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O show do Dio no Credicard Hall, talvez foi o melhor show de
metal de 2006, em São Paulo. O Dio apresentou um set list ousado, já
que faltaram alguns clássicos, mas mesmo assim, o show foi de muita
qualidade, com o tratamento de som milimétrico da banda. O Dio
nos
mostrou mais uma vez, o por que é um dos deuses que estão no Olimpo do Heavy
Metal.
Antes de entrarmos na casa, enquanto tomavamos uma cerveja no estacionamento, encontramos com o Ricardo Zupa e ficamos conversando
sobre rock e fotos, daí
apareceram também o João Luís e o Sílvio ambos do King Bird; claro que o principal assunto foi a empolgação que todos estávamos para ver
o show do mestre do metal, chamado Ronnie James Dio.
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Depois entramos na pista do Credicard Hall, e enquanto o show não iniciava, rolaram vários clips do Megadeth nos
telões e por volta das 22:36hs, o Dio entra no palco, Ronnie James Dio
( vocal ), Graig Goldy ( guitarra ), Rudy Sarzo
( baixo ), Scott Warren ( teclados ) e Simon Wright
( bateria ), iniciam o show com Children Of The Sea, do
clássico Heaven And Hell do Black Sabbath.
Eles começaram esta música, com um andamento um pouco mais lento em
comparação com os discos e cd´s, dando oportunidade para o Dio fazer
um swing na voz, com muita musicalidade. Ele foi impecável em seu canto, de
dar inveja a muitos músicos de jazz e interpretou a música de uma
forma diferente - nunca vi ela tão bem tocada.
Em seguida, eles tocaram duas músicas
do álbum The Last In Line: I Speed At Night e
One Night In The City, dando prosseguimento ao show com o som
perfeito que saia dos amplificadores, essas músicas saíram muito boas.
Logo após, eles emendaram a Stand Up And Shout, Holy Diver e
Gypsy, todas do disco Holy Diver e foi mais
uma atuação de maestria dos músicos. O destaque desta trinca, foi a Holy Diver,
em que o Ronnie James Dio pareceu um bruxo,
como na Children Of The Sea, em que a execução ao vivo foi distinta
dos cd´s de estúdio. Na Holy Diver, cada canto do Dio era
auxiliado por seus movimentos que fazia com as mãos, como se lançasse um
encanto para a platéia, e com certeza, esses movimentos fortificaram o seu
poder de verbo, que força, foi impressionante como a Holy Diver, além
de dever ser ouvida, deve também ser vista com o Dio cantando, a sua
performance, nos transmite mensagens de força.
O baterista Simon Wright, depois, iniciou o primeiro solo da noite, o
inglês que já foi baterista do AC/DC ( fase do Who Made
Who e The
Razor´s Edge ), mostrou muita técnica, associada a uma inigualável
intensidade nas batidas, ele "mete a mão sem dó", com muita
força ele despeja um solo forte e rápido, foi uma pancadaria que me fez
imaginar como seriam os solos de John Bonhan do Led Zeppelin, nos anos 70.
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Depois do solo do Simon, eles tocaram Sunset Superman do disco
Dream Evil e ela foi mais uma das que tiveram qualidades
realçadas ao vivo. Seguindo de forma primorosa, tivemos Don’t Talk To
Strangers, do Holy Diver, e antes dela iniciar, o Dio falou que essa música seria uma ironia cantá-la,
pois sua letra é sobre não falar com os estranhos, e na ocasião, ele estaria cantando
para vários estranhos, mas sendo eles todos amigos, ele deixou claro que estava contente por estar em São Paulo,
e a execução da Don't Talk To Strangers, foi impecável, com
maestria, precisão cirurgica, uma das que não se incluem nos principais clássicos, mas
foi um
dos melhores momentos do show.
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E logo após, nada menos que Rainbow In The Dark, clássico do álbum
Holy Diver e o início com o teclado de Scott Warren, fez
pular todo o Credicard Hall, e dá-lhe performance do Dio como
em Holy Diver. Craig Goldy fez o solo virtuosamente, com
muitos harmônicos e efeitos com alavanca, e neste momento pensei - já valeu
o show.
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As
Espadas do Craig
Depois de Rainbow In The Dark, o guitarrista Craig Goldy fez o
seu solo. O experiente guitarrista que tocou em bandas americanas dos anos
80, como o Rough Cutt e Giuffria, mostrou que é sem
dúvidas um Guitar Hero. Fez o solo com sua B.C. Rich Warlock
numa rapidez realmente incrível e com feeling perfeito, com muita
tranqüilidade, nível "Malmsteeniano". Foi de emocionar ver o seu perfeccionismo,
num trecho de seu solo, Craig fez várias
escalas com muting ( um tipo de abafamento nas cordas ), tocando
milhares de notas em poucos segundos. Ele brilhou como poucos
guitarristas no Credicard Hall nos últimos anos. Em 2001 ele
massacrou, agora ele apavorou; e como a guitarra no Rock é importante, essas
guitarras velozes do Metal, mostram que esse estilo é puro Born To Be
Wild.
Após o solo, foi interessante curtir I do cd Dehumanizer
do Black Sabbath ( quando Dio retornou ao Sabbath
e gravou este excelente disco, cuja tour inclusive passou pelo Brasil em
1992 ) e a All the Fools Sailed Away do álbum Dream Evil.
Mais uma vez o Dio surpreendeu os fãs, tocando músicas que não fazem
parte dos principais hits, mas que tocadas muito bem ao vivo fazem uma
grande diferença.
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Depois, o tecladista Scott Warren, que já tocou no Warrant,
fez o seu solo, tocando com muita técnica, solando em até dois teclados
ao mesmo tempo, sendo evidente a sua influência de uma banda de
progressivo, que ao vivo, tinha vários números que pareciam thrash
metal, o Emerson, Lake & Palmer.
Retornando após o solo de Scott, Dio disse que tocaria uma
música fazendo um paralelo dela, com o baterista Cozy Powell (
falecido num acidente em 1998 ): Man On The Silver Mountain.
Eles tocaram exatamente como no show de 2004 (
leia resenha ), com o
ritmo lento, igual ao disco original, Ritchie’s Blackmore Rainbow.
Apesar de ser tocada com maestria, senti a falta da execução como no
show de 2001, com o ritmo rápido, com o riff de guitarra acelerado e
alucinante, a exemplo do disco do Rainbow ao vivo, como o álbum
Finyl Vinyl, de 1986. Porém, uma coisa nesta música foi
marcante, o Dio fez um solo na voz, como na Man On The Silver
Mountain do Finyl Vinyl e como os shows das turnês do
Rainbow de 1977, 1978, quando a banda para, ele faz uma bela
melodia na voz ( cantando ), melodia essa, que influenciou
gerações nos 70, 80, 90 e influenciam rockeiros até hoje.
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Um dos melhores bateristas
de Rock de todos os tempos:
Cozy Powell
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Depois, fomos brindados com um
dos maiores clássicos do rock: Long Live Rock’n’Roll, e eles
fizeram um balanço na música, que eu acho que foi até mais rock’n’roll que o
disco original do Rainbow, com o Ritchie Blackmore, nesta, eles
tocaram
perfeitamente em 2001, 2004 e agora em 2006. E o Craig Goldy sempre
faz
nessa música um solo pesado, rock’n’roll e espetacular - foi como se
viajássemos no tempo e pousássemos nos anos 70.
Na Heaven And Hell ( do álbum homônimo do Black Sabbath
), o público cantou o riff de entrada da música e o Dio gostou tanto,
que repetiu o trecho, para que o público cantasse novamente, e a Heaven
And Hell, como outras pérolas, foram um dos melhores momentos do
show, com a performance mágica do Dio, ele mostrou que é um showman,
um verdadeiro artista que faz parte da história dos melhores do rock. Para
finalizar o set, tocaram We Rock, do The Last In Line,
que talvez foi tocada em todas as vezes em que o Dio veio aqui no
Brasil, numa perfeita execução, que empolgou demais a galera do Credicard
Hall.
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No bis, eles
começaram com a música The Last In Line, do cd
homônimo, cantada por todo o Credicard Hall. Mais uma clássica em
que o Dio esbanjou talento, cantando a música com uma fúria e moral
inigualável.
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Por fim tocaram a Mob Rules (
música que intitula o segundo álbum do Dio no Black
Sabbath ), e uma surpresa para todos: a presença de Andreas
Kisser - surpresa que mostra que o
Sepultura é a banda, ou melhor, os artistas musicais brasileiros mais
famosos no exterior. Andreas Kisser, entrou no palco pilotando a famosa Fender Stratocaster, e a banda tocou perfeitamente
alinhada com o Andreas. Nunca vi ele tocar tão bem, principalmente
no momento do solo, que ele fez com uma técnica perfeita e com muito
feeling, digno de um guitar hero. E então acabou o show, todos eles
estavam se abraçando e parecia que o Andreas era da banda.
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Isso sim que é show, que temos de segurar as lágrimas. Muitas vezes cantando
músicas secundárias da carreira, o Dio, transformava essas músicas em
clássicos, o "velhinho" de 64 anos, parecia um moleque, na forma como
se movimentava, como cantava e Rudy Sarzo, outra grande estrela do metal,
também parece um garoto, tendo muita energia durante todo o show.
Esse show é
um dos que os fãs tem de se esforçarem para não perder, ao vivo é outra
sensação, bem diferente dos discos, principalmente quando os músicos de alguma
forma improvisam. Dio é rei do metal e aguardaremos sua volta, para
tocar Neon Knights ( que faltou no set ) e Man On The Silver Mountain em
andamento
rápido.
Set List:
Children Of
The Sea
I Speed At Night
One Night In The City
Stand Up And Shout - Holy Diver - Gypsy
Simon Wright Solo
Sunset Superman
Don’t Talk To Strangers
Rainbow In The Dark
Craig Goldy Solo
I
All The Folls Sailed Away
Scott Warren Solo
Man On The Silver Mountain
Long Live Rock’n’Roll
Heaven And Hell
We Rock
Bis:
The Last In Line
Mob Rules |
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Por
André Torres
Fotos: Ricardo Zupa
www.ricardozupa.com.br
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