Tchandala - Resilience
12 Faixas - Independente - 2017

    Depois de duas demos ( The Beginning... de 1998 e One Billion Lights de 2001 ), um álbum independente ( Fantastic Darkness de 2002 ), um EP ( Mirror of a Decade de 2007 ) e o segundo álbum completo, o Fear of Time em 2012 ( leia resenha ), o quinteto de Aracaju/SE chamado Tchandala preparou para o seu terceiro cd de estúdio, que é o seu mais ousado projeto, cujo nome é Resilience, um título que sintetiza a dureza e ao mesmo tempo a gloria que é possuir uma banda autoral de Heavy Metal no Brasil, sendo que eles estão na batalha há 22 anos, número que é muito significativo e merece ser festejado.

    Estas comemorações são percebidas nas participações especiais no cd, no coro, nos arranjos e na caprichada capa e encartes, estes últimos a cargo de Marlon Delano sob a direção do baterista Pablo Rubino, que ao lado de Dejair Benjamim nos vocais, Thâmise Rocha e Rafael Moraes nas guitarras e Sandro Souza no baixo são os responsáveis pela atual formação da banda. Aliás, ainda sob a capa quero comentar que temos um ser de pedra se espedaçando e voltando a vida em meio a força do sol envolta no logo da banda.

    Resilience foi gravado, mixado e masterizado pelo Tchandala, Marcos Franco e Dan Lourenço no Studio Revolusom em Salvador/BA exceto pelas músicas Lamento ao Velho Chico ( gravada, mixada e masterizada por Sérgio Basset ) e Echoes Through The Fourth Dimension ( Acoustic ), que foi gravada por Write Me A Letter.

   De forma melódica e rápida Resilience é aberto com a ótima The Flame com versos divididos entre Dejair Benjamim e seu 'coach vocal' Dan Loureiro em uma base Heavy Metal composta por solos envolventes nas guitarras criando um ambiente que vamos apreciar facilmente. A segunda é a robusta Labyrinth em que a banda realiza uma construção pesada e de média velocidade, bastante Power Metal poderia acrescentar... onde a técnica dos guitarristas e da dupla da cozinha, ou seja, baixo e bateria se sobressaem facilitando apara a atuação de seu vocalista. Aliás, recomendo uma atenção para as variações da música em que os riffs são ainda melhores para se curtir. De começo mais lento e que está deveras emblemático, além de um tanto sombrio, Valley Of Greed logo se inflama e se torna um Heavy contundente destacando a participação de um dos melhores vocalistas brasileiros, Iuri Sanson ( ex-Hibria ) ao lado de Dejair Benjamim na melhor música desta trinca inicial em que a banda soa perfeita através das cativantes evoluções instrumentais puramente inerentes ao Metal Melódico, que nos expõem aos dedilhados com versos em português e a também longos e poderosos agudos.

    Com a presença marcante do violão e com versos em português, Lamento Ao Velho Chico ( Incidental ) foi composta por Déo Miranda e confere um aroma todo único, que é tipicamente brasileiro para o que teremos a seguir com a encorpada Tears Of River, que critica a nossa sociedade moderna, que não se importa com a natureza em um padrão Power Metal, que fãs do Angra sentirão confortados pela música exibida aqui, onde muito de seu peso vem dos toques do baterista Pablo Rubino. Mais ao final, a influência regional reaparece embelezando a composição com Chorinho Landinho da banda Pífano de Caruaru/PE. De ares progressivos em seu andamento Echoes Through The Fourth Dimension conta com os vocais de Clarice Pawlow Renan Fontes ( do Write Me A Letter ) juntos a Dejair Benjamim diante de uma formosa melodia nesta canção que é mais voltada para uma balada, que é dotada de exuberantes solos dos guitarristas Thâmise Rocha e Rafael Moraes sob a encantadora base de teclados feita pelo convidado Tony Souza.

    Para Flatland, o Tchandala surpreende com a potência incrustado nesta sexta canção de Resilience, cujos vocais estão a princípio mais raivosos e depois seguem os padrões do Heavy Metal, além de flertar com um andamento Thrash com a presença de Patrícia Sandes. Em Shadows, o quinteto apresenta um Heavy Metal devidamente fortificado e de estilo tradicional dotado de um ótimo refrão, porém, o ponto mais interessante da música é a sua variação, que antecede aos eletrizantes solos de guitarras feitos pela dupla Thâmise Rocha e Rafael Moraes, que demonstraram muita habilidade a cada nota.

    Novamente começando aos dedilhados tocados por Dan Loureiro e também destacando os teclados do convidado Jack Ferreira, a balada Father's Spirit é cantada com muita emoção por Dejair Benjamim de uma forma praticamente biográfica produzindo um momento de reflexão em sua audição. A 'pesadaça' Caeser recebe Will Moreira nos teclados preparando - junto ao seu ritmo claramente Heavy Metal - o caminho para a ilustre presença de Tim "Ripper" Owens ( ex-Judas Priest ), que canta junto com Dejair Benjamim com muita objetividade e de forma marcante, porém, quando eles alternam trechos mais lentos ao piano, que chegam através da explosão vinda dos solos dos guitarristas em uma linhagem épica e festiva é que sentimos a magnitude desta composição, que possui também a participação de Luana Almeida nos vocais.

    A inflamável canção título do cd, Resilience, é a penúltima e te captura assim que os vocais aparecem e isso se amplifica na intensidade aplicada pelo Tchandala a cada instante em um perfurante Heavy Metal digno dos bons tempos dos anos 80, que finaliza o tracklist oficial do cd de forma grandiosa. Encerrando de vez temos como bônus uma versão acústica feita pelo Write Me A Letter para a Echoes Through The Fourth Dimension, que ficou consideravelmente saborosa de se ouvir, especialmente, de olhos fechados imaginando-se em outro lugar, que seja tranquilo e longe dos problemas cotidianos.

    Em um olhar apenas nas importantes e ilustres participações de Resilience poderia pressupor que o álbum é bom apenas por elas, porém, percebe-se facilmente após ouví-lo que o Tchandala superou às nossas expectativas com este registro, pois, as composições presentes transitam por estilos como o Heavy Metal, Power Metal, Rock Progressivo ( discretos até, mas estão lá ), algumas breves pitadas de Thrash e ritmos brasileiros regionais tradicionais do nordeste, que além de destacar a capacidade dos músicos, deixa claro também a versatilidade da banda. Enfim, o quinteto nos colocou diante do melhor álbum de sua carreira, que começa bem, fica melhor e termina de forma sensacional te inspirando a colocar para rodar outra vez.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2019

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