Accept - Humanoid World Tour
Abertura: Skalyface
Carioca Club - São Paulo/SP
Sábado, 18 de maio de 2024

    Tão logo que foi anunciada a primeira data do Accept em São Paulo/SP no dia do trabalho ( o feriado do 1º de maio ), os ingressos se esgotaram rapidamente levando a produtora Dark Dimensions à conversar com a banda e não só marcar uma data extra em São Paulo/SP ( no sábado dia 18 de maio ) como mais três datas pelo Brasil, com shows em Belo Horizonte/MG, Brasília/DF e a última data no país em Santo André/SP. E isso sem contar as outras seis datas na América Latina... ou seja, muito do magnífico Heavy Metal germânico.

    Além disso, esta turnê do Accept teve mais dois ótimos motivos que resultaram em shows lotados: o lançamento mundial do álbum Humanoid no dia 25 de abril e a inclusão do guitar hero Joel Hoekstra ( Whitesnake, Trans-Siberian Orchestra, ex-Night Ranger, etc. ) no lugar de Philip Shouse, que não pode participar desta turnê ( perdoe-me Philip, mas adorei ver Joel Hoekstra por aqui desta vez ). 

 

Skalyface

    Antes de contar como foi o show do Skalyface vou recuar um pouco mais no tempo e comentar de uma curiosidade que aconteceu logo depois que havia realizado o meu credenciamento. Estava na fila para entrar no Carioca Club e um carro parou e que saiu dele? Joel Hoekstra com sua guitarra nas costas, que foi para a casa de show se preparar para detonar mais tarde com o Accept. Foi bacana que ele tirou fotos com alguns fãs que estavam na calçada do outro lado, que 'tietaram' o músico.

    Depois que entrei no Carioca Club, que inclusive fazia um bom tempo que não visitava a casa reparei que alguns espaços no fundo do palco estavam maiores e olhando para o palco acabei relembrando de outros shows que havia visto por lá anteriormente.

    Falando do Skalyface especificamente, vale comentar que a banda de Heavy Metal com influências de nomes como Iron Maiden, Saxon, Accept, Savatage, Gamma Ray, Helloween, Angra, Black Sabbath e Judas Priest teve sua formação em 2020 na cidade de Guarulhos/SP e neste curto espaço de carreira, o quinteto já soma aberturas para importantes nomes do Heavy Metal Mundial como Ensiferum, U.D.O., Myrath e Yngwie Malmsteen.

   O line up do Skalyface, que entrou pontualmente no horário programado ( às 18hs ) no palco do Carioca Club foi o seguinte: Marlon Bueno nos vocais, Fernando Anjos e Diogo Novelo nas guitarras, William "Cupim" no baixo e Rafael de Abreu Raimundo na bateria diante de um público que ainda não ocupava todos os lugares e até dava a sensação que não teríamos outro show 'sold-out' do Accept. Todavia, isso mudou bastante ao passar do tempo.

    A primeira música do Skalyface foi a Dark Angel ( título também de seu primeiro EP de 2022 ), que deu para perceber as nuances melódicas de seu Heavy Metal com o vocalista Marlon Bueno se movimentando bem pelo palco com os seus guitarristas Fernando Anjos e Diogo Novelo muito bem nos solos demonstrando que estava tudo bem equalizado pela produção.

   Contente com a boa recepção, Marlon Bueno disparou: "Obrigado todo mundo... cadê os headbangers de São Paulooooo?", garantindo gritos dos fãs e informou o seguinte: "Nós somos a banda Skalyface, somos de Guarulhos..." para que então samplers orquestrados trouxessem a segunda do set com a Sailing With Gods, que é mais pesada que a primeira e contou com uma ótima interpreção do vocalista e com riffs melodiosos que nos deixaram ligados nos guitarristas.

    Aproveitando cada instante no palco, o vocalista bradou: "Valeu São Paulooo, nós ralamos muito para estar aqui e o nosso próximo som é a Lord Of The Night", que foi iniciada por uma linhagem pesada nas guitarras repletas de melodias, ótimos vocais e cozinha coesa... do jeito que gostamos de ouvir e isso explicou muito bem porque o Skalyface já conta com estas várias aberturas de shows que citei mais acima.

    Repetindo outra vez o "valeu São Paulo..." e prosseguindo com "Pessoal... vamos pensar um pouco naqueles na família e naqueles que perderam tudo no Rio Grande do Sul...", desta forma, tivemos a elaborada Time Of Miss You, que Marlon Bueno convocou para que nós erguêssemos as mãos ao alto e prontamente atendemos o pedido para logo depois sentir toda a dedicação dele ao cantar seus versos nesta excelente balada Heavy, que agradou bastante e posso considerar a minha preferida até aqui.

    Posteriormente, Marlon Bueno foi para o lado do baixista William "Cupim" e questionou "vocês querem mais uma música?" e com a resposta positiva da plateia tivemos a Screaming In Silence, que ganhou em energia em seu decorrer e conquistou facilmente nos solos de guitarras garantindo a certeza que o Skalyface é melhor do podíamos pensar anteriormente e saiu com novos fãs após esta abertura para o Accept.

    Empolgado, o vocalista disse que tocarão um cover e completou falando o seguinte: "Quem curte aí uma banda antiga, a banda mais conhecida do nosso tempo...", assim, os solos de guitarras iniciais entregaram que era simplesmente The Evil That Man Do do Iron Maiden a escolhida, que causou um frisson na galera que pulou e socou o ar com o Skalyface... ahhh o poder do Iron Maiden!!!. E o Skalyface mandou muito bem nesta música, que contou com Raphael Dantas do Ego Absence dividindo os vocais com Marlon Bueno.

    Após reconvidar novamente Raphael Dantas para o palco, Marlon Bueno contou que a música seguinte foi a primeira canção que eles lançaram em 2020 e com um estilo de trilha de filme tivemos a Spear Of Destiny com os dois vocalistas dividindo seus versos, porém, eles foram 'vitimados' por um problema técnico na parte dos samplers de teclados e por conta disso precisaram retomar a canção do início. Não que tenhamos nos importado, pois, exibiram depois uma versão bem poderosa desta música, que deixou seu refrão gravado em nossas cabeças despertando a vontade de cantar com o Skalyface.

    "Valeu Saooo Pauloooo... brigado pela presença de todos, nós somos a Skalyface, esperamos que tenham gostado do nosso show" bradou Marlon Bueno, que logo depois apresentou a banda recebendo bastante aplausos depois de quarenta minutos de uma apresentação em que estão de parabéns.

Set List do Skalyface

1 - Dark Angel
2 - Sailing With Gods
3 - Lord Of The Night
4 - Time Of Miss You
5 - Screaming In Silence
6 - The Evil That Man Do
7 - Spear Of Destiny

Accept

O império das Flying V

    Foram quase 10 anos sem assistir a potência do Heavy Metal Teutônico que é o Accept, sim, a última vez que conferi um show da banda foi no Monsters Of Rock de 2015 ( relembre aqui ) e como sei  que o show dos alemães é demasiadamente eletrizante, tanto eu quanto os headbangers presentes estavam bastante animados para assistirem a Humanoid World Tour em São Paulo, que é em promoção do 17º álbum de estúdio dos alemães, o citado Humanoid, que tal como os anteriores é um discão e que certamente estará na lista dos melhores do ano.

    Da formação original em 1976 na cidade de Solingen na Renânia do Norte-Vestfália só sobrou o guitarrista fundador e líder Wolf Hoffman, porém, o Accept desta segunda década do século 21 tem ainda o vocalista Mark Tornillo, os guitarristas Uwe Lulis e Philip Shouse ( mas, conforme disse acima, substituído pelo Joel Hoekstra ), o baixista Martin Motnik e o baterista Christopher Williams, um verdadeiro sexteto de ases.

    E enquanto nas caixas de som da casa era tocada T.N.T. do AC/DC, as luzes foram apagadas, a galera estava cantando junto, vimos o painel de led do Carioca Club exibir a capa do álbum Humanoid e estava dada a dica que chegara a hora do show, que começou pontualmente às 19hs. O primeiro a entrar foi o baterista Christopher Williams, que ficou de pé na bateria saudando o público, que neste momento já havia tomado todos os pontos disponíveis do Carioca Club.

    Os demais membros da banda entraram em seguida e o vocalista Mark Tornillo entrou por último com seu característico boné e óculos escuros já despejando toda a voltagem existente do novo álbum com a The Reckoning, single que conquistou e fez todos agitarem com a banda através dos solos perfeitos de guitarras com Wolf Hoffman e Joel Hoekstra, que nos enfeitiçaram e nos manteviram atentos às suas evoluções.

    Sem dar tempo para pensar, o Accept já disparou outra das poderosas novas canções com a título do novo álbum, a Humanoid, que o público mostrou estar na ponta da língua ao cantar com Mark Tornillo os seus versos e foi muito interessante também reparar na coreografia deles lembrando de seu clipe nesta avalanche de Heavy Metal exibida com muita habilidade pelo sexteto em que muitos registraram com seus celulares.

    É cedo para dizer que o Accept já levou a plateia ao delírio somente com essas duas canções, mas, a verdade é que levou sim pelo poder Heavy Metal que estas duas músicas possuem e isso amplificou ainda mais quando dispararam o fulminante clássico Restless and Wild, título do quarto álbum da banda de 1982, onde literalmente botaram para quebrar. Wolf Hoffman e Joel Hoeckstra se mexiam bastante, o primeiro comandando os solos e o segundo com seu estilo carismático envolvendo os presentes com suas sacudidas de cabelos, suas caretas e óbvio... seus solos.

    Mark Tornillo só bradou um "Thank You..." antes que os riffs cativantes de Midnight Mover do Metal Heart de 1985 entrassem em cena seguindo com o estonteante show, sendo que nós berramos com ele o refrão totalmente felizes com o que estávamos assistindo. Somente depois de quatro músicas que Mark Tornillo disse "Good Evening Saoo Paulooo..." complementando que estava contente por estarem de volta e prosseguindo com o mergulho nos anos 80 iniciado nas duas anteriores, eles resgataram a cadenciada London Leatherboys do Balls To The Wall de 1983 contanto com uma intensa participação dos fãs seja nos "hey... hey... hey...", nos socos no ar, nas sacudidas de pescoços ou no olhar atento ao palco direcionado para Wolf Hoffman, Joel Hoeckstra e Uwe Lullis que solaram com precisão suas guitarras Flying V.

    Mark Tornillo rapidamente informou que nesta noite eles tem um convidado especial e gritou o nome de Joel Hoeckstra, que por sua vez foi à frente e nos enviou os riffs da recente Straight Up Jack muito bem acompanhado pelos demais, que garantiram um eficaz Heavy Metal repleto de solos de guitarras e também muitas palmas do público que aprovou o Humanoid ( falei que temos um discão aqui, não foi... )

    Com o Accept não tem muita conversa, é só um "Thank You" dito pelo vocalista Mark Tornillo e outra sonzeira com a Dying Breed do Blind Rage de 2014 com os principais solos executados por Wolf Hoffman e logo depois Joel Hoeckstra acompanhando 'o chefe' aumentando a beleza e o vigor das notas extraídas por eles em suas Flying V tanto que seguimos esses solos entoando os "ôôôôôôôôôôô" devidamente regidos pelo Mark Tornillo e aí você entende como um show de Heavy Metal é algo mágico.

    Após a rápida troca de guitarras recebemos a pedrada Zombie Apocalypse do penúltimo de estúdio, o Too Mean To Die de 2021, que sustentou a chama do show do Accept e os nossos gritos no refrão com Mark Tornillo, que cantou cada uma das músicas quase sempre erguendo a cabeça em seu estilo peculiar.

    O vocalista contou que nesta parte do show, eles pretendiam voltar no tempo e então enviaram um medley incandescente com quatro explosivas composições do Accept, que foram devidamente acompanhadas nas palmas e nos "hey... hey... hey..."; sendo a primeira o Heavy Metal puro sangue Demon's Night do Restless and Wild, que se ligou na impactante Starlight do Breaker em um show de solos de guitarras, deu uma passada pela adrenalina contida em Losers and Winners do Balls To The Wall e terminou com a inflamável Flash Rockin' Man do Restless and Wild, tanto que em cada uma delas participamos freneticamente e de sorrisos de orelha a orelha.

    Pensa que tivemos tempo para respirar? Não... com o Accept é sonzeira em cima de sonzeira e sem falar nada vieram para cima com a acelerada Breaker, que intitula o terceiro álbum de 1981 e contou com um belo coro no refrão feito pelo público e se alguém tem dúvidas sobre porque a veterana banda lota os shows por onde passa basta apenas ouvir esta música para entender.

    Com palmas, um pouco mais calma em comparação à anterior e muitos "ôôôôôôôôôô" dos fãs no ritmo, a pulsante Shadow Soldiers do Stalingrad até serviu para tranquilizar um pouco para que pudéssemos apreciar a banda no palco e as discretas vindas na frente de Martin Motnik, que mantém a cozinha de pé junto de Christopher Williams para que o trio de guitarristas possa remeter o tempo todo aquela carga eficaz de seus solos.

    O último single e clipe do Humanoid que foi lançado antes do show foi a Frankenstein e seja nos solos de Wolf Hoffman ou de Joel Hoeckstra ou nos vocais de Mark Tornillo, a música caiu que nem uma luva nesta parte do show, pois, ficou provado como a música se conecta com os fãs através de sua usina infindável de riffs.

Hinos máximos do Heavy Metal

    Transcorrido uma hora de espetáculo, o Accept sacou um dos maiores hinos do Heavy Metal e de sua carreira com Princess Of The Dawn, canção registrada no Restless and Wild, onde os "ôôôôôôôôôôôôôô" só não foram mais fortes que os vocais de Mark Tornillo, que cantamos com ele seus versos transbordando felicidade, até relembrando do passado e o que esta música significou ( e significa até hoje ) em nossas vidas.

    Princess Of The Dawn praticamente colocou o Carioca Club abaixo pela catarse atingida pela banda, pois, sabiamente eles mais uma vez deixaram a nossa  participação nos "ôôôôôôôôôôôôô" sem os riffs... somente com as nossas vozes em um momento de interação maravilhosa entre banda e público para que o 'desmoronamento' de solos voltasse ainda mais dominante até o seu término.

    De um hino magistral do Heavy Metal para outro... é... o Accept não estava de brincadeira... pois, bastou encerrar Princess Of The Dawn para Metal Heart invadir o palco do Carioca Club... e essa foi exibida com as Flying V sendo apontadas para o alto em seu princípio e pouco depois tocadas com toda a habilidade pelo trio da banda em outro momento ímpar deste show em que socamos o ar, agitamos os pescoços e novamente tivemos Mark Tornillo como um maestro regendo nossos "ôôôôôôôôôôôô" entre muitas palmas para depois berrarmos com ele "Meeeetaaaal Heeeeaaaart" todas as vezes que conseguimos.

    Em 2009, o Accept retornou sem o Udo Dirkschneider e todos ficaram se questionando como seria o 'novo' vocalista no palco e se 'daria conta do recado'... bem, não só foi uma escolha excelente como também já pode-se dizer que o álbum Blood Of The Nations de 2010 ( o primeiro com Mark Tornilo nos vocais ) é um clássico de sua era no Accept, e deste álbum eles executaram a Teutonic Terror devidamente interligada a Metal Heart, sem pudéssemos repercutir em nossas mentes o efeito das duas anteriores.

    Teutonic Terror com seu ritmo cadenciado, todos os seus solos, sua garra, só tínhamos uma opção... agitar sem parar com o Accept. Coroando a primeira parte do show outra do Blood Of The Nations com a fortificada Pandemic, que também berramos seu refrão com Mark Tornilo incansavelmente e os 'hey... hey...' que os guitarristas movimentam sincronizados como se fossem um só prolongando de forma admirável os solos em suas guitarras deixando-as reinar no Carioca Club.

Mais Heavy Metal

    Entre gritos de "olêêêê... olêêêêê... olêêêê... Acceeeept... Acceeeept", os headbangers reconvocaram o Accept para o palco para o bis, que começou com a melodia japonesa ( hi di hi do hada... ) e que deflagrou a acelerada pancada inclusa em Fast As a Shark do Restless and Wild, que veio como um rolo compressor inteiramente Heavy Metal até nós e em retribuição pulamos, socamos o ar e berramos seu refrão quase ininterruptamente com Mark Tornilo, só parando mesmo para olhar boquiabertos fervorosos solos de guitarras.

    Para que fossemos embora satisfeitos faltava ainda uma canção, que intitula o quinto disco do Accept, bem... estou falando de Balls To The Wall, cuja letra merece sua atenção caro leitor(a) do Rock On Stage, pois, ainda é muito atual. E em outra execução perfeita, o sexteto ganhou palmas no ritmo, "hey... hey..." e "ôôôôôôôô..." cada vez mais fortes ( e gerenciados outra vez por Mark Tornilo ) e toda a agitação possível do público neste momento marcante do show.

    Finalizando as quase duas horas da aula de Heavy Metal que tivemos neste sábado no Carioca Club, o Accept animou ainda mais todos os presentes com o Rock'n'Roll contido em I'm Rebel ( gravada em 1980 no segundo disco da banda ) e que possuiu uma pequena extensão com seu refrão sendo repetido por todos mais algumas vezes.

    Na despedida, eles seguraram uma bandeira do Brasil tão felizes quanto nós enquanto era nas caixas de som do Carioca Club foi tocada Bound To Fail deixando claro que não só adoram o país como certamente estarão de volta brevemente. E nós radiantes e saciados por mais uma vez presenciar uma das melhores bandas de Heavy Metal de todos os tempos fomos embora cantarolando "I'm Rebel...Rebel..." já aguardando por mais um show do Accept.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à equipe da Dark Dimensions e a JZ Press
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Junho/2024

Set List do Accept

1 - The Reckoning
2 - Humanoid
3 - Restless and Wild
4 - Midnight Mover
5 - London Leatherboys
6 - Straight Up Jack
7 - Dying Breed
8 - Zombie Apocalypse
9 - Demon's Night / Starlight / Losers and Winners / Flash Rockin' Man
10 - Breaker
11 - Shadow Soldiers
12 - Frankenstein
13 - Princess Of The Dawn
14 - Metal Heart
15 - Teutonic Terror
16 - Pandemic

Encore:
17 - Fast As A Shark
18 - Balls To The Wall
19 - I'm a Rebel

 Galeria de 230 fotos dos shows do Accept e do Skalyface no Carioca Club em São Paulo/SP

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