Vira Noite - Luau Festa Rock em Itapira/SP
Com: A Fantástica Maddame, Stranhos Azuis, Jack Flash Tribute, Projetos Engavetados e Tanto Herói Canalha - THC
Sábado, 14 de junho de 2014
 no Espaço Natureza em Itapira/SP

    Depois de um bom tempo, a equipe da Festa Rock Produções nos brindou com um novo evento que mesclou o Rock´n´Roll com uma ótima estrutura e alguns detalhes únicos, como a trupe Os Cosmopolidos, que estavam recebendo os fãs que se deslocaram ao Espaço Natureza em Itapira/SP.

    Desta vez, o formato escolhido para o evento foi uma mescla de bandas que possuem composições próprias com ótimos projetos covers/tributos, que juntos levaram um grande número de pessoas da região para conferir as apresentações em uma noite de uma bela lua cheia, que de início não estava frio mas com o passar do tempo... aí o frio aumentou e bastante, porém, para aplacar o frio, haviam quentão, vinho quente e vinho, e para quem fosse mais tradicional, chopp e cerveja, além da área de camping gratuita.

Projetos Engavetados

    O Projetos Engavetados é uma banda de Mogi Guaçú/SP formada em 2012, que além de algumas composições próprias relembra grandes clássicos do Rock Nacional. E o atual trio com Maycon Carvalho ( guitarra e voz ), Jhonatan ( bateria ) e João Lucas ( baixo ) subiu no palco pouco mais de 21:30 já surpreendendo com uma versão pesada de Toda Forma de Poder dos Engenheiros do Hawaii, com nuances de Jimi Hendrix na guitarra.

    Ainda mantendo esta linha tocaram o sucesso Inútil do Ultraje à Rigor e Geração Coca Cola do Legião Urbana, músicas que já completaram trinta anos e ainda permanecem atuais. Em seguida, Maycon Carvalho agradece pela oportunidade de tocar no evento e avisa que irão tocar uma composição própria, a Longe do Paraíso, que é bem na linha do Matanza, aliás, deu para perceber que os cariocas são uma influência do Projetos Engavetados, pois, em seguida tocaram Eu Não Gosto de Ninguém.

    Antes de prosseguir o show, novamente falaram com os fãs, que pouco a pouco iam aumentando em número, e puderam ouvir a versão da banda para Canos Silenciosos do Lobão e então, o vocalista apresenta seus parceiros de palco, que foram aplaudidos pela plateia.

    Para agradecer o calor recebido, o Projeto Engavetados envia O Calibre dos Paralamas do Sucesso e a pesada versão de Eu Quero Ver o Oco dos Raimundos com muita distorção e provocando assim, as primeiras rodas do evento. Então, tocaram uma música do Titãs que não conhecia e é uma letra daquelas que tem que se ouvir com atenção, pois, além do peso muito bem feito pela banda, a letra da composição é uma 'bela bordoada' no atual momento globalizado que vivemos e bem difícil de cantar, ou seja, ponto para o trio pela versão pesada de Disneylândia que tocaram.   

    Seguindo o momento mais pesado eles 'botaram pra quebrar' com cover destruidor de Bichos Escrotos, também do Titãs, que abriu o campo para a própria Real Demais embalada por um riff forte de guitarra e aumentaram novamente o agito dos fãs com Clube dos Canalhas do Matanza.

    Para finalizar o show, o trio nos manda Nós Vamos Invadir Sua Praia do Ultraje à Rigor e Até Quando Esperar do Plebe Rude, duas que foram cantadas por muitos, afinal, se tratam de duas músicas que influenciaram muita gente. Um excelente início de uma longa e proveitosa noite.

Tanto Herói Canalha

    A ideia de se colocar uma banda se apresentando enquanto o palco principal era organizado para o show do Jack Flash - Stones Tribute é um muito boa, e assim o Tanto Herói Canalha ( ou THC ) formado por Rodolfo Turolla ( voz, violão e percussão ), Rodolfo Peguin ( voz, violão, guitarra, baixo, bandolim e percussão ), Renata Rocha ( voz, violão, guitarra e bandolim ), Luis Otávio Teixeira ( teclas, voz e guitarra ), Guilherme Borges ( baixo ) e Ricardo Fileti ( bateria, percussão e violão ) - que neste show tiveram a participação do convidado Guil na guitarra - fizeram a sua primeira incursão no Vira Noite Luau Festa Rock.

    E foi com a animada Boa Nova em versão Folk que eles abriram o show, e o esquema "banquinho e violão" foi muito bem recebido pelos presentes. Seguiram com O Verdadeiro Nascimento de Um Dia e A Cada Mil Lados, composições mais suaves que de certa forma contrastaram bem com o que havíamos visto antes e o que iríamos ver depois. E prosseguiram este primeiro set com A Surpresa e a calma (Re)volta, músicas que o THC de certa forma já começou a exibir uma face mais psicodélica de seu som, e terminam a primeira parte com O Vestido.

Jack Flash - Stones Tribute

    A única vez que havia visto o Jack Flash - também em Itapira no 3º Tributo Festa Rock ( saiba como foi ) - eu já fiquei surpreendido com a qualidade do quinteto formado por André Hellmeister nos vocais, Chico Marinelli e Tony Monteiro guitarras e backing vocals, Ralf Crow no baixo e Júlio César na bateria, isso porque assistir ao show de uma banda que presta uma homenagem aos gigantes ícones do Rock como os Rolling Stones sempre faz bem e deve existir para que as novas gerações possam ter uma ideia da importância que os ingleses tem para o Rock´n´Roll Mundial e em nossas vidas.

    E foi com um dos mais importantes clássicos dos anos 70 dos Rolling Stones, que o Jack Flash abriu o set, pois quando os primeiros acordes de Brown Sugar do sensacional Sticky Fingers com o vocalista André Hellmeister incorporando Mick Jagger nas danças e nas atitudes no palco, que o show começou. Ele incorporou tanto que derrubou sua pasta com as letras no chão ( e recebendo ajuda do meu amigo Rafael Mendes para recolocar no lugar ), e lógico que acompanhamos nos "uuuuhh" com eles.

    A dupla de guitarristas Chico Marinelli e Tony Monteiro, que foi muito bem na primeira manteve seu nível de atuação na versão eletrificada de Honky Tonk Women, que fez muitos dançarem e cantarem no Espaço Natureza.

    Um show dos Rolling Stones deve possuir um clima de festa e foi isso que o nosso Jack Flash fez ao tocar Let´s Spend The Night Together, sucesso que já deu uma bela dor de cabeça a Mick Jagger e Keith Richards por conta de alguns versos polêmicos nos anos 70, mas que em Itapira só ajudaram a nós se divertir e dançar com a banda. Neste momento, tenho que destacar a importante participação de Sheila Le Du nos backing vocals, que contribuiu e muito para um clima muito mais Rock´n´Roll ao show do Jack Flash.

   O vocalista avisa: "que esta daqui deveria ser deveria ser uma do Creedence ( Clearwater Revival ) e não dos Stones", pois o 'Rockão' Dead Flowers veio como uma fonte de energia imensa em cada um dos que apreciam boa música. Respondendo os gritos pronunciados um fã que gritava "Rooock´n´Roool", André Hellmeister diz: "vê se isso aqui tá bom de Rock´n´Roll' pra você..." e disparam a 'fonte de adrenalina pura' presente em Star Me Up, música que me alegrou bastante, diga-se de passagem.   

    E o vocalista anuncia que a próxima é uma das que mais aprecia e que não é dos Rolling Stones, mas foi regravada por eles, estamos falando do clássico Like A Rolling Stone composto por ninguém menos que Bob Dylan, que fez muitos agitarem e cantarem com ele, afinal, esta música fez muito sucesso quando foi inclusa no álbum Stripped, que os Stones lançaram em 1996. E para inflamar de vez... tocam a que intitula este tributo, a Rock´n´Roll puro Jumpin´Jack Flash, que também foi muito bem recebida pela galera presente, e nesta, enalteço os riffs da entrosada dupla Chico Marinelli e Tony Monteiro, relembrando muito bem o que atualmente Keith Richards e Ronnie Wood fazem.

    O vocalista elogia a cidade de Itapira e sem demoras emenda junto a banda a Gimme Shelter com aquele clima sombrio tomando conta do palco principal do Espaço Natureza. Quem se destacou ao lado de André Hellmeister foi a backing vocal Sheila Le Du, que fez as vezes da Carrie Fischer com primor, aliás, ela assumiu o comando dos vocais na hora dos solos de guitarras e mostrou seu potencial.

    Após ouvir um "vamos quebrar tudo", dito pelo vocalista percebo que as notas do baixo e das guitarras que foram entoadas são da Sympathy For The Devil, e aí meu amigo, foi uma vibração imensa, pois esta é uma das que mais gosto dos Rolling Stones e o Jack Flash mostrou que sabe fazer uma versão com muita qualidade da canção, ainda mais agora com a Sheila Le Du fazendo os 'uuuhh...uuuhhh' durante as vocalizações de André Hellmeister. E bacana foi o pequeno improviso 'stoniano', que eles fizeram também com direito a um curto solo do baterista Júlio César em meio aos solos de guitarras. Relembram também uma mais recente da banda com a ótima e balançada Don´t Stop, que é para se dançar mesmo, coisa que muitos fizeram, sozinhos ou acompanhados.

    Depois, tocam uma das mais lindas composições dos ingleses: Rocks Off, um dos clássicos máximos do espetacular álbum Exile On Main Street e o Jack Flash nos exibiu uma versão muito pulsante, que para mim foi a que melhor eles fizeram nesta apresentação. E mantiveram o ambiente positivo com outra que é deste disco sensacional, a Tumbling Dice, cujos riffs mais lentos e melodiosos, a presença da backing vocal era uma passagem segura a tempos importantes na vida de um fã do Rock´n´Roll.

    Quem teve uma atuação marcante durante todo o show e que eu deixei para mencionar somente neste ponto da resenha foi o baixista Ralf Crow, que conseguiu se movimentar muito e assumiu o destaque na dançante Miss You solando seu instrumento junto com os guitarristas. Para encerrar mais um grande show do Jack Flash, nada melhor que a música mais conhecida dos Rolling Stones, a Satisfaction, outra das que não deixam ninguém parado, pois ouvir e ver seus ótimos riffs de guitarras e cantar seus versos é sempre uma delícia.

THC

    Acabado o show do Jack Flash, hora de mais uma vez, conferir o que o THC estava fazendo, e foi o que muitos fizeram e conferiram a bela e romântica Valsa Que Mente A Si Mesma e também "Diferente", "Pogressio", "( Cover )".

    Infelizmente, nesta sequencia eu não acompanhei a totalidade das músicas, mas percebi alguns improvisos instrumentais realizados por eles durante a última deste parte, especialmente na Risco Forte, que merece um destaque, então tenho que afirmar: mais uma boa atuação do THC neste Vira Noite Luau Festa Rock.

Stranhos Azuis

    Era a primeira vez que assistiria o show do Stranhos Azuis, banda da cidade de São Carlos/SP, que se não estou enganado era a primeira vez que aportava em Itapira/SP e a banda formada por Danilo Zanite na guitarra e voz, Daniel Gordin no baixo, Marquinhos "Joe" Dias na bateria acrescidos de Aleuza Ferrari nos vocais e Henrique Rossit nos teclados, com a proposta de relembrar dois grandes ícones do Rock: Janis Joplin e Led Zeppelin. E a vocalista Aleuza Ferrari entrou no palco com uma cabeleira ( peruca ) com detalhes em azul ( em referência ao nome da banda, imagino ) e começou a incorporar a cantora norte-americana com muito feeling na primeira do set, a Move Over.

    Ela mostrou muito carinho com o público ao perguntar se estávamos ouvindo bem, disse que a próxima era um Funk criado pela Janis Joplin e com muito 'swing' deu início a Half Moon e era impressionante como a voz da vocalista alcançava timbres bem próximos à americana.

    Este clima imperou na música seguinte, a Try ( Just A Little Bit Harder ) que contou com uma participação maior dos demais integrantes fazendo o backing vocals juntos a Aleuza Ferrari e muito simpática, ela avisa que tocaria uma de suas favoritas e comandou a banda na execução de Ball & Chain, um Bluesão lento, onde o guitarrista Danilo Zanite demonstrou toda sua capacidade nas cordas com solos vibrantes e emocionantes. Nesta música percebeu-se a entrega da vocalista e com longos solos de teclados e guitarra nos tecendo grandes viagens, acredito que foi uma das melhores da noite.

    Com a plateia nas mãos, os Stranhos Azuis tocam o Rock´n´Roll Me and Bobby McGee, uma lembrança de Janis Joplin que muita gente conhece por um comercial de um posto de gasolina e para mim especificamente me trouxe ótimos momentos na mente, inclusive não posso esquecer de dizer aqui como o tecladista Henrique Rossit foi importante para deixar esta música num Rock extremamente intenso.

    Ela agradece a participação na banda e nos conta que foi apenas em alguns shows, mas isso já dura praticamente quatro anos, mas os demais fazem sinais que ela já é da banda. Bem, com um sorriso no rosto ela nos fala que a música seguinte é uma das que eles mais gostam, e a sonzeira dos Stranhos Azuis, especificamente a parte Janis Joplin do show teve a Piece Of My Heart em mais outra versão deveras cativante feita pelo quinteto, mais uma vez cheio de solo de guitarra em um Rock/Blues.

    Muito elogiada pelos presentes, a vocalista agradece junto a banda iniciam o Blues lento Summertime, e como berra essa menina rapaz!!! Tanto que só posso dizer o seguinte: grande atuação e grande presença de palco.

  O show segue com a vocalista atendendo aos pedidos e fazendo todos cantarem com ela à capela a Mercedes Benz ( como Janis Joplin a gravou ) e deu para ver como esta jovem garota colocou a alma em sua versão, que posso considerar que foi bela e única. Com a volta da guitarra, baixo e teclados hora do Blues lento e psicodélico de Kozmic Blues.  A última da parte Janis Joplin do Stranhos Azuis foi a eletrizante Tell Mama, um Rock sessentista psicodélico e frenético que mostrou mais uma ótima atuação da vocalista.

   Depois, o Stranhos Azuis se transformou em um trio e assim tocaram algumas das grandes composições do Led Zeppelin tais como "The Song Remains The Same", "Rock´n´Roll", "Stairway To Heaven", "Immingrant Song", "Black Dog", "Whole Lotta Love", "Good Times Bad Times", "Since I´ve Been Loving You", não nesta sequencia, mas com fortes doses de adrenalina a cada uma delas que foram executadas e que trouxeram à memória muito do que Jimmy Page, Robert Plant, John Bonham e John Paul Jones faziam no palco.

    Em um set até que longo e cheio de improvisos durante algumas das canções, com suas duas formações, o Stranhos Azuis realizou um grande show, revelou uma excelente e porque não dizer performática vocalista e garantiu que a adrenalina que estávamos presenciando se mantivesse no mesmo alto nível dos shows anteriores.

THC

    Terminado a grande apresentação do Stranhos Azuis, hora de ir verificar o que o Tanto Herói Canalha estava realizando na sua terceira parte de seu show e a trupe tocou com toda a categoria que possui as músicas próprias "Canção Pra Ter de Volta", "Dono do Lar", "Cê", "Do Outro Lado da Mesa", "Quando Saber O Quanto" e a ótima versão da Boa Nova em ritmo de Blues.

    Eles tiveram uma grande parte do público que ficou encarando o frio assistindo ao seu show, que ao seu término, aplaudiram bastante cada um dos integrantes pela apresentação. Lamento ter perdido algumas partes do show, mas que não falte ocasião para que possa ficar de olho nesta ótima banda.

A Fantástica Maddame

    Assim como na Festa Rock - Edição Megaphone da Independência confira aqui como foi ), coube a banda A Fantástica Maddame composta por Marco Gonzalez ( vocal, gaita e violão ), Paulo de La Praga ( guitarra e backing vocal ) e Diego Moralez ( bateria ) e Bruno Remédios ( baixo ) encerrar o evento. E assim como naquela ocasião, o horário ( e neste caso de hoje, o frio ) fez que muitos fossem embora e perdessem o seu animado, divertido e totalmente setentista show. O quarteto de Hortolândia/SP mescla com precisão Rock´n´Roll, Psicodelia, Blues, Soul e no palco exibem um carisma, um visual, um estilo Hippie, porém desta vez com roupas mais quentes.

    O mais bacana da banda: eles cantam em português e com composições próprias. Antes que o frio ficasse ainda mais forte ( e meus colegas de van me chamassem para ir embora ), consegui acompanhar o começo do show da banda e ver que a pegada deles continua ainda melhor que na primeira vez que assisti parte de seu show. Fico me devendo um dia ver um show da Fantástica Maddame em sua totalidade, pois esses caras sabem e conhecem muito bem o significado da palavra sonzeira e a levam para cada uma das suas composições.

 

    Mais uma vez, a equipe da Festa Rock Produções está de parabéns por organizar um evento que mesclou um pouco de festa junina ( afinal, estávamos no meio do mato com quentão, tochas e fogueira ), teatro com Os Cosmpolidos, lembranças de grandes filmes e shows nos telões e muito Rock´n´Roll de qualidade com as bandas presentes, resta agora aguardar por outra.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Leandro Sartori e Fernando Pinna´s
pela atenção e credenciamento
Julho/2014

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