Monsters Of Rock - 2º Dia
Com: KISS, Judas Priest, Manowar, Accept, Unisonic,
Yngwie Malmsteen
, Steel Panther
e Doctor Pheabes
Domingo, 26 de Abril de 2015
na Arena Anhembi em São Paulo/SP

    Depois do êxtase ao estar presente no primeiro excelente dia de Monsters Of Rock ( confira matéria ), onde pudemos assistir shows excelentes de Ozzy Osbourne e Judas Priest, o segundo dia prometia ainda mais, afinal, se no primeiro dia tivemos nomes como o Coal Chamber e o Black Veil Brides que até fizeram bons shows, mas longe da expectativa dos clássicos e históricos nomes, no segundo, a coisa ia ser bastante diferente... exceção do Steel Panther e do Unisonic, os demais estão na lista das mais importantes bandas do Heavy Metal/Hard Rock em todos os tempos.

    E em um mesmo dia assistir Yngwie Malmsteen, Accept, Manowar, Judas Priest e KISS era praticamente a realização de um sonho de criança, que vemos que acontece somente em festivais europeus como o Wacken Open Air ou o Sweden Rock Festival ( entre outros ), mas todos em um dia e aqui... foi inédito... inclusive, o KISS foi o responsável por muitos fãs estarem de rostos pintados e por um número ainda maior de presentes comparando-se com o primeiro dia.

Doctor Pheabes

    De volta a Arena Anhembi por volta das 13hs e com uma perspectiva ainda maior que no sábado, realizei o meu rápido credenciamento para a continuação desta matéria para o Rock On Stage.

    Nesta hora, a banda brasileira Doctor Pheabes já estava no palco quase terminando seu show, de modo que não pude acompanhar a atuação de Fernando "Magrão" Parrillo na guitarra solo, Eduardo "Dr. Pheabes" Parrillo na guitarra e vocal, Fábio "Cuca" Ressio no baixo e Paulo "Raul" Ressio na bateria em mais um show da divulgação do debut cd Seventy Dogs ( confira resenha ), de onde foi tirado o set list com as músicas "Seventy Dogs", "Where Do You Come From?", "Godzilla", "Sound", "Suzy".

    Nas conversas que tive com colegas presentes antes de mim, fiquei sabendo que eles fizeram um bom show, certinho e foram uma atração de abertura com a devida competência.

Steel Panther

    E o domingo ensolarado ficou ainda mais quente por volta das 13:20, quando a banda de Glam-Rock de Los Angeles, Califórnia chamada Steel Panther subiu no palco, pois, além de revisitar aquele Hard Rock oitentista conhecido por muitos como 'farofa', Ralph Saenz ( “Michael Starr” ) nos vocais, Darren Leader ( “Stix Zadinia” ) na bateria, Travis Haley ( “Lexxi Foxxx” ) no baixo e o Russ Parrish ( “Satchel” ) na guitarra, com suas grandes perucas, jaquetas de couro, calças coloridas de zebras, letras machistas e bem humoradas mostraram lados que há muito tempo não estamos vendo no Rock: da irresponsabilidade, do glamour, do show em si, da brincadeira e das mulheres... no sentido de festa com tudo liberado ( ou quase, mas explico isso mais detalhado nas linhas seguintes )

   A primeira do set do Steel Panther foi a Pussywhipped do novo cd All You Can Eat ( lançado em 2014 ) e com facilidade, eles foram conquistando os fãs pela energia de seu Hard Rock, cheio de bons riffs de guitarra de Satchel e de uma atuação contagiante do vocalista Michael Starr, com um estilo que misturava Dave Lee Roth e Vince Neil

    Neste clima de pura farra Rock´n´Roll, eles executam em seguida a Party Like Tomorrow Is The End Of The World, outra do novo trabalho, que tem os dois pés fincados nos anos 80 e deu para ver que muita gente estava com as músicas na ponta da língua interagindo bastante com o vocalista e lógico, que a facilidade da letra também ajudou bem. Durante os solos de guitarra, o baixista Lexxi Foxxx pegou um espelho e um batom e começou a retocar a maquiagem... simplesmente hilário.

    E durante esta segunda música, algumas garotas que estavam nos ombros de amigos ( ou namorados ) começaram a ficar mais à vontade naquele calorão todo e quando o vocalista percebeu... ele já a incentivou a fazer um topless com as mãos.

    Então, o guitarrista Satchel vai ao microfone avisa que vai falar algumas palavras em português grita: "Mostrem os peitos" e a primeira garota que fez isso era uma loira bonita e dona de um belo par de seios. Ele continua dizendo: "Minhas bolas têm gosto de morango e que gosta de bunda grande" e que "Michael Starr tem pinto pequeno", entre outras frases na nossa língua, que fez muitas pessoas rirem. E com todo esse discurso... um sutiã foi arremessado no palco para felicidade dos membros da banda e então, o guitarrista aproveita para apresentar os integrantes do Steel Panther com muito bom humor.

    Notadamente empolgados com a recepção do público, o Steel Panther, que ao iniciar os toques de Asian Hooker ( do Feel The Steel de 2009 ) foram brindados com "hey...hey..." dos fãs e em troca recebemos a mais pesada das três músicas apresentadas. E o vocalista Michael Starr canta seus versos rebolando muito, o cara é só trejeitos, mas, isso dá resultado, pois, mais garotas começaram a se empolgar e exibir seus belos seios enquanto recebíamos seus ótimos solos de guitarra.

    E a festa prossegue com o Hard Rock animador de Eyes Of A Panther, outra do álbum de 2009, que fez a galera curtir bastante com a banda seus solos de guitarra e a atuação do vocalista, que sabe muito bem comandar uma multidão como aquela, que já nesta hora estava tomando conta dos espaços da Arena Anhenbi.

    Porém, a parte mais ... hum interessante do show.... foi a seguir, pois o guitarrista Satchel falou que é um dia especial para a banda e que é a primeira vez em São Paulo, então apresenta o baixista Lexxi Foxxx, que quando sola faz o tipo, mas na verdade não sola nada e Satchel e o vocalista Michael Starr usaram dois sopradores de folhas fazendo os seus longos cabelos ficarem tremulando para um hair solo, momento Glam puro... entretanto nesta hora, quem segurou 'a bronca' mesmo foi o baterista Stix Zadinia.

     Quando começaram o hit 17 Girls In A Row do Balls Out de 2011, várias das garotas que haviam mostrado seus seios na plateia foram convidadas para dançarem no palco ao lado dos músicos do Steel Panther e compartilhar seus belos peitos com todos os presentes no Monsters Of Rock, sendo que algumas até deram beijos e se esfregaram nos integrantes da banda, tiraram fotos, ou seja, um clima de zoeira pura, desinibição total, uma gostosa anarquia regada a um Hard Rock dos bons. E se alguém assustou isso, saiba que é padrão nos shows do Steel Panther pelo mundo... e que bom... precisamos de bandas que não sejam totalmente certinhas.

    Para emocionar a todos e algo que jamais pode faltar nos shows de Hard Rock, eles tocaram a balada Community Property, gravada no Feel The Steel e apesar de sua bela execução, que fez muitos cantarem com eles, vi algo que me chamou a atenção: uma fã chorando ao ver esta música ser tocada.

    O vocalista Michael Starr gritou um "Sãoooo Pauloooo" começou a soltar alguns "Fuck Miley Cyrus" e emendou uma letra totalmente erótica sobre a cantora ( olha o processo... ), que geraram muitos risos nos fãs que acompanhou ele em algumas partes, mas isso, serviu de introdução para Party All Day ( Fuck All Night ), um Hard Rock no estilo do Bon Jovi, dotado de uma letra muito interessante, para não falar outra coisa desta música do álbum Feel The Steel, que fez a galera cantar com eles, especialmente o refrão. Eletrizando ainda mais, o vocalista nos pergunta várias vezes: "You  Like Heavy Metal?" e neste clima positivo, o Steel Panther tocou a Death To All But Metal ( outra do Feel The Steel ), que contaminou todos com seus solos de guitarra.

    Depois desta, o quarteto nos agradece pela troca de energia e nós... a eles pelo showzão que fizeram, daqueles que quem viu não se esquecerá e que mostrou uma cara que muita gente parece que está se esquecendo... Rock é festa, é diversão, é chamar a atenção das mulheres.... e ajudar elas a ficarem mais desinibidas... Que o Steel Panther retorne no Brasil mais vezes e em uma turnê como atração principal.

Set List do Steel Panther

1 - Pussywhipped
2 - Party Like Tomorrow Is The End Of The World
3 - Asian Hooker
4 - Eyes Of A Panther
5 - 17 Girls In A Row
6 - Community Property
7 - Party All Day (Fuck All Night)
8 - Death To All But Metal

Yngwie Malmsteen

    Terminado o show do Steel Panther era hora de dar uma volta e tomar uma água enquanto o palco era preparado para o virtuoso guitarrista sueco Yngwie J. Malmsteen, que desde 1984 lançou-se em carreira solo, que já nos rendeu 18 álbuns de estúdio e alguns ao vivo, sendo o último de estúdio, o Speelbound de 2012. Quando retornei mais próximo ao palco do Monsters Of Rock vi um verdadeiro 'paredão' de amplificadores Marshall, que mesmo enquanto estava distante, aquela montanha chamava bastante a atenção, pois, praticamente ocupava metade do espaço disponível.

   É... Yngwie J. Malmsteen queria que todos os presentes ouvissem sua guitarra com clareza. E o show começou às 14:50 com sua banda composta por Patrick Johansson na bateria, Nick Marino nos teclados e vocais e Ralph Ciavolino no baixo e vocais preparando o terreno na introdução para que a estrela maior entrasse no palco ao som de Rising Force ( do Odissey de 1988 ), onde vimos toda sua exuberante técnica oriunda de sua Fender Stratocaster branca e bege ser exibida.

    Deu para perceber que a pegada de Yngwie J. Malmsteen ao vivo nesta tarde seria muito mais potente comparando com a vez que assisti seu show em 2007 ( confira resenha  ), aliás, apesar de estar cantando em seus shows, nesta primeira música, quem assumiu os vocais foi o tecladista Nick Marino.

    Além disso, neste principio de show do virtuoso guitarrista, deu para notar uma certa linha imaginária, onde os demais músicos não poderiam passar, sendo que eles ficaram mais atrás e algumas poucas vezes, o baixista Ralph Ciavolino veio mais à frente, afinal, o grande nome no palco era ele - Yngwie Malmsteen - que estava até que carismático, pois, em todas as músicas jogou várias palhetas para a plateia ( e para todos os lados, algumas inclusive no palco ) e antes de começar a segunda, ele saudou os fãs com um "Saoooo Pauuuulooooo" e enfrentou um problema no microfone, além do sol, que nesta hora ficou muito forte e começou a bater na sua cara.

    Spellbound,  título do álbum de 2012, dotada de riffs que exprimem uma imensa habilidade encantou muitos fãs, que responderam batendo palmas e berrando os "hey...hey..." e teve sua letra cantada pelo baixista Ralph Ciavolino.

    A cada música, Yngwie J. Malmsteen trocava sua guitarra por outra idêntica, mas ele estava 'ligado nos 220v' e as trocas eram feitas com ele jogando sua guitarra para o seu rápido e ágil roadie, que as guardava com todo cuidado. Aliás, Yngwie J. Malmsteen foi muito inteligente ao fazer isso, pois, ajudou os fãs ficarem mais ligados na sua apresentação quebrando aquele estigma que "show de guitarrista não é animado, é só "técnica... técnica e técnica".

    Em seguida, Yngwie J. Malmsteen, que estava trajado com sua calça de couro e camisa preta em um visual bem setentista de longas costeletas inspirado em um certo Richie Blackmore executou a Damnation Game ( do Perpetual Flame de 2008 ), cujos solos passam aquela sensação tipo 'como ele consegue fazer tudo isso com tanta facilidade?'.

    Yngwie J. Malmsteen se movimentava bastante pelo palco, no pequeno espaço que sobrou entre ' a montanha de Marshalls' e a frente do palco indo sempre de um lado para outro, olhando e ajustando uma coisa aqui ou ali entre seus muitos amplificadores. E o guitarrista trouxe também momentos mais clássicos ao Monsters Of Rock com a trinca Overture / From A Thousand Cuts / Molto Arpeggioso ( Arpeggios From Hell ) gravadas nos seu discos Relentless ( 2010 ), Spellbound e War To End All Wars ( 2000 ), respectivamente, para depois emendar com a Seventh Sign ( título do álbum de 1993 ), que ele fez alguns backing vocals, além de caretas e solos com os dentes. Como esta era bem conhecida dos fãs, muitos cantaram alguns versos com o tecladista Nick Marino.

    Então, Yngwie J. Malmsteen nos pergunta se queremos ouvir umas músicas dos bons tempos e com a resposta positiva ( já com outra Fender ), ele retorna nas mais eruditas de sua carreira com Concerto #4 e Adagio ( do Concerto Suite For Electric Guitar and Orchestra In E Flat Minor, Opus 1 de 1998 ), que nos mostraram todo o poder que exala das notas de sua guitarra até nos momentos mais melancólicos da música e logo depois a Far Beyond The Sun ( do Rising Force de 1984 ), que é uma de suas mais conhecidas e perfeitas composições, que ele fez questão de aplicar vários e sensacionais improvisos.

    Este momento foi um daqueles que são ótimos para viajar e que demonstram que a combinação Yngwie Malmsteen + Fender Stratocaster resulta em músicas de altíssimo nível. Obviamente, que com um set list assim, ele conseguiu fazer os fãs vibrarem e o incontido músico solou com os dentes e até de joelhos, perto de seus vários Marshalls.

    Saindo da linha mais clássica, com um "Saooo Paulooo" berrado pelo baixista Ralph Ciavolino, o guitarrista homenageia um de seus principias heróis nas seis cordas com um pequeno trecho de Purple Haze do The Jimi Hendrix Experience, que assim que foi percebida pelos fãs... fez que todos agitassem significativamente e nesta ele também cantou alguns de seus versos, que foram ligados a mais uma trinca, agora composta por Trilogy Suite Op: 5 ( do Trilogy de 1986 ), Krakatau ( do Odissey ) e Cadenza #2, e aí... tome mais fortes dosagens da imensa categoria do sueco solando cada vez mais acelerado, que faz o que quer de sua guitarra, aliás, ele sim sola muitas notas por minuto, agride as cordas de sua guitarra e vai além, ao contrário de algumas bandas que acham que solar rápido é sinônimo de muita técnica.

    No término desta parte, ele trava sua guitarra em uma nota que a faz enviar solos fantasmagóricos e Patrick Johansson finalmente pega forte em sua bateria até a volta de Yngwie J. Malmsteen.

    Depois desta viagem instrumental, hora de uma música com vocais e com uma linhagem mais Hard Rock Heaven Tonight do Odissey teve suas letras cantadas pela dupla Nick Marino e Ralph Ciavolino, com este último ousando vir a frente e se aproximando do guitarrista durante os solos, que fizeram os fãs baterem palmas e acompanhar seu ritmo nos "hey...hey..." felicitados por um "São Paulo Thank you so much" dito pelo baixista, que levaram a outra magnífica sucessão de solos de guitarra presentes na Black Star do álbum Rising Force.

  

    A última do set foi a conhecida e esperada I'll See The Light Tonight do Marching Out de 1985, que entrou a toda velocidade, fez muitos cantarem seus versos e receberem outra 'tantada' de solos de Yngwie J. Malmsteen, que estava com a intenção de também deixar sua apresentação no Monsters Of Rock entre os melhores shows do festival.

    E ele cravou isso ao pegar uma Fender Stratocaster toda branca, joga-la para o alto, deixa-la cair e só se contentar quando finalmente a quebrou ( rachando seu corpo ao meio ), e isso regado à um solo matador dos outros três músicos. Yngwie J. Malmsteen fez um ótimo show com um final apoteótico, que inflamou ainda mais os fãs com sua eletrizante atuação.

Set List Yngwie Malmsteen

1 - Rising Force
2 - Spellbound
3 - Damnation Game
4 - Overture / From a Thousand Cuts / Arpeggios From Hell
5 - Seventh Sign
6 - Concerto #4 / Adagio / Far Beyond The Sun (Songs from: ?? / Niccolò Paganini / himself)
7 - Purple Haze (The Jimi Hendrix Experience cover)
8 - Trilogy Suite Op: 5 / Krakatau / Cadenza #2
9 - Heaven Tonight
10 - Black Star
11 - I'll See The Light Tonight

Unisonic

    No breve tempo em que se seguiu entre o final do show do Yngwie Malmsteen e a próxima atração, que eram os alemães do Unisonic, aproveitei para mais uma volta pelas lojas ( especialmente de cd´s ) na Arena Anhembi e entre olhar um e outro dos muitos álbuns disponíveis, fui rapidamente mais para a frente para conferir a segunda passagem no Brasil ( a primeira foi em 2012, confira resenha ).

    E a banda formada em 2012 por Michael Kiske nos vocais, Kai Hansen e Mandy Meyer nas guitarras ( substituído neste show pelo baixista Tobias "Eggi" Exxel do Edguy, já que o titular estava tocando com sua outra banda, o Krokus ), Dennis Ward no baixo e Kosta Zafiriou na bateria. O Unisonic aproveitou este show no Monsters Of Rock para a divulgação de seu novo trabalho, o ótimo Light Of Dawn de 2014.

    Por conta de Michael Kiske e Kai Hansen terem sido membros do Helloween e responsáveis por alguns dos maiores clássicos da carreira banda, a expectativa de muitos fãs era enorme. Na introdução, os alemães entraram ao som de Venite 2.0, que também é a música de abertura do novo cd e após as saudações da plateia, eles trazem a animação presente em For The Kingdom, um Power Metal com toda a energia tradicional germânica, que garantiu à eles toda o sucesso que possuem.

    Michael Kiske nem precisava fazer esforço para cantar e emocionar seus fãs graças ao seu carisma natural, mas curiosamente, entrou trajado com uma jaqueta de couro preta naquele calor ( vai entender.... ), Kai Hansen sempre sorrindo e solando muito bem sua guitarra ao lado do muito contente Tobias "Eggi" Exxel ( que mostrou-se um ótimo guitarrista ). E esta primeira música exibida do Light Of Dawn se mostrou muito bem conhecida por uma boa parcela de fãs que a cantaram com a banda.

    Ainda no novo trabalho, o Unisonic tocou a melodiosa Exceptional, que bem como seu título deixa claro, é uma música que conquista os fãs rapidamente, que notadamente estavam muito felizes por estarem vendo Michael Kiske cantando com toda sua potente voz ( se eu que já vi ele algumas vezes no Avantasia e no Unisonic fiquei contente, quem o assistiu pela primeira vez, imagino o que sentiu ) e o vocalista ia sempre de um lado para outro do palco deixando claro o grande frontman que é.

    Durante os solos de Exceptional muitos fãs acompanharam nas palmas e no final da música começaram a gritar aquele tradicional "Olê...Olê...Olê... Kiskeee", que responde com um "Heeeloooo Saoo Pauuloo" e provoca mais manifestações dos fãs ao anunciar a contagiante e positiva Star Rider - do primeiro cd - que foi tocada com todo o brilho que possui. Durante seus prolongamentos deu para reparar na força do baterista Kosta Zafiriou, que segurou o ritmo com muita categoria ao lado do baixista Dennis Ward para que o refrão fosse dividido entre os fãs, Kai Hansen e o vocalista ( cantando alguns trechos sentado ) em uma imensa harmonia, ou seja, um prato cheio para os amantes do Power Metal.

    Foi pouco para que os fãs gritassem "Hansen... Hansen...", que demonstrava muito prazer por estar no Brasil novamente e neste momento, Michael Kiske relembra da passagem em 2012 como 'headliner', pergunta se gostamos mais das canções rápidas, se temos o novo cd e fica contente com a resposta, assim, a veloz Your Time Has Come do Light Of Dawn foi tocada em outra atuação 'de gala' do Unisonic, com destaque para os solos melódicos da dupla Kai Hansen e Tobias "Eggi" Exxel ( que mandou realmente muito bem em sua Gibson, tanto que enfatizo... o cara é baixista... mas nesta tarde, detonou na guitarra ).

    Depois, Michael Kiske solicita mais palmas das plateia e dá início a cadenciada When The Deed Is Done, mais uma do novo cd, que também era bem aguardada pelos fãs, que a cantaram empolgados com o vocalista. Com todo a capacidade que acumulou na carreira, Michael Kiske pede para ver nossas mãos e exclama: "this is a beatiful hands" para depois anunciar a King For A Day do primeiro álbum, que também foi bem recebida.

    Kai Hansen começa um solo em sua Gibson Les Paul, que relembra do Helloween e aí a galera praticamente pega fogo, mas, foi apenas um breve momento, pois, ele modifica o andamento para os dedilhados de Throne Of The Dawn, outra do Light Of Dawn, que garantiu palmas, outra atuação reluzente de Michael Kiske e que obviamente, cai também nas graças dos fãs. E esta recepção era sentida pelo vocalista, que inicia um "Olê...Olê...Olê..." para que completássemos com "Kiskeee... Kiskeee" ( ele entrou no clima da plateia brasileira... ) e nos informa que irá voltar aos tempos que tinha cabelos longos do Helloween com a imponente e explosiva March Of Time, que garantiu frisson e a agitação dos fãs, que cantaram o refrão com toda força junto ao vocalista no momento mais caloroso do show do Unisonic.

    E sem pestanejar, eles fervem o povo com a clássica I Want Out do Helloween, cujos primeiros versos foram cantados pelos fãs, e meu amigo(a), como era gostoso gritar cada vez mais forte o "I Waant Ouut..." com o vocalista e ser regido por ele durante os "ôôôôôôô". Neste ambiente feliz vemos a dupla Kai Hansen / Tobias "Eggi' Exxel muito bem sincronizada e solando com muita habilidade, que ligaram esta música na próxima, que era alegre e rápida Unisonic, música que intitula a banda e que ficou com a honra de encerrar mais esta excelente apresentação do quinteto germânico no Brasil com todos seus velozes riffs de guitarras.

Set List do Unisonic

1 - Venite 2.0
2 - For The Kingdom
3 - Exceptional
4 - Star Rider
5 - Your Time Has Come
6 - When The Deed Is Done
7 - King For A Day
8 - Throne Of The Dawn
9 - March Of Time
10 - I Want Out
11 - Unisonic

Accept

    Deste ponto do Monsters Of Rock para diante não haveria mais 'passear' pelo festival como fiz em outras vezes... agora era se posicionar para assistir uma sequencia de shows que por muito tempo será comentada pelos mais de 35.000 presentes no evento, se no dia anterior meus objetivos pessoais eram assistir Ozzy Osbourne, Motörhead e Judas Priest, neste domingo, os que mais aguardava eram Accept, Manowar, Judas Priest e KISS

    E agora, por volta das 17:40, o Accept estava no Brasil pela terceira vez na carreira para continuar a segunda parte da Blind Rage World Tour, que divulga seu último lançamento de estúdio, o Blind Rage que saiu em 2014. E uma curiosidade cercava este show da banda, que retomou suas atividades para valer em 2009, e de lá para cá, lançando três excelentes álbuns com o novo vocalista Mark Tornillo: ver como seriam as atuações dos recém incorporados integrantes Uwe Lulis na guitarra e Christopher Williams na bateria ao lado dos consagrados Wolf Hoffmann na guitarra e Peter Baltes no baixo.

    Com o logo da banda em um fundo vermelho e de luzes vermelhas, a introdução foi tocada e em poucos instantes, os músicos foram ao palco para começarem a realizar um dos melhores shows do Monsters Of Rock, a melhor apresentação até aqui do Accept em solo brasileiro e uma aula de Heavy Metal, que foi iniciada com a pedrada recente Stampede, que trouxe seus riffs de guitarras desconcertantes, que são uma exuberância plena. Esta música, que posso considerar um hit do novo cd, deixou claro o poder que o Accept possui desde que retornou, pois, os fãs reagiram agitando freneticamente com a banda.

    Em seguida, continuaram o show com uma composição que ainda é recente, mas, já posso considerar como um clássico pelo impacto que causa em suas execuções ao vivo: Stalingrad, título do álbum de 2012 ( que garantiu a segunda passagem da banda no país, em 2013, leia matéria ), e onde eu pude concluir que a mudança dos integrantes não afetou a performance e o padrão de qualidade do Accept em nada, a única coisa diferente é que o novo guitarrista Uwe Lulis ficou mais contido e não participou da coreografia feita praticamente durante todo o show por Wolf Hoffman e Peter Baltes, que tocam mexendo sua guitarra e baixo de forma sincronizada. Além de participarem com muitos "ôôôôô", os fãs sempre respondiam quando Mark Tornillo gritava o nome da música em uma interação única.

    Com apenas um "good evening Saoo Paulooo" dito pelo vocalista, o show prossegue com uma das antigas, a cadenciada London Leatherboys, um sucesso do álbum Balls To The Wall de 1983, que encantou toda aquela imensa plateia, seja fãs da era Udo Dirkschneider ou da atual. Muito bacana era que Mark Tornillo, Peter Baltes e Wolf Hoffman sempre vinham mais a frente para realizarem a coreografia tradicional da banda colocando mais energia no show.

    E para incendiar ainda mais, eles executaram a cavalgante Restless And Wild, título do clássico disco de 1982, que é uma beleza ver o vocalista cantando com o microfone e cabeça erguidos para o alto e também a participação daquela multidão toda feliz com palmas e 'heys' durante os solos de guitarras. Mark Tornillo anuncia rapidamente: "do nosso último cd, Final Journey" e este verdadeiro Heavy Metal continua a tomar de assalto a Arena Anhembi. Nesta hora pude reparar na intensidade do novo baterista Christopher Williams e como o guitarrista Uwe Lulis tocou muito, mas ficou digamos, mais tímido e se movimentou pouco. É o 'Accept 2015' está muito bem afiado e continuará mantendo o legado histórico da banda.

    Aproveitando cada segundo de seu tempo, o vocalista apenas agradece com um "Obrigado... Thank You So Much" e recebemos neste empolgante show... a colossal Princess Of The Dawn do Restless And Wild, música que foi daquelas que eram extremamente aguardadas por todos e que são para colocar a 'casa' abaixo. Sendo saudada com uma enormidade quantidade de "hey... hey... hey", palmas e "ôôôôôôôô" extraídos à toda força que buscávamos sabe se lá da onde, esta sonzeira marcou a alma metálica de cada um. Mark Tornillo é um excelente frontman e durante os prolongamentos costumeiros, ele regeu os "ôôôôôô", pediu mais palmas e solicitou que os fãs elevassem os "ôôôôôô" cada vez mais dizendo: "louder" e a galera entrou no ritmo, enquanto o sol ia cada vez mais ao fundo e a noite começava a cair criando no palco, com aquelas fortes luzes vermelhas um contraste lindo, enfim, simplesmente um momento mágico.

    Era direto... sem falatórios.. Heavy Metal puro... o Accept mesclou inteligentemente uma música antiga e uma mais recente no set list de forma alucinante e agora... seguiram com a Pandemic do Blood Of The Nations de 2009, o primeiro com o vocalista Mark Tornillo, que sabe muito bem comandar a adrenalina de um grande público, como o presente na Arena Anhembi. E a nova dupla de guitarristas da banda, Wolf Hoffman e Uwe Lulis nos enviaram solos de guitarras com a maestria que Pandemic pedia. Com a noite já tomando conta dos espaços, recebemos aquela conhecida melodia japonesa, que marca início da veloz Fast As A Shark do Restless And Wild, que fizeram estourar algumas rodas na plateia, enquanto que outros cantavam felizes 'para mais de metro' seus versos com Mark Tornillo e alguns ( meu caso ) ficavam fissurados nos solos das flechas ( Flying V ) de Wolf Hoffman e Uwe Lulis, que resolveu ir ao lado do guitarrista fundador para solar junto.

     Mas a explosão veio mesmo com o clássico absoluto da carreira da banda, a Metal Heart ( título do álbum de 1985 ), que fez todo mundo pular e berrar com o Accept, acredito que... pelo menos o refrão... todos gritaram em um amplificado frenesi, que ficou ainda maior quando chegou nos solos, especialmente aquela parte que os "ôôôôôôô" tomam conta da música. Lembro-me de uma mulher que estava com os filhos e olhou na minha cara e espantada com o deleite que eu fui tomado nesta hora... Mark Tornillo novamente regeu todos os fãs gritando "louuuder" na sessão de ""ôôôôôôô" que nós apresentamos antes da banda brilhantemente retornar ao ritmo acentuado desta música. Sinceramente, estas linhas não conseguem descrever claramente o sentimento Heavy Metal que tivemos em nossas almas nesta hora, só estando lá.

    Sem dar chances para respirar, o Accept já enviou a pesada Teutonic Terror do Blood Of The Nations com um pequeno, mas, belo solo de Peter Baltes, que também foi cantada com muita força pelos fãs, confirmando que a fase que a banda se encontra atualmente é uma das melhores da carreira. A última da noite foi outro dos inesquecíveis hinos dos alemães... era somente a Balls To The Wall, que cravou este show entre um dos melhores do festival e disparado um dos melhores shows de Heavy Metal do ano em solo brasileiro. Balls To The Wall foi cantada por todos, inclusive no refrão, onde ficamos aplaudindo e berrando cada vez mais alto seu título, além óbvio dos "ôôôôôôôôô..." sucessivos e cada vez mais fortes. No final, só deu tempo para um "obrigado Saoo Paulooo" e os tradicionais agradecimentos dos músicos.

    O show do Accept foi tão vigoroso, que seu tempo no palco parecia que foi pouco, que não tinha sido uma hora e se possível fosse, merecia mais, merecia mais clássicos, mais músicas dos últimos cd´s, enfim, eles deixaram uma missão difícil para o Manowar e os demais, afinal, foi um show irrepreensível e impecável. Que eles continuem retornando no Brasil muitas vezes.

Set List do Accept

1 - Stampede
2 - Stalingrad
3 - London Leatherboys
4 - Restless and Wild
5 - Final Journey
6 - Princess Of The Dawn
7 - Pandemic
8 - Fast As A Shark
9 - Metal Heart
10 - Teutonic Terror
11 - Balls To The Wall

Manowar

    Nem bem terminou o Accept e alguns gritos de Manowar começaram a surgir na parte frontal da Arena Anhembi e como disse anteriormente, sem chances de sair do ponto onde me encontrava. Observando a montagem do palco dos norte-americanos reparei que três 'paredões' de amplificadores foram colocados, sendo um de cada lado e um maior que os outros dois à frente de cada lado da bateria.

    É o Manowar iria justificar o título de banda mais barulhenta do mundo no Brasil nesta noite no Monsters Of Rock e ao contrário do Accept, que utilizou o telão apenas com a capa do último cd ou o logo da banda em vermelho, eles usaram o telão para potencializar as emoções durante seu show. O Manowar estava em dívida com sua legião de fanáticos seguidores, pois, mesmo já tendo realizado shows destruidores no país, a última passagem em 2010 ( leia resenha ) foi muita boa, mas a banda não apresentou nenhum de seus maiores clássicos levando muita gente sair reclamando, mas desta vez, o verso "others bands play Manowar kill" fez muito mais sentido para mim.    

    Assim, o líder Joey DeMaio já havia avisado que tudo seria diferente, que teríamos um show como merecíamos e então, quando eram 19:05hs, ao som de uma melodia que encaixaria muito bem na trilha de um filme do Conan, e com narrações dizendo: "From United States Of America... Manowar..." o baterista Donnie Hamzik entrou no palco sendo seguido por Karl Logan na guitarra, Joey DeMaio no baixo e Eric Adams no vocal para realizarem um show que 'True' nenhum poderia apontar um defeito.

    Eles começaram ao som da destruidora Manowar do Battle Hymns de 1982, e aquele amontoado triplo de Marshalls estava produzindo um som ensurdecedor, que levou a ensandecida massa de fãs explodir de alegria. Exceto por alguns problemas na regulagem do som, que foram superados no decorrer da apresentação, a passagem da Kings Of Metal MMXIV World Tour no Brasil seria massacrante.

    Joey DeMaio avisa que o show será especial e convida para o palco o virtuoso guitarrista brasileiro Robertinho do Recife em um primeiro e claro sinal de respeito com o público brasileiro, para que juntos tocassem a Metal Daze ( do Battle Hymns ), outra que sacudiu os fãs para valer e fez muitos cantarem seu refrão. Embora Karl Logan estivesse solando com fúria, o som de sua guitarra não estava aparecendo como deveria neste princípio de show, não sei se era intencional, entretanto, nenhum fã parecia estar se importando.

    E o Manowar veio com 'sede de sangue' para este show, pois a terceira do set foi a memorável Kill With Power do Hail To England de 1984, e nesta, os fãs berraram com Eric Adams seu refrão sempre que solicitados e seu ritmo dava uma vontade de tirar sua espada e sair lutando em uma batalha... Yeaahh!!! O vocalista andou por todos os lados do palco e soube aumentar a interação da plateia com a banda, que foi ainda maior no final com os solos gigantes de Karl Logan.

    A avalanche sonora continua com as esmagadoras notas do baterista Donnie Hamzik, que deu início a veloz Sign Of The Hammer, que intitula o álbum que também é de 1984, e não tinha jeito, várias rodas surgiram pela pista do Monsters Of Rock, onde eu estava havia uma grande, que durou praticamente o show todo e cheguei a notar outras mais distantes um pouco. Uma coisa muito interessante nesta hora era que o telão mostrava um martelo e aquela multidão de fãs faziam um sinal com os braços, que simbolizam o martelo em uma devoção pura à banda. Continuando o show mais alto do Monsters Of Rock, pois, neste o volume ficou no 'talo' o tempo todo tivemos a The Dawn Of Battle, que intitula o EP lançado em 2002 com seus vocais e ritmos agressivos, que caíram como uma bomba na Arena Anhembi levando assim os fãs ao delírio.

     Em seguida, Joey DeMaio faz seu solo de baixo tirando notas em altíssima velocidade, que impressionam como ele consegue tocar tantas notas em um instrumento que não é uma guitarra. A reação da galera foi gritar e aplaudir bastante o músico, que passou a bola para Karl Logan, que iniciou seu melodioso solo de guitarra intitulado como Fallen Brothers, onde foram exibidos nos telões vários nomes importantes para o Manowar que já se foram, e um deles foi o dono da Voz do Metal, Ronnie James Dio ( que nos deixou em 2010 ), que teve seu nome gritado pela multidão de fãs, além do ex-baterista Scott Columbus do Manowar falecido em 2011. O Manowar fez uma bela homenagem aos seus amigos, profissionais que trabalharam com a banda e seus ídolos esclarecendo que ninguém chega ao topo sozinho, que é necessário a ajuda de muitos.

       Depois disso, Joey DeMaio, todo marrento veio à frente do palco para discursar, e detalhe em um fluente português, ou seja, ele estudou nossa língua. Ele disse: "Antes de qualquer coisa queremos desejar melhoras ao Lemmy e que queria agradecer seus amigos e irmãos José e Paul ( os organizadores do festival ) e a todos vocês" - sendo aplaudido por nós - "que vieram ver o Manowar".

    Ele também enfatiza que nós temos um lugar especial nos corações deles e que estamos na história do Heavy Metal, mas, não deixou de alfinetar as outras bandas, que não falam português e complementou dizendo: "falei no português brasileiro, pois estou aqui". E continuou... "para quem não gosta de Heavy Metal a gente diz... Vá se fuder... para quem não gosta dos fãs do Manowar, do Brasil a gente diz... Vá se fuder, para quem não gosta do Manowar a gente diz... Vá se fuder!!!".

    Obviamente, que todos gritaram "Vá se fuder" com Joey DeMaio a plenos pulmões e ele pede para que gritássemos cada vez mais alto concluindo sua fala com um "muito obrigado". Desta forma, o baixista anuncia conclui com um "Hail And Kill and Hail To Brazil".

    Com os outros integrantes de de volta, recebemos as baquetadas de Donnie Hamzik em Warriors Of The World United que exaltou a garra dos fãs nos "hey... hey..." até que Karl Logan faz a 'chamada na guitarra' trazendo um andamento cadenciado para que esta música do Warriors Of The World ( de 2002 ) fosse executada com todo o seu ímpeto Heavy Metal. No telão tínhamos o guerreiro da capa do cd para trazer mais emoção aos versos cantados por Eric Adams, que fez uma performance toda épica. 

     E então, hora de um dos hinos True... Kings Of Metal, que é a música título do álbum de 1988 e traz aquele verso que mencionei no começo desta resenha do Manowar ( relembrando: "others bands play Manowar kill" ) e sinceramente, essa era a sensação, mas, não tinha como esquecer do que o Accept havia feito antes, mas o que vale é a intenção e o momento de prazer que esta música proporcionou.

   Mesmo fazendo um show qualitativo, ainda o Manowar não havia 'pagado' seu tributo com o povo brasileiro, se considerando a apresentação de 2010, faltava ainda a 'conquista do trono e decapitação do rei', que eles fizeram na sequencia final do show com a matadora Hail And Kill ( outra do Kings Of Metal ) com direito à um Eric Adams usando os agudos de sua voz ao extremo e depois acelerando o seu ritmo junto aos solos de guitarra e baixo, que fizeram aquela multidão berrar, pular e estender os braços ao alto em plena euforia. Para quem ainda tinha forças para continuar na batalha, eles tocaram a The Power do Louder Than Hell de 1996 com um ímpeto ( perdoe o trocadilho ) monstruoso e inabalável, parecia que o volume da música estava ainda mais alto que antes.

     Entretanto, o show não seria magnífico como foi sem o clássico Battle Hymn ( do Battle Hymns ), que assim que foi reconhecido em suas primeiras notas arrepiou muitos dos presentes ( certamente ) e encharcou nossas células de adrenalina, de forma que o cansaço foi embora sabe-se lá para onde, pois, nesta teria que pular e bastante. Mas, só pular não era suficiente... também tínhamos que cantar com Eric Adams, especialmente os "Kiiiilll... Kiiiilll... ôôôôô... ôôôôô..." e sentir a energia de suas melodias épicas. Inclusive, o vocalista soube empolgar e na hora do trecho mais emocionante do show um novo problema aconteceu ( talvez, uma das caixas de som com o volume excessivamente alto tenha estourado ) e este brincou "é um show ao vivo..." prosseguindo com a mesma dedicação, que nos leva à um final onde as distorções da guitarra e do baixo imperam e terminam o show de forma majestosa.

    Não parecia que mais de uma hora de espetáculo já havia passado e aos gritos de "Manowar... Manowar" eles saem do palco. Mas ainda tinha tempo para mais uma, a animada e bem Heavy/Power Metal Black Wind, Fire And Steel do Fighting The World de 1987, que marcou o final do show, porém, a guitarra de Karl Logan ficou travada em uma nota forte e Joey DeMaio começou a arrebentar as cordas de seu baixo, parecia que ele também ia quebrá-lo como fez Yngwie Malmsteen com sua guitarra anteriormente, mas, o músico levou o show para outro grau, pois, foram vários minutos até que ele arrancou todas as cordas e isso, destruindo os nossos ouvidos com a imensa distorção que fizeram. Segurando o baixo e a guitarra nas mãos, ao lado de Karl Logan e Joey DeMaio, Eric Adams envia um "Saoo Paulooo thank you and goodnight and will return".

    Os nova iorquinos se despedem ao som da heroica The Crown And The Ring ( Lament Of The Kings ) nos P.A.s e ficou uma evidente certeza: este show nos enche de orgulho, inspira a juntar os dedos fazendo o símbolo máximo do Heavy Metal com um sorriso de conquista em nossos rostos. Parabéns Manowar pela brilhante apresentação, que seguramente causaria um problema para as bandas seguintes, que se não tivessem as décadas de experiência de palco e os clássicos absolutos do Heavy Metal que possuem, o Manowar seria o rei do Monsters Of Rock

Set List do Manowar

1 - Manowar
2 - Metal Daze
3 - Kill With Power
4 - Sign Of The Hammer
5 - The Dawn Of Battle
6 - Bass Solo / Sting Of The Bumblebee
7 - Fallen Brothers
8 - Joey's Speech
9 - Warriors Of The World United
10 - Kings Of Metal
11 - Hail And Kill
12 - The Power
13 - Battle Hymn
14 - Black Wind, Fire And Steel
15 - The Crown And The Ring ( Lament  Of The Kings )

Judas Priest

    Depois dos notáveis shows do Accept e do Manowar, uma certa dúvida pairava nos fãs do Judas Priest... será que os ingleses conseguiriam fazer um show melhor que os alemães e os americanos? Será que o show deste domingo seria melhor que o do dia anterior? A resposta para esta e outras questões começou a se esclarecer por volta das 21:00hs quando novamente Scott Travis na bateria, Glenn Tripton e Rick Faulkner nas guitarras, Ian Hill no baixo e Rob Halford nos vocais retornavam para o palco do Monsters Of Rock.

    Sim, os 'Metal Gods' tiveram que modificar ( bem pouco é verdade ) o set list, pois, no dia anterior, acabaram tocando por um período maior devido à falta do show completo do Motörhead e hoje, seria o set list normal, com a pegada da tour que promove o cd Redeemer Of Souls. Particularmente, iria realizar um sonho pessoal, pois, em 2008, quando o Judas Priest veio ao Brasil para dois shows no Credicard Hall em São Paulo, e ao sair do primeiro ( confira resenha ), fiquei com muita vontade de ver o segundo show, o que não foi possível naquela época, mas, neste final de semana foi.

    Assim, como no dia anterior a introdução foi com Battle Cry interligada com Dragonaut ( do Redeemer Of Souls de 2014 ), mas uma diferença já começou a ser sentida... nesta noite, o Judas Priest estava mais Heavy Metal, estava tocando mais pesado e notadamente com 'sangue no zóio', pois, não podiam destoar do desafio imposto pelas bandas anteriores. E sem falar nada com a plateia, Metal Gods ( British Steel - 1980 ) foi a seguinte e executada com toda a moral, que fez toda aquela enormidade de fãs cantarem com o Rob Halford, que nesta noite estava berrando mais alto que ontem.

    A tradicional saudação do titã foi dita mais uma vez: "The Priest Is Back, who many maniacs here in the night... are you everybody ready for Judas Priest style of Heavy Metal?" deixando claro o posto que ocupam, pois, se os quatro Manowar são reis, os cinco do Judas Priest são os deuses.... Bem com a vibrante e empolgada resposta da plateia tivemos a Devil's Child (Screaming Of Vengeance - 1982 ), que foi vocalizada com muito ímpeto por Rob Halford e também foi muito bem recebida pelos fãs, especialmente quando a dupla Glenn Tripton e Rick Faulkner desferem solos radiantes em suas guitarras. Durante este show do Judas Priest o cansaço estava batendo forte mesmo, mas havia ainda pique para continuar, porém, aguentar dois dias, com tantos shows... é uma tarefa que somente guerreiros Heavy Metal com longo período de estrada são capazes de suportar.

    Aos gritos de "Judas... Judas..." os telões exibem a capa do álbum de 1976, o Sad Wings Of Destiny e os solos de guitarras foram melodiosos como o esperado, só que com mais peso e com Rob Halford cantando com um potencial fabuloso, que culminam em um momento único entre voz e guitarras, que crescem cada vez mais com solos destruidores até que diminuam o ritmo, mas não a empolgação que é causada resultando em palmas por todos os lados da Arena Anhembi.

    Do novo Redeemer Of Souls, o Judas Priest atacou com dois de seus incandescentes sons, primeiro a rápida Halls Of Valhalla, que é um verdadeiro 'soco na cara' de quem acha que nomes como o Judas Priest estão acabados, pois, músicas assim são melhores que a discografia inteira de muitas bandas, riffs sem dó, bateria forte, baixo com toques incansáveis e vocais que chegam até a exibir trechos guturais. E comandando isso, um vocalista que se movimenta pelo palco lentamente, mas sabe levantar uma multidão de fãs como quase nenhum outro. A segunda executada na sequencia substituiu a Love Bites tocada na noite anterior pela cadenciada e agressiva March Of The Damned com várias imagens no telão de zumbis, que aumentaram a ligação entre seus solos e os fãs, que por mais cansados que estivessem... socavam o ar com suas mãos sempre ao alto.

    Com aquela linha de guitarras oitentista, que é totalmente transmissível, Turbo Lover ( do Turbo - 1986 )  eio como um raio e fez a multidão cantar com firmeza junto a Rob Halford, que desta vez comunicou-se apenas o necessário com os fãs - e pergunta se alguém reclamou... - como no final desta música, onde o vocalista nos agradece pelas duas noites de Monsters Of Rock e que foi uma grande honra, que é fantástico, que adorou tocar com Ozzy Osbourne e as outras bandas terminando a conversa dizendo que o Judas Priest está fazendo Heavy Metal por 40 anos, que nós somos os melhores fãs do Metal do mundo e anuncia a recente Redeemer Of Souls, que também recebeu uma roupagem mais agressiva nesta noite, que foi recebida muito bem pelos fãs que gritaram alguns "hey... hey..." durante os solos de guitarras de Glenn Tripton e Rick Faulkner.

    Após alguns instantes, Jawbreaker ( do Defenders Of The Faith - 1984 ) nos revelou uma eletricidade tamanha que expulsa o cansaço e renova a disposição em cada um de nós com seus riffs, onde percebemos que Rob Halford alcançava agudos mais fortes que ontem na sua voz. Desta vez, o show, conforme mencionei, foi mais direto e ofegando um pouco pela matadora atuação anterior, o vocalista nos pergunta: "Breaking the What?" - por três vezes - completadas por grande "Laaaaw" por nós até que os riffs iniciais deste hit feitos com eficiência pelos guitarristas nos tragam a melodia do clássico gravado no British Steel, que fizeram todos cantarem e pularem com o Judas Priest levando a um delírio coletivo. Mesclando as notas da música com o motor da Harley Davidson de Rob Halford Hell Bent For Leather ( Killing Machine - 1978 ) levou um peso considerável ao palco do Monsters Of Rock, onde Rick Faulkner pegou firme na alavanca de sua Flying V para depois os demais continuarem com autoridade sua execução.

   As luzes são rapidamente apagadas e instantes depois aos frenéticos gritos de "Juuuudaaass" a dupla The Hellion/Electric Eye (Screaming For Vengeance - 1982 ) venha devorando a todos com seus solos de guitarras e mantenham os fãs mais grudados no show do quinteto, pois, a imensa maioria cantou seus versos com Rob Halford. Assim como no dia anterior, o baterista Scott Travis perguntou "Saooo Pauuulooo vocês querem mais uma música?? quaal??" E aos gritos de "Paaanikileeer" este clássico máximo do Heavy Metal Mundial que em 1990 mostrou a geração Grunge o poder do Heavy Metal entrou como um foguete através das guitarras, bateria, baixo e principalmente nos vocais agressivos de Rob Halford, que soltou a sua voz realizando um domínio completo nos fãs, que corresponderam muito seja pulando ou cantando, mas sem sobras de dúvidas que ficaram totalmente extasiados.

   Com muitos aplausos e "heys...heys..." ouvimos um 'one-two-three-four' dito por Rob Halford convocando todos para cantarem com ele a alegre Living After Midnight, canção do British Steel que ficou com a honra de encerrar este segundo show do Judas Priest no festival, com o vocalista agradecendo de bom grado o Manowar, o Accept e a todos os fãs. Se no sábado o Judas Priest fez um show com mais músicas ( uma na verdade ), com mais interações com os fãs, neste domingo tivemos um verdadeiro e 'classudo' Heavy Metal Tradicional, que ostentou o poder de fogo inigualável que a banda detém desde os anos 70 e prova também o porque deles serem um dos maiores nomes da história do estilo.

Set List do Judas Priest

1 - Battle Cry (Intro)
2 - Dragonaut
3 - Metal Gods
4 - Devil's Child
5 - Victim Of Changes
6 - Halls Of Valhalla
7 - March Of The Damned
8 - Turbo Lover
9 - Redeemer Of Souls
10 - Jawbreaker
11 - Breaking The Law
12 - Hell Bent For Leather
Encore:
13 - The Hellion/ Electric Eye
14 - Painkiller
15 - Living After Midnight

KISS

    A responsabilidade de fechar este segundo dia de shows e também o Monsters Of Rock coube aos norte-americanos do KISS, que retornavam ao Brasil, pouco mais de dois anos da turnê do Monster ( confira resenha do show de São Paulo neste link e do Rio de Janeiro clicando aqui ) e depois de todos estes shows espetaculares ficava a dúvida se o show do quarteto formado por Paul Stanley na guitarra e vocais, Gene Simmons no baixo e vocais, Tommy Thayer na guitarra e vocais e Eric Singer na bateria e vocais superaria tudo que vimos neste domingo. Lógico que será um grande show, afinal, é o KISS, mas será que eles seriam capazes de realizar um espetáculo que nós enchêssemos a boca e contássemos para todos: "sim... eu vi o KISS mais uma vez e foi sensacional".

    Bem, nomes como o KISS, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Metallica, AC/DC ( citando alguns ) possuem esta habilidade de sobra, como também sempre realizam shows memoráveis, que sempre deixam saudades e o KISS, que cravou mais uma apresentação de sua KISS 40Th Anniversary World Tour trazendo um glamour extra ao evento com sua super produção com efeitos de luzes, pirotecnia, lança-chamas, foguetes, lasers e tudo mais que tínhamos direito.

    Nós só fomos ouvir a tradicional frase dita por Gene Simmons: "All Right Saooo Paaauloooo, You Wanted The Best, You Got The Best: The Hottest Band In The World: KISS!" por volta das 23:15 da noite... um pouco tarde em se tratando de um domingo, mas quem se importou??? 

    Assim, o grande pano que cobria o palco desceu e os heróis The Starchild, The Demon, The Spaceman e The Catman começaram o show detonando com com Detroit Rock City ( do álbum Destroyer de 1976 ) com explosões e aquela eletricidade de guitarras que concedem à este Rock´n´Roll um brilho ainda maior e fez todos pularem, cantarem e abrirem os sorrisos. Com o tradicional carisma que é detentor, Paul Stanley cantou esta música com a determinação que faz a banda possuir tantos seguidores e  quando no refrão ficávamos nos "ôôôôôôôôô", ele nos regeu me levando a enfatizar: só este começo de show já levantou a multidão.

    Depois eles executaram a Creatures Of The Night, que intitula o álbum de 1982 e aí você já percebe o 'motor' que Tommy Thayer representa para a banda, pois, enquanto que o Paul Stanley canta a música, ergue os braços e faz todas as graças que sempre provocam a plateia, Tommy Thayer sola sua guitarra levando mais potência à este histórico Hard Rock. Tudo bem, ele não é o lendário The Space Ace Frehley, mas, cumpre sua missão com louvor na banda e o mais importante... faz o show.

    Na sequencia, eles tocaram a explosiva Psycho Circus ( do álbum homônimo de 1998 ) com toda aquela sua pegada sexy e seus riffs empolgantes, que fizeram todos cantarem com o KISS, além de participarem intensamente nas palmas, 'hey... hey' e pulos. E enquanto isso, Gene Simmons quando não estava fazendo os backings tirava sua grande língua para fora e ficava mexendo sem parar.

    Depois desta trinca 'que é de lascar', Paul Stanley grita um "Saooo Paaauloo", aumenta o êxtase da plateia ao dizer que nós somos os 'números 1' e pede para todos gritarem para ele naquele esquema de lado direito, lado esquerdo - sendo que berramos para valer mesmo - e ele diz bom português: "Vocês são demais..." para concluir em inglês: "inacreditável... thanks Saoo Paulooo" e que nós deveríamos estar no Rock And Roll Of Fame, e aí Gene Simmons canta I Love It Loud, que desde que foi lançada no Creatures Of The Night tornou-se um sucesso imediato, especialmente no Brasil, e nesta os fãs gritaram com toda a força que ainda possuíam nos pulmões os "oooooeee yeaahh" em uma ligação direta com The Demon, que certamente marcou tanto ele... quanto cada um de nós.

    War Machine, que também é deste mesmo álbum, teve como vocalista principal Gene Simmons, que a cantou com seu vozeirão típico e fez a galera cantar, mas, o melhor ficou ao seu término, onde o baixista cuspe fogo ao som de sirenes de polícia.

    Depois, hora Paul Stanley chamar a atenção para si com um misto de discurso e primeiros versos do clássico Do You Love Me do Destroyer com o 'homem-carisma' solicitando palmas nos repiques da bateria de Eric Singer enquanto que no telão várias imagens da história do KISS foram exibidas, bem... claro, que cantamos e dançamos com o Starchild, que trouxe uma versão bastante Rock´n´Roll desta música.

    Literalmente se divertindo na interação com a plateia, Paul Stanley nos informa que a seguinte era do primeiro álbum de 1974 e todo insinuante fala que é um clássico. Então, Deuce foi tocada com todo seu appeal, seja nos riffs de guitarras, que fazem ele e Tommy Thayer se mexerem no ritmo da música ou na inconfundível voz de Gene Simmons, que dá mais garra a esta música, sendo que ao vivo é impossível ficar sem vibrar com ela.

    Bastante falante Paul Stanley nos conta que tocou em Brasília, porém, nesta noite é em São Paulo e que em 2012, eles lançaram o álbum Monster e no 'momento Steel Panther' do KISS comenta que 'gosta de bundas brasileiras', até concluir todo modesto, que a música Hell Or Hallelujah será um futuro clássico do KISS. Ele não está errado, pois, esta Hell Or Hallelujah realmente é Rock´n´Roll dos bons, cheios de bons solos, que cai muito bem ao vivo e contém suas doses de empolgação fazendo aquela multidão pular e cantar com a banda. E nesta, quem tem seu momento de brilho é o guitarrista Tommy Thayer, que sola sua Gibson e dela saem rojões que estouram no palco, ou seja, mais glamour e poder de conquista ao KISS.

    Passando muito alegria em suas falas, Paul Stanley faz o anúncio que introduz Calling Dr. Love do álbum Rock And Roll Over de 1976 e Gene Simmons divide os vocais conosco, pois, quando ele cantava "They call me..." e nós todos completávamos "Dr. Looove" em perfeita sincronia.

Novamente, controlando a multidão Paul Stanley pergunta se estamos cansados, se queremos ir para casa e um grande "nooooo" foi ouvido, desta maneira ele colocou a Arena Anhembi para agitar com Lick It Up, título do álbum de 1983, que ficou famoso por ser o primeiro da banda sem as máscaras, que nesta versão recebeu um prolongamento mais Rock´n´Roll, que foi acompanhado nas palmas pelos fãs, é desta maneira que eles fazem o diferencial quando tocam ao vivo e por isso que estão completando quarenta anos com todo esse sucesso.

O eterno 'Deus do Trovão' do Rock

    Então, o palco se escurece e em instantes depois ouvimos sons do baixo de Gene Simmons entre vários efeitos mais macabros, além de sinos, onde o The Demon cospe sangue e 'voa' até o alto do palco. Lá de cima ele mexe com os fãs e sorrindo inicia as primeiras notas pesadas da 'Hardaça' Dog Of Thunder ( do Destroyer ), que fez nossas cabeças olharem todas para cima, especialmente pelos lasers que viajavam pela Arena Anhembi.

    Enquanto Gene Simmons voltava ao seu posto tradicional, ou seja, o chão, Paul Stanley assume os vocais para um clássico fervoroso, a Parasite do Hotter Than Hell, o segundo álbum de 1974, que manteve a grande voltagem dos solos de guitarras.

   

    Paul Stanley fala que é uma noite especial em São Paulo, que é o último show da KISS 40Th Anniversary Tour pelo Brasil e que tem muito carinho pelos brasileiros desde os anos 80, quando vieram aqui pela primeira vez e que somos uma família, nos pedindo para gritar com ele e assim... os acordes de Love Gun ( título do disco lançado em 1977 ) foram iniciados com seu 'punch' único ele vai com sua tirolesa até o meio da pista e canta a música de lá, mas, apesar da euforia que esta música nos passou, alguns fãs já estavam começando a ir embora, pois, já era bastante tarde e quem dependia de transporte público teria que perder parte do show para chegar em casa com segurança, mas quem ficou... participou com muita vontade entre novas explosões, luzes e lasers.

    E aos gritos de "Paul...Paul...Paul..." do ponto onde estava, o vocalista troca de guitarra, faz alguns dedilhados que denunciam a próxima música e diz que nos ama, pede palmas... é atendido prontamente e faz toda aquela multidão cantar com ele, entretanto, ele não fica contente e inicia o hino Black Diamond, que fecha o primeiro disco da banda de 1974 novamente para o delírio de todos, que quando chega na sua parte mais pesada toda a sua pirotecnia é exibida com inclusive a bateria de Eric Singer sendo elevada durante suas partes nos vocais. E na parte final, com seus solos de guitarras, muita fumaça no palco encerrando de forma primorosa a primeira parte do show do KISS.

    Quando voltam Paul Stanley começa a falar com os fãs mais uma vez e pede as mãos para o alto para prosseguir o show com a Shout It Out Loud, o formidável Rock´n´Roll do álbum Destroyer, que foi cantado por todos em intensa alegria. I Was Made For Lovin' You ( do Dynasty de 1979 ) veio na sequencia e trouxe aquela harmonia do Rock´n´Roll aliada a Dance Music, que só nomes como o KISS foram capazes de juntar, que ao vivo fica melhor ainda.

    E a iluminação fez a Arena Anhembi se tornar uma gigante pista de dança, que teve seus riffs acompanhados nas palmas e contou também alguns estouros de rojões, explosões e muitos lasers. Sem pausar, Gene Simmons assume o comando do show para a sensacional Rock and Roll All Nite do Dressed To Kill, que é de 1975, mas, a música é atual, passa seu bom astral até hoje e teve a honra de fechar com sua atmosfera positiva o show do KISS, com direito a todos os fãs cantando os versos, apreciando cada riff de guitarras, bateria, baixo, e sendo expostos aquela densidade de emoções que assistir o KISS proporciona. Inteligentemente, Paul Stanley pede para que nós fizéssemos a festa nas palmas ao cantar "night... I wanna rock and roll all night and party everyday".

     Como sempre é tradicional nos shows do KISS no término temos aquela chuva de papéis picados, fogos, estouros, e tudo que temos direito, mas nesta apresentação, outra surpresa ficou garantida: Paul Stanley e Gene Simmons subiram em dois braços mecânicos, que os elevaram até uma boa parte da frente do palco mais próximo dos fãs, o que impressionou bastante e eles ficaram parados como dois deuses do Rock - que são - sendo intensamente aplaudidos pelos fãs.

    O KISS sempre traz alguma diferente e incrível para os fãs e consegue realizar um show que você falará o que escrevi no começo desta resenha: "sim... eu vi o KISS mais uma vez e foi sensacional". E ao som nos PA´s durante os agradecimentos finais foi de God Gave Rock 'n' Roll To You II, que serviu para que os fãs olhassem um para o outro extremamente contentes e começassem a ir embora ante a vários foguetes estourando no céu sabendo que estiveram no maior festival de Rock da história do Brasil.

Lembranças Históricas

    E especificamente neste domingo, assistir o brilhante show do KISS, a potência do Judas Priest, o eletrizante Heavy Metal do Accept ( digno de ser gravado para um DVD ) e a interação misturada com adoração tanto dos fãs para a banda quanto da banda para os fãs durante o Manowar, a técnica virtuosa e incendiária de Yngwie Malmsteen foram juntos o que posso considerar como o que tivemos de melhor, mas não posso esquecer também das ótimas e competentes exibições do Unisonic e do Steel Panther, sendo que esta última nos relembrou de como o Hard Rock deve ser, enfim, todos estes shows resultaram em uma gama muito grande de excelentes momentos, que estarão gravados na cabeça daquela imensa multidão por muitos e muitos anos e vários desses shows estarão na lista de melhores shows do ano de 2015.

Dois dias de glória e honra

    Ao longo destes anos todos, vários outros grandes festivais de Rock e Heavy Metal já foram realizados no Brasil, mas creio que nenhum, nem mesmo as outras edições anteriores do Monsters Of Rock reuniram em dois dias tantas atrações de nível de qualidade tão soberbo como o cast escolhido para este ano de 2015. Decerto, com o passar do tempo veremos que a importância destes dois dias de festival foi ainda maior que sentimos após deixar a Arena Anhembi e quem esteve lá... poderá bater no peito todo orgulhoso ao contar aos filhos, netos, primos, sobrinhos, amigos, etc. e dizer: "Eu assisti todos esses shows e sou parte da história do Heavy Metal!!!". Mesmo que você tenha ido em apenas um dia, também conterá essa honra dentro de seu coração. Já fica o desafio lançado para a Mercury Concerts e toda a organização do festival para que em 2017 ( ou 2016... por que não? ) realizar uma nova edição tão magnífica quanto esta, mas aviso... será difícil superar o que presenciamos este ano, mas ainda assim, estaremos lá para conferir.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Camila Cara e Ale Frata / Divulgação Monsters Of Rock
e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia e a equipe da Mediamania
pela atenção e credenciamento
Maio/2015

Set List do KISS

1 - Detroit Rock City
2 - Creatures Of The Night
3 - Psycho Circus
4 - I Love It Loud
5 - War Machine
6 - Do You Love Me
7 - Deuce
8 - Hell Or Hallelujah
9 - Calling Dr. Love
10 - Lick It Up
11 - Bass Solo
12 - God Of Thunder
13 - Parasite
14 - Love Gun
15 - Black Diamond
Encore:
16 - Shout It Out Loud
17 - I Was Made For Lovin' You
18 - Rock and Roll All Nite
19 - God Gave Rock 'n' Roll To You II ( outro )

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