Sabaton - The Last Stand
 cd 13 Faixas e DVD 19 Faixas - Shinigami Records - 2016

    De volta para o quartel general na cidade de Falun após a última e bem sucedida campanha pelo mundo repleta de conquistas e glórias, o quinteto sueco Sabaton começou em 2015 a trabalhar no sucessor do excelente álbum Heroes ( 2014 ) com a clara intenção de nos contar mais alguns momentos épicos de batalhas ao longo da história da humanidade e sempre enfatizando a bravura dos combatentes, não as guerras em si.

    Desta maneira Joakin Brodén nos vocais, Chris Rörland e Thobbe Englund nas guitarras, Pär Sundström no baixo e Hannes Van Dahl na bateria novamente se aliaram ao experiente comandante Peter Tägtgren ( para forjarem sua nova arma de combate entre abril e maio de 2016, cujo nome código ficou conhecido como The Last Stand ( gravação, produção e mixagem no Abyss Studios na Suécia ), cuja masterização é de Jonas Kjellgren ( Amorphis, Carach Angren, Dark Funeral, Hypocrisy ) e que teve seu batismo de fogo em junho de 2016.

    Na capa deste novo artefato temos imagens de guerreiros e soldados de vários pontos do mundo e do tempo em um teatro de operações bastante caótico. Nos encartes que acompanham o cd, o Sabaton incluiu informações e desenhos, que remetem para a batalha ao qual a música em questão se relaciona em um competente trabalho do ilustrador Péter Sallai ( que trabalhou com Cavalera Conspiracy, Hammercult, Kataklysm, W.A.S.P. ), que conferem mais nobreza ao cd. Como bônus nesta versão lançada pela Shinigami Records no Brasil temos um DVD ao vivo registrando o show em Nantes na França em 2016, que será abordado posteriormente nesta resenha.

    A primeira incursão é nomeada como Sparta e aborda a história do Rei Leônidas e seus 300 guerreiros na sangrenta Batalha de Thermopilas contra Xerxes I da Pérsia, que começa empolgando em seu estilo de vocais falados e ritmo contagiante, que vem para te convocar para a luta em mais uma impactante canção do Sabaton, que contém obviamente, os generosos riffs de guitarras de Chris Rörland e Thobbe Englund, além de toda a carismática voz de Joakin Brodén.

    Pela defesa de Belgrado ( capital da Sérvia ) em 1915, o Major Gralovic fez seu último pronunciamento para as suas tropas convocando-as para sua última batalha e o Sabaton retratou esse episódio através de um Power Metal cadenciado e animado intitulado como Last Dying Breath, que é vocalizado com o conhecido estilo protagonizado por Joakin Brodén. Na terceira, o quinteto viaja para o ano de 1314, nove anos após a execução de William Wallace para narrar os fatos ocorridos com Blood Of Bannockburn e nos exibe uma canção mais rápida e altamente infectante por sua eficaz melodia de vocais e dos demais instrumentos com destaque aos solos do órgão Hammond que foram tocados por Thomas Sunmo junto aos de guitarras de Chris Rörland e Thobbe Englund nas guitarras.

     Depois temos a participação de Jon Schaeffer do Iced Earth relatando em forma de narração os primeiros versos de Diary Of An Unknow Soldier, que descreve os eventos acontecidos em 4 de outubro de 1918 na I Grande Guerra Mundial durante a Batalha de Argonne contra os alemães, onde um batalhão de 500 homens ao enfrentar o exército alemão, apenas 194 retornaram ( que foram salvos por um pombo correio chamado Cher Ami e que foi condecorado com a honraria Croix de Guerre, medalha concedida pelo feito da ave ao ajudar no resgate do Batalhão 77, sendo que Cher Ami voou até o quartel de Verdun e entregar a mensagem, após estar fortemente ferido por conta de ferimentos de bala de um tiro em seu peito que vitimou sua visão de um olho e uma pata ) e este clima de homenagem faz a introdução para a seguinte, que é a cadenciada The Lost Batalion e que nos emociona com facilidade por seus vocais em coro, seu ritmo militar, onde são acionados os vibrantes solos de guitarras da entrosada dupla do Sabaton, enfim, temos aqui mais um hino dos suecos.

    Rorke´s Drift, nome da sexta canção do cd e da batalha ocorrida em 1879 durante a Guerra Anglo Zulu, um conflito ocorrido em 1879 entre a Grã Betanha e Irlanda contra os Zulus no sul da África chega com os envolventes riffs de guitarras capturando o ouvinte enquanto que Joakim Brodén deposita todo o seu 'feeling' ao cantar seus versos em um mergulho no Metal Melódico com a pegada épica do Sabaton.

    Na faixa título, The Last Stand, eles contam como 189 bravos soldados suíços resistiram durante o saque em Roma no ano de 1527 protegendo o Papa Clemente VII. Isso acontece ao som de sinos e um andamento cadenciado ( que gosta-se imediatamente ) e embalado pelos vocais de Joakim Brodén nesta homenagem para estes valorosos soldados nos levando a desejar cantar com ele, o que é muito bom, pois, basta pegar o encarte e começar. Em Hill 3234, o Sabaton relata os fatos ocorridos na Guerra do Afeganistão em 1988, quando 39 soldados russos enfrentaram 250 guerrilheiros e apenas 6 vidas russas foram perdidas contra 200 baixas dos afegãos em um dia de batalha. A forma rápida escolhida pelos suecos na música é outro atrativo e tanto seus vocais quanto sua parte instrumental são altamente motivadores, nos inspirando a socar o ar e cantar com eles. O samurai Saigo Takamori derrubou 500 guerreiros na Batalha de Shiroyama em 1877 marcando o fim da Era dos Lendários Samurais, isto é explicado em Shiroyama, a emblemática nona composição de The Last Stand, que é dotada de todos os atributos melodiosos para que possamos apreciar ainda mais sua audição.   

    Dentre tantos feitos importantes que o Sabaton conta neste cd, um dos maiores foi a resistência da Liga Santa ocorrida em Viena na Áustria em 1683, quando o Império Turco Otomano conquistava boa parte da Europa Oriental. Estes nobres homens ficaram conhecidos na história como Winged Hussars e o quinteto emoldurou estes fatos através de uma imponente canção mais cadenciada com vocais em coro.

    Na última do tracklist normal temos uma das muitas batalhas marcantes da II Grande Guerra Mundial, sendo esta aconteceu no período em que a Alemanha Nazista já estava praticamente derrotada no dia 5 de maio de 1945 e nas montanhas de Tyrolean em Itter na Itália, batalha em que os soldados alemães da Wehrmacht e do Exército Americano lutaram juntos contra as tropas da SS Nazista fieis ao Adolf Hitler ( que já havia se suicidado ) para salvar as vidas dos prisioneiros importantes como o ex-presidente francês Albert Lebrun, os ex-primeiros-ministros Paul Reynaud e Edouard Daladier, os generais militares Maxime Weygand e Maurice Gamelin, além do renomado tenista Jean Borotra no Castelo de Itter.

    E assim com The Last Battle aparece com seu andamento pulsante e cheio de energia destaca os solos de guitarras e também vocalizações sempre com a conhecida habilidade de Joakim Brodén.

    Para All Guns Blazing, o Sabaton dispara uma explosiva versão do Judas Priest que ficou excelente em um verdadeiro tributo ao álbum Painkiller de 1990. No encerramento do cd The Last Stand temos o cover de Camouflage do multi-instrumentista norte-americano Stan Ridgway ( ex-Wall Of Voodoo ) com linhas melódicas expressando muita categoria e aquela pegada de vocais cativantes.  

    No DVD, cujos detalhes serão contados a partir de agora registrado no Stereolux com direção de Fabien Raymond, temos o Sabaton em Nantes na França no dia 24 de fevereiro de 2016 em um show de 1:30hs nos exibindo toda a sua conhecida agitação, que assim como no DVD Heroes On Tour ( leia resenha ) ao som dos barulhos dos motores dos tanques, palmas dos fãs e muita euforia The March Of War traz a banda para o palco para iniciarem os combates com a adrenalina presente em Ghost Division ( do The Art Of War de 2005 ) e neste show, a banda está bastante próxima do público, que naturalmente interage e fica mais fervente a cada instante.

    Colocando todo mundo para pular junto com eles temos Far From The Fame ( do Heroes ), e aí que você sente como o Sabaton sabe comandar seu público, seja em um festival grande como o Wacken Open Air, em um lugar menor como o espetacular show em Limeira/SP em 2016 ( relembre aqui ) ou no caso deste vídeo em Nantes.

    Na sequencia em meio a muitos "heys" dos fãs chega a vez de Uprising ( do Coat Of Arms de 2010 ), onde percebe-se como a iluminação e a captação das imagens são outro show à parte. A alegria dos fãs deixam os músicos do Sabaton mais contentes e o vocalista conversa com eles, pega um bandeira da França e a deixa exposta abaixo do tanque de guerra onde a bateria de Hannes Van Dahl é montada para anunciar então a Midway ( outra registrada no Coat Of Arms ) e prossegue com Gott Mit Uns, porém, não antes de brincar com Thobbe Englund pedindo uma guitarra e ser expulso do palco e aí o guitarrista Chris Rörland assumir os vocais e cantar esta música do Carolus Rex de 2012, aliás, ele executa muito bem o papel de frontman.

    Com a "readmissão" de Joakim Brodén e este portando uma guitarra, eles inflamam com Resist And Bite, uma de suas muitas pérolas, sendo esta gravada no Heroes e logo em seguida, após perguntar se os franceses lembram-se do álbum Primo Victoria ( de 2005 ) e deste disco eles tocaram a Wolfpack, onde percebemos a importância dos backing vocals em coro.

    Dominium Maris Baltici - outra do Carolus Rex - é executada a toda velocidade e impressiona nas palmas que recebe. Sempre muito esperada, a Carolus Rex traz os fãs aplaudindo de acordo com o seu ritmo épico em seu começo e depois podemos observar Joakim Brodén interpretar a música de forma única, onde percebe-se que ele canta com a alma mesmo. Na canção que podemos considerar como hino do Sabaton, suas notas são entoadas para um 'bravo' vocalista 'discutir' com Thobbe Englund em uma brincadeira que serve para atear mais fogo nos fãs e por fim executar Swedish Pagans, presente no The Art Of War.

    Em uma nova 'troca de farpas', Joakim Brodén ordena para que retornem ao set list programado e a rápida Soldier Of 3 Armies ( mais uma do Heroes ) continua com o show do Sabaton em Nantes. Aos gritos de "Sabaton... Sabaton" e com os músicos sorrindo bastante Attero Dominatus ( título do cd de 2006 ) com seus acordes sinfônicos e melódicos confere mais brilho ao espetáculo, que prossegue com The Art Of War, um puro Power metal coroado nos "hey... hey..." dos franceses e a maior surpresa do show... com Chris Rörland cantando e tocando sozinho os versos de Wind Of Change do Scorpions, que se conecta mais uma do Heroes, a To Hell And Back, que está repleta de melodia e eletricidade sendo capaz de fazer todos os franceses pularem com eles.

    No retorno para o bis, as sirenes de ataque aéreo são tocadas para Night Witches - também do Heroes - levando os fãs ao êxtase e à uma roda fulminante. Porém, ainda tinha mais e a canção título do disco de 2005, a Primo Victoria, que sempre está presente nos shows da banda mantém a festa lotada de voltagem fazendo a galera pular novamente. No encerramento do show em Nantes aos gritos de "Sabaton... Sabaton" e muitos aplausos aos felizes membros da banda, que em retribuição disparam a acelerada Metal Crüe do Attero Dominatus em uma versão com solos alongados e nesta Joakim Brodén faz um 'crowd surf' com a galera.

    The Last Stand além da aula de história que é... se sobressai por ter escolhido em suas letras algumas das mais famosas resistências em várias frentes de batalhas e isso, aliado ao eficaz Power Metal do quinteto sueco Sabaton, que fica melhor a cada ano e torna sua audição um prazer extra devidamente revigorante, pois, retrata verdadeiros guerreiros e heróis, que se superaram diante das maiores adversidades possíveis.
Nota: 9,5.

Sites: http://www.sabaton.net/, http://www.twitter.com/sabaton,
https://www.facebook.com/sabaton e https://www.youtube.com/user/Sabaton.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2017

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