Rock Metal Fest com Nervosa, Tray Of Gift,
Hallowed Maiden Tribute e Rock Souls
Sábado, 29 de setembro de 2012 na
Quadra do Saci Pô em Poços de Caldas/MG

    Fazia muito tempo que não assistia um festival de Heavy Metal na cidade mineira de Poços de Caldas, creio que o última tenha sido a apresentação do Krisiun em 2007 ( no Minas Metal Fest confira aqui ), e mais uma vez fui até a aconchegante cidade para mais uma cobertura do Rock On Stage, mas desta vez junto com o quinteto pinhalense Hallowed Maiden Tribute, que era uma das atrações do festival.

    Demorou um certo tempo até que os portões da Quadra do Saci Pô fossem abertos para que o público adentrasse ao lugar, que é sede de uma escola de samba de Poços de Caldas de mesmo nome, mas que nesta noite seria o centro do Heavy Metal da cidade. Aliás, quero já fazer uma ressalva, lugar muito bom, com sonorização muito bem feita, palco bem grande e um belo espaço, que mesmo sendo a sede de uma escola de samba, provou que pode acomodar a galera headbanger sem problemas.

    Na frente, havia um bar que serviu para que aguardássemos o horário de entrada batendo um bom papo. E o Rock Metal Fest contava no cast com duas bandas que estão conseguindo uma ótima exposição no cenário nacional: as meninas do Nervosa e o Tray Of Gift, que conta com ex-membros do Tuatha de Dannan. Só isso já seria motivo para conferir o festival, mas, o bacana foi conhecer também a banda Rock Souls e lógico, prestigiar mais uma apresentação dos meus conterrâneos do Hallowed Maiden Tribute.

Rock Souls

    Foi somente por volta das 23 horas, que finalmente teríamos a primeira banda no palco, o Rock Souls, banda de Poços de Caldas/MG formada por Jean Cosentino nos vocais, Luis Gustavo Vilela e Diego Flanklim nas guitarras, Lourean Rogger ( conhecido como Caroço ) na bateria e Kleuber Santos ( conhecido como Moska ). Eles tocaram um set list baseado em covers variados, mas todos executados com muita perfeição pela banda, que aproveitou a oportunidade para mostrar que tem uma capacidade muito grande e mesmo em alguns momentos caindo mais para o lado do New Metal, é no Hard Rock e no Heavy Metal, que curtimos as suas melhores versões.

    A primeira do set foi Detroit Rock City do KISS e aí notei que o vocalista Jean Consentino tem uma atitude bacana no palco e passa muita energia, aliás, tenho que enaltecer sua performance, pois tirar covers como as seguintes Livin' On A Prayer do Bon Jovi, Smoke On The Water do Deep Purple e Chop Suey do System Of A Down, não é para qualquer vocalista. E claro, a banda acompanhou direitinho cada uma das músicas, com destaque para os guitarristas, que ao executarem corretamente os solos de Livin'On A Prayer e Smoke On The Water passaram muita alegria e aumentaram a agitação, dos até então, poucos presentes.

  Em seguida, o Rock Souls relembra um sucesso da era Grunge com Man In The Box do Alice In Chains, que foi bem recebido, mas, emocionam mesmo com o clássico 18 And Life do Skid Row e surpreendem para valer com a brilhante versão de Time do Pink Floyd, que além de me fazer recordar das viagens progressivas que a música contém, pude sentir também toda a força das guitarras de Luis Gustavo Vilela e Diego Flanklim, que notadamente aplicaram uma pegada mais Heavy na música.

    Versatilidade é uma característica da banda, pois depois dessa tocaram You Shook Me All Night Long do AC/DC e ganharam assim mais aplausos. Seguem surpreendendo com Don't Go Away do Mötley Crüe e Mr. Brownstone do Guns'N'Roses, e ambas foram tocadas no mais pleno Hard Rock oitentista.

    Depois, com a dupla de guitarristas do Rock Souls enviando os tradicionais riffs de Crazy Train tivemos uma ótima variação para o clássico de Ozzy Osbourne e continuando o set, fizeram a galera agitar com Welcome To The Jungle do Guns´n´Roses em mais uma atuação muito competente do versátil vocalista da banda.

    Jean Consentino fala que a próxima seria uma música do Led Zeppelin, que talvez não ficasse tão boa e sinceramente imaginava uma Rock'n'Roll ou Black Dog, mas, a banda Rock Souls queria mesmo deixar uma marca nos fãs presentes no Saci Pô e desta maneira executou uma versão de alto nível para Kashmir, que recebeu palmas muito merecidas. Boa escolha o Rock Souls para a abertura do evento e eles por sua vez aproveitaram a oportunidade mostraram muito bem sua cara para a galera.

Hallowed Maiden Tribute

    Ter e manter uma banda que realiza um tributo ao Iron Maiden não é uma tarefa fácil, mas não falaram isso para Leonardo Fenolio nos vocais, Renan Toniette Gonçalves e Marcelo Evangelista nas guitarras, Raul Donaire no baixo e Daniel Dantas na bateria, que sempre mostram muita competência quando estão no palco.

    Eles começaram seu show por volta das 00:30 com Prowler, um sucesso imortalizado na voz de Paul Di'Anno que foi exibido no Saci Pô com muito feeling nos vocais e com a parte instrumental sendo executada precisamente. O público presente, ao receber clássicos como Wrathchild e a rápida Be Quick Or Be Dead reagiu abrindo as primeiras rodas no evento, afinal, não dá para ouvir músicas como esta duas e conseguir ficar parado.

    O vocalista Leo interage muito bem com os fãs e chamou eles para participarem ótima versão de Revelations, que já havia sido apresentada no 1º Pinhal Rock Music Festival ( confira cobertura ), mas sua versão em Poços foi bem melhor. Leo menciona que a seguinte possui um refrão que não é difícil de cantar, e assim eles tocam The Trooper para que todos façam os “ôôôôôôôô” e pela segunda vez que vejo, Leo nesta música especialmente, empunhou uma bandeira do Brasil tal qual Bruce Dickinson realiza nos shows do Iron Maiden, só que o inglês utiliza uma bandeira do seu país e a iniciativa dos garotos é um enaltecimento das cores brasileiras, mesmo em uma banda que faz um tributo à donzela de ferro. Ponto muito positivo ao quinteto pinhalense.  

    A seguinte foi Flight Of Icarus com seu ritmo que empolgou bastante os presentes, que agitaram significativamente e a dupla de guitarristas Renan Toniette Gonçalves e Marcelo Evangelista fizeram seus solos corretamente para um maior contentamento de todos. Depois recebendo muitos aplausos mostrando a vibração dos fãs com a banda, o Hallowed nos presenteia com Wasted Years, música dona de um dos solos mais bonitos do Heavy Metal, que a dupla Renan/Marcelo os fazem muito bem e com direito à Leo puxar os “Ei,Ei,Ei...”, deixando claro sua ótima presença de palco, pois ele fez mesmo muita gente participar da música.

      O vocalista e aniversariante do dia anuncia que a próxima música do Hallowed não pode faltar nos shows do Iron Maiden e nem no deles, e fato, desde 1992 que Fear Of The Dark não sai dos sets da donzela, e o clássico muito bem interpretado pelo quinteto provocou o momento que os fãs mais agitaram seja em rodas ou sacudindo os pescoços. Depois, para continuar a manter o bom momento foi apresentada simplesmente a Iron Maiden, que incendiou os presentes no Saci Pô, que mais uma vez abriram uma roda.

    Outra que deu aquele grau ao show foi a indefectível The Number Of The Beast, com seus riffs que todos nós adoramos e muito bem tocados pela dupla Renan/Marcelo. Claro que a canção que intitula este tributo ao Maiden não poderia deixar de estar no set e com muita afiação um com o outro tivemos Hallowed By Thy Name, que foi ligada com o ritmo pulsante de Run To The Hills, e durante sua execução, Leo aproveitou para apresentar seus colegas do palco. Belo show dos meus amigos de Pinhal, que foi elogiada até pelos membros do Tray Of Gift, banda que seria a próxima a ocupar o palco do Saci Pô.

Tray Of Gift

    O Tuatha de Danann foi uma das mais importantes bandas do Sul de Minas, precisamente de Varginha/MG, mas com o passar dos anos, um dos seus mentores, o Bruno Maia aparentemente desistiu de continuar com a banda, mas seus colegas não... e em fins de junho de 2010, nasceu o Tray Of Gift para continuar com o legado do Folk Metal da anterior.

    A expectativa pelo show do Tray Of Gift aumentava muito, pois todos queriam rever clássicos da carreira do Tuatha e as novas composições do primeiro cd do novo projeto de Rodrigo Berne ( guitarra, violão, banjo e voz ), Adriano Sarto ( voz ), Giovani Gomes ( baixo e voz ), Marcos Teixeira ( flauta ), Felipe Batiston ( teclados, voz e violão ), Wilson Melkor ( bateria ) e Raphael Wagner ( guitarra e banjo ).

    Eles abriram com a nova Blue Current, que trouxe todo aquele clima medieval para o palco do Saci Pô e mesmo vários instrumentos diferentes à tradicional trinca composta de guitarra, baixo e bateria, o som estava tão bom e tudo era ouvido muito bem, ponto para a organização. E o mais bacana era ver as pessoas dançando num clima de pura festa celta mesmo, como se estivessem em outra época e plenamente feliz.

    Essa alegria contagiante aumentou ainda mais com The Bards Of Infinity do primeiro cd do Tuatha de 1995, com Marcos Teixeira na flauta e Raphael Wagner no banjo trazendo aquele clima gostoso no ar, porém, com muito Heavy Metal e o vocalista Adriano Sarto nos conta que a próxima canção é uma das novas e Starry King, um Heavy cadenciado foi observado atentamente pelos fãs e deu para perceber que o cd promete.

    O vocalista enfatiza que o cd estará sendo lançado brevemente e volta aos tempos do Tuatha de Dannan com Lover Of The Queen do Trova Di Danú, com seu clima de flauta e banjo ( novamente tocados com muita competência por Marcos Teixeira e Raphael Wagner ) fazendo todos dançar mais uma vez. Foi mais ou menos nessa hora, que encontrei com as belas e simpáticas garotas da Nervosa, que estavam na pista curtindo a brilhante apresentação do Tray Of Gift. Pode falar o que quiserem, mas a verdade é que o som do Tray Of Gift contém uma energia positiva, que seja pela flauta, pelos teclados ou pelo banjo, enfim, eles conseguem passar isso facilmente ao executar suas canções e confirmei esse sentimento ao ouvir outra nova, agora a Celtic.

    Em seguida o vocalista avisa que tocarão uma das antigas e Believe: It´s True, outra do Trova Di Danú com seus solos certeiros das guitarras de Rodrigo Berne e Raphael Wagner fazem a galera agitar e bater palmas, entretanto, quem também teve uma atuação marcante foi o flautista Marcos Teixeira, que estava nos proporcionando viagens, que na seguinte, The Last Words do álbum The Delirium Has Just Began  pude ter certeza: a sensação de Jethro Tull estava fortemente no ar... faltando apenas um incenso para mergulharmos na atmosfera progressiva. E depois demais uma dos tempos do Tuatha, o Tray Of Gift executou com muito primor no palco um excelente cover para Out In The Fields de Gary Moore.

    Fazendo essa mescla de uma do Tuatha e uma do Tray, os mineiros nos mostram a nova The Tray Of Gift, que além de ser aquela sonzeira boa de se ouvir... caiu feito uma luva para os fãs, que notadamente a curtiram bastante pela reação que tiveram.

    Entretanto, ao final de cada música, todos pediam Finganforn, mas ainda não era a vez dela e outra das antigas foi tocada, agora a The Dance Of The Little Ones do Tingaralatingadun, e nesta creio que poucos conseguiram ficar parados, pois o clima proposto por suas melodias consistiu em um verdadeiro convite para uma dança celta, e era isso que se via pela pista do Saci Pô, mesmo com os vocais mais agressivos de Rodrigo Berne duelando juntos aos mais calmos de Adriano Sarto.

    Com cd prestes à ser lançado a banda executa mais uma nova com a It´s Almost Improper To Ask, que foi inspirada em um poema do controverso Charles Manson e cantada com muito carisma pelo vocalista do Tray Of Gift.

    Surpreendendo a todos Adriano Sarto elogia o Hallowed Maiden Tribute dizendo que eles tocaram muito bem e que a próxima do set seria uma do Iron Maiden também, mas, jamais imaginei que eles fossem tocar a soberba versão de Seventh Son Of A Seventh Son que tocaram, afinal, essa é uma das músicas mais difíceis do Iron Maiden e uau!!! Eles conseguiram com maestria.

    Destacar os solos de guitarra, ou a atuação do baterista seria até o normal, mas, quem mereceu um destaque especial foi o tecladista Felipe Batiston, pois, na hora que Seventh Son Of A Seventh Son recebe todas aquelas partes de teclados, ele tocou com muita categoria.

    Depois dessa, só faltava uma para a felicidade geral dos presentes: a sempre pedida Finganfor e atendendo aos fãs, o Tray Of Gift executou seu último número com muita garra no Rock Metal Fest coroando assim, uma apresentação perfeita e muito empolgada dos mineiros.

Set Lits do Tray of Gift
1 - Blue Current
2 - The Bards Of Infinity
3 - Starry King
4 - Lover Of The Queen
5 - Celtic
6 - Believe: It´s True!
7 - The Last Words
8 - Out In The Fields
9 - Tray Of Gift
10 - The Dance Of The Little Ones
11 - It´s Almost Improper To Ask
12 - Seventh Son Of A Seventh Son
13 - Finganfor

Nervosa

    Eram mais de três da manhã quando o Power Trio de São Paulo/SP Nervosa começaria seu show e as simpáticas beldades no palco não são tão delicadas quanto fora dele, digo isso porque no palco as meninas fazem um Thrash Metal dos mais pesados, na linha de bandas como Slayer, Sodom e Destruction. Então, caro leitor(a) era hora das rodas mais fortes de todo o festival e quem estava acordado até esta hora, pode acompanhar um show de Thrash daqueles que não tem como ficar parado.

    Fernanda Lira no baixo e vocais, Fernanda Terra na bateria e Prika Amaral na guitarra e backing vocals fizeram questão de comprovar essa afirmação com as músicas presentes no seu primeiro demo intitulado apenas como 2012 e mais algumas, que certamente estarão no vindouro primeiro cd das meninas.

    Assim, iniciaram sua apresentação com a Time Of Death, um 'Thrashão' cru, que vemos a Fernanda Lyra vocalizar com muita fúria e quem chamou a atenção também foi a guitarrista Prika Amaral com suas participações ainda mais agressivas que a baixista. O ritmo feroz da apresentação das meninas continuou com Invisibble Opression, que é outra do demo e mais cadenciada, mas nos deixou claro quão alto é o nível de agressividade das garotas.

    A terceira foi a outra porrada Justice Be Done, que nos trouxe uma pegada um tanto cadenciada. Nesta hora Fernanda Lyra para respirar um pouco e elogia a galera mineira que ainda estava no evento, pois mesmo sendo tarde continuava lá e então anuncia a praticamente Punk Urânio Em Nós, que é cantada em português e com a raiva elevada á enésima potência. É o lado carinhoso delas só acontece quando estão sem guitarra, baixo e bateria.

    Na sequencia o Nervosa tocou Envious, que tenho que destacar a atuação da baixista Fernanda Lyra, que vocaliza com muita fúria cada música e em seguida, tocam In To Moshpit, sempre enfatizando que queriam uma grande roda na pista do Saci Pô e em quase todas as vezes que pediram... tiveram seu desejo correspondido. Cá entre nós, quem não realizaria um pedido delas?

    Para encerrar - as beldades do Metal - disparam sem perdão o violento Thrash presente em Morbid Courage e a cadenciada Masked Betrayer, também presente no demo 2012. Muito boa a apresentação do trio Nervosa, que comprovou que Fernanda Lyra, Fernanda Terra e Prika Amaral são mais que apenas ‘rostinhos bonitos e simpáticos’, são garotas que fazem um Thrash Metal Old School muito raivoso e técnico, que contém a eletricidade capaz de fazer muitos pescoços serem sacudidos sem parar.

 

    O único senão do Rock Metal Fest de Poços de Caldas foi a presença de público, pois, muita gente da região seja de Minas Gerais e de São Paulo não compareceram no evento e perderam quatro shows de muita qualidade com duas bandas ( Nervosa e Tray Of Gift ) de som próprio, que estão em franco crescimento na cena Heavy Metal brasileira.

    Depois não adianta reclamar que não tem nada. Por fim, registro os meus agradecimentos ao Juliano do Onzine e a Mariana Assis pela atenção e credenciamento.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Outubro/2012

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Set List do Nervosa
Time Of Death
Invisibble Oppression
Justice Be Done
Urânio Em Nós
Envious
In To Moshpit
Morbid Courage
Masked Betrayer