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8ª Virada Cultural
Sábado e Domingo, dias 05 e 06 de maio de 2012 em São Paulo/SP
Esta foi a minha
quarta imersão na Virada Cultural, tradicional evento
já cultuado na capital paulista há 8 anos e que vem cada vez maior e
com mais problemas, mas, deixemos os problemas de lado e vamos aos
shows.
Atrações para vários
gostos
Este ano tivemos
quatro palcos com artistas do nicho do Rock And Roll, o já
tradicional Palco Rock na Avenida São João, que este
ano foi renomeado de Palco São João, afinal, ele reside em
uma das mais famosas vias da música popular brasileira, pois o
palco fica a poucos metros da esquina “onde cruza a Ipiranga com
a Avenida São João”, mas enfim, nesse palco teríamos à partir
das 18:30hs do dia 05 de maio o Made In Brazil com o show que
prometia tocar na íntegra o clássico disco de 1976 Jack, O
Estripador com convidados da época e tudo o que se tem
direito.
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Depois na sequencia teríamos uma banda americana chamada Tito Y
Tarantula, seguida dos também americanos ícones do
Rock-Psicodélico do fim dos 60’s Iron Butterfly, mundialmente
conhecido pelo seu hino de mais de dezenove minutos In-A-Gadda-Da-Vida,
seguido também pelos nossos ícones psicodélicos Os Mutantes e
mais dois nomes desconhecidos dos EUA, Members Of Morphine e
White Denim, que iniciaria o dia de domingo que teria os
seus pontos altos em shows como o do ícone Skater Suicidal Tendencies
e o brazuka dos Titãs com o disco Cabeça Dinossauro
( de 1986 ) completo. Após os Titãs viriam a banda
argentina La Renga e os americanos do Black Oak Arkansas
com seu ‘Rock de Caipira Sulista’ ( ou Southern Rock, se
preferir ).
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Outro grande destaque Rock da Virada Cultural seria o
Palco Baratos Afins, que foi cedido ao comerciante/logista/produtor
Luis Calanca, dono da mítica loja Baratos Afins
que, se você não sabe da importância desta loja, eu lhe dou dois
exemplos agora:
1 - esta foi a primeira loja de discos da hoje famosa Galeria
do Rock dando início ao que se tornou o maior conglomerado
de lojas de Rock em um único prédio no mundo segundo o
Guinness Book.
2 - em 1984 alavancou a cena Heavy Metal de São Paulo com o
lançamento dos dois volumes da coletânea SP Metal, que
trouxe à luz do dia as primeiras gravações de bandas como Avenger,
Korzus, Salário Mínimo, entre outras e ainda lançou o
primeiro disco das bandas Korzus, Harppia, Golpe de
Estado e mais um monte. Explicado isso volto às atrações do
Palco Baratos Afins, que seriam Baranga,
Cracker Blues, Carro Bomba, Star 61, Messias
Elétrico, Golpe de Estado, Salário Mínimo,
Tomada, Jordans, Os Skywalkers. The Suman
Brothers, As Mercenárias, Paulo Barnabé & Patife Band,
ou seja, um mix entre bandas novas e bandas tradicionais do mundo do
Rock’n’Roll Brasileiro.
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Além desses dois palcos emblemáticos tivemos o espaço para os Punks
na Rua Gusmões, que trouxe mais de 25 nomes da cena com
destaque para Lama Negra, Fungos, Oitão,
Killi, Dance Of Days e o emblemático Olho Seco. No
Largo do Arouche, que é famoso por trazer grandes nomes
do Brega, esse ano teve o grande tecladista Guillherme Arantes
( que, caso não saiba caro leitor(a), ele possui um passado no Rock Progressivo ao
lado da extinta banda Moto Perpétuo ), Dalto com
seu Folk brasileiro, Rádio Táxi com Gel Fernandes na
bateria honrando a herança deixada pelo falecido Wander Taffo (
confira especial
) e até os desaparecidos e irônicos ‘one-hit-wonders’ - de 1997 - Virgulóides apareceram por lá.
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Para fechar o quinteto de palcos que trouxe nomes do Rock na
Alameda Barão de Limeira pintaram o octogenário Serguei
seguido de A Bolha, grande banda dos anos 60, Man or
Astro-man? dos EUA, os australianos malucos da Gong Family
com a presença de Daevid Allen, o nosso maluco do sul
Júpiter Maçã, Não Religião, Pin Ups De Falla, ou
seja, vários nomes da cena independente dos anos 90 no Brasil e para
fechar, o Papito Supla e seu irmão em Brothers Of Brazil
e o americano Popa Chubby.
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Made In Brazil
Agora vamos ao que eu vi. Cheguei às 18hs na São João
para assistir eufórico o show Jack O Estripador do Made
In Brazil, vale ressaltar que deixei o Baranga de lado
para apreciar esse que seria um show histórico, eu disse seria
pois não foi. Com os irmãos Vecchione, Oswaldo (
baixo/vocal ) e Celso ( guitarra ) na linha de
frente, o Made ainda contou com Jean Carlo no
trombone, o estreante Leandro Mar no piston e o
‘Professor' Otávio Bangla no sax, as cantoras Renata
e Cris,o guitarrista Mateus Cannali, Rick
Vecchione na bateria e a presença mais do que ilustre de
Johnny Boy nos teclados, vale lembrar que Johnny Boy já
tocou com Camisa de Vênus, Nasi, Marcelo Nova,
entre outros...
A banda começou o
show com os maiores hits da sua carreira deixando o disco na íntegra
para o final, primeiro erro. Tocaram Gasolina e Paulicéia
Desvairada naquela versão morna que fazem desde os discos
acústicos e continuaram com Sexo, Blues e Rock’n’Roll e outra baixa,
um clássico do disco mais pesado do Made Deus Salva, o Rock
Alivia Treta de Rua veio também com um andamento mais
bluesy sem peso nenhum, que decepção para um grande fã daquele
disco.
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À partir daí Oswaldo chamou a voz mais marcante da trajetória
da banda, Percy Weiss o vocalista que gravou o citado disco
Jack, O Estripador em 1976 para começar a festa de
verdade com Meu Amigo Elvis, que veio depois de O Cigano
e Banheiro, com a presença do guitarrista Tony Babalu,
que ajudou a gravar o disco em 76, Não Transo Mais ( para mim, o primeiro ponto alto da festa
), Quando A
Primavera Chegar com o batera Franklin Paolillo, que fez parte do
Made no fim dos anos 70, após ter tocado com
o Tutti-Frutti e os Bons tempos Voltaram, todas do
disco em questão, mas daí já cortaram Percy, que foi
informado que a banda só tinha tempo para mais uma música.
Nessa
hora uma imensa decepção se caiu sobre a minha cabeça, que pensou:
“Mas como? Ainda faltam muitas belas canções do disco “Jack, O
Estripador” como: “Se Eu Pudesse Voar”, “O Rock
de São Paulo”, “São Coisas do Amor ( Batatinhas )”
etc...’ além da prometida Jam, que rolaria na última música do set,
mas daí o leite já tinha sido derramado e a banda mandou a faixa
título nos cascos.
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Jack, O Estripador serviu para gente exorcizar os demônios
gritando a letra dela a plenos pulmões e a equipe técnica que desde
o começo do show demonstrou ser incompetente cortou a iluminação
total da banda em meio ao som, deixando a banda terminar às escuras,
enfezando público e banda que, como já tava muito brava mesmo e
mandaram Minha Vida É Rock’n’Roll com direito a Oswaldo
apresentando a banda, um por um.
Resumo da ópera: faltou
planejamento mais detalhado da banda em relação à apresentação desse
show, que perderam muito tempo com improvisos Blues e músicas que
nada à ver tinham com o disco em questão e faltou respeito e
competência técnica por parte da equipe de som e luz contratada pela
prefeitura de São Paulo, pois acabaram com o som de praticamente
todas as bandas que lá tocaram. Nessa hora me arrependi de não ter
ficado no Palco da Baratos Afins para ver o Baranga.
E para amenizar esse sentimento foi para lá que corri nessa hora,
pois em instantes subiria ao palco o Carro Bomba.
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Carro Bomba
Com
quase 10 anos de estrada, o Carro Bomba, que no início era um
power trio hoje é um quarteto monstruoso capitaneado pelo
guitarrista Marcello Schevanno ( ex-Patrulha do Espaço
) e pelo baixista Fabrizio Micheloni, que estão na banda
desde o começo e que hoje conta com o baterista Heitor Shewchenko
e o experiente vocalista Rogério Fernandes (ex-Golpe
de Estado ) além de contar com quatro grandes álbuns, sendo
que os dois primeiros lançados como trio ainda com Bonx na
bateria e mais dois com essa formação que trouxe muito mais peso que na
fase inicial do grupo, e foi baseado nesses dois últimos que o show
rolou.
Com extraordinário peso e precisão, além de técnica e feeling de
quem vive 24 hs o Rock Pesado, o Carro Bomba tocou por uma
hora um repertório calcado nos discos Nervoso (
leia resenha ) de 2008 e Carcaça de 2011, que ainda
está sendo divulgado.
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Músicas de peso cavalar como “Sangue de
Barata”, “O Foda-se” e “Queimando A Largada”
botaram fogo na plateia, que ensandecida formou rodas de pogo em
plena Avenida Rio Branco e que contou com ilustres
presenças de Paulão ( baterista que fez nome na cena
paulistana com Centúrias entre outras ) e Ricardo
Soneca ( baixista irmão de Marcello ), ambos do
Baranga, que já tinha tocado, além de João Luiz (
vocalista do King Bird e Casa das Máquinas ).
Vale destacar que em determinado momento do show Paulão do
Baranga invadiu o palco literalmente para cantar com Rogério
numa pura demonstração de entrega e irmandade entre as bandas. Em
Blueshit,
o Carro Bomba cantou as agruras que os
brasileiros ( e paulistanos ) sofrem no verão com
enchentes e desabamentos, enquanto a mídia e os governantes só pensam
em Carnaval, um pusta tapa na cara da sociedade hipócrita que
temos!
Eis que chega a hora da irmandade
Parte II com Rogério
chamando ninguém menos que Vítor Rodrigues para dividir
com ele os vocais de Tortura ( Pau Mandado ), que eles
gravaram juntos no mais recente disco da banda. Chegando ao final do
show, a banda ainda tocou do disco Segundo Atentado (
de 2006 -
leia resenha ) as faixas
“Eu Sei Mas Não Me Lembro”,
“O Pino da Granada” e “Overdrive Rock’n’Roll” e não
sei em qual delas, que foi a última de Rogério Fernandes não
se conteve com tanta euforia da plateia, desceu do palco, pulou a
grade de contenção e foi para o meio da galera, para o meio da roda
mesmo, digno de nota.
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Enfim um show de Rock And Roll de verdade com músicos super
talentosos e receptivos. Vale ressaltar que lá pelas tantas da
madrugada encontrei pessoalmente com Rogério Fernandes no
meio do público e pude conversar com ele por uns minutos onde ele me
perguntou de onde eu era, quando ele soube que eu vinha de Mogi
Mirim/SP ele me confessou que na sua juventude morava em Limeira (
interior de SP ) e vinha sempre à Mogi Mirim assistir a shows
do Rock’n’Roll ( sim, nos anos 80 Mogi Mirim era uma meca do Rock
na região tendo abrigado shows de Made In Brazil, Patrulha
do Espaço, Lobão, Zero, Barão Vermelho, Golpe de Estado
entre outros grandes ), um verdadeiro fã de
Rock que trata seus fãs de igual para igual nos agradecendo a todo
tempo por ter ido ver sua banda.
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Iron
Butterfly
Eram mais de 23hs quando retornei ao Palco da São João
para saudar a lenda-viva do Rock Psicodélico dos sixties Iron
Butterfly, que hoje conta só com dois membros originais
sobreviventes, o baterista Ron Bushy e o baixista e vocalista
Lee Dorman, que já combalido pela idade teve que tocar
sentado o show inteiro.
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Eles foram
acompanhados pelo virtuoso guitarrista Charlie Marinchovik e pelo organista e vocalista
Martin Gerschwitz, a banda dedicou o show ao ex-guitarrista
Larry Reinhardt, que faleceu em janeiro de 2012 aos 69 anos
de infecção generalizada e tocou vários clássicos com destaque para
Easy Rider, de seu quarto álbum de estúdio de 1970 Metamorphosis e
Flowers And Beds do disco In-A-Gadda-Da-Vida de 1968, mas foi com a faixa título desse
play que a banda botou fogo em todos e encerrou seu belo show que
teve uma qualidade sonora pífia, não por causa da banda, que contou
com a maioria dos vocais feitas por Martin Gerschwitz, mas
por causa do serviço porco da equipe técnica, como já tinham feito no
show do Made In Brazil.
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Os
Mutantes
Logo em seguida vieram Os Mutantes capitaneados pelo
guitar-hero brasileiro Sérgio Dias e seu parceiro desde
sempre, o baterista Dinho, a banda mandou todos aqueles belos
hits da banda, desde “Ave Lúcifer”, “Ando Meio Desligado/I
Feel A Little Spaced Out” ( assim mesmo, com letra meio
português-meio inglês ), “Virgínia”, “Top Top”,
“A Minha Menina”, “Panis Et Circensis”, “El
Justiciero” onde Sérgio Dias brinca sacaneando a
presidenta Dilma Rouseff, a belíssima Tecnicolor e a
nova Querida Querida do disco Haih...or Amortecedor
de 2009, que a banda escreveu ao lado de Tom Zé. O fim
apoteótico veio com a pesadíssima proto-Heavy A Hora e Vez do
Cabelo Crescer ( Cabeludo Patriota ) e o hino Balada do
Louco.
Com direito a um bis com Bat Macumba/Meu Refrigerador Não
Funciona, que foi a hora do caos, pois neste momento sofremos um
arrastão de pseudo-trombadinhas, como se as portas da Febem
tivessem se aberto, uma legião de mais de 90 moleques e meninas, que
não passavam dos 13 anos invadiram a avenida abrindo aquela clareira
no meio do público batendo em todo mundo e roubando o que podiam,
nessa hora eu bati em retirada, mesmo antes da música terminar...
lamentável! Vale destacar a porcaria que foi a qualidade de
som que até Sérgio Dias reclamou nas primeiras músicas dando
umas patadas de leve na ‘turma da técnica’.
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Golpe
de Estado
Às
04:00hs da madrugada e voltamos ao Palco Baratos Afins
para ver o show do Golpe de Estado, que fez o
favor de antecipar em alguns minutos o começo do show afim de tocar
mais hits e eu perdi umas cinco músicas chegando lá em meio ao
medley de Caso Sério/Olhos de Guerra onde Hélcio Aguirra
fazia sua guitarra chorar sem dó.
Ancorado pelo seu fiel parceiro Nelson Brito no baixo e os
novos Roby Pontes na bateria e Dino Rocker Linardi nos
vocais eles tocaram antes que eu chegasse os hinos paulistanos
“Underground”, “Moondog”, “Noite de Balada” e a
nova Rocker, que virá no próximo play a ser gravado...
caramba, perdi muita coisa! Mas ainda deu tempo deu ver Dino
Rocker descer a lenha em todo mundo, denunciando que “São
Paulo sempre foi e sempre será do Rock And Roll!”, agradecendo a
Luiz Calanca pela chance dessas bandas de verdadeiro Rock se
apresentar.
Enfim, na Virada Cultural, pois ‘uma certa panela’
nunca deixou esse grupos tocarem lá, mas, agora chegou a hora do
Rock tomar o seu espaço de volta na marra e eles tocaram ainda Não é
Hora e Nem Polícia, Nem Bandido e ainda voltar para tocar
Quantas Vão e Libertação Feminina. Saíram ovacionados
como Heróis do Rock que realmente são.
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Salário Mínimo
Sentei para finalmente descansar um pouco e aguardar a próxima
legião de Heróis do Rock Paulista, o Salário Mínimo e foi
nessa hora que eu encontrei Rogério Fernandes para aquele
papo que descrevi acima, pena eu não ter me lembrado de tirar uma
foto com ele, mas ao menos fiz ele autografar o encarte do meu
exemplar de 10 Anos Ao Vivo de 1996 e ele gravou as
duas faixas bônus de estúdio: Cada Dia Bate De Um Jeito e Todo
Mundo Tem Um Lado Bicho, que são verdadeiros petardos! Ele,
entre vários elogios ao Golpe de Estado em si, perigou
confiscar meu play alegando que ele não tem um exemplar desse disco,
que há tempos encontra-se totalmente fora de catálogo, um
sacrilégio.
Com o palco pronto e o relógio batendo às 06:00hs da manhã sobe ao
palco Salário Mínimo, ícone do Hard/Heavy Brasileiro essa
banda debutou na primeira investida de Luiz Calanca ( dono
da Baratos Afins e curador desse palco ) pelo som pesado
em 1984 no primeiro volume da coletânea SP Metal onde,
ainda moleques gravaram Cabeça Metal e Delírio Estelar
e em 1987, o histórico disco Beijo Fatal, que este ano
completa um quarto de século.
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Contando hoje com os originais Júnior Muzilli na guitarra e
China Lee
nos vocais, a banda ainda conta com Daniel Beretta na
outra guitarra, Diego Lessa no baixo e o mais novo baterista
Marcelo Campos. A banda começa o show explosivamente com Eu
Não Quero Querer Mais, mas...a voz de China Lee não saiu
nos PA’s, o microfone dele não funcionou e a banda não sabia,
provavelmente o som de sua voz estava "ok" nos retornos e a banda
executou a música toda com uma pusta pegada até o fim, sem a gente
ouvir a voz do China, que mancada dos técnicos da mesa de som desse
palco também. Aliás, as guitarras de Marcello Schevanno do
Carro Bomba e de Hélcio Aguirra do Golpe de Estado
também tinham falhado em seus respectivos show várias vezes. Seria a ‘maldição’ desta edição da Virada Cultural?
Pois bem, resolvido o problema do microfone vieram com dois
clássicos de arrancar lágrimas, Beijo Fatal e Delírio
Estelar, aliás, ouvir Delírio Estelar, clássico de 1984
do SP Metal com o sol nascendo acima da gente foi
mágico e contraditório..... Logo em seguida veio Sofrer
do mais recente play Simplesmente Rock e uma pausa
para arrumarem o microfone da bateria e China aponta uma
catedral que tem ali perto indicando que lá deve ter muitos anjos e
essa foi a deixa para o mega-clássico Anjos da Escuridão, que
todos cantavam a plenos pulmões. Isso deu motivo para veia polêmica
de
China Lee vir à tona com seus discursos apaixonados bradando que
“São Paulo sempre foi Rock and Roll, quem foi o imbecil que mudou
isso? O centro de São Paulo sempre foi do Rock e estamos retomando
nosso espaço! Pau no c* de sertanejo, Pau no c* do pagode, pau no c*
do forró. Só não vou mandar um pau no c* dos emos porque eles
gostam!” arrancando gritos, aplausos e gargalhadas de todos.
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Daí veio Noite de Rock, que ele anunciou como 'Dia de
Rock' por causa do sol na cara. Ele declarou que iria tocar uma
balada para quem gosta de um som mais ameno e anunciou uma música
que foi escrita em homenagem à sua esposa, que tinha falecido anos
atrás, Anjo saiu no disco Simplesmente Rock e
foi escrita por ele e Ricardo Michaelis do Santuário
em memória à Luciana ‘China’ sua noiva que faleceu em 2004
decorrente de leucemia. Cheguei a conhecê-la em um show do
Salário com o Harppia na Led Slay em 2003 e
ela realmente era uma pessoa incrivelmente educada, simpática e
solícita. Foi ela quem me arrumou a credencial para este referido
show na Led. Fica aqui a minha homenagem a ela.
Após esse
momento difícil para toda banda, principalmente para o China
que precisou cantar a letra sem engasgar com as lágrimas veio um
momento de descontração, com ele citando uma casa noturna de Sampa
famosa chamada LoveStory onde, segundo ele, Júnior
Muzilli conheceu uma certa ‘psicóloga’, que lhe deu
assistência durante uma agradável noite e para ela, assim, ele
acabou escrevendo o próximo som que se chamava Dama da Noite
( que saiu em 1987 no disco Beijo Fatal ) arrancando
gargalhadas e gritos de euforia dos fãs mais ardorosos.
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China precisa dar um tempo para o pessoal do som ajustar os
microfones da bateria mais uma vez e resolve anunciar o próximo som
assim: “Nós vamos tocar um som de um cara que particularmente eu
não gosto, mas respeito por que o que ele fez pelo Rock Nacional na
época que fez e ainda mais vindo da Bahia é algo louvável e muita
gente adora ele e sempre pede pra gente tocar, o maldito Raul
Seixas!” vindo com uma bela versão Heavy de Sociedade
Alternativa, que muitos adoraram e fecham o show com Jogos de
Guerra também de 87.
Mas o público estava enlouquecido e resolveu pedir o bis, que veio
com a que realmente faltava e não poderia de jeito nenhum ficar de
fora, o hino Cabeça Metal,
também do clássico SP Metal, um belo encerramento para
esse magistral show de Heavy Metal.
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Tomada
Tinha uma hora para descansar sentado na calçada até começar o show
do Tomada e eis que após uns 15 minutos sentado, vejo que o
baixista do Salário Mínimo Diego Lessa estava ali na
lateral do palco e me dirigi até ele para lhe parabenizar e pedir um
autógrafo no meu Simplesmente Rock, ele lembrou que eu
fiz a resenha desse disco anos atrás para o Rock On Stage
(
leia aqui
) e me agradeceu me empurrando
para dentro da área do backstage para eu falar com o restante
da banda, conseguindo assim autógrafos do Junior Muzilli nos
encartes do Simplesmente Rock e do SP Metal,
onde ele brincou mostrando sua foto em 84 dizendo que um dia ele
também foi menininho! Na sequencia peguei meu autógrafo do China
e do Daniel Bereta também tirando fotos com alguns deles.
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Durante esse meio tempo o pessoal do Tomada estava
por ali montando o palco para o seu show acabei e trombando com Ricardo Alpendre, que me reconheceu dizendo: “Me lembro de
você cantando ‘Stay Hungry’, mas não vou recordar seu nome!” - se
referindo a um evento em 2005 ( sim, fazem sete anos isso e ele
ainda se lembrou! ) em Estiva Gerbi/SP onde minha banda da
época, a Gambiarra Sangrenta, tocou antes do Tomada (
veja mais sobre isso no meu blog Toca do Shark em
http://www.tocadoshark.blogspot.com.br/2012/04/coda-open-air-ou-2-estiva-moto-fest.html
) o que me surpreendeu
muito, pois isso faz uma cara já... e ele autografou meu cd Volts
( leia resenha
),
que o Tomada lançou em 2005.
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Logo começou o
show do Tomada e as pessoas foram chegando de mansinho e
entrando no clima da banda que mandou vários de seus sons como
“Ela Não Tem Medo”, “Pagina 3” e versões bem
qualificadas de lados B do Rock Brazuca como Ama Teu Vizinho Como
A Ti Mesmo de Sá Rodrix & Guarabyra, que me deixou
de queixo caído e Rockixe de Raul Seixas que ninguém
toca também... Rock bem feito por ótimos músicos e com muito esmero,
é isso que o Tomada oferece ao público, mas nunca sem deixar
de lado o bom humor como em Catarina e Billy, O Esquisito,
afinal, mal humor não é algo que você vai achar num cd ou show do
Tomada.
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Suicidal Tendencies
Logo corri para o Palco da São João para ver o
Suicidal Tendencies, que apesar de não ser fã, mas queria ver de
perto, o que não consegui, pois assim que a banda subiu no palco uma
legião de fãs, que já estavam se espremendo lá abriram uma clareira
de proporções gigantescas em meio ao público para fazer aquela roda
de pogo!
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Em poucos minutos a coisa toda ficou um pouco ‘violenta demais’
e bati em retirada lá para o fundo pois, a coisa toda saiu do
controle com o público derrubando a grade de proteção e invadindo o
palco e enlouquecendo os seguranças, a banda mandou o show numa boa
e na íntegra excitando cada vez mais seu público que, infelizmente,
foi prejudicado por muitos oportunistas que estavam ali só para
instalar o caos e bater em todo mundo que visse na frente.
De lá do
fundo acompanhei muita gente saindo do meio da ‘muvuca’ com a
cara ensanguentada e nariz quebrado. É.., não é para qualquer um!
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Titãs
Quando o Suicidal Tendencies acabou seu show após as 13hs, eu já
estava
só o ‘fiapo’ e nem sabia se iria aguentar mais um show, mas
seria o Titãs tocando o Cabeça Dinossauro na
íntegra, o que me animou e valeu a pena, pois, das três vezes que vi
a banda essa foi a única que prestou.
Logo de cara, eles já ganharam ponto positivo comigo, pois se
apresentar numa versão enxuta, só os com os cinco no palco sem
nenhum agregado como vinham fazendo desde o Acústico MTV
de 1996 com quinze pessoas no palco, dessa vez não, era Tony
Bellotto com sua eterna guitarra em punho, Branco Mello
segurando o baixo com destreza como na época de seu projeto solo Kleiderman, Paulo Miklos na outra guitarra (
sobrepondo o espaço do falecido Marcello Fromer ) e Sérgio Britto nos teclados ( e ocasionalmente no baixo quando
Branco tinha que cantar e quando ele cantava devolvia o baixo
para o Branco ), os quatro integrantes que restaram
revezando todos os vocais acompanhados do excelente Mário Fabre
na bateria, isso que é uma banda de Rock colaborativa, não aquele
palco cheio de músicos contratados, uma prática cada vez mais comum
entre as bandas brasileiras mainstream e preguiçosas.
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E começa o
espetáculo chamado Cabeça Dinossauro de 1986 de cabo a
rabo com a faixa título ecoando naquele equipamento de som horroroso
oferecido pela equipe mais falha de todas as Viradas Culturais
que eu já fui, acabaram com o som do Titãs, mas não com o
show, que foi virulento e ‘roqueiro’ até o fim.
Rolou o set
completo do disco: “Cabeça Dinossauro”, “AA UU”
cantada por todos, Igreja, uma blasfêmica letra criada pelo
desertor Nando Reis, que foi muito legal ouvir em público,
ainda mais um público familiar como o que estava presente,
Polícia, que foi um momento mágico devido à grande presença
dessa espécie entre a plateia, que enfiava o dedo na cara deles e
cantava a plenos pulmões o refrão sem ser agredida, o que me fez
lembrar da versão que o Sepultura fez à ela em 93, com todos
aqueles lindos palavrões na letra! A eletrônica Estado Violência
foi seguida da caótica e ‘Hardcórica’ A Face do Destruidor e
das debochadas Porrada e Tô Cansado.
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Nesta hora, em que Sérgio Brito tomava uma taça de champanhe,
Paulo Miklos tomou o microfone para si e declarou: "Somos
uma banda local, nascida dos esgotos dessa cidade maravilhosa",
que serviu de deixa para Bichos Escrotos, euforia total
daquele público gigantesco, que não se via o fim na Avenida
São João, pois estava todinha tomada, cada centímetro por famílias
inteiras que cantarolaram a própria Família, hit radiofônico
eterno da banda, que também serve para descrever a próxima Homem
Primata.
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Agora vem a metódica e ‘Arnaldica’ Dívidas e O Quê, que fechava o disco maravilhoso da banda que não parou por aí, pois
agora, sem pausa para respirar começava uma seleção bizarra das
faixas menos prováveis que o Titãs poderia vir a tocar num
evento de graça no centro de São Paulo em plena hora do almoço com
milhares de bons cidadãos presentes, que nem imaginavam que tais
canções existiam, como por exemplo “A Verdadeira Mary Poppins”,
“Nem Sempre Se Pode Ser Deus” e a agressiva “Será Que É
Disso Que Eu Necessito?” as três do 'foderoso' Titanomaquia
de 93, ou então “O Pulso”, “Diversão”, “Lugar
Nenhum”, “Televisão” e “Não Vou Me Adaptar” ao
invés de seus hits de rádio e trilhas de novela dos últimos quinze
anos.
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O show terminou incrivelmente bem com Flores em detrimento de
hits de longa data como Marvin ou mais recentes como
Epitáfio - graças aos deuses! De mais recentes só rolou
mesmo A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana, a
versão de Aluga-se de Raul Seixas e uma nova faixa que
ainda estará por vir chamada de Fala Renata e a polêmica, mas
sempre válida Vossa Excelência de 2005, que é um murro na boca
dos políticos desse país.
Resumindo, o show do Titãs provou que eles ainda sabem tocar
Rock’n’Roll do bom e, se quiserem, podem mandar um pusta play de
Rockão do bom num futuro próximo, mas aí é que pesa a grana né?
Mesmo assim um grande parabéns à eles que fizeram o Show de domingo, um show que deveria servir de exemplo para o
Made
In Brazil fazer o tal show do Jack, O Estripador na
íntegra e sem imprevistos na próxima vez.
Com o
fim desse show eu ainda queria ter forças para curtir os sulistas do Black Oak Arkansas no fim do dia, mas nunca que eu teria forças
para tanto. A Virada Cultural consiste em 24 horas de
muita cultura e agitação, eu não aguentei as 24 horas, mas 20 horas
bravamente sobrevivi e que no ano que vem venha mais, mas, dessa vez
com uma verdadeira equipe de som e luz que saiba fazer seu trabalho,
sem prejudicar os artistas presentes e com mais segurança da parte
da Prefeitura.
Por Alexandre
Wildshark Fotos: Golpe de Estado
- Rebeca Pinheiro,
Carro Bomba - Renata Cecílio, Demais - Alexandre Quadros,
Golpe de Estado, Salário Mínimo
e Made In Brazil -
Marcos César de Almeida Maio/2012
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