Pouco depois do som de introdução intitulada como Primal Fear, que contou com os incessantes gritos fortes do nome da banda pela plateia, vimos cada um dos músicos ocuparem seus postos para iniciarem o show para valer com a acelerada Chainbreaker do primeiro disco da banda, o álbum Primal Fear de 1998, que incendiou a galera e que reagiu agitando bastante com a banda, que se movimentava muito bem pelo palco, especialmente, o Ralf Scheepers e o baixista Alex Jansen, que propositalmente ia para o lado do vocalista muitas vezes durante o show sendo repelido por ele, mas calma.. era brincadeira.

    Embora notadamente impactados com a calorosa recepção dos fãs, o quinteto enviou outra música na sequência sem falar nada, agora era a vez de Rollercoaster do Seven Seals de 2005, essa em uma pegada mais Heavy Metal, aliás, uma característica conhecidíssima do Primal Fear desde sua origem foi de direcionar mais para o lado Heavy Metal ao longo de sua história. A forma que o vocalista conduziu os fãs durante a Rollecoaster sempre erguendo as mãos conclamando nossa participação resultou em muitos "hey... hey..." e socos no ar de acordo com suas solicitações.

    Bastante aplaudidos, Ralf Scheepers agora conversou conosco e disse que está feliz e orgulhoso por estar pela primeira vez em Limeira. Ele complementou seu primeiro discurso ao dizer que chegara a hora da primeira do novo álbum Code Red e assim partiram para a Melódica The World Is On Fire, que contou com ótimos solos de guitarras da dupla Tom Naumann e Alexander Beyrodt, que foram responsáveis por causarem junto à atuação do vocalista uma enorme participação do público, que aprovou o recente lançamento ( disparado um dos melhores do ano e provavelmente da carreira da banda ).

     Entre muitos aplausos e "hey... hey..." proferidos pelos fãs, Ralf Scheepers anunciou rapidamente que seria tocado o primeiro single de Code Red com a cadenciada Deep In The Night em um estilo Heavy Metal daqueles que basta ouvir uma vez para gostar... tanto que a galera acompanhou nas palmas o tempo todo, talvez parando um pouco somente para observar mais atentamente os seus exuberantes solos de guitarras.

    E além de divulgar as músicas novas, o Primal Fear optou por relembrar de canções de praticamente todos os seus discos, conforme percebi ao longo do set, e agora tivemos a cativante Face The Emptiness do New Religion de 2007, onde mais uma vez Tom Naumann e Alexander Beyrodt aplicaram excelentes solos de guitarras.

    Com um sonoro "Obrigado", Ralf Scheepers nos agradeceu, mas a galera berrou tão forte o nome da banda que deixou os alemães boquiabertos com a gritaria e então, ele brinca com a potência de sua voz no melhor estilo de Freddie Mercury nos levando a tentar imitá-lo nos "êêêêêooooo", o que convenhamos... não é uma tarefa fácil para reles mortais. Depois, ele informou que seria tocada a primeira canção do álbum Code Red com a vibrante Another Hero, que comprovou mesmo a força desse novo trabalho da banda, pois, a galera cantou com o vocalista seus versos e pirou quando atuaram nos "ôôôôôôôôôô" juntos de Ralf Scheepers.

    Nem deu tempo de bradar o nome da banda novamente, pois, o Primal Fear emendou Another Hero no rápido e inflamável Power Metal Nuclear Fire, que intitula o álbum terceiro disco da banda lançado lá no ano de 2001, satisfazendo assim, quem esperava que os clássicos fossem libertos e como é bom ouvir uma música onde os solos de guitarras foram tocados à pleno vapor e suportados com destreza pelo incansável Michael Ehré em sua bateria.

    E o vocalista disse que não estava acreditando no que estava vendo, pois, o público estava mesmo em êxtase com o show e eles sentiram essa adrenalina lá no palco... é Ralf Scheepers... o interior também sabe como atear fogo em um show, ponto para nós. Para nos saudar, o vocalista gritou algumas vezes o nome da cidade e então comentou sobre o penúltimo disco de estúdio deles, o Metal Commando de 2020 e deste foi lembrada belíssima e cadenciada Hear Me Calling, onde saliento a nobre voz de Ralf Scheepers ( que cantou com entrega total ) e também os solos melodiosos feitos pela entrosada e habilidosa dupla Tom Naumann e Alexander Beyrodt.

    A galera pediu algumas músicas enquanto o carismático Ralf Scheepers conversava outra vez conosco, todavia, a escolhida foi a balada Fighting The Darkness do cd New Religion, cujo início nos dedilhados mais lentos, as esbeltas linhas melódicas de seu ritmo e os seus vocais emocionados, nos proporcionaram o momento mais exuberante do show, onde não tivemos outra alternativa senão a de cantar com o quinteto, aliás, fomos brindados com uma rifflerama pesada e repleta de melodia daquelas para você olhar para o headbanger do lado e dizer para ele: "que showzão!!!". Alguns instantes depois durante essa citada rifflerama, Ralf Scheepers reassumiu os vocais e repetiu seu refrão por mais algumas vezes em um dos momentos mais inesquecíveis deste show do Primal Fear em Limeira.

    Chamando os fãs para os 'backing vocals' com os "ôôôôôôôôôô" em várias entonações, Ralf Scheepers comandou o público com todo o seu talento natural durante a cadenciada King Of Madness do Apocalypse de 2018, cujos solos melódicos foram um deleite à parte para quem aprecia ( nosso caso total ) e que resultaram em uma explosão de "hey... hey...". Mantendo o padrão e o pique elevado do show, os alemães executaram sem alarde a envolvente The End Is Near ( que faz parte do Rulebreaker de 2016 ) e como foi uma decisão acertada, pois, era impossível não ser atingido em cheio por seu ritmo centrado no Heavy Metal de solos incandescentes e ligeiros.

    Ralf Scheepers gostou de brincar com sua voz e nos conduziu para uma nova sessão de "êêêêêoooow" até dizer que nos ama, que a banda nos ama e que ama o Brasil... dito isso até que sem demora, ele anunciou a cadenciada When Death Comes Knocking do Delivering The Black de 2014, que cada solo contava com "hey... hey..." dos fãs cada vez mais altos. Inclusive, a voz de Ralf Scheepers ainda se mantém excelente, pois, ele alcançou cada um dos agudos que a música pediu com primor.

    O vocalista berrou o nome da cidade por duas vezes e os fãs respondem "Primal Fear... Primal Fear..." durando até que fomos questionados com a seguinte frase: "Do You Like Heavy Metal?" e com o sonoro sim ecoando pelo Estúdio Mirage Eventos, eles disparam o hino Metal Is Forever do Devil's Ground de 2004, que foi um dos pontos altos do show e contou com uma participação intensa do público seja nos "hey...hey..." ou nos "ôôôôôôô" durante os solos de guitarras.

    E pensa que foi só, não... pois, a banda prometeu que os shows desta nova turnê seriam especiais e assinalo aqui que são mesmo, pois, sem pestanejar tocaram a Final Embrace do segundo disco, o Jaws Of Death de 1999, que também teve o enorme coro formado pelos presentes no Estúdio Mirage Eventos finalizando perfeitamente a primeira parte do show.

    Tudo bem que o bis é algo que sempre esperamos e desejamos em cada um dos shows que vamos, entretanto, até este ponto o Primal Fear fez uma apresentação tão irretocável, que se terminasse aqui, já teria ficado muito satisfeito e enquanto as pessoas gritavam repetidamente "Primal Fear... Primal Fear..." e "one more song...", os músicos retornaram para duas das antigas... primeiro com Angel In Black do Nuclear Fire, que veio tão veloz quanto o esperado e depois com a mais cadenciada Running In The Dust do Primal Fear.

    Em Angel In Black todos cantaram freneticamente com a banda e tivemos também uma sucessão de solos simplesmente magníficos e já em Running In The Dust, eles apresentaram alguns riffs de You've Got Another Thing Comin' do Judas Priest ou foi minha impressão? Bem, não posso afirmar categoricamente, mas, a verdade é que exibiram uma versão esplêndida desta música do primeiro álbum da banda, que foi terminou com solos formidáveis.

    Durante a música de encerramento, os músicos vieram todos na frente do palco para se despedirem dos fãs com as mãos para o alto balançando em agradecimento à energia da plateia, além de tirar a sempre tradicional foto com todos nós ao fundo. Foram pouco mais de noventa minutos show, no entanto, que fabuloso e marcante show, meus caros leitores e leitoras do Rock On Stage.

    Posso dizer seguramente que esta apresentação em Limeira, com uma iluminação e qualidade de som - como sempre - com um elevado padrão de qualidade ( característica já costumeira da Circle Of Infinity Produções ), foi a melhor que assisti do Primal Fear ( as outras duas foram no Live'n'Louder de 2006 - leia aqui - e no Monsters Of Rock de 2015 - confira matéria ) e acredito que os músicos também não se esquecerão dos fãs que estiveram no Estúdio Mirage Eventos, pois, não são tantas vezes que a ligação banda-plateia foi tão bem executada quanto nesta noite de sábado, que certamente na próxima turnê da banda no Brasil, a cidade interiorana será inclusa na agenda dos alemães e aí... todos nós retornaremos lá novamente para outra celebração do seu Heavy Metal.

    De curiosidade vale dizer que... quem demorou um pouco mais para ir embora... pode conversar rapidamente com alguns dos músicos e inclusive tirar fotos ao lado deles, o que para nós que somos fãs de Heavy Metal é algo que guardaremos com todo o carinho.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à equipe da Circle Of Infinity Produções
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Novembro/2023

Set List do Primal Fear

Primal Fear
1 - Chainbreaker
2 - Rollercoaster
3 - The World Is On Fire
4 - Deep In The Night
5 - Face The Emptiness
6 - Another Hero
7 - Nuclear Fire
8 - Hear Me Calling
9 - Fighting the Darkness
10 - King Of Madness
11 - The End Is Near
12 - When Death Comes Knocking
13 - Metal Is Forever
14 - Final Embrace

Encore:
15 - Angel In Black
16 - Running In The Dust