contato com ele aqui no Brasil, que possamos ter esta experiência estonteante, histórica e colossal que é um show de Paul McCartney outra vez.

    Acompanhar apenas o show Got Back Tour no sábado 09 de dezembro de 2023, já seria espetacularmente inesquecível para mim, porém, os sempre muito educados, solícitos, amáveis e prestativos membros da equipe da Fleishman Hillard, da Bonus Track e da 30E me concederam a oportunidade de conferir não apenas um show, mas dois shows, e aí retornei no domingo para rever Paul McCartney, entretanto, esta é uma outra história, que também é contada em detalhes aqui no Rock On Stage.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Marcos Hermes ( fotos do primeiro show - quinta ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para a equipe da Fleishman Hillard, da Bonus Track e da 30E
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Dezembro/2023

  

Set List de Paul McCartney

 - A Hard Day's Night
2 - Junior's Farm
3 - Letting Go
4 - She's A Woman
5 - Got To Get You Into My Life
6 - Come On to Me
7 - Let Me Roll It
8 - Getting Better
9 - Let 'Em In
10 - My Valentine
11 - Nineteen Hundred and Eighty-Five
12 - Maybe I'm Amazed
13 - I've Just Seen a Face
14 - In Spite Of All The Danger
15 - Love Me Do
16 - Dance Tonight
17 - Blackbird
18 - Here Today
19 - Give Peace A Chance
20 - New
21 - Lady Madonna
22 - Jet
23 - Being For The Benefit Of Mr. Kite!

24 - Something
25 - Ob-La-Di, Ob-La-Da
26 - Band On The Run
27 - Get Back
28 - Let It Be
29 - Live And Let Die
30 - Hey Jude

Encore:
31 - I've Got A Feeling
32 - I Saw Her Standing There
33 - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band ( Reprise )
34 - Helter Skelter
35 - Golden Slumbers
36 - Carry That Weight
37 - The End

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