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Sepultura
E na abertura desta noite de Heavy Metal, os brasileiros do Sepultura tinham a missão de realizar um show que mostrasse a grande capacidade técnica acumulada nestes mais de 25 anos de banda, e efetuando uma comparação com o Cavalera Conspiracy, que tocara na semana anterior abrindo para o Iron Maiden, a empolgação do show do Sepultura com os fãs foi muito maior.
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Derrick Green ( vocais ), Andreas Kisser ( guitarra ), Paulo Jr. ( baixo ) e Jean Dolabella ( bateria ) subiram logo às 20:00hs trazendo um convidado que esteve presente no final da tarde e por toda esta noite de sábado: a chuva. E no inicio do show do Sepultura, a chuva até castigou um pouco os milhares de fãs presentes na Arena Anhembi, mas o quarteto não estava nem aí para isso e abriu o set com a avassaladora Arise, título do álbum de 1992, com Jean bateu com força em seu kit de bateria e Andreas disparou notas furiosas em sua guitarra. Foi o princípio para que todos batessem a cabeça sem parar, e com Derrick usando alguns bumbos, foi iniciada a clássica Refuse/Resist do Chaos A.D. que trouxe uma vibração que superou os Cavaleras sábado passado. Andreas prolonga os solos de guitarra e com os "Hei Hei Hei.." por parte dos fãs, o Sepultura tocou outro clássico do Arise: Dead Embryonic Cells e neste momento a chuva resolveu 'dar um tempo'.
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Com os fãs ganhos nestas três primeiras pauladas ficou fácil para Derrick Green comandar a animação e aos gritos de "Sepultura...Sepultura!!!" e Andreas Kisser com uma guitarra Flying V executou mais de sua artilharia sonora com a agressiva Convicted In Life ( representante no set do álbum Dante XXI ), depois prolongou o solo de guitarra que levou à cadenciada e furiosa Choke do cd Aganist. Com a garoa retornando, Andreas Kisser agradeceu aos presentes pela oportunidade de tocar novamente em São Paulo abrindo para a lenda Ozzy Osbourne e lembrou que o Sepultura está gravando um novo disco e iniciou então a pesadíssima e rápida Seethe, que me provou que o novo cd terão Thrashs de primeira.
Em seguida, Derrick começou a falar em português ( e muito bem por sinal ) e falou que a próxima era Troops Of Doom ( do Schrizophrenia de 1987 ), e aí não teve jeito, todos agitaram sem parar e não estavam nem um pouco preocupados com a chuva, que neste momento havia ganho força. E eles mantiveram o nível de pancadaria lá em cima com outra do mesmo disco: Septic Schizo - com linhas de guitarra e bateria em um dos melhores Thrashs gravados pela banda. Fechando a trinca de músicas do Schizophrenia, Escape To The Void com seu inicio instrumental matador foi a seguinte e considerei-a como um dos melhores e mais pesados momentos do show do Sepultura, pois foi garantia de vigor metálico absoluto.
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Meaningless Moviments do Arise deu continuidade ao adrenelizante show do Sepultura e após ela Jean Dolabela fez um curto, mas vibrante solo de bateria. Depois Derrick pergunta se queremos mais, e a bordoada Territory ( do Chaos A.D. ) transformou a Arena Anhembi em uma área específica de headbanging por todos os lados. Essa foi a primeira da sequencia final do show do Sepultura que teve a cadenciada Inner Self, oriunda do cd Beneath The Remains com um arrebentador solo de Andreas Kisser, depois, o vocalista avisou que falaria em inglês e acabou saindo o bordão:" Sepultura do Brasil.. pro Brasil..." e finalizaram com eletrizante Root... Bloody Roots ( do cd Roots 1996 ) e essa era para bangear sem parar mesmo. Valeu Sepultura pelo 'showzão' perfeito para o Príncipe das Trevas.
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Embora não fosse um efeito do show, a garoa voltou e Ozzy que sempre adorou se molhar, a saudou com um sonoro "Fuck The Rain!!!", pegou um balde e molhou-se para, digamos " ficar igual" aos seus milhares de súditos. Depois, pegou um esguicho de água com espuma para molhar ainda mais ( ou seria abençoar ? ) os que se encontravam bem à frente, aliás, o sorriso de felicidade de Ozzy ao fazer isso era imenso. Antes da seguinte ele disse: "Não continuo se não escutar vocês" e com o longo grito dos fãs, a excelente I Don´t Know ( outra do primeiro álbum Bizzard Of Ozz ) veio em cena e o espetáculo prosseguiu em um grande agito. E quem merece um destaque à parte é Tommy Cufletos com seu estilo peculiar, técnico e muito pesado de tocar sua bateria de bumbos duplos que deu para ser muito bem percebido nesta canção.
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Disse que Ozzy não tinha os aparatos técnicos de luzes, fogos, telões, cenografia de palco, etc. que vimos nas apresentações do Metallica, Iron Maiden, Rush, Bon Jovi ( por exemplo ) e tantas outras grandes atrações em São Paulo, mas o "Príncipe das Trevas" nos mostrou outro poder em suas mãos: o controle do tempo - pois ele transformou a noite do outono em uma sinistra noite e fez chover na Arena Anhembi quando quis. Na execução da linda balada Road To Nowhere ( do álbum No More Tears ) o tempo fechou mesmo em uma forte chuva. Isso diminuiu a animação de alguém? Muito pelo contrário, todos cantaram encharcados com o vocalista, viajaram nos solos de Gus G. e só não ligaram os celulares e isqueiros porque estes poderiam estragar na chuva. No final Ozzy gritou: "I´m Can´t Fucking Hear You" e emendou ao som das sirenes de um ataque aéreo, nada menos que War Pigs do álbum Paranoid do Black Sabbath com o riff apoteótico que serviu para intensificar ainda mais a nossa euforia no show em um dos melhores momentos da apresentação.
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Shot In The Dark, sucesso do álbum The Ultimate Sin de 1986, foi a seguinte e o seu fácil refrão foi novamente cantado por todos, no final Ozzy aproveitou e apresentou cada um dos membros de sua banda e depois se retirou deixando o comando do show para Gus G. E o grego começou executar solos cheios de virtuosismo em sua guitarra. O substituto de Zakk Wylde tem muito talento, capacidade técnica, sabe disparar muitas notas por segundo e seu solo encantou a multidão presente de uma forma muito brilhante, mas tenho que comentar a diferença de estilo de Gus para Zakk - enquanto que o primeiro é formado na escola europeia, que é muito mais cheia de técnica e sua velocidade é mais voltada para o Power Metal; o segundo tem em seu estilo toda a roupagem Rock´N´Roll e Blues, e Zakk sempre deixou claro isso nos solos. Não que Gus tenha realizado um solo menos empolgante, mas a escola americana para solos de guitarra é sempre melhor, ainda assim, Gus G. interpretou trechos de 'Brasileirinho' e de 'Eruption' do Van Halen.
Após o longo, rápido, pesado e espetacular solo de bateria de Tommy Clufetos que balançou muita gente que acompanhou nas palmas enquanto ele esmagava seu kit sem piedade, os 'meninos' da banda do Ozzy executaram sozinhos e primorosamente a instrumental Rat Salad ( mais uma do Paranoid do Black Sabbath ), enquanto o nosso caríssimo Ozzy Osbourne descansava e preparava sua voz para a conquista final de toda a Arena Anhembi.
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Quando Rat Salad estava terminando, Tommy Clufetos começou a dar pancadas em seus bumbos em um ritmo conhecido por todos nós e Ozzy voltou ao palco cantando Iron Man, imortalizada pelo Black Sabbath e recentemente trilha do filme do herói de mesmo nome. A recepção não poderia ser mais Heavy Metal: todos com os braços para cima com o sinal de Horns Up ( dedo indicador e mínimo juntos ) enquanto que outros davam socos no ar e cantavam a plenos pulmões com o 'Madman', que estava mais feliz que nós todos juntos neste show. Na hora do solo, além de Gus G. quem merece um grande destaque é Adam Wakeman com sua guitarra que solou bravamente enquanto Ozzy mais uma vez pegava seu jato de espuma para molhar a galera.
O show seguiu com a emocionante I Don't Want To Change The World ( do No More Tears ) e seus riffs de guitarra fez todos pularem com o vocalista que se movimentou bastante. Falei do álbum No More Tears, bem a música título do álbum não foi tocada nesta noite, e embora seja um clássico de muito sucesso aqui no Brasil, o set list foi tão perfeito, tão sincronizado que praticamente, quase, não sentimos falta dela, haja visto que a seguinte foi o hino Crazy Train e assim que seu solo inicial entrou destruindo com tudo. O que se via, se sentia, era todos pulando juntos com Ozzy e isso me leva afirmar: como é bom estar presente na execução de clássicos máximos do Heavy Metal. E assim foi encerrada a primeira parte do show.
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Esbanjando carisma, Ozzy fazia graça e ficava pedindo para nós gritarmos: " One More Song..." e eu e alguns amigos gritávamos "One More TEN Songs!!!", claro que não seriam tocadas mais dez músicas ( mas não custava tentar não é mesmo? ). Foi com a balada Heavy Mama, I'm Coming Home também do No More Tears que Ozzy retornou e fez todos cantarem com ele sem exceção em um momento de puro êxtase coletivo regado a solos de guitarra ( parabéns novamente Gus G. ) que marcaram o Heavy Metal desde 1991.
Finalizando a apresentação de pouco mais de uma hora e meia com todas as glórias possíveis, Ozzy executou o sucesso Paranoid em uma interpretação cheia de garra que foi compartilhada também pela sua banda que tocou a música como se fossem as reencarnações dos membros do Black Sabbath para o deleite total de todos as gerações de headbangers presentes. No final, os músicos se reúnem no centro do palco, atiram palhetas e baquetas, saúdam os fãs, e se despedem de São Paulo. Tenha certeza caros leitores(as), que mesmo encharcados, cada um dos mais de 30.000 presentes na Arena Anhembi passaria por tudo novamente para rever Ozzy Osbourne. Conclamo vocês todos para agradecerem comigo a Sharon por conservá-lo em plena forma ( considerando todos os excessos que ele cometeu nestes anos todos ).
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