Monsters Of Rock -
1º Dia
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Mas para a edição de 2015, o festival realizado pela Mercury Concerts foi certamente o melhor dentre todas as seis edições brasileiras, pois desta vez, o line-up do evento contou com alguns dos mais influentes nomes da história do Heavy Metal e do Hard Rock: KISS, Ozzy Osbourne, Judas Priest, Motörhead, Manowar, Accept, Yngwie Malmsteen, que estão entre os mais conhecidos, e uma galera mais recente - e não menos importante - como o Primal Fear, Unisonic, Rival Sons, Steel Panther, Coal Chamber, Black Veil Brides, De La Tierra e Dr. Pheabes. Ou seja, sonzeira para todos os gostos distribuídas em dois dias de festival. Nesta primeira parte da matéria do Rock On Stage, vou concentrar às bandas que se apresentaram no primeiro dia.
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Com o sol bastante forte, a cadenciada When Death Comes Knocking do novo álbum foi a quinta tarde e os guitarristas Ton Naumann e Alexander Beyrodt aproveitavam entre um solo e outro para jogar várias palhetas, enquanto que Ralf Scheepers e Mat Sinner passavam muita energia nos vocais. Angel In Black, outra do Nuclear Fire trouxe todas as velozes características do Power Metal do quinteto, que sempre denotam boas sensações e ao vivo, se intensificam ainda mais com longos agudos do vocalista. Com uma nova sessão de "Yeaahhh" do vocalista ( sinal que ele gosta solicitar a participação dos fãs, que respondem plenamente ), ele avisa que a próxima era outra música rápida e pede palmas e "heys", assim, a Chainbreaker do primeiro álbum do Primal Fear de 1998 foi tocada com muita empolgação com riffs de guitarras totalmente soltos, que garantiram muita agitação dos fãs ao berrar seu refrão com Ralf Scheepers.
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O vocalista solta um "obrigado" e começa a apresentar a banda, primeiro a dupla de guitarristas Ton Naumann e Alexander Beyrodt, que receberam aplausos, depois o baterista brasileiro Aquiles Priester, que teve seu nome gritado naquele coro típico "Aquiles... Aquiles..." e por fim, o baixista Mat Sinner e este introduz o vocalista Ralf Scheepers, que nos pergunta se estamos prontos para o Heavy Metal, e após duas tentativas para fazer o público berrar mais alto, a conhecida Metal Is Forever, um verdadeiro hino da banda criado em 2004 para o cd Devil´s Ground e que fez a galera agitar bastante seja com punhos ao alto ou "heys". Notadamente contente pela recepção dos fãs, o vocalista novamente nos agradece e o Primal Fear emenda a cadenciada Running In The Dust de seu primeiro cd, que empolgou bastante e marcou o final de sua ótima apresentação, que nos momentos finais o vocalista bradou um "São Paulo We Love You", após pouco mais de 40 minutos de show. E deu para ver que os fãs curtiram o set, pois ficaram gritando "Primal Fear...Primal Fear..." por várias vezes enquanto eles se despediam.
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Então, Coal Chamber nos trouxe alguns dedilhados, que foram seguidos por muitas palmas dos fãs e Dez Fafara convocando os fãs para participarem da furiosa e cheia de linhas industriais de Dark Days, que novamente nas suas partes agressivas fizeram mais rodas surgirem. Dez Fafara nos pergunta se estamos ouvindo e aí diz: "Quero que vocês dancem... Não fiquem parados! Vocês vieram para se divertir, não foi?”, após vários "Are You Ready" e com o guitarrista extraindo alguns efeitos estranhos I ( do primeiro cd ) mantém o clima agressivo do Coal Chamber em alta. A música título do novo cd continuou o show e Rivals mostrou sua cara distorcida em um ritmo mais lento, bem ao gosto dos fãs do estilo.
Para terminar o set, o Coal Chamber sacou a bizarra Oddity, que manteve a linha das anteriores e a aguardada Sway, ambas do primeiro cd. Antes da execução desta última, o vocalista saudou as bandas que viriam depois como o Motörhead, o Judas Priest e o Ozzy Osbourne em meio à distorções enlouquecidas feitas pelo guitarrista Meegs Rascon e quando a tocaram... tivemos uma avalanche sonora quase desconexa. Deu para ver que o Coal Chamber deu tudo que podia para marcar sua apresentação no Monsters Of Rock, mesmo com um estilo um tanto que dispare levando-se em conta os headliners.
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E sem delongas, o vocalista Jay Buchanan ( o único não barbudo e sem bigode da banda ) informa no microfone: "Nós somos o Rival Sons e nós estamos aqui para tocar Rock´n´Roll", frase que me lembrou na hora da outra atração chamada Motörhead, já que Lemmy sempre inicia seus shows assim.
A primeira da banda de Long Beach, Califórnia foi a sonzeira de Electric Man do Great Western Valkyrie de 2014, que conquistou a galera com muita facilidade pela competente e empolgada atuação dos músicos, pois, tínhamos um verdadeiro Guitar Hero em ação e um vocalista que sabe passar muito carisma ao cantar, amparados por uma trinca de baixo, bateria e teclados que realmente dão um grau no show. O Rival Sons continua com a Play The Fool, que também é do novo cd e nos mostrou um clima nonsense nos vocais e cheia de riffs de guitarra um tanto que lembrando do Led Zeppelin, que culminam em solos combinados de guitarra, teclados e bateria, tanto que por onde se olhava viam-se pessoas dançando e curtindo esta eletricidade do quinteto.
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Quando se tem um grande lançamento nas mãos, nada melhor que continuar a mostrar suas qualidades não é? E foi exatamente isso que o Rival Sons fez ao tocar Secret, com o guitarrista Scott Holiday utilizando seu pedal, que inseriu mais peso e vibração na música, que relembrou novamente do Led Zeppelin em algumas partes, entretanto, a pegada nos versos nos fazia querer cantar com Jay Bauchanan, especialmente no refrão. E o Rival Sons utilizou algo que não é tão comum ver nas bandas hoje em dia: prolongamentos com solos de Blues, com o vocalista comandando os "ôôôôôôô" juntos aos fãs, uso da alavanca na guitarra deixando o som fluir livremente, fatos que contribuíram para que o Rival Sons elevasse o nível do festival.
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Enquanto Scott Holiday trocava de guitarra, o vocalista Jay Bauchanan exclama um "beleza" em português, comenta sobre o tempo ( aquela tradicional conversa se vai chover... ) e dispara a explosiva Pressure And Time, título do segundo álbum deles de 2011. E que eletricidade setentista essa música nos passou nos seus solos de guitarra e na atuação do vocalista, que não parava quieto chegando em alguns momentos a ficar de joelhos soltando sua voz com muita entrega. Eles agradecem a recepção e em poucos instantes, o guitarrista Scott Holiday traz o 'trem' em seus solos puramente de Blues com a contagiante Torture ( presente no EP da banda de 2011 ), que fez a galera acompanhar nas palmas convocadas pelo tecladista Todd Ögren-Brooks.
E deu para notar como a banda estava a vontade no palco do Monsters Of Rock, pois, aplicava improvisos com altas doses de Blues em seu andamento, e enquanto recebíamos a rifflerama deste excelente Scott Holiday, o baterista Mike Milley aproveitou para tirar fotos da plateia com seu celular e o vocalista Jay Bauchanan comandava a intensidade dos "ôôôôôôô" da plateia em uma interação linda de se ver e sentir, que continua mesmo após o final da música deixando os norte-americanos no palco ainda mais felizes.
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Entretanto, o show deve continuar e com os ótimos solos de Scott Holiday, Tell Me Something do primeiro lançamento da banda, o Before The Fire de 2009, trouxe uma magia única no ar, daquelas que só quem possui Rock´n´Roll no sangue consegue entender e Scott Holiday fez questão de exibir toda a sua categoria em um solo magnífico. Jay Bauchanan comenta que é a primeira vez da banda no Brasil ( que tenham mais!!! ) e nos pergunta se conhecíamos o novo álbum da banda, o Great Western Valkyrie e dele nos trazem a balada Where I've Been, que é um emocionante Blues lento a la Black Crowes com direito a solos de Scott Holliday utilizando um slide em sua guitarra.
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Depois deste momento mais calmo, o vocalista nos pergunta se estamos nos sentindo bem para atacar com a bombástica Get What's Coming, mais uma do EP de 2011, que cravou uma base eletrificada que não tinha como ficar parado em sua execução, aliás, o interessante foi reparar nos solos cada vez mais viajantes do guitarrista Scott Holiday no decorrer da música e como isso impactou cada um de nós, ante a uma nova atuação de gala do vocalista. Em seguida, com solos que pareciam voar tivemos a precisa Open My Eyes do Great Western Valkyrie, que também conteve todo vigor único da banda.
Antes do final, a galera berra "Rival Sons...Rival Sons" várias vezes demonstrando que aprovaram seu show no festival para que, em instantes depois, tenhamos os solos quase ensurdecedores Keep On Swinging ( do Head Down 2012 ), além das vocalizações emblemáticas de Jay Bauchanan encerradas com um "Sãooo Paaaulloooooo... Obrigadooooo!!!". Isso sim que é levar sonzeira a uma imensa plateia. Por mais que a bomba lançada por Gene Simmons sobre o Rock´n´Roll estar morto tenha dado o que falar, quando estamos em um show de um nome como o Rival Sons vemos que ele se revigora e renasce mais forte, tanto que esta banda merece retornar para uma tour solo pelo país.
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Bem falando do show em si, eles abriram o set com Heart Of Fire, música do álbum homônimo de 2014, que trouxe velocidade e peso, mas que apesar de agradar aos fãs da banda, não estiveram no gosto da grande maioria dos fãs que aguardava pelas atrações principais. E a banda sofreu um agravante ainda maior... ser a atração que tocaria antes do Motörhead ( provavelmente uma das mais esperadas de todo o festival ) e sem contar o fato que teriam que manter o clima elevado vindo do show do Rival Sons. O problema foi que o som deles misturou também Metalcore, um estilo que não era nem de longe o que a galera queria, e aí, começou uma dificuldade maior para o Black Veil Brides: um coro de "Motörhead... Motörhead..." dos presentes.
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O vocalista Andy Biersack saúda os fãs rapidamente e tocam a I Am Bulletproof do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones ( de 2013 ), que mostrou uma linha mais melodiosa, agradou a alguns, mas sofreu com as hostilidades levando o vocalista a exclamar um tanto irritado: "Ok eu também gosto do Motörhead, mas agora é hora do show do Black Veil Brides... parem de gritar comigo". O quinteto deu sequencia ao show e executou a Wretched And Divine, também do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones, que ostentou momentos bastante velozes, com as guitarristas Jake Pitts e Jinxx até flertando um pouco com o Thrash Metal, muita agressividade nos vocais e notava-se que a banda se esforçava para agradar, mas a missão era dura demais.
Com uma nova sessão de vaias, que levaram os caras a ficarem mais bravos, o vocalista chega a agradecer, mantém a atitude e inicia a Knives And Pens do We Stitch These Wounds, o primeiro 'full lenght' deles de 2010 com a mistura de peso e melodia da banda, que se tivesse se apresentado antes do Rival Sons ou do Primal Fear poderia ter conquistado mais fãs ou não ser tão hostilizada.
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Ele pede desculpas por não ser o Motörhead, e eu já vi isso acontecer em um Monsters Of Rock ( em 1996 ) e vitimar Sebastian Bach no Skid Row ( que saiu logo depois da apresentação no Brasil ), e vale dizer que eles fizeram um show certinho, pesado, Heavy Metal, mas, após os shows de Raimundos, Biohazard e Motörhead, os fãs detonaram o Skid Row, pois, queriam o Iron Maiden logo no palco. E a história estava se repetindo novamente neste show do esforçado Black Veil Brides, que tocou a instrumental e melódica Overture, que se ligou em Shadows Die, ambas do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones, que até que não foram ruins, mas pelo uso de violino ajudou a aumentar o anticlímax do show do quinteto.
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Depois, o Black Veil Brides ficou uns instantes fora do palco enquanto que as partes orquestradas eram tocadas e a galera já achava que o show já tivesse acabado, e realmente deu essa sensação, mas eles voltaram para terminar a música. Nesta hora, alguns até aplaudiam a banda, mas a maioria já 'dava tchauzinho', perguntava se acabou, e eles, por até questões de contrato, continuam o set com a Fallen Angels do Set The World On Fire de 2011, que possui uma veia mais Pop e fez alguns cantarem seus versos, mas, apesar de seus bons solos de guitarras não chegou a empolgar.
O show mais curto do Monsters Of Rock até aqui encerrou com as veias mais Pop da adequada In The End ( outra do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones ), bem antes do programado com os músicos do Black Veil Brides naturalmente bravos com a plateia. Eles tocaram por quarenta minutos e tinham direito à uma hora, mas não conseguiram continuar em um ambiente assim.
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Isso caiu como uma bomba, pois, muitos estavam no Monsters Of Rock para ver, provavelmente, o que seria a última apresentação do Motörhead na capital paulista ( espero que não, mas convenhamos... ) e a organização, para amenizar um pouco este fato avisou que teríamos uma Jam com os membros do Motörhead e do Sepultura, além de informar que o Judas Priest faria um set mais longo. Se era bom por um lado... era muito triste por outro, mas todos nós já ficamos doentes, já perdemos eventos que não queríamos perder e como o paciente em questão era Lemmy Kilmister, que está beirando os 70 anos de uma vida bastante desregrada ( para não dizer outra coisa ) é compreensível.
Desta forma, uma hora depois que a banda anterior deixou o palco, a Jam com Mikkey Dee na bateria, Phil Campbell e Andreas Kisser nas guitarras, Paulo Jr. no baixo e Derrick Green nos vocais iniciou ao som de Orgamastron ( título do álbum de 1986 ) aos incessantes gritos de "Lemmy... Lemmy... Lemmy...", que deixaram claro o respeito dos fãs para com o baixista inglês. E a improvisada banda executou este clássico do Metal com a necessária categoria, um pouco mais crua e agressiva que a original é verdade, mas totalmente no agrado dos fãs.
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Paulo Jr. teve uma honra pessoal extra: tocou com o baixo Rickenbaker de Lemmy Kilmister e desta forma o hino Ace Of Spades ( título do álbum de 1980 ) inflama a plateia e nos faz pensar: "que pena que Lemmy não pode estar presente para detonar..." Nesta, Andreas Kisser foi o responsável por dar vida aos seus versos e o guitarrista se saiu muito bem, diga-se de passagem. Mikkey Dee vai aos vocais para dizer que estão tocando com lendas brasileiras, e aí você vê a moral que o Sepultura possui e ele também agradece ao carinho dos fãs.
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Para terminar a Jam e quebrar os pescoços de muita gente, eles enviam a pedrada Overkill ( título do segundo cd de 1979 ), que também foi cantada por Andreas Kisser, com os backing de Derrick Green e por muitos fãs, totalmente estourando de alegria com a adrenalina musical proporcionada por este clássico. E Mikkey Dee não deixou por menos e literalmente "sentou a mão" na sua bateria com todos aqueles 'licks' e viradas inesquecíveis. Foi bacana que eles travaram a nota das guitarras enquanto agradeciam e jogavam palhetas levando uma aura mágica nos momentos finais do show.
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Quem também apareceu discretamente nesta hora foi uma garoa fina, mas que não durou muito ( ainda bem!!! ) e a fervorosa Halls Of Valhalla do novo cd foi a próxima com seus riffs pesados... diretos da guitarra de Rick Faulkner deixando claro que o garoto foi mesmo uma boa escolha para substituir o lendário K. K. Downing. E seja com música das antigas ou recentes, Judas Priest no palco é sempre matador e mexe com a multidão, ainda mais com o vocalista extraindo alguns guturais de suas cordas vocais como fez nesta composição do Redeemer Of Souls. Aos gritos de "Judas Priest... Judas Priest" ele nos conta que o álbum Defenders Of Faith está fazendo trinta anos e dele temos o sucesso Love Bites com vampiros no telão e Glenn Tripton 'assumindo' a responsabilidade dos solos de guitarras com a sua devida precisão.
Para cada música, o telão exibia alguma interação sobre ela e Rob Halford sempre utilizava uma blusa ou sobretudo diferentes ( nesta foi um cinza ), que tenha alguma relevância com a música e a próxima, a Turbo Lover do álbum Turbo de 1986 foi repleta de "heys...heys...heys", muitas palmas e um gigante coral, que mostrou como a banda estava nas graças do fãs
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O vocalista fala para os fãs que nós mantemos o Judas Priest vivo, que nós mantemos o Heavy Metal vivo e celebrando essa importância, eles tocam a música título do novo álbum, a Redeemer Of Souls com suas linhas sempre pesadas, que comprovam que mesmo com o passar dos anos, a qualidade da banda não diminui em nada. Retornando ao Defenders Of The Faith tivemos uma de suas melhores músicas, a rápida Jawbreaker, totalmente guiada pelos riffs de guitarras como deve ser um Heavy Metal, que com um frontman como Rob Halford a cantando fica ainda melhor, pois, ele sempre se movimenta bastante ( de forma lenta ) pelo palco.
Em seguida, Rob Halford convoca um "Breaking The Whaat?" cada vez mais forte para dar início ao hit Breaking The Law do grandioso British Steel, que fez todo mundo pular, cantar com a banda e de certa forma, se enfeitiçar com os solos de guitarras, que eram enviados de cima do palco. Depois as luzes se apagam, ouvimos sons de motocicleta e então Rob Halford entra no palco com uma Harley Davidson para delírio dos fãs para tocar a detonadora Hell Bent For Leather ( do Killing Machine de 1978 ), que encantou os dezenas de milhares de fãs.
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Sempre com muitos aplausos entre as músicas, o Judas Priest demonstrava porque eles são um dos nomes que ainda mandam quando se fala de Heavy Metal e após uma breve pausa, a dupla The Hellion/Electric Eye ( esta do Screaming For Vengeance ) vieram como 'um tiro de canhão' pela potência que foi exibida garantindo uma sessão de "ôôôôôôôs" dos fãs antes dos solos iniciais. Nesta, a plateia cantou com muita alegria seus versos com Rob Halford, que depois começou a testar até onde nossas gargantas iam aguentar com aquela interação de banda-plateia, como Freddie Mercury fazia nos shows do Queen e pelo visto, ele gostou do resultado prolongando com várias notas cada vez mais altas ( mas confesso... para nós... meros mortais, não é fácil acompanhar o vocalista ).
E a festiva You've Got Another Thing Comin' ( outra do 'álbum aniversariante' Screaming For Vengeance ) foi tocada com todo seu brilho característico, que não deixa ninguém parado e contou com os eficazes solos de Rick Faulkner acompanhado de muitas palmas, sendo que os guitarristas aplicaram alguns solos mais longos e com improvisos mostrando sua virtuose na guitarra. Já Rob Halford repetiu seu refrão de forma ímpar nos impactando ainda mais ( como se fosse possível, mas para ele era... ) transformando este show em uma apresentação inesquecível e única.
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Enquanto provavelmente Rob Halford foi tomar uma água, aos gritos de "Judas Priest... Judas Priest..." Scott Travis na bateria pega um microfone e avisa: "São Pauuulooo nós temos tempo para mais uma música, o que vocês acham?" e os fãs bradam sem pestanejar: "Paaaiinkiiillleeer", assim a canção título do clássico de 1990 é iniciada com o baterista desfilando aquele solo inicial matador, que trouxe Rob Halford cantado a música com a tradicional fúria. É o show do Judas Priest não poderia ficar sem esse importante hino do Heavy Metal e seus magníficos solos de guitarras.
Se acabasse aqui o show já seria incrível, mas o Judas Priest retornou para o bis com a Living After Midnight do British Steel, que é iniciada naquele ritmo Rock´n´Roll causador de uma extrema alegria e que fez nós todos cantarmos com a banda celebrando uma noite especial de Heavy Metal no maior festival da história do país. Conforme manda a tradição, após uma hora e meia de show eles distribuem palhetas, saúdam os fãs e saem do palco ao som de vários "olê... olê... olê Judas...Judas", certamente tão contentes quanto nós ficamos ao presenciar mais uma vez os mestres do Heavy Metal.
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Aos gritos de "Ozzy...Ozzy" ecoando ele brada um de seus tradicionais "I can't fucking hear you!", que servem para que os fãs respondam gritando com mais força ainda para que então Adam Wakeman ( filho do lendário Rick Wakeman ) possa trazer suas pequenas viagens progressivas em Mr. Crowley, do histórico álbum Blizzard Of Ozz de 1980 com Ozzy Osbourne pegando uma pistola de espuma e disparando na plateia e nos fotógrafos. É antigamente ele usava baldes de água, mas como tudo na vida, ele evoluiu e depois ergueu os braços para reger os "ôôôôôô" dos fãs e além disso também comandar e aumentar a euforia de cada um de nós, com a destreza que possui. Durante os excelentes solos de Gus G. na guitarra, Ozzy Osbourne se movimentava de um lado para outro do palco, provando que está em grande fase e supera muitos vocalistas de muitas bandas novas.
Sempre quando a galera bradava seu nome, ele completava com um "I can't fucking hear you!" ou um "God Blessed You All" e sem delongas, emenda a I Don't Know, que abre o cd Blizzard Of Ozz com aquela pegada que conclama que nós gritássemos o seu título a cada vez que o "Madman" nos solicitasse, e afinal, assistindo essa música ao vivo, com seu mestre nos vocais... não tem como não sair pulando nas partes mais agitadas ou mexer os braços nas mais calmas. Detalhe... não éramos só nós que pulávamos.... Ozzy Osbourne também... parecia um garoto em seu primeiro show.
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Como Ozzy Osbourne foi o vocalista do Black Sabbath nos seus anos iniciais não tem como em um show solo seu... não lembrar de sua banda principal e Fairies Wear Boots foi executada em meio a muitos "hey...hey..." com uma perfeição que só obviamente não é melhor quando temos Tony Iommi e Geezer Butler na guitarra e baixo, respectivamente. Mas que fique registrado, Gus G. e Rob Blasko possuem a garra necessária para tocar estes clássicos sem pestanejar e o Tommy Cufletos então, bem este já posso considerar em outro nível, pois, foi o baterista do Black Sabbath na turnê mundial do álbum 13 no lugar de Bill Ward, ou seja, com um time desses por trás, não tem como não viajar no som.
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Entretanto, o show é de Ozzy Osbourne e ele vai aos vocais para anunciar a clássica Suicide Solution, outra do Blizzard Of Ozz, que já causou muita confusão ao vocalista nos anos 80 ( quando um garoto se suicidou e queriam responsabilizar Ozzy pelo incidente ), mas aqui na Arena Anhembi causou uma felicidade coletiva imensa e tome mais jatos de espuma durante os solos de guitarra em uma celebração pacífica entre fãs e banda, aliás, Gus G. solou com muita categoria deixando claro o porque dele ser o substituto de Zakk Wylde.
No final da música Ozzy Osbourne envia um "I Love You All", nos pergunta se queremos uma dos bons tempos e a balada Road To Nowhere do No More Tears de 1991, com seus riffs melodiosos foi tocada nos levando à um momento belíssimo do show, que me traz boas lembranças dos anos 90. E aí reside uma característica de Ozzy Osbourne... ele consegue colocar baladas nos shows e manter cada um dos fãs de olhos ligados no palco. Um destaque nesta versão de Road To Nowhere foi o solo que Gus G. realizou.
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Ozzy Osbourne exclama: "I can't fucking hear you!" novamente e anuncia o hino War Pigs, que não teve jeito... lembrou-me na hora do início do show no Campo de Marte há um tempo atrás e obviamente, me arrepiou de novo, afinal, trata-se de um dos clássicos máximos da história do Metal e do Black Sabbath. Os fãs, além de cantarem com Ozzy Osbourne também bateram palmas e mandaram os punhos para o alto o tempo todo agradando o vocalista. E os demais músicos executaram uma versão brilhante de War Pigs, que ficou ainda mais forte com os altíssimos "ôôôôôôô" da galera.
Depois, ele anuncia a Shot In The Dark, do álbum The Ultimate Sin de 1986, onde mais uma vez ele atirou seu jato de espuma nos fãs e ficou um pouco bravo quando viu que acabou o estoque da noite... ahhh Ozzy.... maluco como sempre. E Shot In The Dark com seu refrão simples, novamente impressiona, nos faz cantar com ele e se enfeitiçar com os vibrantes solos de Gus G., que após o término da música começa a realizar seu solo individual, onde expõe suas qualidades mais Power Metal.
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Lógico que o músico destilou muita habilidade, virtuose, velocidade e literalmente fez o que quis de sua guitarra ESP. Nesta hora, Ozzy Osbourne foi descansar um pouco e deixou seus pupilos nos entretendo e aí tivemos uma versão da instrumental Rat Salad do Black Sabbath, que foi tocada com o primor que os ingleses criaram nos anos 70 para o álbum Paranoid. E então, Tommy Cufletos começa com seu solo destruidor e o cara, um discípulo de nomes como John Bonham não deixa uma parte de sua bateria sem ser tocada.
Quando o solo termina num ritmo muito conhecido, os fãs já gritam uma sequencia de "hey... hey... hey" e aí o baixista Rob Blasko traz os opacos toques de Iron Man do Black Sabbath, que fazem aquela massa de fãs viajar no tempo e cantar com Ozzy Osbourne cada um dos versos da música. E o nosso insano líder olhando isso de cima do palco era só sorrisos. Este momento foi um dos melhores deste show do Ozzy Osbourne, pois a atuação da galera ecoou longe e cravou a melodia dentro de cada um de nós. Que show!!!
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Terminada as apresentações, os mais de 35.000 presentes foram embora calmamente e quem iria voltar no dia seguinte ( meu caso ) teria pouco tempo para se restabelecer e se preparar para a continuação desta 'monstruosa' maratona de shows. Este primeiro dia de Monsters Of Rock foi inesquecível, nos revelou ainda o Rival Sons, que não tardará para retornar ao país em uma turnê solo pelo seu imponente show e nos concedeu a presença de duas entidades máximas do Heavy Metal: Ozzy Osbourne e Judas Priest. A única nota que entristeceu a grande maioria foi a impossibilidade de (re)ver um show completo do Motörhead e sua divindade Lemmy Kilmister.
Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Camila Cara e Ale Frata / Divulgação Monsters Of Rock
e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia e a equipe da Mediamania
pela atenção e credenciamento
Maio/2015
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