|
|
Pesquisando um pouco sobre este livro, tenho que ressaltar aqui que este capítulo horrível e deplorável de nossa história recente é sempre maior ( e pior ) do que parece, pois, de acordo com o livro, o interesse de muitos dos funcionários - além de inúmeras outras atrocidades cometidas - eram que os internos fossem à óbito, para que seus corpos fossem vendidos para as universidades com cursos na área de medicina ( e se a procura fosse pouca, seus corpos eram dissolvidos em ácido ) e desta maneira... mais de 60 mil pessoas foram mortas arrecadando em torno de 600 mil reais com a venda de corpos em um - segundo a autora - genocídio ou holocausto brasileiro, que ocorreu entre os anos de 1903 e 1980. Inclusive, o nome Colônia foi dado pelos atos de brutalidade ocorridos idênticos aos acontecidos na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
As gravações de Locked Forever receberam os cuidados de Renato Osório do Hibria, sendo os vocais, as guitarras e o baixo registrados entre abril e junho de 2015 no Hibria Studios em Porto Alegre/RS e a bateria registrada no Monostereo de Audio por Juliano Rodriguez, também na capital gaúcha em março de 2015. Os processos de mixagem e masterização ficaram por conta dos experientes Benhur Lima e Adair Daufembach, respectivamente, e a elaborada capa é mais um trabalho do caprichoso do renomado artista Marcelo Vasco da P2RDesing ( que já desenhou para o Slayer, Krisiun, Machine Head, Astafix, Nervochaos e outros ) está embalada em um luxuoso digipack, que confere mais qualidade ao formato físico.
Como já era esperado e naturalmente aguardado pelos fãs, Between The Walls Of Colônia realiza uma introdução sinistra e adequada o que teremos a seguir: a avalanche sonora do seu contagiante Thrash Metal sendo vocalizada com muita fúria por Andre Meyer em um ritmo cheio de vários solos de guitarras, sempre altíssimos e dilacerantes, que estão ligados a uma massacrante atuação do baterista Maurício Weimar. Em Lost, o Distraught continua com muito peso, ímpeto e técnica na alucinante parte instrumental, que ganha posteriormente algumas variações de andamento e toda a cólera do vocalista em seus versos. Não se esqueça de dispensar uma atenção aos solos de Everton Acosta e Ricardo Silveira nas guitarras.
|
|
Além de curtir as músicas deste cd enfatizo que você deve também se concentrar em suas letras, pois, elas estão lotadas de críticas ao sistema de saúde mental e carcerário brasileiro, como por exemplo, na seguinte, a Brazilian Holocaust, que começa vigorosa através de uma evolução de guitarras, baixo e bateria para depois tornar-se uma impiedosa canção em suas vocalizações feitas com toda a garra de Andre Meyer, que teve um brilho maior em seus solos de guitarras, graças a participação de Ezequiel Catalano da banda argentina Witchhour. Disparando violência e habilidade por todos os lados, a envolvente Shortcut To Escape marca a sexta de Locked Forever e a mais furiosa até aqui para impressionar aos fãs do Sepultura em um eficaz trabalho do baterista Maurício Weimar. E não posso deixar de chamar sua atenção novamente para a letra, leia e me fale.
Blacktrade começa mais melódica até que o caos reinante deste cd tome conta da música através de um ritmo veloz em sua parte instrumental e muita raiva nos vocais de André Meyer, que passa por trechos cadenciados, mas, sempre destrutivos e sustentados com muita categoria pelo baixista Nelson Casagrande. Com um início firme e deveras fortificado, The Blind Vision Of Enemy chega notadamente com a intenção de arrasar com tudo em um andamento notável e poderoso, que é vocalizado com tenacidade e ódio por André Meyer, e isso, claro, sem pensar em discutir os riquíssimos solos de Everton Acosta e Ricardo Silveira em suas guitarras.
|
|
Locked Forever será lembrando com um dos melhores álbuns que ouvi em 2016, um dos mais matadores de Thrash/Death Metal e que contém um proeminente patamar de conquistar o ouvinte logo de cara em suas nove explosivas composições, que estão em igualdade com muitos nomes lá de fora. Parabéns ao Distraught pelo magnífico álbum que levantou a bandeira para um tema absurdamente sério, que as autoridades responsáveis preferem deixar cair no esquecimento e que obviamente, sem punir ninguém, como é o famigerado costume de nossa nação, que espero que um dia se modifique.
Locked Forever não é álbum pesado apenas pela produção por sua excelente ou pelo o que os gaúchos fizeram na sua afiada parte instrumental, que estão aliadas ao poder de fogo seus vocais, é muito mais brutal pelos temas de suas letras, que retratam a situação extrema vivida pelas pessoas esquecidas e trancadas até a morte em Colônia, inclusive recomendo você pesquisar mais sobre este tema e se surpreender tanto quanto eu. É... a missão de criar um álbum ainda melhor que o ótimo The Human Negligence Is Repugnant ( confira resenha ) foi cumprida com sucesso e comprova a coesão deste novo line up da banda.
Nota: 10,0.Sites: http://www.distraught.com.br/, https://www.facebook.com/distraughtband
e http://www.youtube.com/BandaDistraught.
Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2016