Monsters Of Rock - 1º Dia
Com: Ozzy Osbourne, Judas Priest, Motörhead,
Black Veil Brides
, Rival Sons, Primal Fear e De La Tierra
Sábado, 25 de Abril de 2015
na Arena Anhembi em São Paulo/SP

    Há menos de dois anos, nos dias 19 e 20 de outubro, o Brasil recebia sua última edição do Monsters Of Rock, sendo o sábado com as bandas mais recentes ( confira matéria ) e o domingo com as atrações mais clássicas ( veja cobertura ).

 

    Mas para a edição de 2015, o festival realizado pela Mercury Concerts foi certamente o melhor dentre todas as seis edições brasileiras, pois desta vez, o line-up do evento contou com alguns dos mais influentes nomes da história do Heavy Metal e do Hard Rock: KISS, Ozzy Osbourne, Judas Priest, Motörhead, Manowar, Accept, Yngwie Malmsteen, que estão entre os mais conhecidos, e uma galera mais recente - e não menos importante - como o Primal Fear, Unisonic, Rival Sons, Steel Panther, Coal Chamber, Black Veil Brides, De La Tierra e Dr. Pheabes. Ou seja, sonzeira para todos os gostos distribuídas em dois dias de festival. Nesta primeira parte da matéria do Rock On Stage, vou concentrar às bandas que se apresentaram no primeiro dia.

De La Tierra

    Pois bem, adentrei a Arena Anhembi por volta das 13:00hs, quando realizei o meu rápido credenciamento e já fui notando a excelente estrutura montada para receber os dezenas de milhares de fãs de Heavy Metal que compareceram ao festival.

    Nesta hora, o De La Tierra, banda formada por Andreas Kisser ( Sepultura ) na guitarra, Andrés Giménez ( ex-A.N.I.M.A.L. e D-mente ) nos vocais, Flavio Cianciarulo ( Los Fabulosos Cadillacs ) no baixo e Alex González ( do Maná ) na bateria, que ficou responsável pela abertura do festival já havia terminado o seu set list, que conteve as músicas "Somos uno", "Maldita Historia", "Polícia" ( cover do Titãs ), "San Asesino", "Detonar", "Chamán de Manaus" e "Cosmonauta Quechua".

    Uma pena, pois queria ter assistido este projeto e ver o que eles tem tramado no palco do festival, mas ficará para uma próxima oportunidade. Entretanto, em conversas com fãs que estavam presentes desde o princípio do festival... fui informado que o show foi muito bom.

Primal Fear

    Conforme relatei, no horário que eu estava começando a maratona deste primeiro dia de festival, o De La Tierra já havia encerrado seu show e a segunda atração do dia, a banda alemã Primal Fear já estava no palco executando seu show ( sendo que perdi a Final Embrace do Jaws Of Death de 1999 ), que além de relembrar grandes sucessos de seu longevo Power Metal ( eles estão na ativa desde 1997 ), serviria também para divulgar o seu último trabalho de estúdio, o Delivering The Black de 2014. Uma grande curiosidade de todos era de assistir como seria a atuação do excelente baterista Aquiles Priester, que recentemente foi chamado para tocar ao lado de Ralf Scheepers nos vocais, Mat Sinner no baixo e vocais, além de Ton Naumann e Alexander Beyrodt nas guitarras.

    E não tinha como não reparar na enorme bateria de Aquiles Priester, uma das maiores de todo o festival, sendo tocada com primazia por ele, como notei na terceira música do set list, a Nuclear Fire, título do disco de 2001. O vocalista grandalhão Ralf Scheepers exibe seu carisma no palco antes de iniciar a música seguinte brincando com sua voz gritando "Yeaahhh" em vários tons diferentes e esperando que nós respondêssemos, como fizemos com muita alegria. Assim, com muita presença de palco, ele comanda os fãs que retribuem com vários "hey...hey..." durante os seus solos de guitarras durante a Unbreakable Pt. 2 ( do álbum Unbreakable de 2012 ) foi tocada com toda a sua agradável melodia.

    Com o sol bastante forte, a cadenciada When Death Comes Knocking do novo álbum foi a quinta tarde e os guitarristas Ton Naumann e Alexander Beyrodt aproveitavam entre um solo e outro para jogar várias palhetas, enquanto que Ralf Scheepers e Mat Sinner passavam muita energia nos vocais. Angel In Black, outra do Nuclear Fire trouxe todas as velozes características do Power Metal do quinteto, que sempre denotam boas sensações e ao vivo, se intensificam ainda mais com longos agudos do vocalista. Com uma nova sessão de "Yeaahhh" do vocalista ( sinal que ele gosta solicitar a participação dos fãs, que respondem plenamente ), ele avisa que a próxima era outra música rápida e pede palmas e "heys", assim, a Chainbreaker do primeiro álbum do Primal Fear de 1998 foi tocada com muita empolgação com riffs de guitarras totalmente soltos, que garantiram muita agitação dos fãs ao berrar seu refrão com Ralf Scheepers.

    O vocalista solta um "obrigado" e começa a apresentar a banda, primeiro a dupla de guitarristas Ton Naumann e Alexander Beyrodt, que receberam aplausos, depois o baterista brasileiro Aquiles Priester, que teve seu nome gritado naquele coro típico "Aquiles... Aquiles..." e por fim, o baixista Mat Sinner e este introduz o vocalista Ralf Scheepers, que nos pergunta se estamos prontos para o Heavy Metal, e após duas tentativas para fazer o público berrar mais alto, a conhecida Metal Is Forever, um verdadeiro hino da banda criado em 2004 para o cd Devil´s Ground e que fez a galera agitar bastante seja com punhos ao alto ou "heys". Notadamente contente pela recepção dos fãs, o vocalista novamente nos agradece e o Primal Fear emenda a cadenciada Running In The Dust de seu primeiro cd, que empolgou bastante e marcou o final de sua ótima apresentação, que nos momentos finais o vocalista bradou um "São Paulo We Love You", após pouco mais de 40 minutos de show. E deu para ver que os fãs curtiram o set, pois ficaram gritando "Primal Fear...Primal Fear..." por várias vezes enquanto eles se despediam.

Set List do Primal Fear

1 - Introduction
2 - Final Embrace
3 - Nuclear Fire
4 - Unbreakable Pt. 2
5 - When Death Comes Knocking
6 - Angel In Black
7 - Chainbreaker
8 - Metal Is Forever
9 - Running In The Dust

Coal Chamber

    No curto intervalo que se seguiu para que o palco fosse preparado para o próximo show, hora de andar pelo evento e conferir os 'stands' de merchandising, divulgações de filmes, de fotos do excelente Marcelo Rossi, o Galpão Rock com lojas de roupas, barbearia, lojas de cd´s, ufa... era muita coisa para ver em pouco tempo!!!

    E os pouco mais de vinte minutos que demorou para que os californianos do Coal Chamber adentrassem ao palco passaram a impressão que foram apenas cinco. Bem, a banda de New Metal formada por Meegs Rascon na guitarra, Dez Fafara nos vocais, Mikey "Bug" na bateria e Nadja Peulen no baixo voltou ao Brasil para divulgar seu recém lançado álbum, o Rivals.

    Assim que subiu no palco, o vocalista Dez Fafara bradou um "Make some fucking noise!" já denotando a linha destruidora que seria escolhida em seu show. A primeira música dos americanos foi a agressiva Loco do primeiro cd autointitulado do quarteto de 1997. E para quem era mais novo, e quem aprecia o estilo recebeu essa música abrindo várias rodas, que prosseguiram na cadenciada Big Truck ( também do primeiro cd ) com a alucinada baixista ruiva Nadja Peulen tocando, girando, pulando e passando muita garra aos fãs.

    Em seguida, o vocalista comenta que a próxima música é do novo álbum ( segundo ele "a primeira em 13 anos" ) lançado pelo Coal Chamber após o hiato que durou entre 2003 e 2010 e então, I.O.U. Nothing foi até que bem recebida, mas não diferiu muito das anteriores e seja o guitarrista Meegs Rascon, a baixista Nadja Peulen e o vocalista Dez Fafara não paravam de se movimentar freneticamente palco. Com um singelo "obrigado", Dez Fafara solicita um "Wall Of Death" dos fãs em meio a distorções de guitarra para que Fiend gerasse uma roda insana neste começo de Monsters Of Rock.

    Depois, o vocalista envia um "Thank Very Fucking Much" e com um megafone nas mãos dá início a distorcida e cadenciada Rowboat, que trouxe um clima insano ao show, que prosseguiu na terceira do álbum do Dark Days ( de 2002 ) tocada na sequencia, a Something Told Me, que teve o pedido de pulos do vocalista atendidos pelo fãs em meio aos seus toques fortes da baixista Nadja Peulen e as marretadas do baterista Mikey "Bug". Uma curiosidade no show do Coal Chamber: sempre antes de começar uma música, o baterista Mikey "Bug" jogava as baquetas fora.

    O vocalista solicita posteriormente mais barulho para a bordoada crua de Clock, presente no primeiro álbum dos caras, além de berrar "put your fucking hands in air" para a alegria dos espectadores New Metallers. Em Drove ( mais uma Dark Days ) temos toda aquele som quase inteligível do estilo que a galera gosta bastante e que é seguido por Not Living ( do Chamber Music de 1999 ) e tome quantidades enormes de peso, com atitude incontrolável do guitarrista Meegs Rascon, que chega a esfregar sua guitarra no chão.

   Então, Coal Chamber nos trouxe alguns dedilhados, que foram seguidos por muitas palmas dos fãs e Dez Fafara convocando os fãs para participarem da furiosa e cheia de linhas industriais de Dark Days, que novamente nas suas partes agressivas fizeram mais rodas surgirem. Dez Fafara nos pergunta se estamos ouvindo e aí diz: "Quero que vocês dancem... Não fiquem parados! Vocês vieram para se divertir, não foi?”, após vários "Are You Ready" e com o guitarrista extraindo alguns efeitos estranhos I ( do primeiro cd ) mantém o clima agressivo do Coal Chamber em alta. A música título do novo cd continuou o show e Rivals mostrou sua cara distorcida em um ritmo mais lento, bem ao gosto dos fãs do estilo.

    Para terminar o set, o Coal Chamber sacou a bizarra Oddity, que manteve a linha das anteriores e a aguardada Sway, ambas do primeiro cd. Antes da execução desta última, o vocalista saudou as bandas que viriam depois como o Motörhead, o Judas Priest e o Ozzy Osbourne em meio à distorções enlouquecidas feitas pelo guitarrista Meegs Rascon e quando a tocaram... tivemos uma avalanche sonora quase desconexa. Deu para ver que o Coal Chamber deu tudo que podia para marcar sua apresentação no Monsters Of Rock, mesmo com um estilo um tanto que dispare levando-se em conta os headliners.

Set List do Coal Chamber

1 - Loco
2 - Big Truck
3 - I.O.U. Nothing
4 - Fiend
5 - Rowboat
6 - Something Told Me
7 - Clock
8 - Drove
9 - Not Living
10 - Dark Days
11 - I
12 - Rivals
13 - Oddity
14 - Sway

Rival Sons

    A próxima atração do Monsters Of Rock foi a banda californiana Rival Sons, disparada uma excelente revelação do festival e a melhor atração deste sábado... excetuando-se obviamente, os shows dos renomados Ozzy Osbourne e Judas Priest.

E por volta das 15:50, ao som da "Música do Assovio", uma das criações do gênio Ennio Morricone utilizada no clássico filme de Western O Bom, O Mau e o Feio, Jay Buchanan nos vocais, Scott Holiday na guitarra, Mike Miley na bateria ( com uma regada verde e amarela com o nome Brasil escrito ), David Beste no baixo e o convidado Todd Ögren-Brooks nos teclados entraram no palco todos estilosos com suas longas barbas, longos bigodes, enfim, um 'lay-out' tipicamente Southern Rock, embora o som fosse mais voltado aos anos 70.

    E sem delongas, o vocalista Jay Buchanan ( o único não barbudo e sem bigode da banda ) informa no microfone: "Nós somos o Rival Sons e nós estamos aqui para tocar Rock´n´Roll", frase que me lembrou na hora da outra atração chamada Motörhead, já que Lemmy sempre inicia seus shows assim. 

     A primeira da banda de Long Beach, Califórnia foi a sonzeira de Electric Man do Great Western Valkyrie de 2014, que conquistou a galera com muita facilidade pela competente e empolgada atuação dos músicos, pois, tínhamos um verdadeiro Guitar Hero em ação e um vocalista que sabe passar muito carisma ao cantar, amparados por uma trinca de baixo, bateria e teclados que realmente dão um grau no show. O Rival Sons continua com a Play The Fool, que também é do novo cd e nos mostrou um clima nonsense nos vocais e cheia de riffs de guitarra um tanto que lembrando do Led Zeppelin, que culminam em solos combinados de guitarra, teclados e bateria, tanto que por onde se olhava viam-se pessoas dançando e curtindo esta eletricidade do quinteto.

    Quando se tem um grande lançamento nas mãos, nada melhor que continuar a mostrar suas qualidades não é? E foi exatamente isso que o Rival Sons fez ao tocar Secret, com o guitarrista Scott Holiday utilizando seu pedal, que inseriu mais peso e vibração na música, que relembrou novamente do Led Zeppelin em algumas partes, entretanto, a pegada nos versos nos fazia querer cantar com Jay Bauchanan, especialmente no refrão. E o Rival Sons utilizou algo que não é tão comum ver nas bandas hoje em dia: prolongamentos com solos de Blues, com o vocalista comandando os "ôôôôôôô" juntos aos fãs, uso da alavanca na guitarra deixando o som fluir livremente, fatos que contribuíram para que o Rival Sons elevasse o nível do festival.

    Enquanto Scott Holiday trocava de guitarra, o vocalista Jay Bauchanan exclama um "beleza" em português, comenta sobre o tempo ( aquela tradicional conversa se vai chover... ) e dispara a explosiva Pressure And Time, título do segundo álbum deles de 2011. E que eletricidade setentista essa música nos passou nos seus solos de guitarra e na atuação do vocalista, que não parava quieto chegando em alguns momentos a ficar de joelhos soltando sua voz com muita entrega. Eles agradecem a recepção e em poucos instantes, o guitarrista Scott Holiday traz o 'trem' em seus solos puramente de Blues com a contagiante Torture ( presente no EP da banda de 2011 ), que fez a galera acompanhar nas palmas convocadas pelo tecladista Todd Ögren-Brooks.

    E deu para notar como a banda estava a vontade no palco do Monsters Of Rock, pois, aplicava improvisos com altas doses de Blues em seu andamento, e enquanto recebíamos a rifflerama deste excelente Scott Holiday, o baterista Mike Milley aproveitou para tirar fotos da plateia com seu celular e o vocalista Jay Bauchanan comandava a intensidade dos "ôôôôôôô" da plateia em uma interação linda de se ver e sentir, que continua mesmo após o final da música deixando os norte-americanos no palco ainda mais felizes.

    Entretanto, o show deve continuar e com os ótimos solos de Scott Holiday, Tell Me Something do primeiro lançamento da banda, o Before The Fire de 2009, trouxe uma magia única no ar, daquelas que só quem possui Rock´n´Roll no sangue consegue entender e Scott Holiday fez questão de exibir toda a sua categoria em um solo magnífico. Jay Bauchanan comenta que é a primeira vez da banda no Brasil ( que tenham mais!!! ) e nos pergunta se conhecíamos o novo álbum da banda, o Great Western Valkyrie e dele nos trazem a balada Where I've Been, que é um emocionante Blues lento a la Black Crowes com direito a solos de Scott Holliday utilizando um slide em sua guitarra.

    Depois deste momento mais calmo, o vocalista nos pergunta se estamos nos sentindo bem para atacar com a bombástica Get What's Coming, mais uma do EP de 2011, que cravou uma base eletrificada que não tinha como ficar parado em sua execução, aliás, o interessante foi reparar nos solos cada vez mais viajantes do guitarrista Scott Holiday no decorrer da música e como isso impactou cada um de nós, ante a uma nova atuação de gala do vocalista. Em seguida, com solos que pareciam voar tivemos a precisa Open My Eyes do Great Western Valkyrie, que também conteve todo vigor único da banda.

    Antes do final, a galera berra "Rival Sons...Rival Sons" várias vezes demonstrando que aprovaram seu show no festival para que, em instantes depois, tenhamos os solos quase ensurdecedores Keep On Swinging ( do Head Down 2012 ), além das vocalizações emblemáticas de Jay Bauchanan encerradas com um "Sãooo Paaaulloooooo... Obrigadooooo!!!". Isso sim que é levar sonzeira a uma imensa plateia. Por mais que a bomba lançada por Gene Simmons sobre o Rock´n´Roll estar morto tenha dado o que falar, quando estamos em um show de um nome como o Rival Sons vemos que ele se revigora e renasce mais forte, tanto que esta banda merece retornar para uma tour solo pelo país.

Set List Rival Sons

1 - Electric Man
2 - Play The Fool
3 - Secret
4 - Pressure And Time
5 - Torture
6 - Tell Me Something
7 - Where I've Been
8 - Get What's Coming
9 - Open My Eyes
10 - Keep On Swinging

 

Black Veil Brides

    Depois do 'baita' show do Rival Sons, hora dar uma volta para tomar uma água ou uma cerveja e relaxar um pouco, afinal, estávamos na metade deste primeiro dia de festival e teríamos que guardar as forças para os principais nomes do evento. Mesmo assim, fiz questão de conferir como seria o show do Black Veil Brides ( conhecidos por BVB, conforme o logo que aparecia no telão principal ), mais uma banda da Califórnia, formada em Hollywood.

    Eram pouco mais de 17:25 quando Andy Biersack nos vocais, Jake Pitts e Jinxx nas guitarras, Ashley Purdy no baixo e Christian Coma na bateria foram ao palco do Monsters Of Rock com seu visual que era um misto de Glam e Gótico, que de certa forma ficou na linha do contraste que o entardecer nos oferece.

     Bem falando do show em si, eles abriram o set com Heart Of Fire, música do álbum homônimo de 2014, que trouxe velocidade e peso, mas que apesar de agradar aos fãs da banda, não estiveram no gosto da grande maioria dos fãs que aguardava pelas atrações principais. E a banda sofreu um agravante ainda maior... ser a atração que tocaria antes do Motörhead ( provavelmente uma das mais esperadas de todo o festival ) e sem contar o fato que teriam que manter o clima elevado vindo do show do Rival Sons. O problema foi que o som deles misturou também Metalcore, um estilo que não era nem de longe o que a galera queria, e aí, começou uma dificuldade maior para o Black Veil Brides: um coro de "Motörhead... Motörhead..." dos presentes.

    O vocalista Andy Biersack saúda os fãs rapidamente e tocam a I Am Bulletproof do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones ( de 2013 ), que mostrou uma linha mais melodiosa, agradou a alguns, mas sofreu com as hostilidades levando o vocalista a exclamar um tanto irritado: "Ok eu também gosto do Motörhead, mas agora é hora do show do Black Veil Brides... parem de gritar comigo". O quinteto deu sequencia ao show e executou a Wretched And Divine, também do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones, que ostentou momentos bastante velozes, com as guitarristas Jake Pitts e Jinxx até flertando um pouco com o Thrash Metal, muita agressividade nos vocais e notava-se que a banda se esforçava para agradar, mas a missão era dura demais.

    Com uma nova sessão de vaias, que levaram os caras a ficarem mais bravos, o vocalista chega a agradecer, mantém a atitude e inicia a Knives And Pens do We Stitch These Wounds, o primeiro 'full lenght' deles de 2010 com a mistura de peso e melodia da banda, que se tivesse se apresentado antes do Rival Sons ou do Primal Fear poderia ter conquistado mais fãs ou não ser tão hostilizada.

    Ele pede desculpas por não ser o Motörhead, e eu já vi isso acontecer em um Monsters Of Rock ( em 1996 ) e vitimar Sebastian Bach no Skid Row ( que saiu logo depois da apresentação no Brasil ), e vale dizer que eles fizeram um show certinho, pesado, Heavy Metal, mas, após os shows de Raimundos, Biohazard e Motörhead, os fãs detonaram o Skid Row, pois, queriam o Iron Maiden logo no palco. E a história estava se repetindo novamente neste show do esforçado Black Veil Brides, que tocou a instrumental e melódica Overture, que se ligou em Shadows Die, ambas do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones, que até que não foram ruins, mas pelo uso de violino ajudou a aumentar o anticlímax do show do quinteto.

    Depois, o Black Veil Brides ficou uns instantes fora do palco enquanto que as partes orquestradas eram tocadas e a galera já achava que o show já tivesse acabado, e realmente deu essa sensação, mas eles voltaram para terminar a música. Nesta hora, alguns até aplaudiam a banda, mas a maioria já 'dava tchauzinho', perguntava se acabou, e eles, por até questões de contrato, continuam o set com a Fallen Angels do Set The World On Fire de 2011, que possui uma veia mais Pop e fez alguns cantarem seus versos, mas, apesar de seus bons solos de guitarras não chegou a empolgar.

    O show mais curto do Monsters Of Rock até aqui encerrou com as veias mais Pop da adequada In The End ( outra do Wretched And Divinie: The Story Of The Wild Ones ), bem antes do programado com os músicos do Black Veil Brides naturalmente bravos com a plateia. Eles tocaram por quarenta minutos e tinham direito à uma hora, mas não conseguiram continuar em um ambiente assim.

Set List Black Veil Brides

1 - Heart Of Fire
2 - I Am Bulletproof
3 - Wretched And Divine
4 - Knives And Pens
5 - Overture
6 - Shadows Die
7 - Fallen Angels
8 - In The End

Motörhead e Sepultura

    Depois do show do Black Veil Brides fui até a sala de imprensa do evento e lá recebi um comunicado oficial da produção dizendo que o vocalista Lemmy Kilmister do Motörhead, que estava em São Paulo desde a quinta feira, não iria se apresentar devido à um sério distúrbio gástrico e uma forte desidratação.

    Isso caiu como uma bomba, pois, muitos estavam no Monsters Of Rock para ver, provavelmente, o que seria a última apresentação do Motörhead na capital paulista ( espero que não, mas convenhamos... ) e a organização, para amenizar um pouco este fato avisou que teríamos uma Jam com os membros do Motörhead e do Sepultura, além de informar que o Judas Priest faria um set mais longo. Se era bom por um lado... era muito triste por outro, mas todos nós já ficamos doentes, já perdemos eventos que não queríamos perder e como o paciente em questão era Lemmy Kilmister, que está beirando os 70 anos de uma vida bastante desregrada ( para não dizer outra coisa ) é compreensível.

    Desta forma, uma hora depois que a banda anterior deixou o palco, a Jam com Mikkey Dee na bateria, Phil Campbell e Andreas Kisser nas guitarras, Paulo Jr. no baixo e Derrick Green nos vocais iniciou ao som de Orgamastron ( título do álbum de 1986 ) aos incessantes gritos de "Lemmy... Lemmy... Lemmy...", que deixaram claro o respeito dos fãs para com o baixista inglês. E a improvisada banda executou este clássico do Metal com a necessária categoria, um pouco mais crua e agressiva que a original é verdade, mas totalmente no agrado dos fãs.

    Paulo Jr. teve uma honra pessoal extra: tocou com o baixo Rickenbaker de Lemmy Kilmister e desta forma o hino Ace Of Spades ( título do álbum de 1980 ) inflama a plateia e nos faz pensar: "que pena que Lemmy não pode estar presente para detonar..." Nesta, Andreas Kisser foi o responsável por dar vida aos seus versos e o guitarrista se saiu muito bem, diga-se de passagem. Mikkey Dee vai aos vocais para dizer que estão tocando com lendas brasileiras, e aí você vê a moral que o Sepultura possui e ele também agradece ao carinho dos fãs.

    Para terminar a Jam e quebrar os pescoços de muita gente, eles enviam a pedrada Overkill ( título do segundo cd de 1979 ), que também foi cantada por Andreas Kisser, com os backing de Derrick Green e por muitos fãs, totalmente estourando de alegria com a adrenalina musical proporcionada por este clássico. E Mikkey Dee não deixou por menos e literalmente "sentou a mão" na sua bateria com todos aqueles 'licks' e viradas inesquecíveis. Foi bacana que eles travaram a nota das guitarras enquanto agradeciam e jogavam palhetas levando uma aura mágica nos momentos finais do show.

 

   Lógico que eles poderiam até terem tocado mais algumas músicas, mas para um show de improviso, que comprovou o respeito que o Motörhead tem para com o público ficou de bom tamanho e nos deixará boas lembranças. Que a saúde de Lemmy Kilmister aumente e o Motörhead possa retornar mais uma vez ao Brasil. Sorte dos fãs de Curitiba e Porto Alegre que puderam conferir o show desta lenda.

Set List da Jam com Motörhead e Sepultura

1 - Orgasmatron
2 - Ace Of Spades
3 - Overkill

Judas Priest

    O Judas Priest retornou ao Brasil após quase três anos de sua última apresentação ao lado do Whitesnake na mesma Arena Anhembi ( confira matéria ). Desta vez, a banda inglesa de Birmigham está divulgando o álbum Redeemer Of Souls, que foi lançado em 2014 e é o 17º de estúdio da carreira iniciada no final dos anos 60. A importância do Judas Priest para o Heavy Metal é indiscutível e um dos maiores motivos reside no fato que a banda utilizou duas guitarras desde sempre.

    E a vontade de rever estes mestres em ação era imensa, ainda mais com a notícia que o seu set seria maior devido ao fato do cancelamento do Motörhead. Pois bem... por volta das 20:25 notamos Scott Travis posicionado no alto de sua grande bateria e instantes depois vemos Glenn Tripton e Rick Faulkner nas guitarras chegando junto com Ian Hill no baixo, sendo que obviamente o frontman Rob Halford seria o último a entrar.

    E antes de começar a contar como foi o show, tenho que enaltecer a iluminação e os telões adicionais que o Judas Priest utilizou... deram um grau ainda maior para cada um de nós que assistia sua apresentação. A primeira foi a introdução Battle Cry, que foi interligada a Dragonaut, do novo cd, e vemos Rob Halford caminhando com uma bengala estilizada no logotipo da banda ateando fogo na plateia com seu poderoso vozeirão, que estava em estado de êxtase por vê-lo no palco.

   Observando Glenn Tripton e Rick Faulker deu para reparar como este último ficou com a missão de brilhar durante os solos de guitarras, se posicionando mais à frente do palco. E aos "hey..hey..." recebemos o hino Metal Gods do British Steel de 1980 e (re)ver o titã Rob Halford caminhando devagar arrepia, ainda mais soltando sua voz como ele sempre faz, aliás, o vocalista comanda a 'vibe' dos fãs fazendo-os levantar as mãos.

    Em seguida, ele fala a tradicional saudação: "Hello Everybody, the Priest is back" e nos questiona: "existem muitos maníacos por Heavy Metal nesta noite? Vocês estão prontos para o estilo de Heavy Metal do Judas Priest?", e resta alguma dúvida na resposta que obteve com os vários "Are You Ready?" ditos por ele nos momentos que se seguiram? Bem, eles recuam ao Screaming Of Vengeance de 1982 com a Devil´s Child, um Heavy Rock de primeira, que contou com solos excelentes da dupla Glenn Tripton e Rick Faulkner, que nos fizeram não desviar o olhar o palco por nenhum instante sequer.

    E depois tivemos um clássico histórico do álbum gravado em 1976, o Sad Wings Of Destiny com a magnífica Victim Of Changes, que é iniciada com Glenn Tripton e Rick Faulkner solando juntos de forma mais melodiosa emocionando cada um de nós, que respondemos cantando seus versos com Rob Halford, que mesmo aos 63 anos alcança fortes agudos em sua voz, conforme notamos quando eles alongaram a música em seus efusivos solos cheios de eletricidade e isso prosseguiu até que ele soltou um grito esplêndido durante o curto, mas muito pesado, solo de bateria de Scott Travis para terminar.

    Quem também apareceu discretamente nesta hora foi uma garoa fina, mas que não durou muito ( ainda bem!!! ) e a fervorosa Halls Of Valhalla do novo cd foi a próxima com seus riffs pesados... diretos da guitarra de Rick Faulkner deixando claro que o garoto foi mesmo uma boa escolha para substituir o lendário K. K. Downing. E seja com música das antigas ou recentes, Judas Priest no palco é sempre matador e mexe com a multidão, ainda mais com o vocalista extraindo alguns guturais de suas cordas vocais como fez nesta composição do Redeemer Of Souls. Aos gritos de "Judas Priest... Judas Priest" ele nos conta que o álbum Defenders Of Faith está fazendo trinta anos e dele temos o sucesso Love Bites com vampiros no telão e Glenn Tripton 'assumindo' a responsabilidade dos solos de guitarras com a sua devida precisão.

    Para cada música, o telão exibia alguma interação sobre ela e Rob Halford sempre utilizava uma blusa ou sobretudo diferentes ( nesta foi um cinza ), que tenha alguma relevância com a música e a próxima, a Turbo Lover do álbum Turbo de 1986 foi repleta de "heys...heys...heys", muitas palmas e um gigante coral, que mostrou como a banda estava nas graças do fãs

    O vocalista fala para os fãs que nós mantemos o Judas Priest vivo, que nós mantemos o Heavy Metal vivo e celebrando essa importância, eles tocam a música título do novo álbum, a Redeemer Of Souls com suas linhas sempre pesadas, que comprovam que mesmo com o passar dos anos, a qualidade da banda não diminui em nada. Retornando ao Defenders Of The Faith tivemos uma de suas melhores músicas, a rápida Jawbreaker, totalmente guiada pelos riffs de guitarras como deve ser um Heavy Metal, que com um frontman como Rob Halford a cantando fica ainda melhor, pois, ele sempre se movimenta bastante ( de forma lenta ) pelo palco.

    Em seguida, Rob Halford convoca um "Breaking The Whaat?" cada vez mais forte para dar início ao hit Breaking The Law do grandioso British Steel, que fez todo mundo pular, cantar com a banda e de certa forma, se enfeitiçar com os solos de guitarras, que eram enviados de cima do palco. Depois as luzes se apagam, ouvimos sons de motocicleta e então Rob Halford entra no palco com uma Harley Davidson para delírio dos fãs para tocar a detonadora Hell Bent For Leather ( do Killing Machine de 1978 ), que encantou os dezenas de milhares de fãs.

    Sempre com muitos aplausos entre as músicas, o Judas Priest demonstrava porque eles são um dos nomes que ainda mandam quando se fala de Heavy Metal e após uma breve pausa, a dupla The Hellion/Electric Eye ( esta do Screaming For Vengeance ) vieram como 'um tiro de canhão' pela potência que foi exibida garantindo uma sessão de "ôôôôôôôs" dos fãs antes dos solos iniciais. Nesta, a plateia cantou com muita alegria seus versos com Rob Halford, que depois começou a testar até onde nossas gargantas iam aguentar com aquela interação de banda-plateia, como Freddie Mercury fazia nos shows do Queen e pelo visto, ele gostou do resultado prolongando com várias notas cada vez mais altas ( mas confesso... para nós... meros mortais, não é fácil acompanhar o vocalista ).

    E a festiva You've Got Another Thing Comin' ( outra do 'álbum aniversariante' Screaming For Vengeance ) foi tocada com todo seu brilho característico, que não deixa ninguém parado e contou com os eficazes solos de Rick Faulkner acompanhado de muitas palmas, sendo que os guitarristas aplicaram alguns solos mais longos e com improvisos mostrando sua virtuose na guitarra. Já Rob Halford repetiu seu refrão de forma ímpar nos impactando ainda mais ( como se fosse possível, mas para ele era... ) transformando este show em uma apresentação inesquecível e única.

    Enquanto provavelmente Rob Halford foi tomar uma água, aos gritos de "Judas Priest... Judas Priest..." Scott Travis na bateria pega um microfone e avisa: "São Pauuulooo nós temos tempo para mais uma música, o que vocês acham?" e os fãs bradam sem pestanejar: "Paaaiinkiiillleeer", assim a canção título do clássico de 1990 é iniciada com o baterista desfilando aquele solo inicial matador, que trouxe Rob Halford cantado a música com a tradicional fúria. É o show do Judas Priest não poderia ficar sem esse importante hino do Heavy Metal e seus magníficos solos de guitarras.

    Se acabasse aqui o show já seria incrível, mas o Judas Priest retornou para o bis com a Living After Midnight do British Steel, que é iniciada naquele ritmo Rock´n´Roll causador de uma extrema alegria e que fez nós todos cantarmos com a banda celebrando uma noite especial de Heavy Metal no maior festival da história do país. Conforme manda a tradição, após uma hora e meia de show eles distribuem palhetas, saúdam os fãs e saem do palco ao som de vários "olê... olê... olê Judas...Judas", certamente tão contentes quanto nós ficamos ao presenciar mais uma vez os mestres do Heavy Metal.

Set List Judas Priest

1 - Battle Cry (Intro)
2 - Dragonaut
3 - Metal Gods
4 - Devil's Child
5 - Victim Of Changes
6 - Halls Of Valhalla
7 - Love Bites
8 - Turbo Lover
9 - Redeemer Of Souls
10 - Jawbreaker
11 - Breaking The Law
12 - Hell Bent For Leather
Encore:
13 - The Hellion / Electric Eye
14- You've Got Another Thing Comin'
15 - Painkiller
Encore 2:
16 - Living After Midnight

Ozzy Osbourne

    Aos 66 anos de idade Ozzy Osbourne ainda é um dos mais importantes nomes no Heavy Metal seja em sua carreira solo ou no Black Sabbath e além disso, o vocalista é dotado de um imenso carisma e entrega quando está no palco, conforme deixa claro em suas apresentações. E Ozzy Osbourne ficou com a grata missão de encerrar esta primeira noite do Monsters Of Rock.

    Programado para começar as 22:30, o show de Ozzy Osbourne começou alguns minutos antes, pois, o vocalista nestes últimos anos, conforme notei ao assisti-lo por três vezes - uma com o Black Sabbath em 2013 ( confira matéria ) e outras duas solo, em 2011 ( confira resenha ) e em 2008 ( leia resenha ) - não se aguenta e começa provocar a insanidade na plateia antes mesmo de colocar os pés no palco, direto do backstage com ele mesmo gritando "Olê...Olê...Olê...Olê...Ozzy...Ozzy".

    A introdução do show foi com Carl Orff de Carmina Burana, como há muito tempo acontece nos shows do "Madman" e com a banda posicionada, a saber Tommy Cufletos na bateria, Gus G. na guitarra, Adam Wakeman nos teclados e Rob Blasko no baixo, o show começa com a clássica Bark At The Moon ( título do álbum de 1983 ), que levantou a multidão na Arena Anhembi, que estava estalando de alegria por ver Ozzy Osbourne no palco com sua roupa preta de sempre e uma longa capa, que confirmam a alcunha de "Príncipe das Trevas" e sempre com uma energia tão grande.

    Se eu que já vi ele algumas vezes, ainda fico impressionado, fico pensando a emoção que deve causar em quem o viu pela primeira vez. E sua banda não deixa por menos e trouxe uma versão de Bark At The Moon tão boa quanto nos anos 80.

     Aos gritos de "Ozzy...Ozzy" ecoando ele brada um de seus tradicionais "I can't fucking hear you!", que servem para que os fãs respondam gritando com mais força ainda para que então Adam Wakeman ( filho do lendário Rick Wakeman ) possa trazer suas pequenas viagens progressivas em Mr. Crowley, do histórico álbum Blizzard Of Ozz de 1980 com Ozzy Osbourne pegando uma pistola de espuma e disparando na plateia e nos fotógrafos. É antigamente ele usava baldes de água, mas como tudo na vida, ele evoluiu e depois ergueu os braços para reger os "ôôôôôô" dos fãs e além disso também comandar e aumentar a euforia de cada um de nós, com a destreza que possui. Durante os excelentes solos de Gus G. na guitarra, Ozzy Osbourne se movimentava de um lado para outro do palco, provando que está em grande fase e supera muitos vocalistas de muitas bandas novas.

    Sempre quando a galera bradava seu nome, ele completava com um "I can't fucking hear you!" ou um "God Blessed You All" e sem delongas, emenda a I Don't Know, que abre o cd Blizzard Of Ozz com aquela pegada que conclama que nós gritássemos o seu título a cada vez que o "Madman" nos solicitasse, e afinal, assistindo essa música ao vivo, com seu mestre nos vocais... não tem como não sair pulando nas partes mais agitadas ou mexer os braços nas mais calmas. Detalhe... não éramos só nós que pulávamos.... Ozzy Osbourne também... parecia um garoto em seu primeiro show.

    Como Ozzy Osbourne foi o vocalista do Black Sabbath nos seus anos iniciais não tem como em um show solo seu... não lembrar de sua banda principal e Fairies Wear Boots foi executada em meio a muitos "hey...hey..." com uma perfeição que só obviamente não é melhor quando temos Tony Iommi e Geezer Butler na guitarra e baixo, respectivamente. Mas que fique registrado, Gus G. e Rob Blasko possuem a garra necessária para tocar estes clássicos sem pestanejar e o Tommy Cufletos então, bem este já posso considerar em outro nível, pois, foi o baterista do Black Sabbath na turnê mundial do álbum 13 no lugar de Bill Ward, ou seja, com um time desses por trás, não tem como não viajar no som.

    Entretanto, o show é de Ozzy Osbourne e ele vai aos vocais para anunciar a clássica Suicide Solution, outra do Blizzard Of Ozz, que já causou muita confusão ao vocalista nos anos 80 ( quando um garoto se suicidou e queriam responsabilizar Ozzy pelo incidente ), mas aqui na Arena Anhembi causou uma felicidade coletiva imensa e tome mais jatos de espuma durante os solos de guitarra em uma celebração pacífica entre fãs e banda, aliás, Gus G. solou com muita categoria deixando claro o porque dele ser o substituto de Zakk Wylde.

    No final da música Ozzy Osbourne envia um "I Love You All", nos pergunta se queremos uma dos bons tempos e a balada Road To Nowhere do No More Tears de 1991, com seus riffs melodiosos foi tocada nos levando à um momento belíssimo do show, que me traz boas lembranças dos anos 90. E aí reside uma característica de Ozzy Osbourne... ele consegue colocar baladas nos shows e manter cada um dos fãs de olhos ligados no palco. Um destaque nesta versão de Road To Nowhere foi o solo que Gus G. realizou.

    Ozzy Osbourne exclama: "I can't fucking hear you!" novamente e anuncia o hino War Pigs, que não teve jeito... lembrou-me na hora do início do show no Campo de Marte há um tempo atrás e obviamente, me arrepiou de novo, afinal, trata-se de um dos clássicos máximos da história do Metal e do Black Sabbath. Os fãs, além de cantarem com Ozzy Osbourne também bateram palmas e mandaram os punhos para o alto o tempo todo agradando o vocalista. E os demais músicos executaram uma versão brilhante de War Pigs, que ficou ainda mais forte com os altíssimos "ôôôôôôô" da galera.

    Depois, ele anuncia a Shot In The Dark, do álbum The Ultimate Sin de 1986, onde mais uma vez ele atirou seu jato de espuma nos fãs e ficou um pouco bravo quando viu que acabou o estoque da noite... ahhh Ozzy.... maluco como sempre. E Shot In The Dark com seu refrão simples, novamente impressiona, nos faz cantar com ele e se enfeitiçar com os vibrantes solos de Gus G., que após o término da música começa a realizar seu solo individual, onde expõe suas qualidades mais Power Metal.

       Lógico que o músico destilou muita habilidade, virtuose, velocidade e literalmente fez o que quis de sua guitarra ESP. Nesta hora, Ozzy Osbourne foi descansar um pouco e deixou seus pupilos nos entretendo e aí tivemos uma versão da instrumental Rat Salad do Black Sabbath, que foi tocada com o primor que os ingleses criaram nos anos 70 para o álbum Paranoid. E então, Tommy Cufletos começa com seu solo destruidor e o cara, um discípulo de nomes como John Bonham não deixa uma parte de sua bateria sem ser tocada.

    Quando o solo termina num ritmo muito conhecido, os fãs já gritam uma sequencia de "hey... hey... hey" e aí o baixista Rob Blasko traz os opacos toques de Iron Man do Black Sabbath, que fazem aquela massa de fãs viajar no tempo e cantar com Ozzy Osbourne cada um dos versos da música. E o nosso insano líder olhando isso de cima do palco era só sorrisos. Este momento foi um dos melhores deste show do Ozzy Osbourne, pois a atuação da galera ecoou longe e cravou a melodia dentro de cada um de nós. Que show!!!

     Ozzy Osbourne mais uma vez estava marcando um dos melhores shows do ano e ainda tinha mais, pois ele tocou a I Don´t Want To Change The World do No More Tears, que é até redundante dizer que todos pularam, cantaram e se emocionaram com esta música, cuja pegada com o "Príncipe das Trevas" ao vivo é fenomenal. Com um carisma inigualável ele nos fala: "Ok... one more song" e Crazy Train do Blizzard Of Ozz começa a ser tocada para aclamar uma apresentação irrepreensível, pois, quem entre nós consegue ficar parado ao som deste clássico do Heavy Metal? E ainda mais com Gus G. tocando seus excelentes solos?

    Ele nos agradece com um "Thank You Good Night" e os fãs não param de gritar "Ozzy...Ozzy...", mas ele volta e comanda a brincadeira dizendo: "Let Me Hear... One More Song..." para que nós pedíssemos à ele mais uma fazendo caretas que não estava ouvindo e ao conseguir seu desejo com aquelas dezenas de milhares de headbangers gritando fortemente, Paranoid foi tocada com todo o brilho que possui para coroar não só este show, mas também este primeiro dia do histórico Monsters Of Rock de 2015 com um dos mais espetaculares shows do ano.

    Terminada as apresentações, os mais de 35.000 presentes foram embora calmamente e quem iria voltar no dia seguinte ( meu caso ) teria pouco tempo para se restabelecer e se preparar para a continuação desta 'monstruosa' maratona de shows. Este primeiro dia de Monsters Of Rock foi inesquecível, nos revelou ainda o Rival Sons, que não tardará para retornar ao país em uma turnê solo pelo seu imponente show e nos concedeu a presença de duas entidades máximas do Heavy Metal: Ozzy Osbourne e Judas Priest. A única nota que entristeceu a grande maioria foi a impossibilidade de (re)ver um show completo do Motörhead e sua divindade Lemmy Kilmister.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Camila Cara e Ale Frata / Divulgação Monsters Of Rock
e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia e a equipe da Mediamania
pela atenção e credenciamento
Maio/2015

Set List Ozzy Osbourne

1 - Bark At The Moon
2 - Mr. Crowley
3 - I Don't Know
4 - Fairies Wear Boots
5 - Suicide Solution
6 - Road To Nowhere
7 - War Pigs
8 - Shot In The Dark
9 - Rat Salad
10 - Guitar Solo
11 - Drum Solo
12 - Iron Man
13 - I Don't Want To Change The World
14 - Crazy Train
Encore:
15 - Paranoid

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