Iced Earth - Dystopia
13 Faixas - Shinigami Records - 2011

    Em dezembro de 2007 Jon Schaffer anunciou o retorno de Matt Barlow aos vocais do Iced Earth para o lançamento do The Crucible Of Man, e sua turnê rodou o mundo, inclusive com as primeiras apresentações no Brasil, em fevereiro de 2010 ( confira aqui a matéria do show em São Paulo/SP ) e o registro disso está no recém-lançado DVD Festivals Of The Wicked ( leia resenha ), porém, no dia 6 de agosto de 2011, sua saída foi confirmada e o vocalista voltou a suas atividades de como policial de Georgetown no estado norte-americano de Delaware.

    Entretanto, quando uma banda está em uma ótima fase, nem a saída de um emblemático vocalista como Matt Barlow abala suas estruturas. E após alguns meses de busca por um novo nome, o chefão, mentor e guitarrista Jon Schaffer anunciou o canadense Stu Block ( do Into Eternenity ) para assumir o posto de vocalista do Iced Earth, gravar um novo disco e sair em turnê junto com Brent Smedley ( bateria ), Troy Steele ( guitarra ) e Freddie Vidales ( baixo ).

   Assim, durante o mês de agosto de 2011, com energia renovada, eles foram ao Morrisound Studios em Tampa, Flórida/EUA para gravar, mixar e masterizar o novo cd, intitulado Dystopia ( o décimo primeiro álbum de estúdio da banda ), que teve sua bela capa desenhada por Nathan Perry e Felipe Machado Franco. Aqui no Brasil, a Shinigami Records lançou o cd em 2011 em um luxuoso digipack, que se abre como os antigos discos de vinil, conta com um ótimo e grande encarte, além três músicas bônus. A visão distópica da sociedade feita pelo Iced Earth neste disco começa justamente com a faixa título Dystopia, que inicia-se no estilo de uma marcha militar e muita melodia que vão caminhando para um crescente que é rompido pela velocidade imposta nas guitarras de Jon Schaffer e Troy Steele, na bateria de Brent Smedley e no baixo de Freddie Vidales. Pronto, com "as tropas posicionadas no campo de batalha", Stu Block canta com sua potente voz os versos desta primeira música do cd e prova o porque ter sido escolhido como o vocalista da banda.

    Anthem é a segunda de Dystopia e possui um começo mais lento que passa muita emoção e garra, depois as guitarras imprimem mais força em um andamento mais cadenciado e os vocais tornam-se um convite para cantar com a banda. Boiling Point é rápida, pesada, dotada de melodias vocalizadas com uma pegada marcante de Stu Block e uma árdua e incansável linha instrumental criada por Jon Schaffer.

    Em Anguish Of Youth os dedilhados  somados com os vocais mais calmos destacam o feeling aplicado pelo novo vocalista da banda e mostram sua versatilidade ao acompanhar a mudança de ritmo que o Iced Earth aplica na música quando ganha mais força e fica mais cativante, especialmente no seu ótimo refrão. V é inspirada no personagem do filme V de Vingança e seu ritmo mais Heavy vocalizado com vigor recebe as guitarras de Jon Schaffer e Troy Steele em ótimas linhas que cravarão suas marcas nos fãs com muita facilidade.

    Depois mais uma homenagem a um filme, desta vez o Cidade das Sombras com Dark City, que te pega logo de cara pelo seu andamento mais épico e com coros, sendo que os vocais e a linha Power Metal de guitarras estão em maior evidência ( e nesta, recomendo atentar seus ouvidos para os solos de guitarras ). Em Equilibrium ( outra que foi inspirada a partir do filme de mesmo nome ), o quinteto exibe o balanço ideal entre trechos acelerados nas guitarras e riffs mais melódicos com as versáteis vocalizações de Stu Block, que ora estão agressivas ora estão mais gritados, ponto para o novo vocalista. Depois o Iced Earth coloca mais velocidade em Days Of Rage, que é cantada com muita raiva em um ritmo que será a hora certa de abrir uma roda nos shows.

    Acalmando um pouco com ótimos dedilhados, End Of Innocence mostra o vocalista controlando os níveis de emoção desta sema balada dotada de solos melodiosos e longos, e detalhe, sua letra é sobre a luta da mãe de Stu contra o câncer. O primeiro bônus de Dystopia aparece com Soylent Green ( também inspirada no filme homônimo ), que passa um clima pesado pela forma que as guitarras são tocadas e seus vocais estão fortes. O segundo bônus é Iron Will com seu ritmo que  encanta o ouvinte logo nos seus primeiros versos, pois possui um estilo mais épico e seu maior destaque está nos vibrantes solos de guitarras de Jon Schaffer e Troy Steele.

    A seguinte é Tragedy And Triumph e seu repique na bateria de Brent Smedley, aliados aos solos melódicos da dupla de guitarristas da banda são para deflagrar a bandeira e a espada para uma lutar, essa é a sensação que temos ao ouvir as galopantes evoluções das guitarras. Vale lembrar que Stu Block canta com toda a potência de sua voz. É o Iced Earth nos mandou um Heavy Metal dos bons, e suas semelhanças com o Iron Maiden são garantia de um nível de qualidade ainda maior. Muito bacana são alguns versos que parecem um hino de pirata escondidos instantes após o final de Tragedy And Triumph.

    Encerrando o cd Dystopia, um replay de Anthem que está escrito como sendo um "string mix", com a introdução diferente da versão original inclusa anteriormente no cd.

  Dizer que Matthew Barlow fará falta ao Iced Earth somente se você não ouvir este cativante álbum Dystopia e a versão para Dante´s Inferno, pois, Stu Block tem a capacidade, caiu bem no posto de vocalista da banda e ainda participou intensamente no processo de composição do novo cd. Posso afirmar que sua entrada na banda injetou mais animação, manteve a energia que existia nos tempos de Matt Barlow e Tim Ripper Owens e com este álbum nas mãos o Iced Earth promete muito mais Heavy Metal de qualidade para os próximos anos. Vamos aguardar por mais trabalhos neste nível e conferir a sua tour brasileira em março deste ano.
Nota: 9,5.

Site: www.icedearth.com

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2012

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