Festa Rock - Edição Megaphone da Independência
Com: A Fantástica Maddame
, Barbaria, Corazones Muertos, Mr.Speed, NervosaNoiZZy, Take Me Back e Tanto Herói Canalha
Sábado, 7 de setembro de 2013 no
Santa Fé Eventos em Itapira/SP

    Desde que juntaram as forças a equipe da Festa Rock e o Portal Megaphone realizam grandes eventos de Rock em Itapira/SP e essa trupe já levou na cidade nomes como Viper, André Matos, Raimundos, Matanza ( por duas vezes ), Velhas Virgens ( em três ocasiões ) Nasi, Marcelo Nova, Korzus, Angra e um internacional, o lendário Paul Di Anno entre tantos outros nos palcos da cidade. Entretanto, algo que havia muito no passado e fazia um bom tempo que não acontecia: uma Festa Rock somente com bandas de som próprio e não covers, o que é muito louvável, pois precisamos movimentar a cena e dar espaço para que as boas bandas de Rock e Heavy Metal que temos pela região se apresentem.

    E desta vez tivemos um evento com oito bandas de estilos diferentes como Thrash Metal, Punk Rock, Metal Alternativo, Pirate Metal, enfim, uma bela mescla que agradou quem esteve presente no Santa Fé Eventos e com uma novidade: uma das bandas iria tocar durante os intervalos para troca de palco das demais na parte de fora da casa, uma estratégia diferente e que provou ser muito acertada por sinal, pois nem se percebia o tempo passar.

Mr. Speed

    E em eventos com muitas bandas assim, a primeira atração o Mr. Speed, banda de Itapira formada por Everton Coraça ( baixo e vocal ), Rafael Coradi ( bateria e vocal ) e Fernando Bazani ( guitarra e vocal ), iniciou seu show exatamente no horário previsto. O Mr. Speed aproveitou o show para divulgar seu primeiro cd intitulado The Snake Ass e assim tivemos os ótimos Hard Rocks presentes em "One More Capitalism", "Mr. Speed" e a rápida "Rock n Roll Suckers".

    Infelizmente, ainda havia pouca gente para acompanhar o Mr. Speed, que tocou em seguida a ótima Alone In The Darkness e também com Rock'n'Roll, que mostrou uma pegada forte. Os riffs de guitarra de Rafael Coradi trouxeram Back Of Bitch ligada a Voice Of Madness, onde pude notar que Fernando Bazani estava muito empolgado ao cantar seus versos. Finalizaram o ótimo aquecimento do festival com I´ve Had Enough e pelo que vi do show do Mr. Speed desta vez, percebi que estavam muito animados e com a devida garra.

 

Tanto Herói Canalha

    Durante o tempo em que o palco era preparado para o show do Barbaria, na área externa do Santa Fé Eventos, a banda Tanto Herói Canalha, que é formada por Luis Otávio Teixeira nos teclados, Guilherme Borges no baixo, Ricardo Fileti na bateria, Renata Rocha na voz e violão, Rodolfo Peguin e Rodolfo Turolla nos vocais, violão e guitarra, além de e Maurício Guil na guitarra em uma participação especial, que deu inicio à primeira parte de suas curtas apresentações, que somadas dariam o total de um show inteiro.

    Enquanto conversava com os amigos, por tabela, você acabava prestando atenção e notando o show do Tanto Herói Canalha, que foi composto de músicas próprias como Verdadeiro Nascimento de um Dia e a Folk Boa Nova, que provaram serem de uma linhagem Rock´n´Roll brasileira cantada em português lembrando nomes como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós. Ainda nesta primeira entrada tocaram mais duas outras boas composições com O Vestido e também Risco Forte.

Barbaria

    O Barbaria se encaminhou nesta Festa Rock para o seu segundo show com a nova formação, que conta agora com os amigos e conterrâneos Renan Toniette na guitarra e Murilo Barim no baixo, que são os novos piratas ao lado de Draco Louback nos vocais, Anderson Moraes na bateria, Marcelo Louback na guitarra.

    Divulgando o primeiro trabalho Watery Grave, o show do Barbaria não se diferenciou muito do que assisti na noite anterior em Campinas/SP no Sebastian Bar ( confira cobertura ), mas deu para perceber que a tensão da estreia do novo line-up havia passado e a banda estava mais solta e com vontade de nos enviar um show mais quente.

    E assim com a Under The Black Flag eles tomaram de assalto o Santa Fé Eventos fazendo a alegria dos headbangers presentes, que receberam o som e agitaram significativamente. Com uma sequencia de riffs tocados com muita energia por Marcelo Louback e Renan Toniette executaram The Piper e a título Watery Grave, ambas cantadas com o timbre agressivo dos vocais de Draco Louback.

    O tempo era curto e muitos mais bandas ainda iriam se apresentar e por conta disso o set acabou sendo resumido em poucas músicas, porém, nada que abalassem 'as espadas' dos piratas que tocaram Cuthoad Island, seguida pela vibrante Blackbeard que possui um ritmo eletrizante que não deixa ninguém parado e fecharam então com a força de Buccaneers. Em dois dias presenciei dois ótimos shows do Barbaria que tem tudo para crescer mais e provar que no Brasil também temos nossos representantes do Pirate Metal.

Tanto Herói Canalha e Take Me Back

    Nesta nova pausa, hora do THC continuar seu show com "Valsa que Mente a Si Mesma", "Canção Pra Ter de Volta", "Do Outro Lado da Mesa" e "Quando Saber Quando", que a maneira que foram tocadas conseguiam mais fãs acompanhando, vibrando e prestando atenção ao show, enquanto muitos apenas descansavam.

    E por conta do papo que fiquei com os amigos do Renan, Murilo e Marcelo ( integrantes do Barbaria ) na área externa acabei não assistindo a banda seguinte do festival, o Take Me Back, que destilou um Hardcore agressivo e destruidor que pelo que constatei ao conversar posteriormente com outros amigos, praticamente foi daqueles de quebrar tudo e neste caso excepcionalmente foi mesmo, pois houve quem me disse que os caras tiraram a bateria de seu lugar. No término do Take Me Back hora de mais THC que continuou com "Pogressio", "Última Cartada" e "Re(volta)".

Noizzy

    Com o palco novamente em ordem, o Noizzy, banda de Metal Alternativo de Socorro/SP formada por Romeu Dreadcore vocais, Cesar Farias na guitarra, Marcos Farias no baixo, Ricardo Alves nos synths e Roger Bauer na bateria mostrou um som muito técnico, diferente do que costumamos ouvir, até mesmo nas 'Festas Rock' e um grande poder de envolvência.

    Na abertura tocaram Who Are You que mostrou a habilidade dos músicos e a movimentação do vocalista com seus longos 'dreadlocks', pois Romeu Dreadcore não para quieto no palco. Depois seguiram com a pesadaça Super Hero e The Balloon, que foram conquistando quem não conhecia a banda, tanto que surgiram algumas rodas.

 

    Lembro-me de estar prestando atenção no ritmo e no andamento das músicas Lay Down, Forsaken e Time e conversar com o Leandro Sartori, um grande amigo e um dos organizadores do evento e este me questionar: "e aí o que tá achando?" eu disse: "diferente do que costumo ouvir, mas a banda é muito competente".

    A pegada das músicas do Noizzy são bem como o nome da banda, barulhentas, rápidas e devidamente pesadas como pude perceber na audição de Button, mas o que é muito interessante são as incursões eletrônicas do synth de Ricardo Alves, que diminuem o ritmo. Eles passaram por problemas no som, mas souberam driblar para terminar o show com "Reasonable Price", "Why War?" e "Gas Organ Man", e para quem não conhecia a banda ficou com uma boa impressão. Com certeza, vamos ouvir falar muito do Noizzy

Tanto Herói Canalha

    Em sua última entrada o THC nos brindou com mais canções próprias que mostraram a categoria da banda e na minha opinião essa galera poderia, se não fosse a intenção, ter tocado no palco principal sossegado, afinal, eles possuem carisma, técnica, capacidade e com certeza terão um crescimento na cena. Afinal, canções como "Cê" e "Dono do Lar" exibiram isso, mas foi na última, a versão de Blues para Boa Nova, realmente que percebi o talento da banda e vi que souberam conduzir um Blues com o efeito que ele causa em que gosta: cravar suas notas na alma. 

 

Corazones Muertos

    A banda paulistana Corazones Muertos veio para realizar o show mais quente e cheio de adrenalina da noite, não que os anteriores foram sem tanta garra, muito pelo contrário, cada uma das bandas estava dando o sangue, mas esse quarteto Punk Rock veio disposto a quebrar tudo.

    E os caras quebraram mesmo, pois o insano baterista Flavio Cavichioli tocou com tanta intensidade que sua bateria 'saiu andando' ( tudo bem que ela já havia sido praticamente 'destruída' no show do Take Me Back, mas... ) e isso deu um trabalho enorme para a galera do som, que teve que arrumar para eles várias vezes, e entre tantos problemas, algumas músicas que estavam programadas foram cortadas do seu set.

    Ainda assim, o som realizado por Joe Klenner nos vocais e guitarra, Mauro Cintra na guitarra e backing vocals, Arthur Cocev no baixo e backing vocals e o citado baterista é aquele esquema três acordes bastante cru, que rendeu fama a Ramones, Sex Pistols, The Clash entre outros, mas com a adição da velocidade do Rockabilly como percebi nas execuções de Fly Away e Teenage Roots.

 

    Depois fazem a galera abrir roda com Heart And Soul e não tinha como não agitar com uma música que transmite um grau como esse não dá para ficar parado mesmo. E o Corazones Muertos prosseguem com Mauro Cintra nos vocais perguntando se queremos um Motörhead e foi nesta hora que os problemas no show ficaram mais evidentes e eles pararam. Deu até uma sensação que não iriam continuar, mas ainda bem que continuaram, pois, deste ponto até o final tocaram com o famoso 'sangue no zoio' sem dó e piedade de ninguém. E recebemos Bonzo Goes To Bitburg e One Way Hells Ride.

    Outra que arrebentou foi a Vagabunda, que é cantada em português e tocada a toda velocidade naquele Punk Rock que pende mais para o Rock´n´Roll cru lotado de bons solos de guitarras. As últimas foram All The Things e Search and Destroy, que como não poderiam deixar de ser, foram tocadas a plena fúria pelo baterista Flavio Cavichioli. Conversei com a galera do Corazones Muertos após o show e dei os parabéns pelo show, mesmo com os problemas eles fizeram um show de primeira.

Nervosa

    Provavelmente a grande atração desta edição da Festa Rock era a banda paulistana Nervosa. As beldades Fernanda Lira nos vocais e baixo, Prika Amaral na guitarra e vocais e a nova integrante Pitchu Ferraz na bateria estão cada vez mais alçando voos maiores com aberturas para muitas bandas internacionais que se apresentam no Brasil. Entretanto, o fato de tocarem com 'gente grande' não tirou a veia underground do Nervosa, pois as meninas mantém a simpatia e a garra dos seus shows por qualquer lugar onde tocam. Foi assim em 2012, quando assisti elas pela primeira vez em Poços de Caldas/MG no Rock Metal Fest ( confira aqui ) e nesta noite em Itapira.

    Elas ainda não lançaram seu full-length, mas estão divulgando o EP de 2012 e aproveitam para mostrar também algumas músicas que estarão no debut, mas o fato delas serem bonitas e simpáticas, não alivia em nada a potência do Thrash Metal inspirado nomes como Slayer e Destruction que estão em suas composições. E foi com Time Of Death, que a gripada Fernanda Lira começou com o show matador das meninas. Pelo jeito a estrada e a experiência fez muito bem à banda que está tocando com ainda mais raiva que antes, como pude perceber em Justice Be Done.

    Foi engraçado quando a vocalista disse que sua gripe também era 'nervosa', fazendo uma alusão ao nome da banda e Invisible Oppression foi tocada a toda velocidade dos solos disparados pela guitarrista Prika Amaral, e isso, obviamente resultou em rodas por parte da galera.

    Em seguida a vocalista avisa que irá fazer uma homenagem à uma das maiores bandas do Thrash Metal, uma de suas influências e praticamente convocou os presentes para que se arrebentassem nas rodas com a execução matadora de Into The MoshPit do Testament.

    Com muita simplicidade, Fernanda Lira agradece aos presentes, aos organizadores, às bandas que se apresentaram antes delas e comenta que os 'merchans' do Nervosa estão disponíveis para que os fãs os adquiram e conta que a próxima música é sobre uma moto, assim Morbid Courage criou outra sessão de rodas destruidoras no Santa Fé, que seguiu com Wake Up And Fight.

    Muito à vontade no palco e tocando seu baixo com muita cólera a cada música, Fernanda Lira avisa que irá tocar uma balada, mas o Nervosa não tem baladas, e aí ela nos enviou a pedrada Urânio em Nós, que é cantada em português em um ritmo avassalador e então apresenta suas comparsas de palco.

    Para Victim Of Yourself, Fernanda Lira realiza um solo de baixo que ganha velocidade e as ótimas pancadas da baterista Pitchu Ferraz, que deixam a música muito mais 'nervosa'. Foi um excelente show da Nervosa que foi encerrado com Masked Betrayer e se gripada a vocalista tem uma atitude insana, o que dirá se não estivesse. Fim do show elas fizeram um rápido Meet & Greet com a galera e voltam rapidamente para São Paulo, pois no outro dia tocaram com o Exciter no Hangar 110.

A Fantástica Maddame

    A última banda desta Festa Rock Edição Megaphone da Independência era a A Fantástica Maddame, que teve sua origem em 2002 em Hortolândia em um som puramente influenciado por nomes como Iron Butterfly, Casa das Máquinas, Jimi Hendrix entre outros.

    Confesso que achei o título de seu nome estranho quando vi o cast do evento e não podia esperar que Marco Gonzalez ( vocal, gaita e violão ) Paulo de La Praga ( guitarra e backing vocal ) e Diego Moralez ( bateria ) e Bruno Remédios ( baixo ) fossem responsáveis por um show com músicas cantadas em português em um som puramente setentista naquela sonzeira que mescla Rock´n´Roll, Psicodelia, Blues, Soul. Aliás, o visual dos caras é completamente inspirado naquelas roupas coloridas utilizada pelos Hippies.

    Com a atmosfera criada A Fantástica Maddame subiu no palco do Santa Fé Eventos para dar inicio ao seu show que continha músicas do álbum Tapa na Boca e novas composições. Após a introdução que trouxe um clima todo especial e puramente setentista no palco Máquina À Vapor deu inicio ao show mais doido e irreverente da noite com muita distorção de guitarra e solos de gaita. Marco Gonzalez prossegue com muito carisma com Humildade à Parte/Quero O Meu Inteiro e Não Pela Metade, que foi psicodelia pura repleta de ótimos solos de guitarra e viagens instrumentais, aliás uma características presente em todas as músicas da banda. Eles deixavam a música prosseguir e ir cada vez mais longe no mesmo estilo que um Lynyrd Skynyrd fazia no passado.

  

    Depois de Cachorro Sarnento tivemos o Blues pesado de Ninho da Mente, mas foi mesmo incrível quando executaram Cosmic Opium, que Marco Gonzalez colocou uma camisa de força em uma interpretação sensacional, que foi um grande momento do show e o vocalista neste show gostava de realizar longos discursos explicando as músicas.

    Em seguida tocaram a transloucada A do Sr. Martins com um ritmo totalmente diferenciado do que você poderia esperar, pendia para o Rock, mostrava influências nacionais, enfim, uma maluquice só, mas muito bem apresentada pela banda. A Fantástica Maddame prosseguiu o set com Caminhos e Conselheiro do Sertão, onde deu para perceber mais a veia da música brasileira no Rock da banda. Infelizmente, já era muito tarde e acabei perdendo uma ou duas músicas do set da Fantástica Maddame, mas, os caras fizeram um baita show e sinceramente espero revê-los em outra oportunidade, para poder observar mais detalhadamente.

    Em um universo praticamente lotado de bandas que tocam Thrash Metal, Death Metal, Punk, Black Metal, entre outras ramificações, ouvir neste festival uma banda que mergulhou com muita vontade nos anos 70, naquele Rock psicodélico que só entenderemos qual é a sua ideia se estivermos 'chapados', fez muito bem para mim, para os organizadores e aos bravos guerreiros e guerreiras que ficaram até o final. Então, longa vida ao Rock'n'Roll desta A Fantástica Maddame.

    Foi muito importante a realização desta Festa Rock Edição Megaphone da Independência, pois mostra que a cena independente ainda continua viva e necessita de espaços para que muitos artistas possam mostrar seus competentes trabalhos.

    Entretanto, não adianta apenas acontecerem eventos bem organizados é necessário também a presença do público em maior número para que os organizadores sejam estimulados e realizem mais festivais com bandas com som autoral. Assim sendo tenho que criticar aqui a muitos headbangers que dizem que apoiam o Heavy Metal, que lamentam que não temos muitas bandas tocando com frequência no interior, que falam que só nos grandes centros temos shows, e muitos outros blá... blá... blá...

  Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Fernando Pinna´s e Leandro Sartori
 pela atenção e credenciamento
Outubro/2013

 

Foto acima: Fernando R. R. Júnior do Rock On Stage e Leo
cortesia da amiga Vanessa Freitas - Simplesmente Rock

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