Ozzy Osbourne - Black Rain World Tour
Abertura: Black Label Society e Korn

Sábado, dia 05 de abril de 2008
 no Estádio Palestra Itália - São Paulo/SP

    Finalmente após treze longos anos de espera, fomos brindados com a terceira visita de Ozzy Osbourne no Brasil. Desta vez o eterno "Madman", está divulgando o seu novo álbum Black Rain, e ele não veio sozinho, trouxe consigo as bandas Black Label Society ( que devia um show por aqui desde o cancelamento de sua participação no Live´N´Louder 2006  ) e o Korn, o que de certa forma caracterizou essa apresentação como um mini festival. 

 

  Black Label Society

    Quem teve a grande honra de abrir a noite foi o Black Label Society, que subiu no palco pontualmente às 19:30 ( lembram de quando os shows aqui não começavam na hora marcada? Pois é isso mudou... ). E Zakk Wylde ( o braço direito de Ozzy e aqui atuando na guitarra e vocais ), Nick Catanese ( guitarra ), John DeServio ( baixo ) e Craig Nunenmacher ( bateria ) já tocam a forte New Religion para abrir a apresentação no Palestra Itália. E olha que a massa de fãs do Ozzy recebeu bem o Black Label Society, que emendou em seguida as canções Been A Long Time e Suffering Overdue.

    Com um estilo puramente de motoqueiros easy riders ou de fazendeiros sulistas americanos, eles tiveram apenas 45 minutos de apresentação, mas aproveitaram muito bem esse tempo  e prosseguiram com Bleed For Me, Suicide Messiah e Fire It Up . Não tem como negar que Zakk é um virtuoso guitarrista ( aliás a cada música ele usava uma Gibson Les Paul diferente ). Os solos que ele tira de suas seis cordas, são impressionantes e sua forma de tocar é peculiar como nos álbuns em trabalhou com Ozzy, fazendo riffs em altíssima velocidade com muito estilo, mudando a posição, mas mantendo o desenho do solo no braço e a palhetagem, realmente alucinando a toda a galera e as  pessoas que esperavam muito solos deste tipo. Para encerrar o Black Label toca Concrete Jungle e Stillborn e afirmo: os caras mandam bem mesmo, sendo um excelente aquecimento para o que estava por vir. 

Set List do Black Label Society

1. New Religion
2. Been A Long Time
3. Suffering Overdue
4. Bleed for Me
5. Suicide Messiah
6. Fire it Up

7. Concrete Jungle
8. Stillborn

 

Korn

    O Korn sobe no palco às 20:30 com Jonathan Davies ( vocais, usando uma saia ), Fieldy ( baixo ) e James "Munky" Shaffer ( guitarra ) acompanhados dos músicos convidados: Kalen Chase ( percussão ), Shane Gibson ( guitarra ), Ray Luzier ( bateria ), Zac Baird ( teclados ) e um DJ mascarado, escondido no palco. Deu para notar como as primeiras músicas do set Right Now, Hold On e A.D.I.D.A.S. caiam nas graças dos fãs da banda que estavam presentes, pois eles agitavam sem parar. E a apresentação deles continuou cheia de energia com Falling Away From Me / Open Up, Outro e Coming Undone / We Will Rock You ( N.E.: que foi uma hora que prestei uma atenção maior no show, pois eles tocaram esse trecho de Queen ).

    A performance do Korn foi muito boa, superou as expectativas dos bangers mais puristas, porque além do show empolgante, eles souberam regular o retorno de som e o que se ouvia era um peso muito claro e forte. O set do Korn continuou com mais três petardos: Here To Stay, Faget e Freak On A Leash, que foram seguidas por Evolution Somebody e Someone. Encerrando o show dos californianos, Jonathan Davies toca ainda Got The Life e Blind. O Korn sem dúvidas cumpriu muito bem sua a parte e a julgar pela animação dos seus fãs, tenho certeza que eles agradaram e deixaram saudades provando porque são considerados uma das melhores bandas do new metal.

 

Set list do Korn

01. Untitled Intro
02. Right Now
03. A.D.I.D.A.S.
04. Hold On
05. Falling Away From Me / Open Up Outro
06. Coming Undone / We Will Rock You
07. Here To Stay
08. Faget
09. Freak On A Leash
10. Evolution
11. Somebody Someone
12. Got The Life

13. Blind

 

 

 

Ozzy Osbourne

    22:30, em todos os P.A.s instalados no palco do Palestra Itália era ouvido várias músicas do AC/DC e no telão já era exibindo ( desde o final do show do Korn )  o logotipo de Ozzy - era dada a deixa que um dos shows mais esperados dos últimos anos estava prestes a começar. E em uma dessas músicas, especificamente Hells Bells, Ozzy já ganha a plateia antes mesmo de mostrar seu rosto. Ele grita " I Wanna Hear You..oooo ooo " e foi plenamente correspondido pelos fãs que gritavam " Ozzy.. Ozzy!!!!! ". Em seguida no telão temos - o que poderia chamar de abertura oficial do show - um vídeo onde tínhamos o “ Príncipe das Trevas ” participando em vários filmes e seriados famosos de Hollywood tais como Lost, Piratas do Caribe, Família Soprano, The Office, entre outros, e todos com Ozzy contracenando com os atores em cenas cômicas, com certeza uma positiva herança da série televisiva The Osbournes.

    Passado este momento “ mais cinematográfico ”, temos a introdução da ópera Carmina Burana de Carl Orff, característica da Black Rain World Tour, para a entrada de Ozzy e sua competente banda com Rob Nicholson ( baixo ), Mike Bordin ( bateria e ex-Faith No More ), Adam Wakeman ( teclados ) e o excelente Zakk Wylde ( guitarra ). Juntos eles tocam I Don´t Wanna Stop do novo trabalho Black Rain que reflete bem o espírito jovem que esse senhor de 59 anos passa ao público, e a música é boa e moderna, executada muito bem pela banda que já empolga a plateia que canta junto. 

    Depois é a vez do primeiro clássico da noite com Bark At The Moon ( do álbum homônimo  ) e os mais de 39.000 fãs entram em delírio ( N.E: um fato a se mencionar, o som estava perfeito, ao contrário do que ocorreu no show do Iron Maiden, leia aqui ), a guitarra com o som alto e o riff desta música nos alucinou mais uma vez, o mesmo ocorreu com o solo, em que percebi que parecia que a Les Paul de Zakk fosse uma extensão sua, foi um solo perfeito que simplesmente não tenho palavras para descrever. Dividindo o show com o público ao pedir para os fãs gritarem, ele anuncia a polêmica Suicide Solution ( do Blizzard Of Ozz ) cantada com a plena força, energia e vigor que o músico ostenta mesmo prestes a completar 60 anos ( e convenhamos melhor que muitos vocalistas com menos de 30 ). E durante todo o show o “ sumo sacerdote "  Ozzy pega baldes de água e os joga nos fãs, que ficaram molhados e, naturalmente, abençoados com "a água benta do metal ".

    Em Mr. Crowley o destaque vai para Adam Wakeman ( filho do célebre Rick Wakeman - tecladista do Yes ) que faz a intro fantasmagórica com muita categoria. Nesta que é uma das melhores do Blizzard Of Ozz o vocalista inglês pega uma bandeira brasileira jogada pela platéia e a coloca perto do microfone, o resultado não poderia ser outro: ele é ovacionado pelos headbangers presentes e sempre fala durante os pulverizantes riffs das seis cordas de Zakk Wylde: “ I Love You All....” e não para de agitar um segundo sequer, conclamando a pronta resposta dos fãs que erguem os braços constantemente durante o show. Depois voltamos ao Black Rain com a pesada e até sinistra Not Going Away, que nada mais é que um tapa na cara dos críticos que adoram exorcizar os mestres do rock/metal dizendo que eles deveriam aposentar, ou seja, vocês terão de aturar caras do porte de Ozzy até ao final dos seus dias.  

    Ozzy interagia constantemente com os fãs e então pergunta se alguém queria ouvir Black Sabbath: aos sons das sirenes de ataque aéreo temos War Pigs, um dos maiores clássicos criados pelo conjunto inglês em 1971, criticando a guerra do Vietnã, tanto que o telão exibia várias imagens da época da guerra, enquanto presenciávamos uma execução primorosa da canção. Road To Nowhere ( do No More Tears ) é a primeira balada da noite tocada com todos os maravilhosos riffs de Zakk Wylde. Depois temos Crazy Train - outra do primeiro disco solo de Ozzy – e a versão exibida aqui foi tão empolgante que rapidamente inflama todo o Parque Antártica, que responde cantando junto e pulando com o vocalista. Em seguida Zakk Wylde mais uma vez ressalta como uma das estrelas da noite, fazendo um longo solo de guitarra com feeeling único, rápido e brilhante, semelhante ao solo imortalizado por Randy Rhoads. Durante este solo ele machuca os seus dedos que sangram sem parar ( chegando a manchar sua guitarra, que fica preta, branca e vermelha ), mas, asseguro que ele literalmente deu o “ sangue pelo metal ”, e isso mostra para os desavisados o que é o Heavy Metal. O metal é isso, somos guerreiros de verdade, não apenas simples fãs. 

    Na volta do Madman, após o solo de Zakk, é hora Iron Man - outra que foi imortalizada pelo Black Sabbath - com um Ozzy bem agressivo e uma excelente performance do baixista Rob Nicholson. Esse clássico é tocado com maestria total, nos fazendo sentir no coração ainda mais o que representa essa música, senti um deja-vu nesta música, era como se todas as vezes que ouvi se unissem numa só, de tanta habilidade e experiência de Ozzy e Cia. O Madman não nos deu misericórdia e prosseguiu com a explosiva I Don´t Know, que foi sem dúvidas um dos momentos mais eletrizantes do show, nesta além de Ozzy cantar com todo o seu poder, Zakk Wilde novamente destruiu com riffs perfeitos a la Randy Rhoads, ele usava harmônicos nas mudanças de trechos da música fazendo sua Gibson gritar maravilhosamente, foi sem dúvida um puro espetáculo. 

  Inclusa no show especialmente para os fãs brasileiros, No More Tears faz a legião de fãs cantarem verso a verso com Ozzy. Depois de toda essa verdadeira aula de heavy metal, novamente temos uma balada, agora a nova Here For You - uma declaração de amor aos fãs onde Ozzy canta: “ estou aqui para vocês... “, independente dos “ achismos” de qualquer critico. Aumentando a adrenalina temos a excelente e divertida I Don't Want To Change The World ( também do No More Tears ) que cai rapidamente nas graças do público e faz todo mundo agitar de novo.

    Na volta para o bis, foi a vez da linda Mama, I´m Coming Home com Zakk Wylde empunhando uma guitarra de dois braços e muita gente de isqueiro e celular acesos. Encerrando um dos melhores shows do ano tivemos a soberba Paranoid do Black Sabbath, executada com forte peso, com Ozzy cantando com muita vibração e experiência em conjunto com a banda toda. O show foi tão bom que nem parece que já tinham se passado mais de uma hora e quarenta minutos de show. Ozzy prometeu que retornará ao Brasil em breve e ao deixar o palco disse para todos irem embora para casa com cuidado, senão ele vem e chuta os nossos traseiros. É....mesmo mais responsável, o “ Príncipe das Trevas ” não perderá nunca a pose de mal e nós o idolatramos por isso. E claro, já aguardamos o seu retorno para saciar a nossa sede de sangue e Metal!!!

Por Fernando Junior e André Torres
Fotos: Marcelo Rossi 
Agradecimentos à Deborah Fortunato - Media Mania www.mediamania.com.br

pela atenção e credenciamento.

Set list de Ozzy Osbourne:

1 - Carl Orff - Carmina Burana
2 - I Don't Wanna Stop
3 -  Bark At The Moon
4 - Suicid
e Solution
5 - Mr. Crowley
6 - Not Going Away
7 - War
Pigs
8 - Road To Nowhere
9 - Crazy Train
10 - Zakk Wylde Solo
11 - Iron Man
12 - I Don't Know
13 - No More Tears
14 - Here For You
15 -  I Don't  Want To Change The World 
Bis:
16 - Mama, I'm Coming Home

17 - Paranoid 

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