Infected Rain - Latin America Tour 2024
Abetura: Hazy

Sábado, 02 de novembro de 2024
Estúdio Mirage Eventos em Limeira/SP

Show impactante, eletrizante e envolvente

    Da pequena Moldávia - país do leste europeu que conquistou sua independência durante o processo de dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1991 e faz fronteira com a Ucrânia e a Romênia - teve origem na cidade de Chișinău em 2008 a banda de Heavy Metal Infected Rain.

    É bem verdade que ao observar mais atentamente ao som do Infected Rain, o termo Heavy Metal não define propriamente a sonoridade da banda, pois, o atual quarteto formado pelos fundadores Elena "Lena Scissorhands" Cataraga nos vocais e Vadim "Vidick" Ojog na guitarra junto a Eugen Voluta na bateria ( desde 2012 ) e a quase recém chegada Alice Lane no baixo fazem uma mistura de Groove Metal e Melodic Death Metal com Metalcore, Alternative Metal e até um pouco de Nu Metal, que pode ser nomeado apenas como Metal Moderno.

    Pela primeira vez em sua história, o Infected Rain realizou uma turnê sul-americana batizada como Latin America Tour 2024 e levou a banda para seis apresentações ( eram para serem mais e por mais países, mas problemas com vistos resultaram em alguns cancelamentos ), sendo realizadas nas cidades de Belo Horizonte/MG no dia 01 de novembro, Limeira/SP no dia 02 de novembro, São Paulo/SP no dia 03 de novembro, Porto Alegre/RS no dia 05 de novembro, São Paulo/SP ( na Horror Expo ) no dia 08 de novembro e Santiago no Chile no dia 10 de novembro.

    Este giro que é pertencente à divulgação de seu sexto álbum de estúdio, o Time, que foi lançado em 09 de fevereiro de 2024, sendo que optei por conhecer a banda na cidade de Limeira/SP no Estúdio Mirage Eventos.

Hazy

    A banda paulistana Hazy ficou responsável por abrir o show do Infected Rain em Limeira e sua origem aconteceu em 2012 quando os músicos curitibanos Vinicius Marcel e Marcio Lucca se estabeleceram na capital paulista. Em 2013 lançaram pela MS Metal Records o primeiro EP intitulado como Eternal Rise ( leia resenha ), dois singles em 2019 para as músicas Burn e Fall and Rise ( esta última que já havia feito parte do primeiro EP ) e finalmente, o primeiro álbum completo intitulado como V.X. em 2019, disco que a banda baseou o seu set list nesta noite.

    Pontualmente às 20hs, o trio Eduardo Gochi no baixo, Vinicius França na guitarra e Gabriel Astolfi na bateria executaram um instrumental consideravelmente pesado aguardando a chegada de Diego Sachi nos vocais para iniciarem o set com a pesadaça e técnica música Behold em que o vocalista todo de preto vociferou com muita raiva cada um de seus versos. E demolição do quarteto continuou com a Nothing, onde os urros de Diego Sachi ficaram mais visíveis, porém, mesmo com toda a carga aplicada pela banda pudemos também observar como Gabriel Astolfi espancou sua bateria com muita técnica.

    Diego Sachi parecia estar um pouco nervoso, e talvez estivesse mesmo, afinal, abrir o show de uma banda de fora do país, a pressão de realizar uma apresentação em que tudo ocorresse de acordo com o planejado e conquistar novos fãs em trinta minutos.... convenhamos é uma missão difícil.

    Ofegante depois de destroçar com tudo nas duas primeiras composições, ele perguntou: "Tudo bem? vocês estão conseguindo ouvir tudo corretamente?" e complementou dizendo que a música seguinte está no primeiro álbum e assim, a impetuosa e cadenciada Fall and Rise ( que também figurou no EP Eternal Rise ) prosseguiu com o ataque sonoro do Hazy no Estúdio Mirage Eventos.

    Outra vez, o vocalista conversou conosco e pediu para ensaiarmos com ele a participação na próxima, que chama-se Burn, que veio como um terremoto para cima de todos e foi o que fizemos... cada vez que Diego Sachi gritava "Burn", nós repetíamos causando aquela interação, que provavelmente deixou a banda satisfeita, pois, a parte instrumental desta música foi simplesmente avassaladora.

    A pedrada Pouding And Grinding também mostrou um andamento mais cadenciado e com muitos urros, que provocaram muitos socos no ar e muito headbanging foi a penúltima do set do Hazy, sendo que o vocalista apresentou a banda antes da última de forma que cada um recebeu os nossos aplausos e então terminou com a opressiva, de início arrastado e ritmo cadenciado Frail ( com seus vigorosos solos de guitarra feitos por Vinicius França, vários 'hey... hey... hey... dos fãs pedidos pelo vocalista e um peso exterminador ) a sua apresentação que durou 30 minutos e serviu - obviamente - para dar aquele gás para todos nós que aguardávamos pelo Infected Rain.

    Contente, Diego Sachi berrou um "Valeuuu... muito obrigado...." em nome da banda e se despediu da plateia do Estúdio Mirage Eventos. Muito importante é que o público presente não só respeitou o Hazy como também agitou quando solicitado e pelo que percebi gostaram da banda ao vivo.

Set List do Hazy

1 - Behold
2 - Nothing
3 - Fall And Rise
4 - Burn
5 - Pouding And Grinding
6 - Frail

Infected Rain

    Até receber as informações que o Infected Rain faria uma turnê no Brasil confesso que não conhecia a banda e desde então fiquei curioso em saber como eles seriam no palco e como seria a sua sonoridade ao vivo, afinal, após ver alguns de seus videoclipes deu para entender facilmente porque expandiram suas fronteiras e se apresentaram por mais países que somente os do leste europeu, pois, tocaram também por toda a Europa ao longo dos anos, chegaram aos Estados Unidos em 2021 e em 2024 na Austrália, na China e no Japão, e claro, agora na América do Sul neste final de ano.

    De acordo com o programado precisamente às 21hs ouvimos a introdução progressiva e sinistra do álbum Time, A Second Or a Thousand Years ser tocada nos P.A.'s do Estúdio Mirage Eventos e vimos as luzes piscarem bastante preparando o nosso encontro com o quarteto moldavo.

    Desta maneira, antes do término da introdução, Eugen Voluta na bateria, Vadim "Vidick" Ojog na guitarra, Alice Lane no baixo e a 'ligada no 220v' Elena "Lena Scissorhands" Cataraga ocuparam seus postos para iniciarem o seu adrenalizante e incansável show com a The Realm Of Chaos em que pudemos ver o potencial da voz da vocalista e todo o vigor que a banda aplicou nesta canção do último de estúdio, o Ecdysis de 2022. Elena "Lena Scissorhands" Cataraga já soltou os seus guturais expelindo muita cólera nos versos da música fazendo muitos banguearem em seu andamento repleto de Groove.

    Interessante salientar a movimentação Elena "Lena Scissorhands" Cataraga, o headbanging de corpo inteiro que ela faz o tempo todo jogando suas madeixas amarelas ( que provavelmente são apliques ) por todos os lados, suas as caras e bocas e a sua atuação incrível como frontwoman agitando sem parar. Todavia, os demais membros da banda não deixam por menos, pois, o guitarrista Vadim "Vidick" Ojog também não para quieto e sacode sem parar seu pescoço ( e seus longos drealocks ) e a linda baixista Alice Lane além de tocar pesado e certeira... também se mexeu bastante durante todo o show.

    Durante a The Realm Of Chaos, Elena "Lena Scissorhands" Cataraga enquanto andava de um lado para o outro arrumou um tempo para cumprimentar a plateia com um "Hi Brasil..." e após esta música os fãs mostraram-se que já estavam contentes com a sua intensidade do show berrando "Infected Rain... Infected Rain...!!!" repetidamente até que a vocalista agradeceu o carinho com um "Thank so much", e ela continuou toda simpática e contente dizendo que está adorando essa primeira visita no país.

    Então, o Infected Rain enviou do recente Time a música Pandemonium, que tem um andamento mais caótico voltado ao Groove Metal, conforme pudemos notar ao observar as linhas feitas no baixo de cinco cordas de Alice Lane. Outro ponto que tenho o dever de ressaltar é como Elena "Lena Scissorhands" Cataraga vai dos guturais aos vocais suaves na mesma estrofe e como ela mantém o pique do show lá em cima.

    Ela sorriu para nós até para respirar um pouco, porque o tanto que se movimenta é para cansar mesmo e ainda seguindo no disco novo tivemos a feroz Vivarium, a qual percebe-se bem como o baixo de Alice Lane apoia o andamento da música, que é vociferada com raiva por Elena "Lena Scissorhands" Cataraga com muitos guturais e que contém versos limpos fazendo um contraste bem grande, que estava no palco com um shorts pequeno e um top deixando bem à vista suas tatuagens ( e ela tem muitas ). Muito bacana foi notar também como Alice Lane e Vadim "Vidick" Ojog também mudavam de lado no palco e subiam em pontos específicos para serem melhores vistos por todos ( prática comum na Europa e aqui nem tanto ) também sacudindo fortemente seus pescoços. Vivarium deixou um caos no ar em seus momentos mais brutais.

    Sabendo conduzir muito bem o show, a vocalista conversou um pouco com os fãs já deixando claro que fariam uma do disco Ecdysis com a Fighter, que foi recebida com muitos "hey... hey... hey..." e com seu estilo urrado e cadenciado fez muitos também chacoalharem seus pescoços com ela, que urrou com uma garra matadora sua letra. Mais uma vez, os trechos limpos fizeram a contraposição perfeita e esperada por todos nesta música.

    De volta ao Time com a esmagadora The Answer Is You, cujas variações de guturais furiosos com momentos suaves e até quase dançantes provocaram um certo estranhamento em quem não conhecia tanto a banda, porém, isso foi rapidamente deixado de lado graças ao massacre comandado por Elena "Lena Scissorhands" Cataraga, que somada aos outros três colegas de banda colocaram a casa abaixo passando toda a agonia que esta música é dententora, pois, existem momentos que são quase Black/Death Metal.

    A representante do álbum 86 de 2017 não poderia ter sido uma escolha melhor, pois, seu videoclipe é altamente contagiante e a sua exibição ao vivo também... estou falando de Orphan Soul, que veio robusta através de suas linhas de baixo, de bateria e de guitarra, além de trazer um ar melancólico, que foi devidamente rompido na atuação da vocalista, que na parte mais emocionante da música ( e com vocais suaves ) ficou abaixada passando toda a dramaticidade existente em sua letra.

    E o Infected Rain não faz um show em que tem-se tempo para respirar... a ideia é que você seja bombardeado com o seu pujante Metal Moderno o tempo todo e isso ficou explícito em The Earth Mantra do Endorphin de 2019, porém, como os moldavos não ficam presos à um estilo somente, a música sofreu uma intervenção que deixou-a mais lenta e aproximando-se de algo mais Dance, porém, com sua ferocidade aumentada por Elena "Lena Scissorhands" Cataraga corretamente ligada nos toques de baixo, bateria e guitarra, que fizeram esta sinfonia destruidora soar perfeitamente.

    Dying Light do álbum Time alternou momentos suaves com outros extremos com muito Groove e de vocais urrados, que fizeram todos ficarem olhando atentamente à banda tanto em sua performance no palco quanto em sua melodia em si, pois, não dá para dizer em qual caminho o quarteto pretendia seguir e aí só podíamos socar o ar nas partes agressivas e acalmar nas leves.

    De ares progressivos tivemos outra do Time com a Never To Return, cujo princípio é até que brando, mas, perceptível que isso dura pouco tempo e o Groove Metal do Infected Rain aparece dividindo o estilo da canção entre calmo e fortificado com a 'inquieta' Elena "Lena Scissorhands" Cataraga vocalizando todas as partes com muita competência, sejam as lotadas de ira ou as mansas.

    Não parecia - por conta da insanidade que é um show do Infected Rain -  mas, Never To Return finalizou a primeira parte do show e eles saíram do palco para retornarem instantes depois que gritamos "Infected Rain... Infected Rain..." ( aliás, grito puxado por mim.... ) e bastante sorridente Elena "Lena Scissorhands" Cataraga questionou: "You want some more?" e com a esperada resposta de "Yeaaaaaah" tocaram outra do Time com a furiosa Because I Let You, que é acelerada na sua maior parte, porém, tem parcos momentos onde a vocalista mostra seu lado mais ameno ( que até tem nuances progressivos ) e carregado de feeling em sua voz.

    Elena "Lena Scissorhands" Cataraga agradeceu bastante a nossa calorosa recepção e creio que ela se lembrará bastante do público presente em Limeira nesta noite, mesmo não sendo na quantidade que deveria... foi uma plateia bem barulhenta e fomos brindados com a atormentada e violenta Sweet, Sweet Lies do Embrace Eternity de 2014 ( vide seus urros ), que consolidou o domínio do Infected Rain no Estúdio Mirage Eventos neste sábado.

    Foi um set curto se pensarmos pelo seu tempo de duração, que foi pouco mais de 60 minutos, entretanto, se pensarmos no que vimos, filmamos, sacudimos nossos pescoços, socamos o ar... a conclusão é que presenciamos uma apresentação tão fulminante  e marcante de um quarteto que está literalmente voando em seus shows.

    E algo que só acontece após os shows em Limeira é o fato que as belas e simpáticas Elena "Lena Scissorhands" Cataraga e Alice Lane vieram fotografar com os fãs em frente da sua loja de merchandising, e claro, que nós também fomos lá, porém, a vocalista implantou uma regra que creio que foi seguida por todos: ela tiraria as fotos. Problema nenhum, pois, ela tem mais habilidade nesta outra tarefa também que muitos de nós.

    Mais uma vez a Circle Of Infinity Produções está de parabéns por mais este excelente show, que nos colocou diante do Infected Rain, banda que como disse no começo do texto está crescendo e por méritos de forma que quem perdeu o seu show... perdeu uma banda que em breve estará ocupando lugares de ainda mais destaque no cenário do Metal mundial e que aguardamos o seu retorno em Limeira no futuro.

Texto e fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à equipe da Circle Of Infinity Produções
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Novembro/2024

Set List do Infected Rain

Intro: A Second Or a Thousand Years
1 - The Realm Of Chaos
2 - Pandemonium
3 - Vivarium
4 - Fighter
5 - The Answer Is You
6 - Orphan Soul
7 - The Earth Mantra
8 - Dying Light
9 - Never To Return
10 - Because I Let You
11 - Sweet, Sweet Lies

Galeria de 120 fotos dos shows do Infected Rain e do Hazy
no Estúdio Mirage Eventos em Limeira/SP

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