Deep Purple
Credicard Hall - domingo, 24 de fevereiro de 2008
2008: ano que uma
das maiores lendas vivas do hard rock/heavy metal mundial, o
Deep Purple, comemora seu quadragésimo aniversário de existência divulgando o
cd/dvd Live At Montreux, e realizando uma das melhores apresentações de toda sua
carreira que pude acompanhar em São Paulo/SP, e detalhe( com exceção de
Morse que é americano, com 54 anos ) estes ingleses ostentam
cada um mais 60 aninhos cada. Seria isto um problema? Claro que não: Ian Gillan
- vocais, Steve Morse - guitarra, Roger
Glover - baixo, Don Airey - teclados e Ian Paice - bateria, estão mais afiados do que nunca e
melhores a cada show.
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Por problemas
com o complicado trânsito de São Paulo, desta vez, infelizmente
chegamos tarde no hiperlotado Credicard Hall, fato este, que causou um dos
maiores pecados para qualquer fã de rock: adentramos na casa após o início do
show. Por conta deste atraso não pude ver o guitarrista Faiska (
com sua banda ) e também algumas músicas que
abriram o show do Deep Purple. Levando-se em conta a seqüência que foi
apresentada, perder músicas como Pictures Of Home, Things I Never Said,
Into
The Fire e Strange King Of Woman é algo muito triste mesmo. Mas ainda assim,
classifico esta apresentação como a melhor do Purple nos últimos 11 anos. A
recente e melodiosa Rapture Of The Deep ( uma das melhores do último trabalho ) foi a primeira
que acompanhei inteira e senti que o show estava diferente, mais quente, melhor,
não sei, tinha alguma coisa no ar dizendo que seria bem melhor que 2006 no Tom
Brasil (
veja cobertura aqui ).
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Resgatando Mary Long do álbum Who Do We Think We Are, o carismático
Ian Gillan,
que mantém uma voz impecável até hoje cantou com brilho, depois executaram Kiss Tomorrow Goodbye
( também do último trabalho Rapture Of The Deep de 2005 ) com
um punch energético, e eles mais uma
vez mostraram porque até hoje são capazes de compor músicas que serão
futuros clássicos do rock. Para a próxima, Steve Morse vem com The Well Dressed Guitar
e mostra sua exorbitante técnica na sua Music Man, azul, com solos dignos para que
ele tenha uma cadeira cativa quando ele quiser no G3 de Joe Satriani.
Neste impecável
solo, Steve começa sempre fazendo belos solos com efeitos de
volume e delay, também levanta a galera passando por trechos dos maiores riffs de guitarras de todos os tempos tais como:
Crazy Train, Paranoid, Sweet
Child´O Mine, Strawberry Fields Forever, enfim, um tributo para alguns
guitarristas que cravaram seu nome na história do rock e o 'jovem' guitarrista
do Purple sola até com seu dedo mindinho. E os ingleses queriam mesmo
deixar os milhares de presentes boquiabertos mesmo, pois Steve puxou Sometimes I
Feel Like Screaming que não estava prevista no set list, mas claro que uma bela
canção como essa, que faz Ian Gillan aplicar uma empolgada performance, cai nas
graças do público.
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Depois uma grata surpresa no set, com uma música que há muito tempo o Deep
Purple não tocava ao vivo: a forte The Battle Rages On, do disco homônimo em uma
execução primorosa que mantém o clima em alta e faz a alegria do grande público
do Credicard Hall. Lazy foi a seguinte, mas o solo que Don Airey
imprimiu para a
introdução desta música em seu Hammond foi algo fabuloso e a transformação que o
Deep Purple trouxe para esta música foi algo que remeteu minha memória para os
épicos shows dos anos 70 com os lendários e não menos importantes Jon Lord
nos teclados e Ritchie Blackmore na guitarra. Claro, que o público de 7000 que
alternavam entre garotos e a galera que tem mais de 40 anos cantaram juntos este
mega-clássico do álbum Machine Head, e para quem ainda não tinha presenciado,
Ian Gillan sola sua gaita dando um clímax todo especial na música. Detalhe, como a
banda estava solta neste show, tocando com certeza por prazer, durante o longo
solo de teclado de Lazy, Gillan, "The Silver Voice", pegava seu pandeiro e o
tocava como um menino que acabou de entrar na banda repleto de empolgação.
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E chega a vez de Don Airey solar seus teclados com uma energia, que
pareceu Keith Emerson ( do Emerson, Lake & Palmer
) devido as notas
perfeitas e precisas
que ele tirou de seu instrumento. Ele mostrou uma melodia clássica, passou por Aquarela do Brasil e os temas do filme
Guerra
nas Estrelas ( que particularmente eu adorei ); e a energia era
tanta que seu teclado vibrava descomunalmente. Isso resultou em uma das
melhores músicas da carreira do Deep Purple a Perfect Strangers, em mais uma
execução inesquecível que causou um frisson na galera por relembrar este
clássico dos anos 80.
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Para matar a pau sem dó, tivemos uma trinca das melhores de todas as músicas do
Deep Purple, e que estão presentes no álbum Machine Head: a primeira
foi Space Truckin´ onde todos cantavam e pulavam a cada verso, a segunda
foi
Highway
Star onde Steve Morse e Roger Glover mostraram animação sem limites e
uma perfeita interação que contagia o público, para realizarem introdução
fantástica, diferente e emocionante, que será eternizado na memória de todos os
presentes e com direito ainda a Ian Gillan cantar com a mesma vitalidade
dos anos 70. A terceira é Smoke On The Water, em mais outro grandioso momento
deste show, com direito há uma coisa que não via há muito tempo: Ian Paice exibindo um pequeno solo em sua bateria, porém, maior que nas outras
apresentações por aqui. E durante a execução destes três verdadeiros hinos do
rock por diversas vezes Ian Gillan cantou junto Roger Glover e Steve Morse,
exibindo ainda mais o imenso prazer que o Deep Purple tem de se apresentar ao
vivo.
No bis, como eles estavam
totalmente inspirados, tivemos Hush, e apesar desta música ter
uma pegada incrível, causar uma enorme vibração na galera, o que mais
chamou a atenção foi o solo que Ian Paice fez no meio desta
música, um solo excepcional, em que não vimos igual nos últimos onze
anos, fez desta vez um solo longo, usando seu estilo peculiar que é
bem claro para nós nos álbuns ao vivo dos anos 70 e que consagraram
ele como um dos melhores bateristas de rock de todos os tempos. Ele
fez aquele repique, rápido, com muita velocidade às vezes com pouca às
vezes com muita intensidade, e depois passava para os bumbos e nos
pratos, fazendo uma seqüência excepcionalmente virtuose, foi sem
dúvida um dos momentos mais emocionantes do show. Antes de iniciar a
última música, Roger Glover fez um notável solo no seu baixo
Rickenbaker. E como já era esperado e muito aguardado, as mais
de 2 horas de show não poderiam terminar sem outra espetacular canção:
Black Night tendo uma imensidão de pessoas cantando versos e
especialmente os "ooo oooo oooo oo ooo".
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40 anos de muito hard rock/heavy metal: é isso que o Purple comemora em 2008 e o
melhor início da temporada de shows deste ano. Afinal, assistir uma das bandas
mais clássicas da história do rock em grande fase é realmente maravilhoso. Quem
esteve presente conferiu uma veterana banda cheia de vigor fazendo
indiscutivelmente sua melhor apresentação no Brasil. Parabéns pelos 40 anos e
longa vida ao Deep Purple, porém, as saudades deste show já batem no peito e
claro, já aguardo o seu retorno para que novamente possa divertir-me.
Por Fernando R. R. Júnior
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